OFICINAS DE MATEMÁTICA BÁSICA: TECENDO UMA TRAMA ENTRE OUTRAS ÁREAS
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- Ana do Carmo Lobo
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1 OFICINAS DE MATEMÁTICA BÁSICA: TECENDO UMA TRAMA ENTRE OUTRAS ÁREAS Davi Paula da Silva 1 Alessandra Assad 2 Heliza Colaço Goes 3 Carla de Oliveira Vaz Chiarello 4 RESUMO É indiscutível que atualmente muitos alunos têm dificuldades em disciplinas que envolvem cálculos matemáticos. Essas dificuldades geralmente começam nos anos iniciais quando o estudante se depara com uma aprendizagem matemática de forma mecânica, não contextualizada e que faz com que ele use muito mais a memorização do que de fato a compreensão dos conhecimentos matemáticos. Isto acarreta um elevado índice de repetência tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, e por este motivo surge a necessidade de explorar soluções que sanem tal problemática. O projeto voluntário das oficinas de Matemática Básica que ocorrem no Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá tem como objetivo estimular a aprendizagem matemática através de situações extraídas da realidade, promovendo a interdisciplinaridade e a relação teoria-prática, restaurar a autoestima e confiança em suas potencialidades, promover a ruptura das lacunas construídas nos estudantes ao longo do tempo com relação à disciplina de matemática e ainda desenvolver o raciocínio lógico. As oficinas acontecem com o auxílio de alunos voluntários de segundo e terceiro ano do ensino médio, os quais, com o auxílio das professoras, preparam um material diferenciado para trabalhar conteúdos de Matemática Básica, além disso, são realizadas avaliações prévias e posteriores aos conteúdos abordados, verificando a eficiência da abordagem. Espera-se do projeto uma melhor progressão dos alunos com relação a Matemática Básica, uma das principais deficiências dos alunos do ensino médio. 1,2,3,4 Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá ¹ davipaulasilva@hotmail.com ² alessandra.assad@ifpr.edu.br ³ heliza.goes@ifpr.edu.br 4 carla.chiarello@ifpr.edu.br Palavras-chave: Aprendizagem. Matemática Básica. Oficinas. 102
2 1. INTRODUÇÃO Para a compreensão da matemática do ensino médio é necessário compreender a matemática do ensino fundamental, pois é a base de todos os conteúdos propostos no ano letivo. Por exemplo, para aprender logaritmo deve-se possuir um conhecimento prévio sobre potenciação, e para entender potenciação deve-se compreender a multiplicação, e assim ocorre, na assimilação da matemática básica com a realidade vivida pelos estudantes, pois, quando existe uma lacuna no ensino básico, há comprometimento do ensino mais avançado da matemática, gerando reprovações e dúvidas, como relata Charlot (2000): Existem alunos em situação de fracasso, e tal situação deste ensino desconectado pode levar os estudantes a uma situação fracassada, repleta de reprovações, dúvidas, falta de compreensão entre outros fatores. O que se pretende é proporcionar um ensino entrelaçado com outras áreas do conhecimento. (CHARLOT, 2000, p.16) Para alguns professores a matemática deve ser ensinada de forma mecânica e pela memorização, com a repetição dos exercícios, contudo, para um número significativo de estudantes, essa forma de ensino não é eficaz. A busca de melhores resultados demanda atenção contínua do professor, que precisa estar atento às necessidades e dificuldades dos alunos para estabelecer as estratégias mais próximas possíveis daquelas que aumentem o interesse pelos estudos da matemática. Talvez seja necessário ir mais além, propor um ensino tecido junto com as outras áreas do conhecimento. Esta forma de ensino discutida por Morin (2011) está diretamente relacionada a práxis, ou seja, a prática refletida que Freire (1996) retrata em uma de suas obras, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Por trás do professor reflexivo, que orienta o estudo, está a relação professor-aluno, que, segundo Aquino (1996), é considerada a matéria prima a partir da qual poderá produzir o conhecimento, auxiliando no processo de horizontalização das relações dentro da esfera educacional. 2, METODOLOGIA As oficinas são ofertadas à comunidade acadêmica do Instituto Federal do Paraná Campus Paranaguá, tendo os alunos do 1 ano dos cursos técnicos integrados (Informática, Mecânica e Meio Ambiente) como principal público-alvo, bem como, objeto de pesquisa. O presente projeto conta com um cronograma programático de conteúdos a serem abordados no ano letivo, contendo diversos assuntos integrados com outras áreas do conhecimento, em nível fundamental de ensino, como por exemplo, multiplicação, divisão, grandezas proporcionais na física, regra de três na química etc. O principal campo de estudo adotado pelo projeto é a Expressão Gráfica, que de 103
3 acordo com a autora Góes (2013): Expressão gráfica é um campo de estudo que utiliza elementos de desenho, imagens, modelos, materiais manipuláveis e recursos computacionais aplicados às diversas áreas do conhecimento, com a finalidade de apresentar, representar, exemplificar, aplicar, analisar, formalizar e visualizar conceitos. Dessa forma, a expressão gráfica pode auxiliar na solução de problemas, na transmissão de ideias, de concepções e de pontos de vista relacionados a tais conceitos. (GÓES, 2013, p. 20). Um exemplo dos elementos da expressão gráfica contemplados no decorrer das oficinas foi o jogo de tabuleiro, no qual no desenvolvimento do jogo o aluno respondia questões exploradas anteriormente nas oficinas, como demonstra a figura 01 a seguir: Figura 01 - Jogo de tabuleiro realizado nas oficinas de matemática básica. Fonte: Os autores E o jogo da potência, em que o estudante relaciona as potências com as respostas: Figura 02 - Jogo das potências realizado nas oficinas de matemática básica. Fonte: Os autores 3, RESULTADOS E DISCUSSÃO Como forma de obtenção de resultados e averiguação dos conhecimentos dos alunos, 104
4 são realizados dois simulados nas turmas em questão, um ao início de um novo conteúdo e outro ao término, sendo denominados, respectivamente, simulado de conhecimento prévio e simulado de fechamento. No intervalo de aplicação do primeiro simulado para o segundo, há uma série de oficinas realizadas durante um período, variando de três até cinco semanas, relacionadas aos assuntos abordados no simulado prévio. Assim, concluídas as oficinas de um conteúdo programático, é disponibilizado aos discentes o segundo simulado, que irá analisar os conhecimentos adquiridos e a evolução individual de cada discente. Como demonstra a figura 03 do resultado de uma das questões abordadas em um simulado: Figura 03 Questão do simulado de conhecimento prévio. Fonte: Os autores Figura 04 Questão do simulado de fechamento. Fonte: Os autores Comparando as respostas de ambos os simulados, geraram-se os seguintes gráficos ilustrados na figura 05, que demonstram a melhora significativa dos estudantes: 105
5 Figura 05 - Gráfico comparativo do simulado de conhecimento prévio e o simulado de fechamento. Fonte: Os autores. Ademais, os resultados obtidos são analisados a fim de identificar se houve melhora no conhecimento matemático dos estudantes, bem como se não houve melhora significativa e qual foi o motivo (se está relacionado com o formato da abordagem do conteúdo, a ausência do discente nas oficinas etc.). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As Diretrizes Curriculares de Matemática propõem algumas metodologias de ensino, sendo elas: resolução de problemas, modelagem matemática, mídias tecnológicas, etnomatemática, história da matemática e investigações matemáticas. O professor deve encontrar aquela que mais se adequa a cada turma, a cada ano, a cada escola, sendo um profissional criativo e dinâmico. O professor tem deixado cada vez mais de ser um mero transmissor de conhecimentos, para ser um mediador entre a matemática e o aluno. O professor deve ser orientador, estimulador, fazendo com que o aluno compreenda que a matemática é essencial. Estimular o aluno a estudar matemática nem sempre é tarefa fácil, mas faz parte do ser professor, na busca de despertar o interesse e a vontade do aluno em aprender matemática. Fica, portanto, evidente que o projeto vem construindo uma espécie de ponte entre a matemática e outras áreas do conhecimento, quebrando o preconceito com os cálculos e fornecendo um ensino prático e dinâmico. REFERÊNCIAS AQUINO, Júlio Groppa. Confrontos na sala de aula: Uma leitura institucional da relação professor-aluno. São Paulo: Summus,
6 CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Trad. Bruno Magne- Porto Alegre: Artes Médicas Sul, FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, (Coleção Leitura). GÓES, Heliza Colaço. Expressão Gráfica: esboço de conceituação f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná. Curitiba. MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo / Edgar Morin; tradução. Eliane Lisboa. 4ª ed. Porto Alegre: Sulina,
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