Inserção de mulheres na docência em teologia: um estudo quantitativo
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- Ana Carolina Borges Caetano
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1 Inserção de mulheres na docência em teologia: um estudo quantitativo Neiva Furlin Resumo O objetivo deste artigo é apresentar alguns resultados da pesquisa de mestrado em andamento, que se insere dentro dos estudos de gênero que investigam a entrada de mulheres em profissões consideradas masculinas. Pretende-se evidenciar a atual participação das mulheres na docência em cursos de teologia, de nível superior, bem como as condições postas que reproduzem a desigualdade de gênero. Os dados empíricos são compreendidos e analisados através do referencial analítico de gênero e poder da teoria feminista e do conceito de capital simbólico de Bourdieu. Os resultados evidenciam uma participação reduzida de mulheres, com altos índices de desigualdade nos quadros da docência que, em parte se devem às práticas culturais e institucionais reproduzidas e legitimadas no campo do saber teológico por um discurso simbólico androcêntrico, cujas representações de gênero serviram para excluir as mulheres da teologia e, conseqüentemente, de outros espaços eclesiais. Palavras-Chave: Participação de Mulheres, Teologia, Gênero. Bolsista das CAPES e Mestranda do Programa de Pós-graduação em sociologia da UFPR. Pesquisa a inserção de mulheres como docentes no ensino superior em teologia, sob a orientação da professora Marlene Tamanini. 1
2 Introdução Os estudos de gênero permitiram um olhar crítico nos processos de ocupação social no interior das diferentes profissões, que se estende para além do simples fato de indicar números, mesmo que estes sejam necessários, quando se pretende entender as dinâmicas que envolvem os processos, seja de feminização de funções no espaço social, ou de ausências históricas. Até o século XIX, o casamento e a maternidade constituíam a verdadeira carreira das mulheres. Outra atividade por elas exercida era considerada como sendo desvio das funções sociais, a não ser que pudesse ser representada de forma que se ajustassem as características femininas. No processo de feminização, o magistério tomou emprestados os atributos que tradicionalmente eram associados às mulheres, tais como o cuidado, paciência, doação e dedicação, de modo a ajustar o magistério como atividade feminina. Segundo Guacira Louro (1997), as transformações sociais da segunda metade do século XIX possibilitaram, não apenas a entrada das mulheres nas salas de aula, mas também o seu predomínio como docentes. Nesse processo, porém, a atividade do magistério, antes tida como atividade masculina, foi sendo re-significada na medida em que as mulheres foram adentrando a esse espaço. Embora as mulheres tenham se tornado sujeitos do ensino, tendo uma boa representatividade quantitativa nas diferentes áreas do saber, na concepção de Louro (1997), elas ainda ocupam um universo marcadamente masculino, não só porque as diferentes disciplinas se construíram na ótica dos homens, mas porque a seleção e a produção do conhecimento ainda são, relativamente, masculinas. Tal constatação pode ser evidenciada também no ensino superior de teologia 1, cujo campo de saber estaremos analisando neste artigo. O curso superior de teologia católica e a inserção de mulheres No Brasil o ingresso maciço de mulheres nas universidades se deu a partir dos anos 70, quando essas passaram a reivindicar o seu espaço na história. De acordo com Margareth Rago (1998, p. 91), a atuação feminina foi ganhando visibilidade, tanto pela simples presença das mulheres nos corredores e nas salas de aula, como pela produção acadêmica que vinha a tona. O mundo acadêmico foi ganhando novos contornos e novas cores. No entanto, essa presença não resolveu os problemas da desigualdade de gênero em diferentes áreas do saber, inclusive nas humanidades e artes, onde se insere a teologia. A teologia 2, enquanto ciência que estuda Deus, tem sido ensinada desde os primórdios de nossa era. No Brasil, a teologia nasceu ligada às confissões religiosas e, por isso, atualmente praticamente todas as faculdades de teologia são de caráter confessional 3. Apesar dos cursos de teologia terem sido implantados ainda no final do século XIX, a inserção de mulheres e leigos 4, na docência é muito recente 5. Além de resultar do impulso trazido pelo movimento feminista que influenciou também o ambiente religioso-eclesial, insere-se, ainda, no contexto das mudanças trazidas pelo Concílio do Vaticano II ( ) 6, que propôs a abertura da Igreja frente às mudanças sócio-culturais, numa tentativa de diálogo com o mundo e a sociedade moderna. Atualmente, existe um processo de mudança na configuração desses cursos, ligado às novas exigências sociais e pastorais. Recentemente, a partir do início deste século, a teologia, como área de saber, ganhou visibilidade, para além do âmbito eclesial, por ter o seu curso de graduação 7 legalizado pelo MEC, através do Parecer do Conselho Nacional de Educação CNE/CES nº 241/99, de 15/03/99. Até então, esses cursos eram considerados cursos livres em Teologia. O status que a teologia adquiriu no conjunto das ciências humanas, junto ao MEC, permitiu ampliar os cursos de pós-graduação. Das 40 instituições que forneceram seus dados para este estudo, doze possuem cursos de especialização lato sensu, sendo oito oferecidos por faculdades, conforme se pode visualizar na tabela 1. Entre os doutorados e mestrados em teologia, que hoje existem no Brasil, cinco cursos de mestrado e três de doutorado são oferecidos pelas instituições católicas 8. 2
3 Tabela 1 Cursos de pós-graduação em teologia, segundo a instituição de ensino superior em teologia. Categoria do IES Total de IES Especialização Mestrado Doutorado Instituto de Teologia Faculdade Centro Universitário Universidade TOTAL Docência e teologia: Evidências da desigualdade de gênero Os estudos de gênero têm evidenciado que apesar do grande ingresso de mulheres na docência no ensino superior, ainda persiste a desigualdade nas relações de gênero, nas mais diferentes áreas do saber. Na teologia 9 essa diferença se amplia, conforme nos mostra a tabela Constata-se que a desigualdade entre a docência feminina e masculina, em termos de números, chega a 47,4 pontos percentuais. No que se refere à qualificação dos/as docentes, verificarmos que em todos os níveis os homens apresentam um percentual mais elevado. No doutorado, por exemplo, a diferença é de 63,6 pontos percentuais. Enquanto há um número maior de homens que chegam ao doutorado, a presença de mulheres aparece mais expressiva na especialização, diminuindo esse percentual na medida em que ascende para o mestrado e doutorado, isso se comparando aos percentuais masculinos para cada nível de qualificação. Mas, se verificarmos a partir do total de docentes do sexo feminino, constata-se que a qualificação das mulheres tem expressão maior no nível de mestrado. Entretanto, nesse nível os homens superam as mulheres em 48,2 pontos percentuais. Essa diferença aumenta de forma significativa no doutorado para 63,6 pontos percentuais. Tabela 2 Docentes por sexo com área de docência igual a teologia, grande área de docência igual a humanidades e artes segundo nível de titulação máxima Nível de titulação Feminino % Masculino % Total Doutorado 56 18, ,8 307 Mestrado , ,1 402 Especialização 72 43, ,3 165 Graduação 22 23, ,3 93 TOTAL , ,7 967 FONTE: Censo INEP/MEC Disponível em: < julho/2008 Essa desigualdade em relação à docência na teologia em instituições de diferentes confissões religiosas parece se ampliar quando olhamos especificamente para essa mesma atividade no interior das instituições católicas, que chega a ser de 69,4 pontos percentuais. Isso, em parte, pode ser explicado pelo discurso da instituição eclesial católica ter, historicamente, vinculado o curso de teologia ao universo masculino, em vista do ministério ordenado, o que amplia ainda mais as diferenças de gênero entre discentes e docentes. Nota-se que também no âmbito da teologia católica os homens atingem os percentuais mais elevados em todos os níveis de formação. Praticamente as diferenças se repetem, porém com maior intensidade. Por exemplo, no doutorado a diferença chega a ser de 73,4 pontos percentuais. Os números evidenciam que no campo teológico católico há níveis altos de desigualdade entre o gênero masculino e feminino, tanto na participação quanto nos níveis de titulação, como bem podemos observar na tabela 3. 3
4 Tabela 03 Docentes de teologia em instituições católicas por sexo, segundo o nível de titulação máxima. Nível de titulação Feminino % Masculino % Total Doutorado 35 13, ,7 263 Mestrado 62 16, ,8 383 Especialização 16 24, ,8 66 Graduação TOTAL , ,7 792 Nesse sentido, nas entrevistas 11 as mulheres docentes revelaram que, apesar de terem o mesmo nível de qualificação que os homens ou maior, ao se inserirem em uma instituição de ensino acadêmico em teologia precisam provar que são muito competentes para se legitimarem num campo de saber ainda muito masculino. Precisam constantemente construir o seu espaço porque, ao contrário dos docentes de sexo masculino, o lugar não lhes é dado naturalmente. Assim, como no mundo acadêmico em geral, o campo do ensino e da produção do saber teológico é ainda fortemente marcado pelo masculino. Levando em conta o número de instituições de cada categoria que forneceram seus dados 12, observa-se que a participação das mulheres na docência em teologia aparece mais expressiva nos Centros Universitários e Universidades, conforme se visualiza na tabela 4. É nos Institutos de Teologia que se colocam mais barreiras para a participação da mulher na docência. De certa forma, isso revela a tendência de uma reprodução androcêntrica da teologia, justamente nos espaços onde se formam os jovens que ingressam no ministério ordenado. Essa cultura androcêntrica automaticamente se reproduz na estrutura hierárquica e no espaço eclesial, como um todo, não só pelo fato dessas pessoas pertencerem ao sexo masculino, mas, sobretudo, por ocuparem lugares estratégicos de reprodução de discursos e de representações sociais de gênero. Tabela 4 Número de docentes do curso de graduação em teologia por sexo, segundo o tipo de instituição. Categoria do IES Feminino % Masculino % Total Instituto de Teologia 43 11, ,1 361 Faculdade 48 16, ,3 287 Centro Universitário 10 22, ,3 44 Universidade TOTAL , ,7 792 Como qualquer curso acadêmico, a teologia inclui em sua grade curricular disciplinas de outras áreas do saber, sobretudo da área das humanidades, que além de complementar a formação dos graduandos, coloca a teologia em diálogo com outras disciplinas das ciências humanas. Essas disciplinas são tidas como periféricas em relação às que são centrais na grade curricular do curso. Portanto, muitos docentes que atuam nas instituições de ensino superior em teologia possuem formação em outras áreas, como pode se observar na tabela Constata-se que há um bom número de professoras nos cursos de teologia que são oriundas de outras áreas de formação. Embora exista também, um número significativo de homens dessas outras áreas ministrando disciplinas no curso de teologia, a sua expressão em porcentagem é mais considerável quando se referem às disciplinas teológicas do que as periféricas. Em relação aos docentes com formação na área de teologia, enquanto as mulheres representam 17,3% do total, os homens chegam a 82,7%. Por outro lado, quando se leva em conta o total de docentes com formação em outras áreas o índice percentual das mulheres se eleva e, o dos homens diminui, se confrontados aos índices dos que possui formação na área de teologia. Esses dados apontam que se contratam mais mulheres de outras áreas do saber que podem ministrar as disciplinas periféricas, ou seja, as que não são chaves na formação teológica. Qual seria o motivo dessa evidência? Seria a escassez de mulheres com alto nível de formação acadêmica na 4
5 área da teologia? Ou a contratação de mais mulheres em disciplinas chaves do curso poderia se constituir uma ameaça para a estrutura acadêmica teológica, ainda com fortes marcas androcêntricas, bem como colocaria em jogo a continuidade de um discurso único e hegemônico? Os dados da tabela 5 revelam certa tendência para a manutenção de uma lógica que garante a reprodução do poder e do discurso androcêntrico no interior das instituições de teologia católica. Tabela 5 Docentes que lecionam no curso de teologia por sexo segundo a área de formação acadêmica Formação Feminino % Masculino % Total Teologia 28 17, ,7 162 Outras * 93 30, ,9 309 Não informada 24 26, ,3 90 TOTAL , ,1 561 FONTE: Dados brutos disponíveis em - Março/2009 * Se refere à docentes com formação na área de antropologia, ciência política, sociologia, psicologia, educação, história, comunicação. Outra questão chave que dá status à um profissional na área da teologia e que muitas vezes parece ter peso, quando se trata da possibilidade de ingressar no campo acadêmico teológico, é o local de sua formação, sobretudo no nível de pós-graduação. No universo católico, o fato de ter cursado mestrado e doutorado em Roma, tem sido considerado um dos critérios chaves na contratação dos professores/as de teologia. O sujeito acaba sendo portador de um capital simbólico, pensado nos termos de Bourdieu (2003), que o coloca numa posição privilegiada em relação aos outros sujeitos que disputam com ele um espaço no interior do campo do saber teológico. O capital simbólico existe desde que seja percebido, valorizado e legitimado por um determinado grupo social 14. Essa valorização que passa pela percepção comum e atua como critério de distribuição dos agentes no interior do campo social, também pode ser verificado no campo do ensino e da produção acadêmica em teologia. A importância atribuída ao local de formação é comum entre os membros e ganha importância nas relações sociais desse campo de saber. Na tabela 6 verifica-se que, embora exista um bom número de docentes do sexo masculino que tenham feito o mestrado e doutorado no Brasil, esse número se amplia quando se refere ao local Roma. Já, as mulheres docentes, em sua maioria, têm feito Mestrado e Doutorado no Brasil. As que tiveram a oportunidade de fazer a pós-graduação em Roma ou em outro local da Europa é muito pequeno em relação aos homens. Tabela 6 Titulação dos docentes dos cursos de Teologia, segundo o sexo e o local de formação. LOCAL Sexo Mestrado Doutorado TOTAL BRASIL ROMA OUTRO PAÍS DA EUROPA OUTROS LOCAIS Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino NÃO Masculino INFORMADO Feminino No campo teológico encontramos diferentes posições de gênero, tanto no que se refere ao masculino como ao feminino. Quando se trata de um sujeito do gênero masculino, há diferença entre o fato de ser padre ou leigo. Nesse caso, entre os que fizeram doutorado e mestrado em Roma, sem dúvida a grande maioria são padres, os quais sendo membros de uma instituição encontram mais facilidades para financiamento dos custos de formação acadêmica e de moradia na Europa. Isso 5
6 também determina posições e disputas diferenciadas no interior do campo 15. Mesmo sendo poucas as mulheres que cursaram seu doutorado ou mestrado a mesma lógica acontece, quando estas são membros de congregações religiosas. Isso, em parte, acaba diferenciando as possibilidades entre mulheres leigas e as que pertencem às instituições religiosas. Atualmente as instituições que oferecem o curso de graduação em teologia, pelo universo católico, praticamente todas estão vinculadas diretamente ou indiretamente à Igreja Católica, em cuja instituição é ainda negada a participação de mulheres em algumas instâncias de poder, sobretudo as ligadas ao ministério ordenado. Isso, em parte pode explicar as evidencias que aqui se projetam, tanto em relação ao sujeito mulher leiga ou religiosa, como ao sujeito homem, quando este se identifica como leigo. Considerações Finais Apesar das mulheres terem se inserido na área do saber teológico desde a década de 70, cuja entrada foi impulsionada por fatores histórico-sociais, a sua presença na docência é ainda muito reduzida. Todavia, mesmo representando uma minoria em termos estatísticos, a sua ação num espaço historicamente masculino reveste-se de uma importância sócio-cultural, por revelar que as mulheres estão superando barreiras de gênero e transgredindo uma carreira profissional considerada masculina e, constituindo-se sujeitos de saber e de produção teológica. Na estrutura que organiza e reproduz o saber teológico é possível evidenciar que as relações sociais são constituídas pelo gênero definindo lugares de poder e de privilégios para cada sexo (SCOTT 1995, p. 14). Isso permite compreender as possibilidades de inserção na docência, bem como a posição das mulheres e homens neste espaço acadêmico. Pode-se afirmar, ainda, que, nesta área de saber, o sexo, a identidade (padre), e o lugar de formação acadêmica, fazem do sujeito um portador de capital simbólico, que o coloca numa posição privilegiada em relação aos outros sujeitos que disputam com ele, um espaço no interior do campo do saber teológico. Essa dinâmica contribui para que se reproduzam posições e relações desiguais de poder e de gênero. Enfim, a desigualdade da participação e das relações que se estabelecem entre os diferentes gêneros no campo teológico, em parte, se devem às práticas institucionais reproduzidas como legítimas na ordem simbólica do sagrado e à existência de um discurso teológico de verdade, construído do ponto de vista androcêntrico, que funcionou como uma tecnologia de gênero (LAURETIS, 1994). Essa tecnologia re-produziu papéis sexuais, justificou a hierarquia de sexo, legitimou a exclusão das mulheres nas instâncias de poder eclesial, perpetuando o androcentrismo no pensar e no fazer teologia. Por outro lado, as entrevistas apontam que a presença mulher neste campo de saber, mesmo que reduzida, está fazendo a diferença pelas possibilidades que as mulheres constroem para re-significar saberes e por se constituírem sujeito de uma produção teológica diferente, que funciona como uma nova tecnologia de gênero, produzindo novas subjetividades e a possibilidade de novas relações de gênero. Neste pequeno ensaio não é possível esgotar todo o assunto, mas somente fomentar alguns pontos de reflexão, obtidos no estudo em andamento, que vem sendo desenvolvido de forma qualitativa, na tentativa de compreender como as mulheres se constroem sujeitos éticos neste espaço de saber, bem como os lugares de poder que ocupam e as iniciativas que conseguem propor na teologia, enquanto área de saber estruturada. Notas 1 A teologia, enquanto área disciplinar de saber possui característica confessional. Esta pesquisa se refere à teologia vinculada ao universo religioso católico. 2 O sentido literal da palavra Teologia tem origem grega. Como ciência tem um objeto de estudo: Deus. Entretanto, como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da revelação de Deus na Bíblia. Por isso, também se define "teologia" como um falar "a partir de Deus" (Karl Barth). Disponível em: < Acesso em: 16 fev O fato das faculdades de teologia ser de caráter confessional levou a formação de guetos separados e independentes, situação essa que se colocou como uma das dificuldades, provocou lentidão no processo de reconhecimento do curso de teologia, como uma ciência da área das humanas. 6
7 4 No universo eclesial, a denominação leigo se refere a pessoa que exerce uma liderança ou um serviço nas comunidades religiosas não sendo ordenada, ou seja, que não é membro da hierarquia eclesial. 5 Até a década de 70 a teologia de confissão católica era tida como um espaço de formação unicamente reservado aos jovens do sexo masculino que pretendessem seguir carreira eclesiástica, ou seja, a ordenação sacerdotal. 6 O Concílio do Vaticano II se realizou em Roma. Constitui-se em espécie de Assembléia mundial que reúne Bispos de todos os países, onde são tomadas as principais decisões da Igreja Católica. 7 Os cursos de Pós-graduação stricto e latu senso na área de Teologia obedecem às normas gerais para este nível, conforme os critérios de avaliação e acompanhamento estabelecidos pela CAPES e, ainda o dispositivo na resolução CNE/CES 1, de 3 de abril de 2001 que estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação e conteúdo da indicação CNE/CES/ Embora somente 40 instituições de teologia católica das 71 existentes no Brasil colaboraram com o preenchimento dos questionários, o que equivale 53,6% do total, praticamente todas as mais relevantes e reconhecidas nacionalmente participaram. Até o ano de 2008 existiam somente 5 mestrados e 3 doutorados de teologia que funcionam nas instituições católicas. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Pontifícia Faculdade Nossa Senhora da Assunção em São Paulo e Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia em Belo Horizonte MG oferecem os cursos de Mestrado e doutorado. Já, as instituições que oferecem somente o curso de Mestrado é a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, cujo curso foi implantado no ano de 2009, e a Pontifícia Universidade Católica do RS, que vem passando por um processo de reconfiguração. 9 Para evidenciar essa questão me utilizo aqui dos dados que se encontram no site do SINAES/INEP e dos dados de pesquisa de campo, realizada em novembro de 2008, a partir do recorte das instituições de confissão católica. 10 Os dados da tabela 2 pertencem ao Censo sobre o Ensino Superior de 2005, cujos dados foram coletados em 93 instituições (presbiterianas, luteranas, metodistas e católicas) que ofereciam o curso de graduação de teologia registrado no MEC/INEP até Dessas 93 instituições aproximadamente a metade é de orientação católica. 11 Para a pesquisa de mestrado em andamento também se realizou entrevistas aprofundadas com 14 docentes de três diferentes instituições católicas com ensino em teologia Institutos de Teologia, 14 faculdades, 10 Centros Universitários e 5 Universidades. 13 Essa tabela foi possível ser construída a partir de uma lista de 561 docentes que ministram disciplinas nos cursos de teologia, em instituições de diferentes confissões religiosas, disponível no site SINAES/INEP. Nesta enorme relação, além da formação do docente, encontram-se também as disciplinas que cada um ministra. 14 Bourdieu (2003) compreende o capital simbólico como todas as formas de capital que é reconhecida e percebida pelos agentes num determinado campo e de campos afins, e cuja categoria de percepção e de reconhecimento atribui valorização. 15 No universo da teologia católica existem diferenças no fato de ser sujeito homem leigo e sujeito homem padre. Há posições que, estatutariamente, um homem leigo jamais pode assumir num campo onde a norma se rege pela hierarquia celibatária. Referências Bibliográficas BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas. Campinas: Papirus, LAURETIS, Teresa. de. A tecnologia de gênero. In: HOLANDA, Eloísa Buarque de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, p LOURO, Guacira L. Gênero, Sexualidade e educação. 3. ed. Petrópolis: Editora Vozes, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Indicadores sobre a educação superior no país. SINAES/INEP. Disponível em: < Acesso em: 10 out MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Relatório do Parecer CNE/CES 241/99 - WEB Disponível em: < Acesso em: 31 mai RAGO, Magareth. Descobrindo historicamente o Gênero. Cadernos Pagu. Campinas-SP, Núcleo de Estudos de Gênero-PAGU/Unicamp, n.11, p , RISTOFF, Dilvo. et.al.(org). A Mulher na Educação Superior Brasileira Brasília: INEP, p SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação e Realidade. Porto Alegre: UFRGS, v.16. n.2, p.5-22, jul/dez
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