Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental

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1 Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Curso Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental

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3 Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional SEDUC Andréa Araújo Rocha

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5 Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Curso Técnico em Meio Ambiente CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL TEXTOS DE APOIO Fortaleza - Ceara 2011 Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 1

6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO À QUESTÃO AMBIENTAL Problemas ambientais no Brasil Problemas ambientais atuais Fauna Flora Recursos hídricos Ocupação do solo Lixo Saneamento básico Desperdício AUDITORIA AMBIENTAL Conceito Histórico Tipos de Auditoria Ambiental Objetivos da Auditoria Ambiental Protocolo de Auditoria Ambiental As Normas de Auditoria Ambiental da ABNT Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental - NBR ISO Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais - NBR ISO ROTULAGEM AMBIENTAL (SELO VERDE) Os Programas de 1ª Parte Os Programas de 2ª Parte Os Programas de 3ª Parte Rotulagem ambiental no Brasil Selos Verdes BIBLIOGRAFIA Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 2

7 INTRODUÇÃO À QUESTÃO AMBIENTAL Problemas Ambientais No Brasil Os problemas ambientais no Brasil estão relacionados ao complexo quadro de crise geral e a falta de uma política quanto ao planejamento da utilização dos recursos naturais, o qual tem gerado a sua utilização irracional com algumas perdas irreversíveis, induzindo a importantes implicações econômicas devido à degradação ambiental. Isso ocorre, na maioria das vezes, devido à visão reducionista dos governos, que cuidam dos fatores ar, água, solo, fauna e flora separadamente. Esta política é traduzida na organização burocrática na qual órgãos, ministérios, secretarias e autarquias, tratam a questão da mesma forma. No Brasil, pode-se considerar a questão ambiental como sendo um assunto de extrema emergência de ser estudado. Este fato pode ser apreendido tanto através da análise do ponto de vista dos problemas decorrentes da fase desenvolvimentista, como do ponto de vista da agudização das condições de vida nas cidades e no campo, produzida pela crise atual sócio-política e econômica. Os problemas ambientais, no Brasil, referente a sua população (sociedade/comunidade), na maioria das vezes são analisados como se afetassem ao conjunto da população de maneira indiscriminada. Ainda que isso ocorra, se faz de suma importância destacar que seus efeitos não atingem igualmente todos os seguimentos sociais. Assim, alguns são mais imediatamente sentidos por determinados grupos, seja por sua proximidade cotidiana, ou seja, pela escassez de recursos de que estes dispõem para buscar soluções próprias. Problemas Ambientais Atuais Embora estejam acontecendo vários empreendimentos por parte de empresas, novas leis tenham sido sancionadas, acordos internacionais estejam em vigor, a realidade apontada pelas pesquisas mostra que os problemas ambientais ainda são enormes e estão longe de serem solucionados. É preciso lembrar que o meio ambiente não se refere apenas às áreas de preservação e lugares paradisíacos, mas sim a tudo que nos cerca: água, ar, solo, flora, fauna, homem, etc. Cada um desses itens está sofrendo algum tipo de degradação. Em seguida serão apresentados alguns dados relacionados a estes problemas. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 3

8 Fauna A fauna brasileira é uma das mais ricas do mundo com 10% das espécies de répteis (400 espécies) e mamíferos (600 espécies), 17% das espécies de aves (1.580 espécies) a maior diversidade de primatas do planeta e anfíbios (330 espécies); além de espécies de invertebrados (WALLAVER, 2000). Algumas espécies da fauna brasileira se encontram extintas e muitas outras correm o risco. De acordo com o IBGE há pelo menos 330 espécies e subespécies ameaçadas de extinção, sendo 34 espécies de insetos, 22 de répteis, 148 de aves e 84 de mamíferos. As principais causas da extinção das espécies faunísticas são a destruição de habitats, a caça/pesca predatórias, a introdução de espécies estranhas a um determinado ambiente e a poluição (WALLAVER, 2000). O tráfico de animais silvestres movimenta cerca de 10 bilhões de dólares/ano, sendo que 10% correspondem ao mercado brasileiro, com perda de 38 milhões de espécimes (O GLOBO, 03/07/02). A poluição, assim como a caça predatória, altera a cadeia alimentar e dessa forma pode haver o desaparecimento de uma espécie e superpopulação de outra. P. ex., o gafanhoto serve de alimento para sapos, que serve de alimento para cobras que serve de alimento para gaviões que quando morrem servem de alimento para os seres decompositores. Se houvesse uma diminuição da população de gaviões devido à caça predatória, aumentaria a população de cobras, uma vez que esses são seus maiores predadores. Muitas cobras precisariam de mais alimentos e, conseqüentemente, o número de sapos diminuiria e aumentaria a população de gafanhotos. Esses gafanhotos precisariam de muito alimento e com isso poderiam atacar outras plantações, causando perdas para o homem (IBAMA, 2001). É importante lembrar que o desaparecimento de determinadas espécies de animais interrompe os ciclos vitais de muitas plantas. Há uma lista de animais em extinção: Ararinha, Arara-Azul, Cachorro-vinagre, Cervo-Do-Pantanal, jaguatirica, lobo-guará, mono-carvoeiro, mico-leão-dourado, onça-pintada, tamanduá bandeira, tatú-canastra, veado-campeiro, entre outros (398 espécies em extinção no Brasil). Flora Desde o princípio de sua história o homem tem exercido intensa atividade sobre a natureza extraindo suas riquezas florestais, desde os pampas até, em menor intensidade, as montanhas. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 4

9 As florestas têm sido as mais atingidas, devido ao aumento demográfico. Elas vêm sendo derrubadas para acomodar as populações, ou para estabelecer campos agricultáveis (pastagens artificiais, culturas anuais e outras plantações de valor econômico) para alimentar as mesmas. Essa ocupação tem sido realizada sem um planejamento ambiental adequado causando alterações significativas nos ecossistemas do planeta. As queimadas, geralmente praticadas pelo homem, são atualmente um dos principais fatores que contribuem para a redução da floresta em todo o mundo, além de aumentar a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, agravando o aquecimento do planeta. O fogo afeta diretamente a vegetação, o ar, o solo, a água, a vida silvestre, a saúde pública e a economia. Há uma perda efetiva de macro e micronutrientes do solo em cada queimada que chega a ser superior a 50% para muitos nutrientes. Além de haver um aumento de pragas no meio ambiente, aceleração do processo de erosão, ressecamento do solo entre vários outros fatores. A queimada não é de todo desaconselhada desde que seja feita sob orientação (p. ex., Técnico do IBAMA) e facilmente controlada. Apesar do uso de sistemas de monitoramento via satélite, os quais facilitam a localização de focos e seu combate, ainda é grande o número de in - cêndios ocorridos nas florestas brasileiras (SILVA, 1998). 150 mil Km2 de floresta tropical são derrubados por ano, sendo que no Brasil, são em torno de 20 mil km2 de floresta amazônica. Além desta, a Mata Atlântica é a mais ameaçada no Brasil e a quinta no mundo, já tendo sido devastados 97% de sua área (VITOR, 2002). O desmatamento da Amazônia entre agosto de 2003 e agosto de 2004, foi o segundo maior da história. O número, equivalente a mais de 8,6 mil campos de futebol desmatados em um único dia. Quase a metade (48,1%) do total desmatado na Amazônia Legal se deu no estado do Mato Grosso, governado pelo maior produtor individual de soja do mundo, Blairo Maggi. Dos km2 desmatados no estado, apenas km2 foram feitos de forma legal. Enquanto as árvores caíam na floresta, o grupo do agronégócio de Maggi comemorava aumentos de 28% no faturamento (US$ 532 milhões em 2003, contra US$ 415 milhões em 2002) e de 21% na área plantada (170 mil hectares em 2003 contra 140 mil em 2002). Blairo Maggi faz parte da base Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 5

10 de apoio do governo Lula e não esconde sua opinião: Esse negócio de floresta não tem o menor futuro, afirmou em entrevista recente. (Green Peace) Recursos Hídricos Mais da metade dos rios do mundo diminuíram seu fluxo e estão contaminados, ameaçando a saúde das pessoas. Esses rios se encontram tanto em países pobres quanto ricos. Os rios ainda sobreviventes são o Amazonas e o Congo. A Bacia do Amazonas é o maior filão de água doce do planeta, correspondendo a 1/5 da água doce disponível. Não é à toa que há um interesse mundial na proteção dessa região (PORTU- GAL, 1994). O Brasil detém 8% de toda água doce superficial do planeta. Porém a maior parte dessa água - cerca de 80% - está localizada na Região Amazônica. Os 20% restantes se distribuem desigualmente pelo país, atendendo 95% da população. A escassez de água se deve basicamente à má gestão dos recursos hídricos e não à falta de chuvas. Uma das maiores agressões para a formação de água doce é a ocupação e o uso desordenado do solo. Para agravar ainda mais a situação são previstas as adições de mais de 3 bilhões de pessoas que nascerão neste século, sendo a maioria em países que já tem escassez de água, como Índia, China, Paquistão ( A quantidade de matéria orgânica presente nos corpos d'água depende de uma série de fatores incluindo todos os organismos que aí vivem, os resíduos de plantas e animais carregados para as águas e também o LIXO e os ESGOTOS nela jogados. Se a quantidade de matéria orgânica é muito grande a poluição das águas é alta e uma série de processos vão ser alterados. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 6

11 Haverá muito alimento à disposição e conseqüentemente proliferação dos seres vivos. Vai haver maior consumo de oxigênio que ocasionará a diminuição de Oxigênio dissolvido provocando a mortalidade de peixes. Uso de fertilizantes, inseticidas, nitratos, herbicidas e fungicidas utilizados nas plantações e que se infiltram na terra, atingindo os mananciais subterrâneos. Detergentes, desinfetantes, solventes e metais pesados que são descarregados no esgoto (e muitas vezes nos rios) pelas indústrias. Lixo e detrito que são jogados nos rios e lagos. Produtos derivados de petróleo que vazam e são arrastados pela água da chuva. Restos de animais mortos. Chuva ácida. A ocupação inadequada, provocada pelo grande abismo social existente no Brasil, é um dos principais responsáveis pela degradação dos recursos hídricos. Ocupação do Solo O modelo urbanístico brasileiro praticamente se divide em dois: a cidade oficial (cidade legal, registrada em órgãos municipais) e a cidade oculta (ocupação ilegal do solo). A cidade fora da lei, sem conhecimento técnico e financiamento público, é onde ocorre o embate entre a preservação do meio ambiente e a urbanização. Toda legislação que pretende ordenar o uso e a ocupação do solo, é aplicada à cidade legal, mas não se aplica à outra parte, a qual é a que mais cresce. De acordo com a Profa. Ermíria Maricato (FAU/USP) (apud MEIRELLES, 2000) foram construídos no Brasil 4,4 milhões de moradias entre 1995 e 1999, sendo apenas 700 mil dentro do merca- Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 7

12 do formal. Ou seja, mais de 3 milhões de moradias foram construídas em terras invadidas ou em áreas inadequadas. Há uma relação direta entre as moradias pobres e as áreas ambientalmente frágeis (beira de córregos, rios e reservatórios, encostas íngremes, mangues, várzeas e áreas de proteção ambiental, APA). Os invasores passam a ser considerados inimigos da qualidade de vida e do meio ambiente, quando na verdade eles não têm alternativas e isso ocorre devido à falta de planejamento urbano. As conseqüências dessa ocupação desorganizada já são bastante conhecidas: enchentes, assoreamento dos cursos de água devido ao desmatamento e ocupação das margens, desaparecimento de áreas verdes, desmoronamento de encostas, comprometimento dos cursos de água que viraram depósitos de lixo e canais de esgoto. O censo de 2000, realizado pelo IBGE, aponta um crescimento de 22,5% de novas favelas em 9 anos. Há favelas no país, sendo em São Paulo e 811 no Rio de Janeiro. Outro fator que está afetando o solo é o mau uso na agricultura. 24 milhões de toneladas de solo agricultável são perdidos a cada ano correspondendo, no momento, a 30% da superfície da Terra. As maiores causas da desertificação são o excesso de cultivo e de pastoreio e o desmatamento, além das práticas deficientes de irrigação (MOREIRA, 2000). LIXO Outro trágico fator ambiental é o lixo que em sua maioria ainda é lançado a céu aberto. No Brasil, cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades. Com isso, o lixo se tornou um dos grandes problemas das metrópoles. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 8

13 Pela legislação vigente, cabe às prefeituras gerenciar a coleta e destinação dos resíduos sólidos. De acordo com o IBGE, 76% do lixo é jogado a céu aberto sendo visível ao longo de estradas e também são carregados para represas de abastecimento durante o período de chuvas. Embora muito esteja se fazendo nesta área em nível mundial, ainda são poucos os materiais aproveitados no Brasil onde é estimada uma perda de cerca de 4 bilhões de dólares por ano. Mas, há indícios de melhora na área no país onde se tem como melhor exemplo as latas de alumínio, cuja produção é 63% reciclada (COZETTI, 2001). O lixo industrial apresenta índices maiores de reciclagem. De acordo com a FIRJAN, no estado do Rio de Janeiro 36-70% das indústrias reciclam seus dejetos (BRANDÃO, 2002). SANEAMENTO BÁSICO Outro fator gravíssimo para aumentar a poluição ambiental é a falta de saneamento básico. Atualmente apenas 8% do esgoto doméstico é tratado no Brasil e o restante é despejado diretamente nos cursos d água (MEIRELLES, 2000). Um relatório da ONU revela que as regiões costeiras, sul e sudeste do Brasil, são as mais poluídas do mundo. 40 milhões de pessoas vivem no litoral lançando 150 mil litros de esgoto por dia ou 6 bilhões de litros de esgoto sem tratamento (VITOR, 2002). Os poucos investimentos do governo nessa área são inexplicáveis, uma vez que, para cada dólar investido no saneamento básico, 4 dólares são economizados com a prevenção de doenças que requerem internações (CRUZ, 2000). DESPERDÍCIO No Brasil por se ter disponibilidade de recursos, o desperdício se tornou parte de nossa cultura, isso tanto para pobres quanto ricos. 20% dos alimentos são desperdiçados (desde a colheita até a mesa da comunidade) segundo o IBGE. Essas toneladas perdidas seriam suficientes para matar a fome de toda a população carente. Além disso, jogamos fora muito material re- Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 9

14 ciclável (são despejadas na natureza 125 mil toneladas de rejeitos orgânicos e materiais recicláveis por dia). A cada tonelada de papel que se recicla, 40 árvores deixam de ser cortadas. Em ambos os casos o desperdício gera poluição ambiental. Com relação à energia elétrica, os brasileiros desperdiçam meia produção anual de Itaipu ou 9,5% da média total anual (CRUZ, 2001). Como exemplo de desperdícios está o uso irracional de aparelhos elétricos e luzes acessas desnecessariamente. O uso racional poderá evitar a construção de novas barragens, que causam grandes impactos ambientais, apenas pela minimização dos desperdícios. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 10

15 CONCEITO DE AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL Auditoria Ambiental O sistema de gestão ambiental está intimamente ligado à auditoria ambiental. O SGA depende da auditoria para poder evoluir na perspectiva de melhoria contínua. Ao se implementar um sistema de gestão ambiental, automaticamente implementa-se a auditoria ambiental periódica. Assim, é necessário o conhecimento da auditoria ambiental como instrumento de gestão ambiental que irá pilotar o SGA. Conceito De acordo com a NBR ISO (ABNT 1996c), auditoria ambiental é o processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. Considerando o empreendimento habitacional, os resultados de uma auditoria ambiental retratam seu desempenho ambiental, com relação ao critério de auditoria considerado, em um dado momento. O cliente constitui tanto os órgãos competentes que tratam da questão ambiental e habitacional, como o próprio morador. Histórico A auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos no final da década de 70, com o objetivo principal de verificar o cumprimento da legislação. Ela era vista pelas empresas norte-americanas como uma ferramenta de gerenciamento utilizada para identificar, de forma antecipada, os problemas provocados por suas operações. Essas empresas consideravam a auditoria ambiental como um meio de minimizar os custos envolvidos com reparos, reorganizações, saúde e reivindicações. Muitas empresas aplicavam, também, a auditoria para se prepararem para inspeções da Environmental Protection Agency - EPA e para melhorar suas relações com aquele órgão governamental. O papel da EPA com relação às auditorias ambientais tem-se alterado com o passar do Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 11

16 tempo: requeria a implantação de programas de auditoria ambiental a qualquer empresa que causasse danos ao meio ambiente; passou a encarar a auditoria ambiental como de utilização voluntária por parte das empresas e as incentivava a adotá-la fornecendo em contrapartida, por exemplo, a agilização de processos de pedidos de licença e a diminuição no número de visitas de fiscalização; e assumiu o papel de incentivadora de auditorias voluntárias, sem conceder benefícios, e de fornecedora de assistência a programas de auditoria ambiental. Na Europa, a auditoria ambiental começou a ser utilizada na Holanda, em 1985, em filiais de empresas norte-americanas, por influência de suas matrizes. Em seguida, em outros países da Europa, a prática da auditoria passou a ser disseminada em países como Reino Unido, Noruega e Suécia, também por influência de matrizes americanas. É na Europa, em 1992, no Reino Unido, que surgiu a primeira norma de sistema de gestão ambiental, a BS 7750 (BSI, 1994), baseada na BS 5770 de Sistema de Gestão da Qualidade, onde a auditoria ambiental encontrase ali normalizada. Na seqüência, outros países, como, por exemplo, França e Espanha, também apresentam suas normas de sistema de gestão ambiental e de auditoria ambiental. Em 1993, começou a ser discutido o Regulamento da Comunidade Econômica Européia - CEE no 1.836/93, em vigor a partir de 10 de abril de 1995, que trata do sistema de gestão e auditoria ambiental da União Européia (Environmental Management and Auditing Scheme - Emas). No Brasil, a auditoria ambiental surgiu, pela primeira vez, por meio da legislação, no início da década de 90, quando da publicação de diplomas legais sobre o tema, citados a seguir: a) Lei no 790, de 5/11/91, do Município de Santos-SP; b) Lei no 1.898, de 16/11/91, do Estado do Rio de Janeiro; c) Lei no , de 16/1/92, do Estado de Minas Gerais; d) Lei no 4.802, de 2/8/93, do Estado do Espírito Santo; e) Projeto de Lei Federal no 3.160, de 26/8/ 92; e f) Anteprojeto de Lei do Estado de São Paulo. Internacionalmente, a auditoria ambiental sobre base normalizada começou a ser discutida em 1991 com a criação do Strategic Advisory Group on Environment - Sage no âmbito da ISO. A discussão se amplia mundialmente, em 1994, com a divulgação dos projetos de norma dentro da série ISO Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 12

17 Em 1996, tais projetos de norma são alçados à categoria de normas internacionais, sendo adotadas pelos países participantes da ISO. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT apresentou, em dezembro de 1996, as NBR ISO 14010, e 14012, referentes à auditoria ambiental. Observe-se, ainda, que projetos de normas de auditoria ambiental, da mesma forma que outros projetos de normas de gestão ambiental, são submetidos à discussão e votação dos Organismos Nacionais de Normalização dos países integrantes do Mercado Comum do Sul - Mercosul, para aprovação como norma Mercosul. Tipos de Auditoria Ambiental A auditoria ambiental, para um empreendimento habitacional, pode ser interna ou externa. A auditoria interna, executada pelos moradores, por meio de uma associação representativa e, se necessário por auditores independentes contratados, tem seus resultados (conclusão da auditoria) de uso interno ou condominial. A auditoria externa é realizada, necessariamente, por auditores independentes externos à organização, sendo seus resultados avaliados por terceiros, como organização de certificação, e seu uso deve ser atinente ao Poder Público, por meio de órgãos responsáveis por políticas habitacionais e/ou ambientais, e mesmo disponibilizados para consulta pública, principalmente no caso de determinadas leis. Objetivos da Auditoria Ambiental Uma auditoria ambiental pode ser realizada com finalidades diferentes, tais como: a) CANTER (1984) trata a auditoria como uma ferramenta a ser utilizada no processo de Avaliação de Impacto Ambiental. O autor argumenta que uma auditoria realizada após a implantação de um empreendimento permite averiguar se as medidas de mitigação e monitoramento previstas foram instaladas; se essas medidas têm desempenho satisfatório; se, e como, os impactos previstos se realizaram; ou ainda, se ocorreram impactos que não estavam previstos; b) POLIDO et al. (1993) refere-se à auditoria ambiental na contratação de seguro ambiental para um empreendimento, ao citar a necessidade da realização, pela empresa seguradora, de uma inspeção técnica criteriosa das instalações; c) LEPAGE-JESSUA (1992) cita, entre outras, a realização de auditoria ambiental em cinco situações: Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 13

18 Auditoria de conformidade: consiste na verificação do cumprimento da legislação aplicável existente. Segundo a própria autora, é uma auditoria de ambição muito limitada, pois se restringe à legislação existente e de caráter defensivo. Auditoria pós-acidente: centrada nos problemas de responsabilidade penal ou civil, tem por objetivo determinar as causas de um acidente. Em geral, realizada paralelamente a um procedimento jurídico, pode dar elementos à procuradoria, mas também pode fornecer à empresa os meios necessários para sua defesa. Auditoria de risco: pode ser aplicada no caso de um contrato de seguro ou, em um âmbito mais geral, no caso de uma análise de risco. Neste último caso, ela é útil para a empresa conhecer com precisão a extensão do risco de um acidente para o meio ambiente e, conseqüentemente, os riscos jurídico, econômico e financeiro. Com este tipo de auditoria, a empresa visa simplesmente limitar seus riscos. Auditoria de operações de fusão, absorção ou de aquisição: uma empresa que deseja, por exemplo, adquirir uma outra empresa pode solicitar uma auditoria ambiental para saber a natureza dos riscos ao qual ela estaria sujeita. Outro caso, por exemplo, é o da venda de terrenos nos quais serão colocados materiais descartados; a empresa vendedora pode realizar uma auditoria ambiental para se desembaraçar de responsabilidades futuras no caso de contaminação. Da mesma forma, uma empresa que vai comprar um terreno pode solicitar uma auditoria para saber em que situação, com relação à qualidade do solo e das águas, ele se encontra. Auditoria de gerenciamento geral: essa auditoria tem um objetivo maior. Trata-se de verificar todos os possíveis impactos da empresa sobre o meio ambiente. Essa auditoria permite a definição de uma orientação e de uma política da empresa por meio da totalidade dos dados ambientais e considera as evoluções futuras do contexto jurídico. d) no âmbito do sistema de gerenciamento ambiental sobre base normalizada - SGA, a auditoria é realizada com diferentes finalidades: GILBERT (1995) cita a realização de auditoria ambiental na revisão preparatória da BS 7750 (BSI, 1994); BRAGA et al. (1996) propõem a realização de uma auditoria, a qual chamam de auditoria ambiental preliminar infor- mal, como ROTHERY (1993), para definição dos aspectos ambientais da organização (requisito da etapa de Planejamento do SGA da NBR ISO 14001); Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 14

19 A NBR ISO (ABNT, 1996a) indica a utilização da auditoria ambiental na etapa de Verificação e Ação Corretiva, que permite a realização da etapa seguinte (Análise Crítica pela Administração) que vai avaliar o desempenho do sistema implantado e indicar as mudanças necessárias no mesmo, o qual passará a funcionar em um novo patamar; A NBR ISO (ABNT, 1996d) indica a auditoria ambiental para avaliação do SGA de uma empresa que vise o estabelecimento de relação contratual com outra empresa; e com vistas à certificação. Para um empreendimento habitacional, os objetivos da Auditoria Ambiental consistiriam, principalmente, para a identificação dos aspectos ambientais, para avaliação do sistema de gestão ambiental e para a avaliação da conformidade legal. Protocolo de Auditoria Ambiental Para a realização de auditorias ambientais, a NBR ISO (ABNT, 1996d) faz referência à utilização de documentos de trabalho e, entre eles, cita as listas de verificação, que seriam uma tradução de check-list. Check-list é um dos tipos de protocolo da auditoria ambiental. Para estes autores, o protocolo da auditoria pode ser organizado de diferentes maneiras e ter variados formatos, havendo seis alternativas básicas: Protocolo básico: documento que organiza os procedimentos da auditoria em uma seqüência de etapas, reservando espaço para pequenas anotações, como identificação de funções da equipe de auditoria, comentários e indicação de páginas de registros de campo. Guia detalhado: tem o objetivo de familiarizar os membros da equipe de auditoria com o requisito ambiental (lei ou norma) sobre o qual a auditoria será conduzida. Apresenta a descrição do requisito e as ações que devem ser implementadas pela empresa auditada, em função dele. Não há indicação do que o auditor deve observar ou perguntar. Resumo de tópicos: é o chamado checklist, no qual apenas são citados os assuntos a serem abordados, não estando especificados procedimentos para exame dos diferentes tópicos. Observe-se que, o termo check-list tem sido usado erroneamente como sinônimo de protocolo, quando, na verdade, é apenas um dos tipos de protocolo. Questionário dirigido (sim/não): instrumento primário para obtenção de informações. As perguntas são elaboradas para obtenção somente de resposta sim ou não. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 15

20 Questionário de respostas dissertativas: considerado o inverso do questionário dirigido, o questionário de respostas dissertativas permite a obtenção de informações detalhadas e aprofundadas. Questionário com atribuição de pontuação: visa medir o desempenho ambiental, avaliando cada atividade relevante, de acordo com um gabarito detalhado. Resulta em uma pontuação numérica ou em uma avaliação qualitativa do tipo Satisfatório ou Insatisfatório. Cada um desses protocolos tem suas vantagens desvantagens em momentos e situações diferentes. O protocolo básico requer, necessariamente, uma documentação complementar de campo, na qual devem ser feitas anotações, o que pode ser pouco prático no desenvolvimento da auditoria. O guia detalhado é ideal para ser utilizado em auditoria de conformidade legal, pois fornece informações detalhadas sobre determinados requisitos ambientais, apesar de restringir se a eles. O resumo de tópicos só deve ser utilizado por auditores com muita experiência, pois não indica os procedimentos. O questionário dirigido (sim ou não) pode ser de utilização pouco prática, por possuir, na maioria dos casos, muitas perguntas para obter uma única informação. O questionário de respostas dissertativas é útil para obtenção de informações aprofundadas, e mais próximas do real, sobre o objeto da auditoria, qualquer que seja ele, pois permite que o auditado explique suas respostas e que o auditor explane suas observações. O questionário com pontuação, se não for construído de acordo com critérios estabelecidos a partir de um profundo conhecimento do objeto da auditoria, tenderá a apresentar resultado subjetivo e, além disso, poderá ocultar aspectos específicos, com nota baixa, em uma avaliação global boa. Entre os tipos de protocolo descritos anteriormente, considera-se mais adequado para a definição de aspectos ambientais o protocolo de respostas dissertativas, pois, como visto, tal protocolo é organizado de forma a permitir a aquisição de informações detalhadas e aprofundadas, o que é desejável em uma auditoria ambiental que objetiva a obtenção dos aspectos ambientais, ou seja, dados sobre os quais o sistema de gestão ambiental será construído. O ANEXO C apresenta um exemplo de protocolo de auditoria ambiental, do tipo de respostas dissertativas, para identificação de aspectos ambientais em empreendimentos habitacionais. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 16

21 As Normas de Auditoria Ambiental da ABNT As três normas relativas à auditoria ambiental da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que consistem em traduções das normas da International Organization for Standardization - ISO, são: NBR ISO (ABNT, 1996c), NBR ISO (ABNT, 1996d) e NBR ISO (ABNT, 1996e). Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios Gerais - NBR ISO Essa norma possui 5 páginas, sendo que na quinta encontra-se um anexo referente à bibliografia. Ela estabelece os princípios gerais aplicáveis a todos os tipos de auditoria ambiental. Está estruturada em três grandes temas: definições, requisitos e princípios gerais. É apresentada definição de treze termos normalmente utilizados em auditoria: A NBR ISO recomenda como requisitos para a realização de uma auditoria ambiental: Que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal objeto devem estar claramente definidos e documentados; e Que a auditoria só é realizada se o auditor líder estiver convencido da existência de informações suficientes e apropriadas, de recursos adequados de apoio ao processo de auditoria e de cooperação ao auditado. A norma aponta, ainda, os princípios gerais para condução de auditorias que são apresentados no quadro abaixo: Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 17

22 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Procedimentos de Auditoria - Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental - NBR ISO Essa norma possui 7 páginas, sendo que na sétima tem-se a bibliografia. Ela estabelece procedimentos para condução, especificamente, de auditorias de Sistema de Gestão Ambiental. Está estruturada em quatro temas: definições; objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental; etapas da auditoria de sistema de gestão ambiental; e encerramento da auditoria. A NBR ISO apresenta definições para três termos, quais sejam: 1. Sistema de gestão ambiental. É citada a definição existente na NBR ISO Auditoria do sistema de gestão ambiental. Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 18

23 3. Critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental. Que são os requisitos da NBR ISO e, se aplicável, qualquer outro requisito adicional. Quanto aos objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental, essa norma apresenta recomendações referentes à auditoria em si e às pessoas que participam do processo (auditor-líder, auditor, cliente e auditado), que constituem diretrizes para a auditoria ambiental (Quadro abaixo) De acordo com a NBR ISO (ABNT, 1996d), existem quatro etapas no processo de auditoria do sistema de gestão ambiental, quais sejam: etapa 1 (início da auditoria); etapa 2 (preparação da auditoria); etapa 3 (execução da auditoria); e etapa 4 (elaboração do relatório de Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 19

24 auditoria). A norma descreve procedimentos para cada uma dessas etapas que são apresentados nos Quadros abaixo: Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 20

25 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais - NBR ISO A NBR ISO (ABNT, 1996e) estabelece diretrizes quanto aos critérios que qualificam um profissional a atuar como auditor e como auditor-líder ambientais, tanto externo como interno. É salientado pela norma que os auditores internos devem possuir o mesmo nível de competência dos auditores externos, mas podem não atender a todos os critérios dessa norma, dependendo de fatores como: características da organização (tamanho, natureza, complexidade e impactos ambientais) e características necessárias para o auditor ambiental (conhecimento especializado e experiência). A norma apresenta definições para: auditor ambiental (pessoa qualificada para realizar auditorias ambientais); auditor-líder ambiental (pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais); diploma (certificado reconhecido nacional ou internacionalmente, ou qualificação equivalente, normalmente obtido após a educação secundária, através de um período de estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três anos, ou outro perío- Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 21

26 do de estudo equivalente, em tempo parcial); e educação secundária (etapa do sistema educacional completada imediatamente antes do ingresso em universidade ou instituição similar). Após as definições, são apresentados pela NBR ISO os critérios de qualificação de auditores (Quadro 35); diretrizes para avaliação das qualificações de auditores ambientais; e diretrizes para o desenvolvimento de um organismo que assegure um enfoque coerente para a certificação de auditores ambientais. A NBR ISO recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de auditores deve ser conduzido por pessoa dotada de conhecimentos atualizados e experiência em processos de auditoria. Recomenda, ainda, que a avaliação da educação (experiência profissional, treinamento e atributos pessoais dos auditores) seja realizada utilizando-se os seguintes métodos: entrevistas; prova escrita e/ou oral; análise de trabalhos escritos; referências de empregadores anteriores e colegas; simulação de atuação; observações feitas por outros auditores em auditorias já realizadas; análise das evidências apresentada pelo auditor; apreciação das certificações e qualificações profissionais. Ainda de acordo com a norma, caso seja apropriado, deve haver um organismo que assegure que os auditores ambientais sejam certificados de forma consistente, que deve ser independente e atender às seguintes diretrizes: certificar diretamente; credenciar entidades que certificarão os auditores; estabelecer processo de avaliação de auditores; e manter cadastro atualizado de auditores ambientais que atendam aos critérios especificados pela norma. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 22

27 Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 23

28 ROTULAGEM AMBIENTAL (SELO VERDE) A rotulagem ambiental de produtos, que se consolidou em diversos países através das autodeclarações, muitas já ajustadas aos padrões internacionais da ISO, é um sinal de desenvolvimento sustentável. Atenta à necessidade de normalizar a relação entre produtos e consumidores ou relações B2B (Business to Business), a ISO criou a série de normas No escopo da ISO, os tipos de rotulagem ambiental são três: Rotulagem Tipo I Programa Selo Verde; Rotulagem Tipo II Atodeclarações ambientais e Rotulagem Tipo III Inclui avaliações de ciclo de vida. Os selos, como também outras atividades dos programas de rotulagem ambiental, servem a vários propósitos e têm como meta um número de diferentes audiências. Convém salientar a diferença entre rotulagem ambiental (eco-labeling) e certificação ambiental (eco-certification): o rótulo é voltado para os consumidores e a certificação ambiental, para indústrias de recursos. Está voltada para a venda por atacado (comunidade compradora) e não direcionada para consumidores varejistas. Ambos desenvolvimentos são etapas evolucionárias importantes na busca da sustentabilidade. Os Programas de Rotulagem Ambiental procuram, em diferentes graus, alcançar pelo menos três objetivos: despertar no consumidor e no setor privado a consciência e entendimento dos propósitos de um programa de rotulagem; crescimento da consciência e entendimento dos aspectos ambientais de um produto que recebe o rótulo ambiental; e influenciar na escolha do consumidor ou no comportamento do fabricante. As classificações dos Programas de Rotulagem Ambiental podem variar, tanto com relação aos produtos que eles cobrem quanto para com os problemas de meio-ambiente para os quais estão voltados. Podem ser classificados de acordo com o número de características do programa. Uma das características mais importantes é por tipo de organização que administra o programa. A ISO, levando em consideração tal característica, classifica-os em três tipos: Programas de 1ª Parte, Programas de 2ª Parte, e Programas de 3ª Parte. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 24

29 Os Programas de 1ª Parte São aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a reivindicação ambiental (são geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto). Esses programas também são conhecidos como auto-declarações, porque a parte que faz a reivindicação ambiental a faz sem verificação independente. Os Programas de 2ª Parte São aqueles que envolvem a rotulagem para produtos ou embalagens que são concedidos por associações comerciais. Não estão diretamente ligados à fabricação ou venda do produto e as categorias de informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por organismos independentes. Os Programas de 3ª Parte São aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que são independentes da produção ou venda dos produtos, ou seja, não estão ligadas à fabricação ou venda do produto (instituições governamentais, do setor privado ou organizações sem fins lucrativos). Rotulagem ambiental no Brasil O programa de rotulagem ambiental no Brasil foi desenvolvido com base nas experiências de programas mundiais de rotulagem ambiental. O programa brasileiro é representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida pelo governo como fórum nacional de normalização. É o órgão responsável pela normalização técnica voluntária no país. É também o organismo de certificação credenciado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial) para a Certificação de sistemas de qualidade (ISO 9000), sistemas de gestão ambiental (ISO14001) e diversos produtos e serviços, qualidade e meio ambiente. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 25

30 A ABNT ainda representa no Brasil os organismos internacionais: International Organization for Standardization (ISO); International Electrotechnical Comission (IEC), Comissão Pannamericana de Normas Técnicas (COPANT) e Associação Mercosul de Normalização (AMN). O programa brasileiro de rotulagem ambiental ABNT-Qualidade Ambiental está estruturado de acordo com o esboço das versões das normas ISO 14020, Environmental Labels and Declarations - General Principals, e ISO Guiding principles and procedures for Type I Environmental Labeling. É um programa de 3ª Parte, positivo, que concede selo do Tipo I, o Selo de Aprovação. Iniciado em 1993, o programa é positivo, voluntário, e baseado em critérios múltiplos. A missão do programa ABNT - Qualidade Ambiental é promover a redução da responsabilidade ambiental e os impactos negativos relacionados a produtos e serviços. Tal meta seria atingida pelo crescimento da conscientização por parte dos fabricantes, dos consumidores e das organizações públicas observando as vantagens da adoção de produtos menos danosos ao meio ambiente. Por meio de seu programa de certificação ambiental, a ABNT espera: certificar produtos que demonstrem qualidade ambiental; promover o suprimento de tais produtos para o uso do consumidor; expandir o programa para outros setores; torná-lo conhecido tanto nacional quanto internacionalmente; e alcançar sustentabilidade financeira. O trabalho inicial está voltado para o desenvolvimento de normas em duas categorias, produtos de couro e calçados e produtos florestais. O programa ainda não está ativo. Assim sendo, ainda nenhum produto recebeu o certificado. A metodologia adotada pela ABNT é baseada na Análise do Ciclo de Vida (ACV), e considera os seguintes elementos: extração e processamento de matéria-prima, fabricação, transporte e distribuição, usos do produto, reutilização, manutenção, reciclagem, descarte final, ingredientes ou restrições a materiais utilizados e o desempenho ambiental do processo de produção. Selos Verdes Atualmente se nota a valorização na sociedade em consumir produtos ambientalmente corretos e saudáveis. Vários países, como manifestação de consciência ambiental, adotam mecanismos voluntários de rotulagem com atribuição de selos verdes a produtos que atendam critérios de controle previamente estabelecidos. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 26

31 Nesse sentido, a rotulagem ambiental está se tornando um poderoso instrumento de mercado, sugerindo a importância de se analisar suas normas regulamentadoras e estudos elaborados dentro deste tema, uma vez que os Programas de Rotulagem Ambiental surgiram, principalmente, em decorrência de uma mudança nos padrões de consumo e produção. Nota-se, pelas análises, que a rotulagem ambiental pode ajudar a contribuir para a formação do consumidor consciente, em vista dos padrões de produção e consumo. Os rótulos ambientais configuram um sistema de informação da origem do produto, dos estudos de avaliação do ciclo de vida e se o mesmo deriva de um processo que utilize tecnologias limpas. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 27

32 BIBLIOGRAFIA Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - normas NBR-ISO 9000 a NBR-ISO MOREIRA, M.S. (2001) Estratégia e implantação de sistema de gestão ambiental modelo ISO p. MOURA, L.A.A. (2002) Qualidade e gestão ambiental: sugestões para implantação das normas ISO p. PURI, S.C. ISO 9000 Certificação - Gestão da Qualidade Total, Ed. Qualitymark, 1994 VALLE, C.E. (1995) Qualidade ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente: como se preparar para as normas ISO p. Técnico em Meio Ambiente Certificação Ambiental 28

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34 Hino Nacional Hino do Estado do Ceará Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

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