Congresso abre hoje o ano legislativo

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1 BRASÍLIA-DF, TERÇA-FEIRA, 2 DE FEVEREIRO DE 2016 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 18 Nº 3543 Jorge Campos Sessão solene no Plenário da Câmara está marcada para as 15 horas Congresso abre hoje o ano legislativo Na Câmara, votações no Plenário podem começar amanhã; pauta está trancada por três medidas provisórias Uma sessão solene com a presença dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, do Senado, Renan Calheiros, do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, e do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, marca hoje o início do ano legislativo no Congresso Nacional. Na sessão, serão lidas as mensagens do Executivo e do Judiciário, seguidas de discursos dos presidentes da Câmara e do Senado. 3 Cristiane Rochol /Fotos Públicas Deputados retomarão análise de política nacional contra zika e dengue 6 Filiação a novos partidos altera composição das bancadas na Câmara No ano passado, 38 dos 513 deputados mudaram de partido, conforme a Secretaria-Geral da Mesa. Com isso, a Câmara volta aos trabalhos com composição diferente de 2015, quando os parlamentares eleitos para esta legislatura tomaram posse. 4 Operação de combate ao mosquito Aedes aegypti, em Porto Alegre Disque - Câmara Mesa apresenta recurso contra decisão sobre rito de impeachment 3

2 2 JORNAL DA CÂMARA 2 de fevereiro de 2016 Orçamento: contas do governo são prioridade O TCU pediu a reprovação das contas de 2014 da presidente Dilma; o relator na comissão recomenda a aprovação A Comissão Mista de Orçamento (CMO) começa 2016 com a tarefa de votar as contas do governo federal do ano de 2014, que tiveram parecer unânime pela reprovação no Tribunal de Contas da União (TCU). O parecer do TCU, no entanto, tem apenas caráter de recomendação e não precisa necessariamente ser acatado pela comissão. O relator da matéria na comissão, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), recomendou a aprovação das contas. Impeachment - A análise pelo Congresso da contabilidade do governo federal em 2014 é considerada ponto- -chave no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que tramita na Câmara dos Deputados. A decisão da comissão embasará a votação das contas no Plenário, e, por isso, o que a comissão deliberar poderá ser decisivo para o impeachment. A CMO analisará as contas da presidente até o dia 6 de março, considerando todas as etapas e prazos processuais até a votação final. Isso significa que a composição da comissão que dará o veredito sobre o tema será a mesma de 2015, uma vez que os mandatos dos integrantes só terminam na última semana do mês de março. A senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), atual presidente do colegiado, será a responsável até o final do processo. Prazos - A comissão terá até 13 de fevereiro para apresentar emendas ao relatório de Gurgacz, e o senador terá 15 dias após essa data para entregar o relatório final. Depois disso, são sete dias para discussão e votação do relatório. A decisão será tomada por maioria simples (16 deputados e 6 senadores). Após a votação, há prazo de cinco dias para encaminhamento do parecer à Mesa Diretora do Congresso, para que seja pautado no Plenário. Antes da deliberação, no entanto, a CMO pode promover uma audiência pública com o ministro Augusto Nardes, relator das contas de 2014 no TCU. O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) solicitou a audiência em um requerimento que protocolou no início de janeiro. Moreira cita a resolução do Congresso que regulamenta o funcionamento da CMO para argumentar que a comissão precisava ter ouvido o ministro relator assim que recebeu o parecer do TCU. Além das contas de 2014, a Comissão de Orçamento terá que votar quatro medidas provisórias que abrem créditos orçamentários extraordinários para órgãos públicos. No total, as MPs liberam pouco mais de R$ 40 bilhões. A principal é a MP 702/15, que beneficia os ministérios da Saúde, das Cidades e do Trabalho e Emprego com R$ 37,6 bilhões. Ela também é a O relator das contas, Acir Gurgacz, e a presidente da comissão, senadora Rose de Freitas Créditos orçamentários também estão na pauta mais urgente: perderá a validade no dia 13 de março. Esse prazo, porém, pode ser renovado por dois meses. A MP 709/15 contempla com R$ 1,3 bilhão os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Saúde, da Cultura, do Esporte, da Defesa, da Integração Nacional e do Turismo e as secretarias de Aviação Civil e de Portos. A MP 710/16 libera R$ 1,47 bilhão para os ministérios da Justiça, da Cultura, da Defesa, da Integração Nacional e do Turismo. Por fim, a MP 711/16 abre R$ 419,5 milhões para os poderes Legislativo e Judiciário, para a Defensoria Pública da União e para o Ministério Público da União. Orçamento As leis orçamentárias para o ano de 2017 só devem ser analisadas na comissão no final do pri- Waldemir Barreto/Ag.Senado meiro semestre. O Executivo tem até o dia 15 de abril para enviar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que o Congresso deve votar antes do recesso parlamentar do meio do ano. Depois disso, a Lei Orçamentária Anual (LOA) precisa chegar à comissão até o dia 31 de agosto e sua tramitação será uma das prioridades do Legislativo na segunda metade do ano. Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55 a Legislatura Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 1º Vice-Presidente Waldir Maranhão (PP-MA) 2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR) 1º Secretário Beto Mansur (PRB-SP) 2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ) 3ª Secretária Mara Gabrilli (PSDB-SP) 4º Secretário Alex Canziani (PTB-PR) Suplentes: Mandetta (DEM-MS) Gilberto Nascimento (PSC-SP) Luiza Erundina (PSB-SP) Ricardo Izar (PSD-SP) SECOM - Secretaria de Comunicação Social Secretário: Cleber Verde (PRB-MA) Diretor-Executivo: Claudio Lessa Diretor de Mídias: Caíque Novis Diretor de Agência e Jornal: João Pitella Junior (61) secom@camara.leg.br Jornal da Câmara Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Sandra Crespo Ralph Machado Diagramadores Gilberto Miranda Renato Palet Roselene Guedes jornal@camara.leg.br Redação: (61) /1611 Distribuição e edições anteriores: (61) Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar José Carlos Araújo (PSD-BA) Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos Lúcio Vale (PR-PA) Corregedor Parlamentar Carlos Manato (SD-ES) Procurador Parlamentar Claudio Cajado (DEM-BA) Ouvidor Parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Coordenadora dos Direitos da Mulher Dâmina Pereira (PMN-MG) Procuradora da Mulher Elcione Barbalho (PMDB-PA) Secretário de Relações Internacionais Átila Lins (PSD-AM) Diretor-Geral: Rômulo de Sousa Mesquita Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA) Papel procedente de florestas plantadas Leia esta edição no celular

3 2 de fevereiro de 2016 IMPEACHMENT Mesa Diretora vai ao STF para esclarecer rito O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, recorreu ontem ao Supremo Tribunal Federal para pedir esclarecimentos sobre o julgamento que invalidou, em dezembro, a eleição de chapa avulsa de deputados para formação da comissão especial encarregada de analisar pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A decisão do STF invalidou a eleição, ocorrida no dia 8 de dezembro, da comissão especial encarregada de dar parecer sobre a autorização de abertura de processo contra a presidente. Segundo o Supremo, os integrantes da comissão só podem ser indicados por partidos ou blocos e a escolha deve se dar por meio de votação aberta. Parte da chapa então vencedora incluía representantes da oposição e dissidentes da base governista, incluindo deputados do PMDB. Senado - O rito definido pelo STF prevê ainda que o parecer da comissão deverá ser analisado pelo Plenário, cabendo à Câmara apenas autorizar ou não a abertura do procedimento. De acordo com o STF, é do Senado a competência para instaurar o processo de impeachment. Dessa forma, se os senadores decidirem não instaurá-lo, o processo será arquivado. Caso decidam pela instauração, somente a partir desse momento é que a presidente deverá ser afastada do cargo pelo prazo máximo de 180 dias. O documento diz que, ao aceitar recurso do PCdoB, que questionou a validade do rito do impeachment, o STF interferiu no funcionamento da Câmara e restringiu direitos dos parlamentares. O recurso foi protocolado antes da publicação do acórdão (texto final da decisão). Durante reunião com Cunha no ano passado, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, disse que não há entendimento na Corte sobre a aceitação de recurso antes da publicação do acórdão. Ontem, Cunha participou da abertura do ano judiciário. JORNAL DA CÂMARA 3 Sessão solene abre ano legislativo; três MPs trancam pauta da Câmara Congresso analisa 21 medidas provisórias, das quais 15 ainda aguardam as comissões mistas Sessão solene do Congresso Nacional, hoje às 15h, dá início ao ano legislativo. No Plenário da Câmara, representantes do Executivo e do Judiciário entregarão as mensagens desses Poderes ao Legislativo. Participarão da cerimônia, além dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner - representando a presidente Dilma Rousseff - e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski. Pauta - Na volta dos trabalhos, os parlamentares encontrarão em tramitação 21 medidas provisórias encaminhadas pelo Executivo, das quais três trancam a pauta de votações do Plenário da Câmara. Desse total, 18 foram editadas em 2015 e três neste ano; 15 delas não tiveram as comissões mistas instaladas (veja quadro). De acordo com a Constituição, as MPs trancam a pauta do Plenário da Casa onde estiverem tramitando 45 dias depois da sua edição, desde que tenham sido votadas por uma comissão mista de deputados e senadores encarregada de analisá-la. Das MPs que trancam a pauta, uma eleva o Imposto de Renda da Pessoa Física sobre o ganho de capital (692/15). Outra autoriza a loteria instantânea Lotex a explorar comercialmente eventos de apelo popular e licenciamentos de marcas e de personagens (695/15). A terceira (696/15) modifica estrutura e competências de ministérios e de órgãos da Presidência da República (reforma administrativa). O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT- CE), afirmou que a intenção é limpar a pauta. A votação dessas três medidas provisórias integra o esforço fiscal. Eficácia - A MP 689/15 pode perder a eficácia em razão do fim do prazo de sua tramitação no Congresso. As medidas provisórias têm força de lei e vigência imediata, porém perdem a eficácia se Três MPs, que integram o ajuste fiscal proposto pelo governo em 2015, trancam a pauta do Plenário não são convertidas em lei em até 60 dias, prorrogáveis por igual período. O prazo da MP 689/15 acaba no dia 7 de fevereiro e ainda não foi votada nem na comissão especial. O texto obriga o servidor público licenciado ou afastado sem remuneração a continuar contribuindo para o regime previdenciário, tanto com a sua parte quanto com a devida à Previdência Social pelo órgão empregador. Olimpíadas - Já a MP 693/15 ainda não foi votada na comissão especial. Precisa ser votada pelos Plenários da Câmara e do Senado até o dia 8 de março para não perder a validade. O texto concede benefícios fiscais para as distribuidoras de energia elétrica durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. A MP 694/15 também não foi apreciada pela comissão mista e precisa ser votada até 8 de março pelo Congresso para não perder a validade. A proposição reduz benefícios fiscais previstos em três leis federais, inclusive na chamada Lei do Bem (11.196/05), e atinge empresas que investiram em desenvolvimento tecnológico e outras de segmentos como o têxtil e o petroquímico, além de pequenos agricultores do Nordeste. à espera de COMISSÕES MISTAS 698/15 - muda regras do FGTS para se adequar às garantias de financiamento do programa Minha Casa Minha Vida 699/15 - prevê como infração gravíssima o uso de veículo para interromper, restringir ou perturbar deliberadamente a circulação de vias públicas 700/15 - autoriza empresas e consórcios contratados no Regime Diferenciado de Contratações (RDC) a promover desapropriações de imóveis 701/15 - autoriza seguradoras e organismos internacionais a oferecerem Seguro de Crédito à Exportação (SEC) 702/15 - abre crédito de R$ 37,5 bilhões para o pagamento das chamadas pedaladas fiscais 703/15 - modifica a Lei Anticorrupção (12.846/13) para prever a participação do Ministério Público nos acordos de leniência 704/15 - permite que superavit financeiro possa ser destinado a despesas primárias obrigatórias de /15 - flexibiliza repasses da União aos municípios e ao Distrito Federal referente à manutenção de creches 706/15 - estabelece o prazo para assinatura de prorrogação de distribuição de energia elétrica 707/15 - concede prazo adicional para o refinanciamento de dívidas dos caminhoneiros 708/15 - autoriza a União a reincorporar trechos de rodovias federais transferidos aos estados e ao Distrito Federal Ananda Borges 709/15 - abre crédito extraordinário ao Executivo de quase R$ 1,3 bilhão 710/16 - abre crédito extraordinário ao Executivo de quase R$ 1,5 bilhão 711/16 - abre crédito extraordinário de R$ 419 milhões para Legislativo, Judiciário, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União 712/16 - dispõe sobre medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, da febre chikungunya e do vírus zika

4 4 JORNAL DA CÂMARA 2 de fevereiro de 2016 Movimentação parlamentar altera bancadas Recém-criado, Partido da Mulher Brasileira inicia sessão legislativa com 21 deputados; Rede Sustentabilidade reúne 5 A Câmara retoma as atividades nesta sessão legislativa com composição diferente de um ano atrás, quando os parlamentares eleitos para a 55ª Legislatura tomaram posse. Em 2015, 38 deputados mudaram de partido, conforme informações da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara. Entre as principais mudanças no cenário, está a migração de 21 deputados para o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que obteve registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em setembro. A Rede Sustentabilidade, que conseguiu registro no mesmo mês, passou a ter bancada de cinco deputados. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento de três mandados de segurança, firmou o entendimento de que os mandatos pertencem aos partidos e que, por isso, o candidato não pode mudar para outra legenda e manter o mandato. No entanto, a desfiliação para o ingresso em partido recém-criado não acarreta a perda do cargo. Bancadas e blocos - Com a perda de 10 dos 69 deputados eleitos, o PT deixou de ser o partido com maior bancada na Câmara a condição é ocupada atualmente pelo PMDB, com 67 parlamentares. Conforme dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), apenas quatro das vagas perdidas pelo PT representam deputados que efetivamente deixaram a legenda. Muitos deputados do PT se licenciaram do mandato e cumprem funções de secretários estaduais ou de ministros. Os suplentes eram, na maioria dos casos, de outros partidos. Isso possibilitou ao PMDB ter hoje o maior número de deputados em exercício na Casa, avaliou Leonardo Picciani (RJ), que almeja a recondução à liderança do PMDB (leia na pág. 5). Atualmente, o bloco parlamentar mais numeroso é formado por PP, PTB, PSC e PHS, com 80 deputados, seguido daquele que reúne PR, PSD e Pros, com 75 par- Parlamentares participam da posse na Câmara dos Deputados, para a 55ª Legislatura; bancadas sofrerem modificações ao longo de 2015 lamentares. O bloco PMDB/ PEN tem 69 deputados. Base e oposição - Oficialmente, esses três blocos integram a base do governo na Câmara, que conta ainda com o bloco PRB, PTN, PMN, PTC e PTdo B (29 deputados) e as bancadas do PDT (17) e do PCdoB (12), além do PT, totalizando 341 parlamentares. Porém, há muitos dissidentes nesses partidos e blocos, como o próprio presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, que já se declarou de oposição. Já a chamada Minoria No ano passado, 38 parlamentares mudaram de partido, conforme informações da Secretaria-Geral da Mesa Diretora Trocas de partido podem dobrar, diz analista O analista político Antonio Queiroz, um dos diretores do Diap, avalia que a tendência é que o número de trocas de partido pelo menos dobre ainda nesta legislatura, em razão de duas alterações na legislação. Uma delas, segundo ele, é a aprovação da nova Lei Eleitoral (13.165/15), a chamada minirreforma eleitoral (PL 5735/13). No caso dos deputados federais, o prazo de filiação, que era de um ano, passou a ser de seis meses. Nos 30 dias que antecedem esses meses, os parlamentares podem conta com 99 deputados, sendo integrada formalmente pelos partidos de oposição ao governo: PSDB (53), DEM (21), SD (15) e PPS (10). Alguns partidos consideram-se independentes em relação ao governo, como PSB (34 deputados), Psol (5), PV (5) e Rede (5). mudar de partido sem perda de mandato. Então haverá uma migração muito significativa, disse. A outra mudança, segundo Queiroz, decorre da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 182/07, a chamada PEC da Reforma Política, que possibilita aos parlamentares deixarem os partidos pelos quais foram eleitos nos 30 dias seguintes 41 trocas ocorreram em 2015, envolvendo 38 deputados Alterações - Novas mudanças nas bancadas partidárias poderão ocorrer com a eventual criação do partido Raiz Movimento Cidadanista, iniciativa que conta com a participação da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Porém, para conseguir o registro no TSE, é preciso angariar cerca de 486 mil assinaturas de apoio (no mínimo, 0,5% dos votos válidos na última eleição geral para a Câmara), sendo que as assinaturas não poderão ser de filiados a qualquer partido, conforme mudança na legislação eleitoral. à promulgação da Emenda Constitucional, sem perder o mandato. A promulgação da PEC deverá ocorrer em fevereiro. Dificuldades - Queiroz disse acreditar que o cenário atual, de pulverização partidária, dificultará a coordenação política do governo no Parlamento. Com a ampliação do número de partidos e a pulverização presente no Congresso, a tendência é de que cada votação seja objeto de negociação específica, o que dificultará enormemente a aprovação da agenda governista, disse. Rodolfo Stuckert

5 2 de fevereiro de 2015 JORNAL DA CÂMARA 5 Definição das lideranças já começa amanhã Dividido entre as alas que apoiam ou que fazem oposição ao governo, o PMDB marcou eleição para o próximo dia 17 Algumas reuniões de bancada estão marcadas já para amanhã (3), para definição dos líderes partidários responsáveis pela definição da pauta de votação nas reuniões semanais com o presidente da Câmara. Os líderes também fazem orientações durante as votações e escolhem os indicados para todas as comissões da Casa. Pelo regimento, têm direito a usar a palavra em qualquer reunião para defender ideias dos partidos. Também amanhã termina o prazo para a inscrição de candidaturas à liderança do PMDB, agora o maior partido da Casa, com 67 deputados. A legenda está dividida entre as alas que apoiam ou fazem oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff e vai definir o líder por meio de eleição, marcada para o próximo dia 17. Por enquanto, os candidatos são o atual líder, Leonardo Picciani (RJ), e Hugo Motta (PB), que presidiu a CPI da Petrobras em Desistência - Em janeiro, o deputado Leonardo Quintão (MG) chegou a ser anunciado como candidato, mas desistiu e anunciou apoio à recondução de Picciani. Em dezembro, Quintão ocupou a liderança por cerca de duas semanas, à frente de um movimento de deputados contrários à atuação de Picciani. Hugo Motta disse ter estranhado a desistência de Quintão, mas espera herdar os votos dos que fazem oposição ao governo. A decisão de Leonardo Quintão tem que ser explicada à bancada, porque ele havia sido levado à condição de líder justamente por pensar e fazer diferente do atual líder, Leonardo Picciani. Claro que é direito do deputado escolher o líder que quiser, mas soa muito estranho uma decisão ser tomada sem justificativa plausível, afirmou. Isso em nada diminui o nosso desejo de unificar o PMDB. Pelo contrário, forta- A decisão de Leonardo Quintão [de desistir da disputa] tem que ser explicada à bancada. Deputado Hugo Motta O deputado Leonardo Picciani, que retomou a liderança do PMDB em dezembro e busca a recondução ao cargo, discursa em Plenário Quintão concede entrevista durante a liderança temporária lece as nossas chances e vamos seguir dialogando com todos e buscando o fortalecimento do nosso partido, PT busca acordo para evitar disputa interna O PT pretende reunir amanhã os seus 59 deputados para escolher o novo líder a partir dos nomes de Afonso Florence (BA), Paulo Pimenta (RS) e Reginaldo Lopes (MG). A legenda tem a segunda maior bancada da Câmara e há expectativa de acordo entre os pré-candidatos a fim de evitar disputa. Já o maior partido de oposição definiu a liderança para 2016: os 53 deputados Luis Macedo continuou Hugo Motta. Gratidão - Picciani avaliou que a decisão de Quintão ajuda a unir o PMDB, do PSDB serão conduzidos por Antonio Imbassahy (BA). O oposicionista DEM reúne- -se amanhã com tendência de aclamar o deputado Pauderney Avelino (AM) como novo líder. O Psol, que costuma adotar o sistema de rodízio, deve decidir entre hoje e amanhã o substituto do atual líder, deputado Chico Alencar (RJ). Outros partidos - PPS, PTB e PP são alguns dos par- tidos em que a liderança ainda está indefinida. Outros, no entanto, anunciaram a recondução de seus líderes desde o ano passado: são os casos de Fernando Coelho Filho (PE), do PSB; Maurício Quintella Lessa (AL), do PR; e Rogério Rosso (DF), do PSD. O PDT, por sua vez, também já definiu a liderança em Será d-o deputado Weverton Rocha (MA). Gustavo Lima Antonio Imbassahy e Hugo Motta, em reunião da CPI da Petrobras sem desrespeitar as divergências internas do partido. Recebo o apoio com gratidão, uma vez que ele retirou a candidatura e passou a me apoiar. Creio que o que move o deputado Quintão é o mesmo que me move: a busca da unidade, da convergência e de um debate que não esteja atrelado a razões pessoais e menores, declarou. Tenho certeza plena de que, sendo reconduzido à liderança, eu restabelecerei a unidade da bancada. Evidentemente, sempre haverá posições divergentes, mas o líder deve expressar a posição da maioria, afirmou Leonardo --Picciani. Recebo com gratidão, uma vez que [Quintão] retirou a candidatura e passou a me apoiar. Deputado Leonardo Picciani Lucio Bernardo Jr

6 6 JORNAL DA CÂMARA 2 de fevereiro de 2016 Câmara vai retomar projeto contra dengue e zika Os beneficiários da política prevista serão principalmente mulheres, idosos, crianças e pessoas com deficiência Os casos de microcefalia suspeitos de relação com a infecção pelo vírus zika já superaram a marca de quatro mil no País. Preocupados com o problema, deputados analisam, em regime de urgência, a criação de uma política nacional de combate à dengue, à febre chikungunya e à zika (PL 1861/15), todas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) foi escolhido relator da proposta na Comissão de Finanças e Tributação. Os beneficiários da política nacional serão principalmente mulheres, idosos, crianças, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A proposta prevê incentivos à pesquisa científica para combater a doença; a elaboração de campanhas de conscientização; mecanismos descentralizados para divulgar informações educativas sobre saneamento; e recebimento de denúncias por telefone ou pela internet sobre a existência de foco de mosquitos. Pelo texto, o poder público poderá entrar em imóvel que apresente risco de proliferação do mosquito para SEGURANÇA Enquanto a vacina contra o zika não fica pronta, parlamentares e governo discutem formas de prevenir o contágio e a disseminação avaliá-lo, dedetizá-lo ou determinar ao proprietário essas providências. Os infratores estarão sujeitos a multa progressiva de, no mínimo, 50% do valor anual do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Os recursos dessas multas municipais serão usados em parte para programas de combate ao mosquito. É um conjunto amplo de ações que fortalecem o papel do poder público e da sociedade no enfrentamento da Os infratores estarão sujeitos a multa progressiva de, no mínimo, 50% do valor anual do IPTU doença, disse o relator do projeto na Comissão de Seguridade Social, deputado Jorge Solla (PT-BA). A proposta que cria a Política Nacional de Combate à Dengue, à Febre Chikungunya e à Febre Zika foi aprovada na Comissão de Seguridade em dezembro, quando também recebeu o regime de urgência. De autoria do deputado Luiz Lauro Filho (PSB-SP), o projeto tem caráter conclusivo e precisa ser analisada pelas comissões de Finanças; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovado, o texto poderá seguir para o Senado, sem passar pelo Plenário da Câmara. Prevenção - Em dezembro, o governo lançou um plano nacional de combate e prevenção a essas doenças, especialmente a zika, com participação das Forças Armadas e da Defesa Civil no apoio para transporte e distribuição de inseticidas e de profissionais de saúde, visitas a residências e mobilizações de prevenção. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, houve 1,5 milhão de casos de dengue. Organização das polícias volta à pauta da CCJ Venilton Kuchler - ANPr. No início dos trabalhos legislativos, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) deve analisar propostas que estabelecem mudanças na organização das polícias. As ideias para melhorar a segurança pública, como a criação de uma polícia unificada, com policiais civis e militares numa mesma instituição, e a instalação do chamado ciclo completo de polícia, provocaram polêmicas em 12 seminários realizados pela CCJ, ao longo de dois meses, no segundo semestre do ano passado. O ciclo completo de polícia se dá quando uma mesma força policial lida com prevenção, repressão, ocorrência criminal e investigação. No Brasil, as tarefas são divididas: a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal são responsáveis por prevenção e repressão, e as polícias Civil e Federal, pela investigação. Unificação e extinção - As mudanças são tema de sete propostas de emenda à Constituição (PEC 430/09 e seis apensadas) em tramitação na Câmara. Algumas propostas preveem a unificação das polícias e investigações, com a extinção da Polícia Militar. Outras, como a PEC 431/14, do deputado Subtenente Gonzaga (PDT- -MG), amplia a competência da PM, dando-lhe atribuições de Polícia Judiciária, com poderes de investigação. O relatório do deputado Raul Jungmann (PPS-PE), pela admissibilidade das propostas, foi apresentado na CCJ poucos dias antes do início do recesso parlamentar e está na pauta de votações O relatório de Raul Jungmann foi apresentado antes do recesso Gustavo Lima do colegiado. Aprovadas na CCJ, as propostas serão analisadas por comissão especial. Desperdício - Subtenente Gonzaga afirmou que, como não têm a atribuição de investigar, as polícias militares e rodoviárias federais jogam fora o material de investigação coletado durante a rotina policial, dados que poderiam ser úteis no processo. Ele acredita que sua proposta resolve um problema de deslocamento. No território que houver mais de uma polícia, aquela que atender o flagrante encerra-o, e tudo o que depender de investigação nesse território encaminha para Polícia Civil ou para a Polícia Federal. Agora, naquele território, naquele município, onde só houver uma polícia, que ela possa fazer o ciclo completo. Segundo o ex-secretário- -adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais, Luís Flávio Sapori, o corporativismo das duas polícias impede o avanço da discussão, pois nenhuma quer perder ou abrir mão de seu poder específico. Ele disse que fez uma tentativa de integração no seu estado, mas esbarrou em disputa de status, poder e salários. Se não houver um acordo entre delegados das polícias civis e -oficiais das polícias militares, não vamos conseguir reformar o sistema policial, disse Sapori.

7 2 de fevereiro de 2016 JORNAL DA CÂMARA 7 Eduardo Cunha diz que CPIs do Carf e da Fifa serão criadas na Câmara O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, afirmou que serão criadas duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) em fevereiro. A primeira delas será a CPI para investigar um esquema de extinção de débitos tributários no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda onde contribuintes recorrem contra multas. A segunda CPI tratará de denúncias de corrupção contra dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Cunha afirmou que a CPI do Carf será criada após o encerramento da CPI dos Maus-Tratos de Animais, cujo prazo termina amanhã. A CPI do Carf é a primeira da fila. Não tem nenhuma escolha minha, declarou. A CPI da Fifa será criada depois de concluídos os trabalhos da CPI do BNDES e recomendações de alteração na legislação tributária. Já a Câmara dos Deputados instalou no ano passado uma subcomissão permanente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle que vai acompanhar as investigações da Operação Zelotes. O relator da subcomissão é o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Segundo informações da imprensa, o esquema de fraudes pode ter provocado prejuízo de pelo menos R$ 19 bilhões à Receita Federal. A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga maus-tratos a animais marcou reuniões para esta semana para concluir a votação do relatório final do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP). A CPI aprovou o texto-base do parecer no fim de dezembro, mas ainda precisa votar destaques apresentados para finalizar os trabalhos. O documento faz três indicações principais: a aprovação de projetos de proteção a animais em tramitação Já a CPI da Fifa será criada após o término da CPI do BNDES, que ocorre na semana seguinte ao Carnaval. A investigação foi sugerida pelo deputado João Derly (Rede-RS), que quer apurar o envolvimento de dirigentes da Fifa em crimes como fraude, suborno e formação de quadrilha. Operação Zelotes - A criação da CPI do Carf atende requerimento do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). A Operação Zelotes, deflagrada em março de 2015 pela Polícia Federal, já investiga crimes atribuídos ao conselho, como associação criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. No ano passado, uma CPI do Senado também investigou irregularidades nos julgamentos do Carf. Essa comissão concluiu os trabalhos em dezembro, com pedidos de indiciamento de suspeitos A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades envolvendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BN- DES), ocorridas entre os anos de 2003 e 2015, relacionadas à concessão de empréstimos suspeitos e prejudiciais ao interesse público, realiza duas reuniões esta semana. Na reunião marcada ama- FUNDO DE PENSÃO Ex-tesoureiro do PT deverá depor amanhã A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na gestão dos Fundos de Pensão realiza amanhã audiência pública para ouvir o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o Diretor de Investimentos da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), Lício da Costa Raimundo. O requerimento de convocação de Vaccari é assinado pelos deputados Hissa Abrahão (AM) e Carmen Zanotto (SC), do PPS, que querem que Vaccari preste esclarecimentos acerca das denúncias de interferência para influenciar decisões de investimentos mal sucedidos em fundos de pensão de empresas públicas. Já o pedido para ouvir Lício da Costa foi feito pelos deputados Paulo Azi (DEM-BA); Marcus Pestana (PSDB-MG) e Rocha (PSDB- -AC); Fernando Francischini (SD-PR); Pompeo de Mattos (PDT-RS); e João Arruda (PMDB-PR). Os deputados se baseiam em denúncias feitas em delação premiada do advogado Carlos Alberto Pereira Costa, auxiliar do doleiro Alberto Youssef, que declarou que João Vaccari Neto intermediava negócios na Petros e em outros fundos de pensão. O negócio envolvendo Vaccari teria rendido, segundo o advogado, R$ 500 mil em propinas a ex-gerentes da Petros. Maus-tratos a animais: relatório será votado nesta semana no Congresso há muitos anos; recomendações a várias entidades como zoológicos e governos; e a solicitação ao Ministério Público do indiciamento de 13 pessoas que comprovadamente praticaram maus-tratos. O relatório também apresenta cinco propostas que serão protocoladas e passarão a tramitar na Câmara. Os projetos tratam da inclusão do controle de zoonoses entre as ações e serviços públicos de saúde; do resgate Cunha disse que a CPI do Carf é a primeira da fila na Câmara CPI do BNDES apresenta relatórios nhã está prevista a apresentação dos relatórios setoriais relativos a Financiamentos a contratos internos, a cargo do deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO); Financiamentos a contratos externos, pela deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ); Financiamento a entes federados, sob responsabilidade do deputado André Fufuca (PEN-MA); e Participações em empresas, de animais domésticos em casos de situação de emergência ou estado de calamidade pública; das competências do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal; da inspeção dos produtos de origem animal e do abate humanitário; e da proibição do abate de equídeos para fins industriais, comerciais ou de alimentação. As reuniões estão marcadas para hoje, às 16h, e para amanhã, às 9h e às 14h. Zeca Ribeiro a cargo do deputado André Moura (PSC-MA). A reunião está marcada para 9h30, no plenário 11. Na quinta-feira (4) está prevista a apresentação, discussão e votação do relatório final do deputado José Rocha (PR-BA), a partir de 9h30, no plenário 9. O prazo de funcionamento da CPI do BNDES vai até 18 de fevereiro. O documento defende projetos de proteção a animais Humane Society International

8 8 JORNAL DA CÂMARA 2 de fevereiro de 2016 PEC sobre demarcação está pronta para votação Pela proposta, que não tem consenso, a demarcação de terras indígenas passaria a ser definida pelo Congresso As novas regras para demarcação de terras indígenas estão prontas para votação no Plenário da Câmara, mas a análise vai depender do diálogo entre parlamentares ligados ao agronegócio e os identificados com causas socioambientais. A chamada PEC 215 (proposta de emenda à Constituição) muda a Constituição e determina que a demarcação de terras indígenas passará a ser feita por lei de iniciativa do Executivo, e não mais por decreto, como acontece hoje. Na prática, essa medida dá ao Congresso Nacional a palavra final sobre novas demarcações. O texto também proíbe a ampliação das terras já demarcadas, garante indenização aos proprietários de áreas dentro dessas reservas e fixa o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, como marco temporal para definir o que são terras permanentemente ocupadas por indígenas e quilombolas. Reservas - Para reduzir as críticas à proposta, o relator da PEC e coordenador jurídico da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), definiu que os projetos de lei sobre demarcações terão Criada em novembro do ano passado, a CPI da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve iniciar 2016 analisando ações de vários órgãos públicos em relação à demarcação de terras indígenas e quilombolas. Entre os requerimentos já aprovados na comissão, estão os que pedem documentos sobre essas reservas a governos estaduais, ao Tribunal de Contas da União (TCU), à Secretaria Geral da Presidência da República, e aos ministérios dos Transportes; de Minas e Energia; e da Defesa. A intenção é confrontar os dados com outros já enviados pela Funai e o Incra, que são os principais alvos da CPI na busca de supostas irregulari- Representantes indígenas fizeram várias manifestações no Congresso, no ano passado, contra a votação da PEC 215 tramitação mais rápida, semelhante à de medida provisória. O que mais se censura na proposta é que a criação de reservas indígenas se tornaria praticamente irrealizável, porque os projetos viriam do Executivo e, aqui no Congresso, não seriam encaminhados. Então, para evitar isso, obrigatoriamente nós iremos votar tão logo o Executivo encaminhe a proposta de criação da reserva. Alceu Moreira: não há indenização a proprietários dades na demarcação de terras indígenas e quilombolas. O presidente da CPI, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), argumentou que normalmente os donos de terras não recebem nenhuma explicação de por que suas propriedades serão demarcadas. Todos esses processos, na minha visão, já apresentam erro de origem ao não permitir que a outra parte tenha acesso aos Ambientalistas - Por outro lado, os movimentos socioambientais avaliam que a transferência da decisão de demarcações representaria o fim das mesmas, devido à força da bancada do agronegócio no Congresso. Segundo o deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA), integrante da Frente Parlamentar Ambientalista, os parlamentares ligados ao agronegócio pretendem que os 228 processos de homologação [de terras indígenas] sejam simplesmente sepultados, e os 144 processos sub judice sejam engavetados pela Justiça. Ao mesmo tempo, os processos pendentes, relacionados a terras quilombolas, também seriam definitivamente jogados no lixo da história. Tramitação - A PEC 215/00 tramita há quase 16 anos na Câmara e foi aprovada em comissão especial, em outubro do ano passado, após muito conteúdos desde o primeiro momento, afirmou. O outro problema é que os laudos antropológicos, pelo menos os que já analisamos, são inconsistentes, completou. Laudos A CPI já ouviu bate-boca entre os parlamentares. Na ocasião, PT, PCdoB, PV, Psol e Rede se manifestaram contra a proposta. Houve divisão no PSB, enquanto os demais partidos com representação na comissão aprovaram o texto. Alguns parlamentares já anunciaram que vão pedir a inconstitucionalidade da PEC 215/00 no Supremo Tribunal Federal (STF), caso a proposta seja aprovada no Congresso Nacional. CPI vai confrontar dados enviados por Funai e Incra Fotos: Gustavo Lima Edmilson Rodrigues: instrumento contra índios Antonio Augusto os antropólogos responsáveis pelos laudos que levam a Funai ou o Incra a definir se determinada área é ou não tradicionalmente indígena ou quilombola. Deputados avaliam que há laudos fraudulentos, como o usado para demarcar a Terra Indígena Guarani de Mato Preto, no Rio Grande do Sul. A antropóloga responsável pelo estudo, Flávia de Melo, defendeu na CPI a correção técnica e científica dos dados. Críticas - A CPI enfrenta críticas de alguns deputados por suposta falta de denúncias concretas que justifiquem a investigação. Para Edmilson Rodrigues (Psol- -PA), a CPI não passa de instrumento dos ruralistas contra indígenas e ambientalistas.

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