Parecer nº.: Processo nº.: Interessado: Assunto:
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1 Parecer nº.: 1085/2003 Processo nº.: Interessado: Secretaria Municipal da Cultura Assunto: Requisitos prévios para patrocínio ou apoio aos eventos culturais promovidos pelo Município. Instrumento de formalização. Ementa: Participação de empresas, através de patrocínio ou apoio, aos eventos culturais promovidos pelo Município. Necessidade de convocação prévia e ampla de interessados. Instrumentalização através termo de ajuste. Aplicação do caput do artigo 37 da Constituição Federal e do artigo 116, caput, da Lei 8.666/93. Em se tratando de patrocínio através da lei estadual n /98 ( LIC ) cabe contratação por inexigibilidade de licitação, com fundamento no caput do art. 25 da lei 8.666/93. O Município de Porto Alegre realiza inúmeros eventos culturais, para os quais diversas empresas colaboram com doações, apoio ou patrocínios, propiciando-lhes, o Município, em contrapartida, apenas a inclusão do nome da empresa no material de divulgação dos eventos. Neste sentido, a Assessoria Jurídica da SMC nos encaminha o expediente n.º , tendo em vista consulta da sua Administração de Fundos, onde questiona se: 1) Devem ser formalizados contratos para todos os patrocínios e apoios dos eventos culturais, quer seja sob a forma de numerário, quer seja sob a forma de outros bens representativos de valor? 2) Os patrocínios dos eventos culturais dever ser antecedidos de processo licitatório?
2 2 Examinados os autos, verifica-se que, conforme informação da Coordenação de Artes Plásticas daquela Secretaria (fls. 2/3), pelo menos no que toca ao XI Festival de Arte Cidade de Porto Alegre, os patrocínios e apoios não consistem em ajuda financeira, mas apenas na forma de diárias e refeições, os quais são conseguidos através de contatos de nossa servidora, não sendo formalizados através de contratos. Ademais, conforme exame prévio da Assessoria Jurídica da SMC (fls. 5/6), foi melhor esclarecido que tais patrocínios são recebidos pelo Município a título gratuito, havendo, em contrapartida, apenas, a inclusão do nome da empresa no material de divulgação dos eventos. Ainda, conforme, em síntese, o entendimento da colega Assessora, após citação doutrinária acerca dos princípios que norteiam a licitação, tendo o patrocínio, em exame, caráter de liberalidade com a obrigação apenas de divulgação do nome do patrocinador, não haveria atropelo do interesse público não se promovendo licitação. Entende, também, que a celebração de contrato não traria a segurança desejada com relação a verba prometida, pois, sendo decorrente de liberalidade, não poderia ser exigida. Que, ainda, o contrato de patrocínio seria uma maneira de formalizar a receita, para o que bastaria o depósito comprovado por DAM. Finalmente, quanto ao patrocínio não efetivado por numerário, mas por doações de diárias em hotéis, passagens, etc., seriam considerados doações, patrocínio ou simples apoio. Pela chefia da Equipe de licitações e Contratos foi ressalvado entendimento de que para os patrocínios decorrentes da Lei Estadual de Incentivo a Cultura (LIC), caberia a realização de contratos, por inviabilidade de competição, com fundamento no caput do art. 25 da lei 8.666/93, o qual foi acolhido pelo Procurador-Geral Adjunto para Assuntos Institucionais para ser incluído no presente parecer. Outrossim, as matérias em tela ainda não foi objeto de parecer desta Casa. É o relatório. I Dos Patrocínios e Apoios para Eventos Culturais em Geral: Quanto a necessidade de licitação prévia para o patrocínio ou apoio aos eventos culturais promovidos pelo Município, nos
3 3 moldes em que citados pela SMC, creio com razão, em parte, a colega Assessora. Considerando a dinâmica de tais eventos, onde é notório que empresas interessam-se em oferecer seus produtos ou mesmo dinheiro para dar apoio na sua realização, com o objetivo da sua promoção institucional ou, meramente, de fomento à cultura da comunidade em que atuam, realmente também me parece excessivo exigir-se que participem de licitação prévia, atendendo a todos os requisitos exigidos para tanto. Contudo, não me perece que atenda aos princípios que norteiam a Administração Pública, especialmente aos da impessoalidade e publicidade, insculpidos em nossa Carta Constitucional, que tais apoio e patrocínios continuem sendo obtidos através da atuação de uma única pessoa, por mais méritos e dedicação que tenha. Assim, opino que se realize, minimamente, a convocação pública de interessados em participar, com apoio ou patrocínio, nos eventos promovidos pela SMC, convocação esta que poderá ser para cada evento ou mesmo anual para todo o calendário de eventos da Secretaria. Publique-se, por conseguinte, edital de convocação no DOPA e, para mais ampla divulgação, em jornal de circulação comercial, estabelecendo condições, relação dos eventos previstos, local e data para manifestação de interesse. Receba-se a manifestação dos interessados, mantenha-se cadastro e, quando da organização do evento, convoque-se os interessados relacionados, para acertar os termos e formalizar o apoio ou patrocínio. No que toca a formalização do apoio ou do patrocínio, primeiro discordo da posição da colega quando entende que, por decorrerem de mera liberalidade, não se poderia exigir o cumprimento das obrigações assumidas pelo apoiador ou patrocinador. Penso assim porque, se assumidos compromissos entre as partes, fica cada qual obrigada pelos prejuízos que causar a outra. Veja-se, por exemplo, que se um hotel resolve, ainda que por liberalidade, ofertar diárias de hospedagem gratuitas a artistas que venham nos visitar e, diante disso, o Município realiza o evento, não pode o hotel negar-se a recebê-los posto que, se assim proceder, tendo o Município que custear a hospedagem, consequentemente poderá exigir que o hotel faça-lhe o ressarcimento dos valores despendidos. Neste passo, evidencia-se conveniente que se formalize por escrito as obrigações das partes, ainda que por simples termo
4 4 de ajuste, aplicando-se, no que couber, o disposto na Lei 8.666/93, tal como previsto no artigo 116 da Lei de Licitações. II Dos Patrocínios decorrentes da Lei Estadual n /98 Lei de Incentivo à Cultura A lei de Incentivo a Cultura ( LIC) instituiu o Sistema Estadual de Financiamento e Incentivo aos Contribuintes do ICMS que realizem, na forma desta, aplicações em projetos culturais. No Município podemos citar como exemplo os projetos do Porto Alegre Em Cena, os quais têm obtido patrocínio através da LIC. E, de acordo com o art. 3 da Lei Estadual n /96: Art. 3 - A Aplicação em projetos culturais é caracterizada pela transferência de recursos financeiros por parte do contribuinte para o produtor cultural devidamente cadastrado, em favor de projetos culturais apresentados e aprovados segundo o disposto nos artigos 7 e 8 desta Lei. Assim, nos termos do art. 3 acima transcrito, qualquer empresa poderá escolher dentre os projetos culturais aprovados pela SEC qual irá patrocinar. Deste modo, por exemplo, estando aprovado Projeto do Porto Alegre em Cena, todas as empresas que atenderem os requisitos da LIC poderão patrociná-lo a fim de obter incentivos fiscais, o que nos leva a concluir pela inviabilidade de competição pela possibilidade de participação de todas as empresas. Quem escolhe o projeto cultural a ser patrocinado são as empresas dentre os aprovados, não é o Município que escolhe qual empresa dará o patrocínio. Este patrocínio pode dar-se diretamente ou através de um agente captador de recursos. Os instrumentos decorrentes destes patrocínios oriundos da LIC deverão ser formalizados através de contrato, com fundamento no
5 5 caput do art. 25 da Lei 8.666/93, com inexigibilidade de licitação, por inviabilidade de competição, devendo ser atendido o disposto no art. 26 do mesmo Diploma Legal. O contrato de patrocínio é contrato atípico e não deve ser confundido com serviços comuns de publicidade, em regra licitados, pois trata-se de simples divulgação do nome de uma instituição. Conclusões: A) Dos Patrocínios e Apoios em Geral: 1. É recomendável que se realize convocação pública para elaborar cadastro de interessados em participar, com apoio ou patrocínio, nos eventos promovidos pela SMC, com a mais ampla divulgação no DOPA e em jornal de circulação comercial. 2. Quando da organização dos eventos deverão ser convocados os interessados relacionados, para acertar os termos e formalizar o apoio ou patrocínio. 3. É conveniente que as obrigações das partes sejam formalizados por termo de ajuste, aplicando-se, no que couber, o disposto no artigo 116 da Lei de Licitações. B) Dos Patrocínios Decorrentes da LIC: 1. Todas as empresas que escolherem projetos culturais do Município de Porto Alegre e aprovados pela SEC deverão ser contratadas diretamente, por inexigibilidade de licitação, com fundamento no caput do art. 25 da lei 8.666/93; 2. Deverão ser formalizados através de contrato, com a observância do art. 26 da Lei de Licitações e Leis Municipais 7.084/92 e 8.874/02.
6 6 É o que nos parece. Em 08/09/03 Jorge Augusto Garcia Pacheco, Procurador do Município. Carmem Lúcia de Barros Petersen Procuradora do Município.
7 7 HOMOLOGAÇÃO HOMOLOGO o Parecer nº 1085/03, subscrito pelos Procuradores Carmem Lúcia de Barros Petersen e Jorge Augusto Garcia Pacheco, que orienta a adoção de procedimento público para obtenção de apoios financeiros e patrocínios a eventos institucionais e culturais do Município, bem como a forma de contratação, inclusive os patrocínios decorrentes da Lei de Incentivo à Cultura. Registre-se. Encaminhando-se cópia à ELC, devolvendose o expediente à SMC. Porto Alegre, 24 de outubro de ROGERIO FAVRETO Procurador-Geral do Município
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