PATRÍCIA DOS ANJOS BRAGA
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- Irene Alvarenga Carreiro
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1 FUNDAÇÃO CENTRO DE ANÁLISE, PESQUISA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR FUCAPI - CESF COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM AGENTE DE INOVAÇÃO E DIFUSÃO TECNOLÓGICA PATRÍCIA DOS ANJOS BRAGA DIAGNÓSTICO DA INTRODUÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO AMBIENTE ACADÊMICO: ESTUDO DE CASO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICO NO ESTADO DO AMAZONAS. MANAUS 2004
2 1 PATRÍCIA DOS ANJOS BRAGA DIAGNÓSTICO DA INTRODUÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO AMBIENTE ACADÊMICO: ESTUDO DE CASO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICO NO ESTADO DO AMAZONAS. Trabalho apresentado à Coordenação de Pós-Graduação do Instituto de Ensino Superior FUCAPI - CESF como requisito a especialização lato sensu em Agente de Inovação e Difusão Tecnológica. Orientadora: Cinthia Mendes, MSc. MANAUS 2004
3 2 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO OBJETIVOS JUSTIFICATIVA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE EDUCACIONAL DO BRASIL A Tecnologia no Ensino Superior TECNOLOGIA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Gestão Tecnológica Tecnologia da Informação GESTÃO ESTRATÉGICA Contextualizando a Gestão Estratégica Apresentação da Metodologia SWOT METODOLOGIA POPULAÇÃO E AMOSTRA COLETA DE DADOS TRATAMENTO DOS DADOS LIMITAÇÕES DO ESTUDO IDENTIFICAÇÃO DAS TECNOLOGIAS EMPREGADAS NA INSTITUIÇÃO APRESENTAÇÃO DA IES TECNOLOGIAS IDENTIFICADAS NA IES Tecnologias Aplicadas no Processo Didático Tecnologias Aplicadas no Processo Administrativo ANÁLISE SWOT DAS TECNOLOGIAS EMPREGADAS NA IES CONCLUSÃO CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS ANEXO... APÊNDICE
4 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Formulação da Estratégia SWOT... Figura 2 A Matriz SWOT... Figura 3 Equipamentos utilizados no processo didático... Figura 4 Aplicativos utilizados no processo didático... Figura 5 Equipamentos utilizados no processo administrativo... Figura 6 Aplicativos utilizados no processo administrativo... Figura 7 Quadro SWOT das tecnologias utilizadas na UEA Ambiente Interno.... Figura 8 Quadro SWOT das tecnologias utilizadas na UEA Ambiente Externo
5 4 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS C&T CNPq CPD EDUCOM FAAP IES MCT MEC NUTEC OCDE P&D PC PROFORMAR PRONTEL SWOT TI UEA UFAM Ciência e Tecnologia Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Central de Processamento de Dados Educação por Computador Fundação Armando Álvares Penteado Instituição de Ensino Superior Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Educação e Cultura Núcleo de Tecnologia Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Pesquisa e Desenvolvimento Personal Computer (computador pessoal) Programa de Formação e Valorização de Professores Programa Nacional de Teleducação Strength, Weakness, Opportunities and Threats (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) Tecnologia da Informação Universidade do Estado do Amazonas Universidade Federal do Amazonas
6 5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo geral realizar um diagnóstico sobre a introdução de novas tecnologias no âmbito da educação acadêmica, caracterizando-se como um trabalho exploratório descritivo, através de um estudo de caso de uma Instituição de Ensino Superior Público do Estado do Amazonas, a Universidade do Estado do Amazonas - UEA. A metodologia SWOT (Strength, Weakness, Opportunities and Threats forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), foi utilizada para orientar a análise dos dados. Esta metodologia tem como pressuposto a análise do ambiente interno e externo da organização, com a finalidade de nortear o processo de tomada de decisões, fornecendo dados para elaboração de ações estratégicas que contribuam para empresa alcançar sua missão. Com base nesta metodologia foram elaborados quadros que representam os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças relacionadas às tecnologias identificadas na instituição pesquisada. Uma vez que o objetivo do trabalho limitava-se à realização de um diagnóstico sobre a introdução de novas tecnologias no ambiente acadêmico, a última etapa da técnica SWOT, que contempla a validação e definição de um plano de ações para a organização, não foi realizada. A partir dos dados levantados e nos resultados obtidos na matriz SWOT foram elaboradas conclusões que contribuirão para a discussão do tema, bem como um melhor conhecimento sobre a Instituição pesquisada. Por tratar-se de um estudo de caso, é importante destacar que as conclusões obtidas neste trabalho limitam-se à IES alvo da pesquisa, não devendose generalizá-las, ao ambiente do ensino superior público como um todo. Palavras-chave: gestão acadêmica, metodologia SWOT, gestão tecnológica, instituição de ensino superior.
7 6 ABSTRACT The main objective of this research is to accomplish a diagnosis about the introduction of new technologies in the academic education, being characterized as a descriptive exploratory work, through a case of a Institution of Public higher education of the State of Amazonas, the Universidade do Estado do Amazonas - UEA. The methodology SWOT (Strength, Weakness, Opportunities and Threats), was used to guide the analysis of the data. This methodology has as presupposition the analysis of the internal and external atmosphere of the organization, with the purpose of helpping the process of taking decisions, supplying data for elaboration of strategic actions that contribute to company to reach its mission. Based on this methodology pictures were elaborated to represent the Strength, Weakness, Opportunities and Threats related to the technologies identified in the researched institution. Once the objective of the work was limited to the accomplishment of a diagnosis about the introduction of new technologies in the academic atmosphere, the last stage of technical SWOT, that contemplates the validation and definition of a plan of actions for the organization, it was not accomplished. Starting from the lifted up data and in the results obtained in the head office SWOT there were elaborated conclusions that will contribute to the discussion of the theme, as well as a better knowledge about the researched Institution. For being a case, it is important to highlight that the conclusions obtained in this work are limited to the research organization, its conclusions must not be generalized to the atmosphere of the public higher education as a whole. Key words: academic administration, SWOT methodology, technological administration, higher education institution.
8 7 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas do século XX, a sociedade tem sido testemunha de uma crescente evolução tecnológica, principalmente, com o desenvolvimento da microeletrônica e avanços na área das telecomunicações. Estes eventos resultaram em grandes modificações nos processos produtivos e relações de trabalho e poder, que culminaram no fim da era industrial e deram início a uma nova economia baseada na informação e no conhecimento. Desta forma, as pessoas e organizações depararam-se com mudanças radicais nos paradigmas vigentes e viram-se expostas à uma nova realidade na qual o volume de informações disponível é cada vez maior. Tais mudanças de paradigmas e a crescente necessidade de adaptação das pessoas e organizações à absorção e processamento de informações trouxeram, como conseqüências, variadas modificações nas relações de trabalho e, em virtude disso, o processo educativo também sofreu mudanças, no sentido de adaptar-se às novas necessidades de preparação do indivíduo para o mercado de trabalho e para a vida. Novas tecnologias foram introduzidas em diversos aspectos do cotidiano. No âmbito da educação vários aparatos tecnológicos foram desenvolvidos com o intuito de aproximar o ambiente acadêmico do indivíduo, como exemplo a educação à distância. Inicialmente, essa revolução no ambiente de ensino ocorreu com a utilização do rádio e televisão e, posteriormente, com o surgimento da Internet. Com efeito, essas tecnologias têm forte impacto sobre a estrutura do ensino, que necessita, assim como as demais áreas do conhecimento, acompanhar o acelerado processo de evolução tecnológica. Tais tecnologias, não vieram substituir o conhecimento tradicional. As mesmas são ferramentas que servem de suporte, quando bem aproveitadas, para melhorar o desempenho dos profissionais, fornecendo base para uma atuação mais satisfatória e meios para fazer a informação atingir a um número mais significativo de pessoas. Neste trabalho, apresenta-se uma pesquisa sobre o impacto das novas tecnologias sobre a estrutura do ensino superior público, através de um estudo de caso de uma instituição estadual. Desse segmento, foram identificados dados e realizada a organização dos mesmos. Tais dados foram utilizados para traçar um diagnóstico da instituição, fornecendo subsídios para uma melhor compreensão sobre o uso de novas tecnologias no ambiente acadêmico.
9 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é realizar um diagnóstico sobre a introdução de novas tecnologias no ambiente acadêmico, através de um estudo de caso de uma instituição de ensino superior público do Estado do Amazonas. Em termos específicos, apresentam-se os seguintes objetivos: identificar as tecnologias que foram introduzidas na instituição desde o início de suas atividades; investigar como as tecnologias estão sendo empregadas no ambiente do ensino superior público do Estado do Amazonas; estabelecer uma matriz SWOT das tecnologias identificadas como suporte à gestão acadêmica. 1.2 JUSTIFICATIVA A introdução de aparatos tecnológicos na vida cotidiana cresceu notoriamente nas últimas décadas. Em todas as áreas de atuação do ser humano foram desenvolvidas tecnologias para tornar possível um maior armazenamento de dados, precisão na execução de tarefas específicas e facilitar a comunicação. No ambiente educacional, especialmente no ensino superior, a introdução de recursos multimídia e a utilização da Internet, como ferramenta para educação à distância e para disponibilização de conteúdos, são alguns exemplos de modificações que ocorreram na forma de ensinar. Desta forma, torna-se relevante analisar como a educação está se adaptando a este processo de evolução tecnológica, fazendo-se necessário estudar que tecnologias foram introduzidas no ambiente do ensino superior público do Estado do Amazonas. A Instituição de Ensino Superior (IES) pública pesquisada iniciou suas atividades em 2001, apresentando uma proposta de ensino inovadora ao oferecer uma grande quantidade de vagas através de vestibular gratuito, além de elevado investimento em tecnologia aplicada no ambiente acadêmico da esfera pública. Por estes aspectos, a instituição pesquisada apresenta-se como um universo que oferece um grande potencial para o estudo do processo de introdução e difusão tecnológica aplicada à educação. E ainda, como contribuição, realiza-se um
10 9 estudo sobre uma instituição local, este, tão escasso e necessário, torna possível uma melhor compreensão sobre a realidade do ensino superior público no Estado do Amazonas. Portanto, sua contribuição teórico-prática está em incentivar a discussão sobre o tema, apresentando uma metodologia para suporte à gestão acadêmica. 1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Considerando-se o tema pesquisado e os objetivos a que o estudo se propõe, o trabalho foi estruturado em seis capítulos, permitindo assim, uma organização seqüencial dos assuntos. Para uma melhor compreensão deste trabalho, apresentase, a seguir, a forma como os temas estão distribuídos em cada capítulo. No primeiro capítulo encontra-se a introdução do trabalho. Neste, apresentase uma visão geral sobre o tema educação e desenvolvimento tecnológico, comentando-se, ainda, sobre a IES sujeito do estudo de caso. Ainda neste capítulo, encontram-se os objetivos e as justificativas do estudo, tornando possível, desta forma, compreender a contribuição de pesquisar o processo de introdução de inovação e difusão tecnológica no âmbito do ensino acadêmico. O segundo capítulo é dedicado à fundamentação teórica. Apresenta-se neste segmento, um histórico sobre a introdução de novas tecnologias na área educacional no Brasil, uma perspectiva sobre a utilização desses recursos no ensino superior, além de conceitos sobre tecnologia, inovação tecnológica, gestão tecnológica e tecnologia da informação que serão necessárias à compreensão do universo do gerenciamento de tecnologias. Ainda neste capítulo, descreve-se os principais aspectos da metodologia SWOT que será referencial para a análise dos pontos fortes e fracos dos recursos tecnológicos da instituição. O terceiro capítulo aborda a metodologia utilizada no estudo. Neste item, apresentam-se os métodos utilizados para a realização de cada etapa da pesquisa, definindo-se a população e amostra, no caso, a instituição de ensino superior público no Estado do Amazonas, descrevendo-se a forma de levantamento de dados, fontes da pesquisa e métodos utilizados para o tratamento e análise dos dados, bem como as limitações do estudo realizado. No decorrer do quarto capítulo apresenta-se a IES pesquisada e relacionamse as tecnologias utilizadas na instituição, classificadas em dois segmentos:
11 10 tecnologias aplicadas no processo didático e tecnologias aplicadas no processo administrativo. Aborda-se ao longo do quinto capítulo, a análise das tecnologias identificadas no capítulo anterior. Com base na metodologia SWOT são relacionados, em uma matriz, os pontos fortes e pontos fracos, e ainda, as oportunidades e ameaças relativas às tecnologias identificadas na IES. O sexto capítulo dedica-se à conclusão, onde apresentam-se os comentários finais acerca do resultado do estudo e as recomendações para trabalhos futuros.
12 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo apresenta-se o contexto da introdução de tecnologia no Brasil. A da abordagem dos momentos históricos e políticas mais relevantes que incentivaram a utilização e evolução da tecnologia no âmbito da educação no país, permite uma melhor compreensão do atual panorama de desenvolvimento tecnológico e sua relação com o ensino superior brasileiro. 2.1 INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE EDUCACIONAL DO BRASIL Para compreender a relação entre educação e novas tecnologias e seu vínculo histórico-cultural apresenta-se aqui um breve conceito sobre ambas. Segundo Kawamura (1990, p.43): tecnologia compreende um conjunto de conhecimentos científicos avançados aplicados ao processo produtivo, (...) educação compreende o conjunto de instituições, processos formais de elaboração, organização de idéias valores e atitudes. Através destes conceitos, observa-se que ambas as áreas, a da tecnologia e da educação, dizem respeito ao conhecimento em função da sociedade, sendo relevante, portanto, compreender a relação entre elas. Historicamente, a posse do conhecimento permanece na classe dominante da sociedade, vindo desde o início dos tempos, uma separação entre o saber e o fazer, permanecendo a parte intelectual do trabalho nas classes dominantes e a tarefa a ser executada na classe menos favorecidas. Ainda de acordo com Kawamura (1990), no Brasil, o esforço pela industrialização remonta aos anos trinta, e se consolida após 1964, com o processo de internacionalização do mercado interno, da cultura e da política, principalmente com a chegada das multinacionais, com seus equipamentos e aparelhos sofisticados. Durante esta fase ocorre uma reorientação da economia e surgem as exigências de trabalho com modernos aparatos tecnológicos. A crescente instalação de empresas estrangeiras no país, desde o governo de Jucelino Kubitschek, determinou o predomínio das grandes organizações industriais. A partir de 1964 as políticas continuaram orientadas para a consolidação desta situação, entretanto, o Estado começa a preocupar-se com a necessidade de trabalhadores operadores dos complexos tecnológicos e não geradores de ciência e tecnologia, pois isso já
13 12 existia no pais de origem do capital. O que se queria era atividade de adaptação da tecnologia estrangeira às condições locais. Esta visão fazia parte de uma concepção economicista da educação, onde o homem é considerado como parte do capital. Entre o fim da década de sessenta e início da década de setenta, como descreve Kawamura (1990), o Brasil vivia uma fase de excepcional crescimento econômico conhecida como o Milagre Brasileiro, que teve na indústria a automobilística o seu carro-chefe. Em seis anos de milagre (de 1967 a 1973), a produção de veículos mais que triplicou, subindo de 225 mil para 709 mil unidades. Assistiu-se também à explosão da indústria eletroeletrônica e, com ela, o aumento da produção e do consumo de aparelhos eletrônicos, sobretudo do televisor. No que se referia ao processamento de dados, entretanto, o país era dependente da tecnologia produzida em outros países. Neste cenário, os setores nacionalistas das forças armadas uniram-se às universidades brasileiras para desenvolver tecnologia, motivados, principalmente, pelo interesse do meio acadêmico em pesquisas. Foi nesse contexto que começaram a surgir as primeiras iniciativas de informatização na esfera governamental. De fato, para implementar mudanças significativas em negócios deve-se atuar de forma coordenada sobre as variáveis que influenciam os processos empresariais, a saber: informação, tecnologia, organização, pessoas, materiais e infra-estrutura. Na direção oposta ao processo modernizador, aumentam as contradições sociais, fome, doenças, analfabetismo, etc. Levando à questão sobre a relação entre inserção de tecnologia e o processo de exclusão. Tal discussão começa a ocorrer, pois a automação industrial acaba influenciando na extinção de vários postos de trabalho, levando a um aumento no desemprego no país e aumentando a necessidade de programas de qualificação de mão-de-obra. Além disso, assim como nos dias atuais, os aparatos tecnológicos têm elevado custo e são, em sua maioria, inacessíveis à grande parcela da população. Neste contexto, observa-se a inserção de novas tecnologias e atividades cujo acesso restringe-se a determinadas camadas da população em detrimento de outras, consolidando assim seu papel como fator de exclusão social. Desse modo, Kawamura (1990, p.52 ) afirma: Entender a situação das novas tecnologias na educação, significa observar o modo como estão sendo inseridas no aparato escolar, órgãos
14 13 educacionais e meios formais e informais de educação (...) significa buscar entender os vínculos entre a inserção delas no processo produtivo, o caráter que assumem e suas implicações na sociedade. (...) a ciência e tecnologia hoje assumiram o papel de verdadeiras forças produtivas, sem as quais as quais o crescimento econômico dentro do capitalismo não poderiam ser mantidas (...) ao mesmo tempo que ela proporciona tal crescimento econômico, ela encontra uma nova forma de legitimação. Ainda no mesmo período, fortes pressões populares levaram ao surgimento de campanhas ligadas à educação popular, momento em que se começou a buscar novas alternativas em face das propostas tradicionais de ensino, a fim de beneficiar grandes camadas da população, neste momento ocorre uma articulação de vários setores da sociedade no sentido de reorientar este processo de modo a amenizar as contradições sociais. O lema do governo agora é educação para todos. Meios de comunicação em massa, como a televisão e rádio, se apresentam como alternativas importantes para alcançar esse objetivo. Contudo, Em face da rapidez nas mudanças no processo de trabalho frente às inovações tecnológicas, a qualificação encontra limites estruturais no sistema educacional brasileiro. De acordo com Lima (2003), o PRONTEL (Programa Nacional de Teleeducação) criado em 1972, demonstra que mesmo antes da explosão da era da informática no Brasil, já eram trabalhadas novas tecnologias em benefício da grande massa, desmistificando assim o conceito de que os avanços tecnológicos apenas agravavam o processo de exclusão social. Sua missão era integrar atividades didáticas e educativas empregando rádio televisão e outros meios de comunicação na política nacional de educação. Conforme Nevado (2003) no campo da tecnologia, a década de setenta foi marcada pelas discussões sobre o desenvolvimento da informática - à época conhecida como Processamento de Dados, e o seu caráter estratégico para as empresas, porque eram as empresas que constituíam o principal, senão o único, público consumidor de computadores. Vale lembrar que o computador pessoal (PC) só seria lançado em Dez anos antes, a expressão micro não correspondia nem ao tamanho de um computador, nem ao seu preço. Ainda de acordo com Nevado (2003) no início da década de oitenta o governo explicita o seu interesse na relação entre novas tecnologias e educação, tendo sido realizado em 1982, o I Seminário de Informática na Educação, promovido pelo MEC (Ministério da Educação e cultura) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A expansão da indústria cultural, a presença de novas
15 14 tecnologias e importação de modelos pedagógicos colocaram nos debates as propostas de tecnologias educacionais. Ainda na década de oitenta, organiza-se a política nacional de informática, onde o uso de computadores foi proposto nas escolas. Foi lançado o EDUCOM (Educação por Computador Projeto Brasileiro de Informática na Educação). A tecnologia de sala de aula, antes intocável, passou a ser comparada com outras alternativas que foram testadas como substitutos ou complementos do processo de instrução. Neste início de século, a realidade é de grandes mudanças e adaptações. Após a era industrial começa a ocorrer um processo de modificação de paradigmas produtivos e econômicos, era onde a ênfase está na informação, conhecimento, serviços e tecnologias. Segundo Maria Aranha (1996, p.12): (...) é preciso detectar com urgência os sintomas do mundo que emerge, o que não é fácil, considerando que, mergulhados neste turbilhão, nem sempre temos clareza para compreender a mudança (...) no âmbito dos negócios foi desencadeada a globalização da economia, profundas modificações do trabalho e, consequentemente na educação (...) o mundo pós-industrial se distancia da rigidez do Taylorismo/Fordismo, pois as atividades mecânicas e repetitivas vão se tornando função das máquinas, levando à exigência de um trabalhador polivalente, de maior capacidade intelectual e criativa e adaptação rápida às mudanças. Partindo deste contexto histórico da educação e novas tecnologias no Brasil, é de grande relevância pensar sobre os passos que deverão ser tomados na educação para o terceiro milênio. Torna-se necessária a melhor compreensão das formas utilização da tecnologia, no sentido de utilizá-la para aprimorar a difusão de conhecimento A Tecnologia no Ensino Superior O crescimento dos conhecimentos científicos e técnicos tornaram-se cada vez mais ágeis, até o meio empresarial vem se preocupando com a qualificação educacional dos seus funcionários, devido a mudanças no contexto sócioeconômico. O conhecimento tem se mostrado uma importante alavanca econômica e de rápida expansão. Assim, para sobrevivência no mercado, as empresas necessitam acompanhar as mudanças, investindo nos recursos humanos, no
16 15 desenvolvimento e capacitação de seu pessoal, utilizando-se para isso, novos mecanismos tecnológicos como ferramentas para educação. Diante destes fatores, especialmente o ensino superior enfrenta desafios ainda maiores que outros setores do ensino, uma vez que cabe a ele a preparação da dos indivíduos para atuarem nas diferentes áreas do conhecimento, além de responsável pela formação da massa intelectual e produção científica do país. A informação tem dominado o mundo e seus processos e a universidade não pode distanciar-se desta realidade. Alguns processos aos que os docentes do ensino superior estavam habituados, muitas vezes tornam-se ultrapassados ou desapareceram. Dentre os avanços tecnológicos mais significativos introduzidos nos últimos anos, destaca-se o desenvolvimento de programas no ensino à distância, online, onde através dos computadores, ocorre uma comunicação do professor com o aluno, as classes virtuais formam cada vez mais alunos no ensino não presencial. De acordo com Papadopoulos (2003, s.p.): A tecnologia já tem um enorme impacto ao permitir a formação de comunidades de pesquisa distribuídas, isto alterará fundamentalmente a educação. Até recentemente, os pesquisadores de Universidades interagiam principalmente com pesquisadores do corpo docente e discente. Certamente, eles freqüentam as conferências para se manterem em contato com seus pares - mas o trabalho diário era realizado dentro da Universidade. No entanto, a Internet permitiu colaborar com pesquisadores que compartilham a mesma opinião em qualquer lugar do mundo. Projetos científicos internacionais de porte ficaram mais fáceis de gerenciar. O perfil do aluno também muda dentro desta realidade, ao invés do ensino da memorização da informação, os estudantes devem ser ensinados a busca e ao uso devido da mesma. É provável que a Tecnologia da Informação modifique a forma de realizar a pesquisa na universidade, transformando sua forma de organização e financiamento, e também o conteúdo da instrução. Greves, sucateamento de laboratórios, aumento no número de instituições privadas e cursos superiores aquém das condições mínimas de funcionamento, são fatores que resultam no aumento de matrículas no ensino privado três vezes superior ao ensino público. Os poucos recursos que foram destinados para produção de C&T (Ciência e Tecnologia) nas Universidades foram provenientes dos fundos setoriais e estes alocados no MCT (Ministério de Ci6encia e tecnologia). O CNPq, que é subordinado ao MEC, durante a última década, sofreu os maiores cortes de orçamento desde sua fundação.
17 16 Segundo Sampaio (2000), no período de 1920 a 1980, as universidades publicas predominam no ensino acadêmico, após esta data, cresce expressivamente a quantidade de instituições de ensino superior privado, fato este que se deve basicamente a dois fatores: a existência da demanda reprimida (os excedentes do sistema público e provenientes do aumento da taxa de conclusão do segundo grau; e a opção do setor público para a criação de universidades que aliassem o ensino à pesquisa, o que implicou no aumento progressivo do custo do ensino público, limitando-lhe a expansão e abrindo, ao setor privado a chance de atender à demanda que o Estado não conseguia absorver. De acordo com Tachizawa (2001), as organizações, entre elas as instituições de ensino superior IES, não podem mais sentir-se excessivamente seguras com as posições e fatias de mercado conquistadas, uma vez que a concorrência pode surgir de forma inesperada a qualquer momento, ou seja, empresas que não são de um mesmo ramo de atividades podem começar a oferecer serviços que indiretamente podem atingir e enfraquecer o seu negócio. Para as IES que estão encarando este tipo de problema, a melhoria da qualidade do processo ensinoaprendizagem e outros fatores como diminuição de custos operacionais representam questões de grande importância para sua sobrevivência. De uma maneira geral, no âmbito do ensino superior público em comparação ao privado, no que diz respeito a adaptação à evolução tecnológica, ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos para que se chegue a um patamar ideal. Uma das maiores barreiras existentes é, sem dúvida, a questão política. 2.2 TECNOLOGIA E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Para melhor compreensão do contexto da evolução tecnológica é importante familiarizar-se com conceitos relacionados a esta temática e que surgirão ao longo do estudo. Segundo Sáenz e García (2002, p.47) Tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos e empíricos, de habilidades, experiências e organização requeridos para produzir, distribuir, comercializar e utilizar bens e serviços. Inclui tanto conhecimentos práticos, físicos, know how, métodos e procedimentos produtivos, gerenciais e organizacionais, entre outros.
18 17 Os conhecimentos científicos diferem dos tecnológicos por serem mais complexos, surgindo de observações e análises que oferecem conceitos sobre fenômenos. Já os conhecimentos tecnológicos são relativos a procedimentos que permitem o alcance de objetivos práticos. As tecnologias podem ser consideradas como integradas por um conjunto de outras tecnologias, as quais, por sua vez, são tecnologias em si mesmas. A este conjunto se denomina pacote tecnológico. Para Sáenz e García (2002, p.49) pacote tecnológico:... é um conjunto de tecnologias, integradas ou encadeadas sistematicamente à tecnologia principal, sem as quais a inovação se dificultaria grandemente ou não se produziria. Este conceito modifica o critério de considerar as tecnologias como produtos isolados, uma nova tecnologia para ser bem empregada tem que inserir-se eficazmente em um conjunto bem mais amplo de tecnologias que já estão em uso na sociedade. As tecnologias são bens perecíveis, após algum tempo ficam obsoletas e desaparecem. Este ciclo ocorre devido a fatores como: diminuição na novidade do produto e aparecimento de novas tecnologias, mudança no preço dos insumos que fazem parte da produção, a restrição do tempo de proteção das patentes, entre outros. Por esta razão toda tecnologia possui um ciclo de vida que invariavelmente chega à crise, com variações é claro no tempo deste ciclo. O Manual Frascati (OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apud Sáenz e García (2002) considera inovação tecnológica como: A transformação de uma idéia em produto novo ou melhorado que se introduz no mercado, ou em novos sistemas de produção, e em sua difusão, comercialização e utilização. Entende-se também por inovação tecnológica, a melhoria substancial de produtos ou processos já existentes. A inovação tecnológica afeta um ou vários setores da economia, pois como observado no conceito acima, só se concretiza dentro do mercado, por vezes as mudanças trazidas por ela podem chegar a afetar até a economia como um todo, como foi o caso do advento da informática. A inovação combina necessidades sociais e demandas do mercado como meios científicos e tecnológicos para tentar resolvê-las.
19 18 De acordo com Sáenz e García (2002), classificam-se as inovações em: a) Inovações básicas ou radicais: originam mudança histórica no modo de fazer as coisas, baseando-se em um conceito totalmente novo em relação ao que estava vigente, abrindo novos mercados, campos de atividade e comportamento. Exemplo: a substituição das válvulas por transistores nos circuitos eletrônicos. b) Inovações incrementais ou de melhorias: São aquelas que trazem uma melhoria a uma tecnologia já existente. Exemplo: O aperfeiçoamento dos transistores nos circuitos eletrônicos. c) Inovações menores: Apresentam pequenas melhorias em algo já existente, mas não trazem alterações significativas em nível tecnológico. Exemplo: novo design de um produto, mudança na cor e forma de um objeto, formatos organizacionais simples para incrementar serviços já oferecidos. As inovações podem ser classificadas de acordo com a forma como surgiram: a) Empurradas pela ciência (science pushed): geralmente são as radicais, originam-se de novos conhecimentos obtidos em pesquisas, que permitem identificar novas soluções para necessidades existentes, é de caráter ofertista. Geralmente produzem grande saltos qualitativos no patamar tecnológico. b) Puxadas pela demanda: geralmente são as inovações incrementais e as menores, neste caso as inovações surgem de um necessidade social ou produtiva, explícita e vinculada a um demanda que urge por uma solução. Ainda conforme Sáenz e García (2002), as tecnologias podem também ser classificadas segundo a fase ou momento em que são aplicadas: a) Tecnologia de produto: normas e especificações relativas à composição, configuração, propriedades ou desenho mecânico, assim como dos requisitos de qualidade de um bem e serviço; b) Tecnologia de processo: condições, procedimentos e detalhes necessários para combinar insumos e meios básicos para a produção de um bem ou
20 19 serviço; inclui manuais de processos, de planta, de manutenção, de controle de qualidade, balanços de matéria e energia, entre outros; c) Tecnologia de distribuição: normas, procedimentos e especificações sobre condições de embalagem, armazenamento, transporte e comercialização. d) Tecnologia de consumo: instruções sobre forma ou processo de utilização de um bem ou serviço, visando a compatibilidade entre requisitos próprios do produto e os hábitos e tradições dos usuários, entre outros fatores; e) Tecnologia de gerência ou gestão: normas e procedimentos sobre as formas específicas de dirigir uma atividade empresarial, incluindo, entre outros, os processos de inovação tecnológica, o processo de produção, distribuição e comercialização de um bem ou serviço, a organização da força de trabalho e procedimentos administrativos. Através desta classificação é possível identificar e destacar a fase específica em que a tecnologia está sendo aplicada, Gestão Tecnológica O termo gestão tecnológica surgiu há vários anos na literatura iberoamericana, suas definições são muito variadas, contudo a palavra gestão tem sido freqüentemente usada como sinônimo de do termo gerência, ou seja, ação de direção de processos complexos para o desenvolvimento eficiente dos mesmos. p. 120): Para este trabalho adotaremos o seguinte conceito de Sáenz e García (2002, A Gestão tecnológica é a gerência sistemática de todas as atividades no interior da empresa com relação à geração, aquisição, início da produção, aperfeiçoamento, assimilação e das tecnologias requeridas pela empresa, incluindo a cooperação e alianças com outras instituições; abrange também o desenho, promoção e administração de práticas e ferramentas para captação e produção de informações que permitam melhoria continuada e sistemática da qualidade e produtividade Em resumo, Gestão tecnológica é a utilização de técnicas gerenciais a fim de que a variável tecnológica seja utilizada no máximo de sua potencialidade como apoio aos objetivos da organização. Em sua teoria e prática se entrelaçam
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