GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS

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1 GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS RELATÓRIO Agrupamento de Escolas de Freixo Distrito de Viana do Castelo Concelho de Ponte de Lima Data da intervenção: de a Área Territorial de Inspeção Norte

2 ENQUADRAMENTO DA AÇÃO De acordo com os resultados do PISA (Programme for InternationalStudentAssessment) de 2009, Portugal foi o segundo país que mais progrediu em ciências, passando de 474 pontos de literacia científica (em 2006) para 493, em Contudo, em 2012, observa-se que os resultados médios no domínio das ciências representam uma desaceleração da tendência ascendente de resultados, que se consubstancia quer na redução das pontuações absolutas obtidas quer na sua comparação com a média da OCDE. Note-se ainda que, da análise dos relatórios da atividade Avaliação Externa de Escolas, conclui-se que a promoção de atividades práticas emerge frequentemente como área de melhoria nos agrupamentos e escolas não agrupadas. A literatura específica sobre o ensino das ciências enfatiza a importância da promoção de atividades práticas, essencial para a construção de uma cultura científica das crianças e dos alunos. Acresce que, quer as orientações curriculares para a educação pré-escolar quer os distintos programas de ciências do ensino básico e ainda as metas já definidas destacam a necessidade de se potenciar atividades de indagação e pequenas investigações, incluindo preferencialmente, a utilização de atividades laboratoriais e de campo, que favoreçam a explicitação das conceções prévias dos alunos, a formulação e confrontação de hipóteses, a eventual planificação e realização de atividades laboratoriais e respetivo registo de dados. Atribuem uma especial ênfase à introdução de novos conceitos e à sua integração e estruturação nas representações mentais dos alunos e ainda ao desenvolvimento de uma atitude científica perante os problemas. Neste sentido, resulta inequívoco que educação científica de base assume um papel fundamental na promoção da literacia científica, potenciando o desenvolvimento de competências necessárias ao exercício de uma cidadania interveniente e informada e à inserção numa vida profissional qualificada. O acesso aos conhecimentos científicos não só surge como um direito que todas as crianças e alunos têm, como também um dever dos responsáveis e decisores para com as gerações vindouras. A este propósito é de recordar a Declaração final da Conferência Mundial sobre Ciência para o século XXI: um novo compromisso, realizada pela UNESCO (1999) onde se refere que o acesso ao conhecimento científico, a partir de uma idade muito precoce, faz parte do direito à educação de todos os homens e mulheres, e que a educação científica é de importância essencial para o desenvolvimento humano, para a criação de capacidade científica endógena e para que tenhamos cidadãos participantes e informados. (In UNESCO Brasil, 2003, p.29). Com esta atividade a IGEC não só procura, mediante o diagnóstico existente,estar alinhada com as principais tendências relativamente ao ensino das ciências como também conhecer e acompanhar o desenvolvimento do ensino das ciências de base experimental, em contexto de sala de aula, promovendo a melhoria das práticas educativas e, consequentemente, os níveis de literacia científica. 2

3 Tem como objetivos operacionais: Conhecer as práticas de ensino de base experimental existentes na educação préescolar e no ensino básico. Analisar e refletir sobre o planeamento, a implementação e avaliação de atividades práticas, laboratoriais e experimentais no ensino das ciências. Fomentar metodologias ativas, investigativas e experimentais. Contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz ao nível do ensino das ciências, com impacto positivo nos resultados dos alunos. O presente relatório apresenta os aspetos mais positivos e os aspetos a melhorar relativamente à gestão curricular do ensino das ciências naturais, nomeadamente ao nível do planeamento pedagógico, da implementação de práticas de ensino com base experimental, em sala de aula, e da avaliação das aprendizagens, bem como na monitorização e avaliação dos resultados. As considerações finais decorrem da análise documental, da observação dos contextos educativos/aulas e da realização de entrevistas. Espera-se que este relatório constitua um instrumento de reflexão e debate da comunidade educativa e contribua para a melhoria e desenvolvimento da literacia científica dos jovens. A equipa regista a atitude de colaboração demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da intervenção. Decorrente da metodologia utilizada a equipa de inspetores formula as seguintes considerações: MÓDULO A - CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS A.1. Material e equipamento Criação de espaços específicos com equipamentos adequados à realização de atividades na área de Conhecimento do Mundo e nas aulas de Estudo do Meio, nas escolas básicas do Agrupamento, criando condições para a realização de trabalho prático em ciências na educação pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico; Existência de regras e instruções para a utilização de material/equipamento específico, nas salas específicas de ciências, tendo em vista a promoção da educação para a higiene e segurança; Afetação de todas as turmas do 2.º ciclo, bem como das turmas dos 3.º e 4.º anos a salas específicas de ciências (um tempo semanal), proporcionando condições para o desenvolvimento regular de trabalho prático, nomeadamente de base laboratorial e experimental; 3

4 Partilha dos recursos e equipamentos existentes por todos os níveis de educação e ensino e estabelecimentos do Agrupamento. A.2. Formação contínua no âmbito do ensino experimental das ciências Realização da ação de formação interna Ensino Experimental das Ciências para os docentes da educação pré-escolar e ensino básico do Agrupamento, com vista a reforçar a realização em sala de atividade/aula e no campo, de trabalho prático, laboratorial e experimental; Existência de uma percentagem significativa de docentes do 1.º ciclo do ensino básico que participaram no Programa de Formação em Ensino Experimental das Ciências ( ). Promover oportunidades de reflexão, partilha/difusão de conhecimentos, de métodos pedagógicos e de boas práticas em ciências, entre pares, tendo em conta as diversas formações e a experiência adquiridas pelos docentes em funções no Agrupamento. MÓDULO B - PLANEAMENTO CURRICULAR NO ÂMBITO DAS CIÊNCIAS B.1. Documentos orientadores Inserção da medida "investir em metodologias ativas e experimentais no âmbito das Ciências, no Plano de Ação Estratégico do Agrupamento, com o objetivo de promover o trabalho prático no âmbito das ciências experimentais; Inclusão no plano anual de atividades de eventos como o Dia Nacional da Água, Dia da Alimentação e o Dia Mundial da Saúde envolvendo a realização, pontual, de algumas atividades práticas em ciências; Envolvimento de alguns grupos e turmas em projetos da iniciativa das Lagoas de Bertiandos e da Quinta de Penteeiros (Câmara Municipal de Ponte de Lima), que 4

5 permitem a realização pontual de algumas atividades práticas e de campo, no âmbito da preservação da natureza e do ambiente, inscritas no Plano Anual de Atividades. Explicitar no Projeto Educativo os objetivos, as metas e as estratégias a que o Agrupamento se propõe tendo em vista o desenvolvimento da literacia científica das crianças e alunos, em coerência com o Plano de Ação Estratégico. B.2. Planeamento pedagógico Previsão, no planeamento pedagógico, de estratégias de ensino/aprendizagem das ciências que envolvem atividades práticas, para todos os níveis de educação e ensino, e de base laboratorial, para os 1.º e 2.º ciclos; Elaboração de um documento de análise dos conteúdos curriculares dos diversos níveis de educação e ensino, como contributo para a melhoria da sequencialidade e da articulação vertical no planeamento do trabalho prático em ciências; Implementação do projeto Co-lab ensino experimental das ciências, com o objetivo de investir em metodologias ativas e experimentais no âmbito das ciências e contribuir para o aprofundamento da partilha do conhecimento científico entre os docentes, operacionalizada através da lecionação coadjuvada, por um docente do grupo 510, de um tempo semanal na área disciplinar de Estudo do Meio, nas turmas dos 3.º e 4.º anos de escolaridade. Melhorar o planeamento pedagógico, designadamente as planificações a médio e a curto prazos, da área de conteúdo de Conhecimento do Mundo, da área disciplinar de Estudo do Meio e da disciplina de Ciências Naturais, através do reforço de estratégias de ensino que envolvam atividades de base laboratorial, experimental e de campo; Contemplar, para todos os níveis de educação e ensino, no planeamento pedagógico, a interligação dos conteúdos com o quotidiano/meio, numa abordagem CTSA Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente; Aprofundar a coerência e a articulação do planeamento ao longo dos diferentes níveis de educação e ensino, contemplando, para os mesmos conteúdos, atividades práticas, de base laboratorial, experimental e de campo, que promovam aprendizagens e conhecimentos científicos de nível crescente de complexidade; 5

6 Reforçar, em todos os níveis de educação e ensino, a articulação interdisciplinar/áreas do conhecimento no planeamento do trabalho prático em ciências, bem como as atividades do projeto Co-lab ensino experimental das ciências, com os saberes das diversas áreas de conteúdo/disciplinares e disciplinas; Diversificar, no planeamento pedagógico, para todos os níveis de educação e ensino, os instrumentos de avaliação das aprendizagens a utilizar nas atividades práticas, incluindo as de base laboratorial, experimental e de campo. MÓDULO C PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM CIÊNCIAS Realização de atividades práticas, na educação pré-escolar e no 2.º ciclo, e de base laboratorial, neste último, no âmbito das ciências, ao longo do ano letivo. Diversificar as metodologias e estratégias de ensino das ciências, em todos os níveis de educação e ensino, com recurso a trabalho prático, nomeadamente de base laboratorial, experimental e de campo; Promover, em todos os níveis de educação e ensino, ao longo do ano letivo, práticas pedagógicas que assegurem o desenvolvimento de competências específicas e capacidades investigativas de nível mais elevado de complexidade, nomeadamente seriar, formular e testar hipóteses, planear e realizar experiências, identificar e controlar variáveis; Clarificar, no início de cada aula, os objetivos e os critérios de avaliação para os conhecimentos científicos a desenvolver (saber), as capacidades (saber-fazer) e as atitudes (saber-estar); Generalizar a abordagem integrada dos conteúdos, numa perspetiva CTSA Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente, proporcionando a crianças e a alunos aprendizagens significativas, bem como o diagnóstico das conceções alternativas, que orientem o trabalho pedagógico e a construção do conhecimento científico; Promover a participação, sempre que possível, das crianças/alunos na elaboração dos protocolos laboratoriais/experimentais e dos roteiros/guiões de saídas de campo; 6

7 Melhorar o registo dos sumários no âmbito das ciências, explicitando os conteúdos curriculares lecionados e a tipologia do trabalho prático realizado (atividade prática, laboratorial, experimental e de campo). MÓDULO D AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS DAS CIÊNCIAS Garantir que os critérios de avaliação definidos e aprovados para a área disciplinar Estudo do Meio e da disciplina Ciências Naturais incluam descritores de desempenho, tendo em conta os conhecimentos, as atitudes científicas e as capacidades investigativas inerentes ao trabalho prático, incluindo o de base laboratorial, experimental e de campo; Diversificar, em todos os níveis de educação e ensino, as técnicas e os instrumentos de modo a avaliar a multiplicidade de conhecimentos, capacidades e atitudes, de complexidade crescente, que deverão ser previstas nos documentos de planeamento, evitando a predominância dos que envolvem a simples memorização e compreensão; Assegurar a aferição dos critérios para a avaliação dos progressos das aprendizagens das crianças e das ponderações a incluir nos critérios de avaliação dos 1.º e 2.º ciclos tendo em conta as aprendizagens adquiridas nos diferentes contextos de trabalho prático em ciências. MÓDULO E SUPERVISÃO DA PRÁTICA LETIVA E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EM CIÊNCIAS Inclusão da medida Criação e implementação da supervisão pedagógica no Plano de Ação Estratégico do Agrupamento, tendo em vista o desenvolvimento de atitudes reflexivas e trabalho colaborativo do ponto de vista individual, colegial e institucional da qual decorreu a formalização e aprovação de um procedimento de supervisão da prática letiva em sala de aula; Definição, no Plano de Ação Estratégico, da meta aumentar em 50% as atividades práticas no âmbito das ciências experimentais em todos os níveis de educação e ensino e implementação da consequente estratégia de lecionação de um tempo semanal de Estudo do Meio, em coadjuvação, nas turmas dos 3.º e 4.º anos. 7

8 Implementar o procedimento de supervisão da prática letiva em sala de aula, já aprovado em conselho pedagógico, como estratégia para a melhoria das práticas pedagógicas em ciências e do desenvolvimento profissional dos docentes; Melhorar o processo de identificação dos fatores de sucesso/insucesso no âmbito da literacia científica, como suporte de decisão sobre as medidas a tomar para ultrapassar as dificuldades detetadas e respetiva monitorização, em coerência com o Plano de Ação Estratégico implementado; Estabelecer mecanismos que permitam avaliar o impacto da formação realizada pelos educadores e professores nas práticas pedagógicas/educativas, em ciências. Data: A Equipa Inspetiva: Cremilda Barros Alves Manuela Parente Ribeiro Concordo. À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação. Homologo O Subinspetor-Geral da Educação e Ciência A Chefe de Equipa Multidisciplinar da Área Territorial de Inspeção do Norte Maria Madalena Moreira Por subdelegação de competências do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência nos termos do Despacho n.º 5942/2016, de 26 de abril, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 86, de 4 de maio de