O livro na era do computador

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Renato Álvares Mendes
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1 Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da Informação e Documentação Disciplina: Conservação e Restauração de Documentos Profa.: Lillian Alvares O livro na era do computador

Ciência da Informação e Documentação Disciplina: Conservação e

2 - E afinal, o livro tem lugar na cultura globalizada ou está prestes a virar peça de museu? - A Internet seria o substituto definitivo para esse objeto de orelhas, corpo, rodapé, colunas e folha de rosto?

3 Histórico - Cada corpo que lhe deu abrigo alterou a forma de leitura e nossa própria relação com o conhecimento. - Seja na passagem do papiros para o pergaminho ou na passagem das pesadas encadernações do século XVIII para os livros de bolso e finalmente para o livro eletrônico, muito mudou.

- Seja na passagem do papiros para o pergaminho ou na passagem das

4 - Agora como nunca, a história do livro e da leitura começa a sair dos círculos dos bibliófilos e eruditos para satisfazer a curiosidade pública geral. - E não é paradoxal que caia no interesse popular exatamente quando as previsões mais apocalípticas anunciam o fim da cultura do papel se é o medo do desconhecido que faz a modernidade debruçar-se sobre o passado.

- E não é paradoxal que caia no interesse popular exatamente quando as previsões mais

5 - No momento em que hábitos de leitura se modificam de forma drástica, acorremos ao passado para compreender e suportar melhor a revolução tecnológica, sem a impressão de se dar um salto no abismo escuro. - A História nos dá, senão a garantia, ao menos a impressão de que o futuro vizinho é fruto e continuação de nossos próprios passos.

6 - É um campo fascinante, que atrai ficcionistas e estudiosos: - Osman Lins, Avalovara - Ricardo Piglia, Cidade Ausente - Humberto Eco, O Nome da Rosa - Milorad Pávitch, O Dicionário Kazar - Romances cujas tramas recriam a história do livro e nos quais é, quase um vivo protagonista.

Nome da Rosa - Milorad Pávitch, O Dicionário Kazar - Romances cujas

7 - No campo ensaístico: - Roger Chartier, A Aventura do Livro: do leitor ao navegador - Alberto Manguel, Uma História da leitura - Apresentam duas obras atualíssimas e ricamente ilustradas.

8 - Confissões, de Santo Agostinho (século III). - Um dos momentos mais fascinantes desses relatos fala da descoberta da leitura silenciosa, ainda no início do primeiro milênio. - Santo Agostinho registra seu olhar de assombro ao entrar na Biblioteca do monastério de Milão e surpreender o bispo Ambrósio lendo na cela individual.

silenciosa, ainda no início do primeiro milênio.

9 - Confissões, de Santo Agostinho (século III). - Ele que vindo do Norte da África, viajara pelo mundo, mas jamais imaginara, em sua vasta cultura, que alguém pudesse ler daquela forma, sem mover os lábios, com a língua quieta, usando apenas os olhos e a mente e buscando o sentido no coração. - Era um revertério para a leitura fonocêntrica, em voz alta, calcada no som e no ritmo.

cultura, que alguém pudesse ler daquela forma, sem mover os lábios, com a língua quieta, usando

10 - A Web é, em si, muito mais uma quimera tecnológica, onde coabitam formas passadas, presentes e futuras. - Pierre Lévy, em Tecnologias da Inteligência, o computador sobrepõe diversas mídias (televisão, telex, livro, rádio, telefone, fax, vídeo, gravador, cinema) em um sincretismo de formas e linguagens (verbal, oral, icônica), sem se reduzir a nenhuma delas.

- Pierre Lévy, em Tecnologias da Inteligência, o computador sobrepõe diversas mídias

11 - O novo não apaga o velho, como na imagem do palimpsesto, antigo pergaminho submetido a uma solução química para receber nova inscrição, de forma que era possível encontrar sob a superfície raspada, as camadas anteriores de escrita. O novo não apaga o velho, mas ao incidir sobre ele recria-o, transforma-o.

era possível encontrar sob a superfície raspada, as camadas anteriores de

12 - Nesse aspecto, o livro moderno manteria a vantagem de permitir uma visualização mais imediata do todo da obra que existe e existiu. - Por outro lado, o leitor não pode reescrevê-lo e modificá-lo com a mesma facilidade que teria no computador. Fisicamente liberado do suporte da leitura e encorajado pelas ferramentas tecnológicas a se intrometer no texto, o navegador experimenta uma produtiva confusão de papéis entre autor e leitor.

- Por outro lado, o leitor não pode reescrevê-lo e modificá-lo com a mesma facilidade que teria no

13 - Entre as mudanças impactantes do computador está a inigualável heterogeneidade do meio. - Capaz de associar imagem, som e movimento ao verbal, provoca quase uma experiência extática, embora desvalorize o sentido do tato, a sensação afetiva de sentir um livro ou de se guardar uma lágrima nas páginas amarelas do papel, como bem anotou José Saramago.

experiência extática, embora desvalorize o sentido do tato, a sensação afetiva de

14 - Algumas coisas podem ser recuperadas com o computador: - O aspecto coletivo da leitura pode ser recuperado, senão de corpo, ao menos virtualmente, nos grupos de discussão e na leitura a várias mãos que só uma rede interligada de computadores proporciona.

corpo, ao menos virtualmente, nos grupos de discussão e na

15 - Conclusão - O múltiplo é includente, enquanto o domínio de uma só tecnologia exclui e marginaliza. - Que ao lado do e-book haja lugar para as velhas superfícies de inscrição. - Que os navegadores possam "baixar" todo o material disponível, tanto o último best-seller como interessar-se em conhecer os cantadores negros africanos, cujos corpos são feito pergaminhos ambulantes.

- Que os navegadores possam "baixar" todo o material disponível, tanto o último best-seller

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