Resumo da palestra Pec Nordeste Patrícia de Menezes Gondim. Gestora Ambiental da SEMACE/Doutoranda em Ecologia e Recursos Naturais da UFC
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- Luiz Gustavo Aleixo Candal
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1 Resumo da palestra Pec Nordeste 2015 Patrícia de Menezes Gondim Gestora Ambiental da SEMACE/Doutoranda em Ecologia e Recursos Naturais da UFC Regularização Ambiental na Suinocultura A suinocultura é uma atividade pecuária bem consolidada no Brasil, com um mercado interno em franco crescimento, promovendo desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda. No entanto, os dejetos da suinocultura são potencialmente poluentes e capazes de causar degradação ambiental, sendo por isso, considerada uma atividade de alto risco pelos órgãos ambientais. Os efluentes brutos são compostos por fezes, urina, restos de ração, pêlos, e água desperdiçada nos bebedouro, apresentando elevados valores de DQO, DBO, fósforo, cobre, zinco, nitrogênio na forma orgânica e amoniacal. O potencial poluidor dos dejetos de suínos é cerca de quatro vezes ao dos dejetos humanos, sendo produzidos, em média, 6,7 kg de dejetos/dia/100 kg de peso vivo. Há inúmeros processos de tratamentos e/ou aproveitamento de resíduos orgânicos, destacando-se os processos biológicos, sejam os aeróbios (lodo ativado, lagoas de estabilização aeróbia, etc.), sejam os anaeróbios (biodigestores, lagoas de estabilização anaeróbia,etc.) para o tratamento de efluentes. A instalação de tanques decantadores nas propriedades e lagoas de estabilização reduzem a carga orgânica do efluente. É altamente recomendável que as lagoas de estabilização sejam revestidas internamente para impedir a infiltração do dejeto no solo. Este procedimento é recomendado mesmo em solos com grande capacidade de impermeabilização, como solos argilosos, pois os riscos ambientais associados à possibilidade de contaminação do solo e água são muito altos quando consideram-se as características do dejeto suíno. O manejo de carcaças e restos de parição também deve ser considerado quando se objetiva minimizar os impactos ambientais da suinocultura. Esses tipos de resíduos sólidos gerados devem ser destinados à compostagem em substituição às fossas sépticas, que contaminam o lençol freático com o chorume desprendido das mesmas. As atividades, obras ou empreendimentos potencialmente utilizadores de recursos ambientais no Estado do Ceará estão sujeitos ao licenciamento ambiental gerido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente SEMACE através da Resolução COEMA N 04, de 12 de abril de Esta resolução dispõe sobre a atualização dos procedimentos, critérios,
2 parâmetros e custos aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente SEMACE. Em seu artigo 2, a resolução afirma que estão sujeitos ao licenciamento ambiental a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e funcionamento de estabelecimentos, empreendimentos, obras e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e/ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. A suinocultura está inserida nas atividades licenciáveis do grupo agropecuária (criação de animais sem abate) com Potencial Poluidor-Degradador PPD Médio.* *O Potencial Poluidor-Degradador PPD do empreendimento, obra ou atividade objeto do licenciamento ou autorização ambiental classifica-se como Baixo - B, Médio - M ou Alto - A. A classificação do porte dos empreendimentos, obras ou atividades é determinada em 6 (seis) grupos distintos: a) Menor que Micro (<Mc); b) Micro (Mc); c) Pequeno (Pe): d) Médio (Me); e) Grande (Gr); f) Excepcional (Ex). Algumas atividades possuem limite mínimo para início da classificação como porte micro, a partir do qual o empreendedor deverá licenciar seu empreendimento. Portanto, não é exigida licença/autorização ambiental para a obra ou atividade que se enquadre abaixo do valor apontado como limite mínimo para respectiva obra ou atividade, sendo classificada como porte menor que micro (<Mc). Nos empreendimentos enquadrados abaixo do limite mínimo, o empreendedor pode, caso haja necessidade de atestado de dispensa, gerar declaração de conformidade no sítio eletrônico da SEMACE. Para a suinocultura, a classificação do porte do empreendimento se dá da seguinte forma: a) porte micro (> cabeças); b) porte pequeno (> cabeças);
3 c) porte médio (> cabeças); d) porte grande (> cabeças); e) porte excepcional (> 5000 cabeças). Os valores dos custos operacionais a serem pagos pelo interessado para a realização dos serviços concernentes à análise e expedição das licenças ambientais são fixados em função do Porte e do Potencial Poluidor-Degradador PPD do empreendimento e depende, também, do tipo de licença (LP, LI, LO e LS). Os valores dos custos incidem sobre empreendimentos ou atividades localizados até 100 Km da sede da SEMACE em Fortaleza, ou da representação regional mais próxima ao empreendimento, obra ou atividade (neste caso, quando a abertura do processo de licenciamento se faz nos escritórios da SEMACE em Sobral ou no Crato). Caso as distâncias estejam situadas acima de 100 km, vão sendo acrescidas porcentagens aos custos, de acordo com a Resolução COEMA 04/2012. As microempresas e os microempreendedores individuais* são isentos do pagamento de tais custos. *Microempresas e microempreendedores individuais são aqueles que estão inscritos nos bancos de dados da Receita Federal do Brasil ou da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceara SEFAZ/CE. As etapas do licenciamento ambiental de suinocultura são: I Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. II Licença de Instalação (LI): autoriza o início da instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos executivos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. III Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade, obra ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento das exigências das licenças anteriores (LP e LI), bem como do adequado funcionamento das medidas de controle ambiental, equipamentos de controle de poluição e demais condicionantes determinados para a operação. IV Licença Simplificada (LS): é concedida quando se tratar de licenciamento de:
4 a) porte micro com área total construída: 1 10 ha; b) porte pequeno com área total construída: 1 5 ha; c) porte médio com área total construída: 1 ha. O pedido de licença deve ser encaminhado à SEMACE mediante requerimento padrão preenchido e assinado pela parte diretamente interessada ou seu representante legal (neste caso, é exigido o instrumento procuratório com firma reconhecida). Deve, também, acompanhar da documentação discriminada na Lista de Documentos-Check List, fornecida pela SEMACE e o comprovante de recolhimento do custo relacionado à solicitação de Licenças e Serviços, além de outras exigências a critério da SEMACE, desde que legalmente justificadas (p.ex: Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório EIA/RIMA para atividades ou empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental, e outros estudos ambientais mais simplificados como o Estudo de Viabilidade Ambiental - EVA). Os simuladores de checklists e de custos do licenciamento, dentre outros documentos estão disponibilizados no site da SEMACE no seguinte endereço: O site direciona para o no qual é necessário fazer cadastro para ter acesso às simulações. Uma vez obtida a licença, o empreendedor deve se atentar para a necessidade de alteração da licença caso ocorra ampliação ou alteração do empreendimento, obra ou atividade, bem como modificação no contrato social destes ou qualificação de pessoa física. Quando da renovação da LP ou LI, caso seja requerido com abertura de processo em até 60 (sessenta) dias antes do término de sua validade, esta fica automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva da SEMACE. O mesmo ocorre para renovação da LO, caso seja requerido com abertura de processo em até 120 (cento e vinte) dias antes do término de sua validade. Caso o interessado protocole o pedido de renovação antes do vencimento da licença, porém após os prazos mencionados acima, não terá direito à prorrogação automática da validade da licença. Expirado o prazo de validade da licença sem que seja requerida a sua renovação fica caracterizado como infração ambiental, sujeitando o infrator às penas previstas em lei, observados o contraditório e a ampla defesa. O interessado precisa apresentar anualmente, a contar da data de expedição da respectiva Licença Ambiental (LP, LI ou LO), um Relatório de Acompanhamento e Monitoramento Ambiental-RAMA dos planos e programas de gestão ambiental das atividades, obras ou empreendimentos potencialmente utilizadores de recursos ambientais licenciados, mediante o pagamento do custo de sua análise à SEMACE.
5 Prazo de validade das licenças, de acordo com a Resolução COEMA N 04/2012 PPD (Potencial Poluidor Degradador) Licença Prévia Licença de Instalação Licença de Operação BAIXO 4 ANOS 4 ANOS 5 ANOS MÉDIO 3 ANOS 3 ANOS 4 ANOS ALTO 2 ANOS 2 ANOS 3 ANOS A licença simplificada tem validade de 2 anos e a regularização da licença tem validade de acordo com o MENOR PRAZO do tipo de licença. Por exemplo: uma regularização de licença de operação terá uma validade de 3 anos. Bibliografia AMARAL. A. L. et al. Boas Práticas de Produção de Suínos. Circular técnica da Embrapa Nº 50. KUNZ, A. et al. Recomendações para uso de esterqueiras para armazenagem de dejetos de suínos. Comunicado Técnico 361. BERTONCINI, E. I. Dejetos da suinocultura desafios para o uso agrícola. Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Centro Sul/APTA. Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos / Elaboração de Conteúdo Técnico Alexandre César Dias...[et al.]. Brasília, DF: ABCS; MAPA; Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, p. PERDOMO, C.C.; CAZZARÉ, M. Sistema Dalquim de tratamento de resíduos animais. Concórdia: EMBRAPA/CNPSA, (Comunicado Técnico, 284).
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