REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS - UMA VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA CALÇADISTA DE JOÃO PESSOA - PB
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- Ana Lívia Borges Chaves
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1 REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS - UMA VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA CALÇADISTA DE JOÃO PESSOA - PB Ana Beatriz Barros Souza (UFPB ) ana_bbeatriz@hotmail.com Moises Rodrigues Cavalcanti (UFPB ) moisescavalcantii@gmail.com Douglas Guilherme Lopes Ferreira da Silva (UFPB ) dougui.guilherme17@gmail.com Natalia Machado da Silva (UFPB ) nataaliape@hotmail.com Dentre as técnicas que trazem benefícios ambientais e econômicos destaca-se a reciclagem que traz grande economia de recursos para a empresa além de preservar o meio ambiente melhorando assim, a qualidade de vida da sociedade. Diante do expposto, o presente artigo tem por objetivo demonstrar as possíveis alternativas de viabilidade econômica e ambiental no processo de reaproveitamento de resíduos industriais. Trata-se de um estudo de caso em uma empresa do ramo calçadista situada no Distrito Industrial de João Pessoa. O referencial teórico forneceu a base sobre impactos causados pela disposição inadequada de resíduos e os principais conceitos de sustentabilidade e gerenciamento ambiental. Os dados foram coletados através de entrevista/questionário com o Supervisor de Segurança e o resultado obtido a partir de análise feita com o material coletado foi que a empresa segue as principais normas de sustentabilidade. Palavras-chaves: Sustentabilidade, Viabilidade econômica, Resíduos, Reciclagem
2 1. Introdução Resíduo industrial, vulgarmente chamado de lixo industrial, é o resíduo proveniente de processos industriais. É muito variado o processo de produção industrial o que gera grande variedade de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Diferentes são as indústrias e também os processos por elas utilizados e assim os dejetos resultantes. Alguns podem ser reutilizados ou reaproveitados. A liberação de resíduos ou produtos não necessários da indústria para o ambiente pode causar a poluição do ar, da água e do solo. Os resíduos industriais são atualmente considerados uma problemática ambiental, devido ao grande volume gerado, a presença de materiais perigosos ao meio ambiente, à saúde pública e à dificuldade crescente de se conseguir áreas para a sua disposição. Assim torna-se importante para a indústria conhecer a caracterização dos resíduos por ela gerados, principalmente quanto a sua periculosidade, as formas adequadas de armazenamento, transporte e disposição. Os programas de tratamento dos resíduos afetam diretamente a sustentabilidade ambiental e ainda oferece um novo meio para a obtenção de receitas geradas pela venda desses materiais, o que também atinge o setor econômico, possibilitando a criação de novos programas relacionados à área. Atitudes como essas, fazem com que o nível de poluição e impactos causados por esses despejos sejam reduzidos, além de oportunizar e conscientizar a sociedade. Vale ressaltar ainda que alguns órgãos fiscalizadores exigem das empresas licenças que são renovadas a cada período, que estabelecem as condições para que a atividade ou o empreendimento cause o menor impacto possível ao meio ambiente. Por assim dizer, este projeto despertou interesse para estudo e tem como objetivo demonstrar as possíveis alternativas de viabilidade econômica e ambiental no processo de reaproveitamento de resíduos industriais. 2. Referencial teórico Devido ao crescimento populacional e a grande produção de resíduos, a indústria faz uso desordenado dos recursos naturais com o intuito de acompanhar esse crescimento, gerando assim uma má qualidade de vida (doenças, catástrofes ambientais, entre outros). Diante disso, torna-se imprescindível a preservação ambiental, buscando uma melhor qualidade de vida. 2
3 Desta forma, a Sustentabilidade representa para as empresas o desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de satisfazer as necessidades das futuras gerações. Este modelo poderia evitar abusos na exploração e no consumo dos recursos naturais, promovendo a igualdade e a segurança de todos os povos. Uma economia sustentável pode continuar a se desenvolver, mas com algumas adaptações oriundas de avanços do conhecimento técnico e científico dos sistemas organizacionais e da eficiência dos seus processos (MALHADAS, 2001). A sustentabilidade empresarial é um conceito de suma importância e que deve ser difundido no mercado empresarial como um todo. A civilização humana não pode mais desperdiçar oportunidades e desprezar os danos que foram provocados ao meio ambiente. Partindo do raciocínio de que a sustentabilidade econômica deve estar adaptada aos níveis de produtividade com a conservação dos recursos naturais e a consequente preservação da biodiversidade, obtêm a variável ambiental, como uma preocupação das pequenas empresas. (VIEIRA, 1999, p.169). Segundo Macedo (1994, p. 110) a visão geral da sustentabilidade ambiental pode ser sinteticamente resumida por gestão de processos, gestão de resultados, gestão de sustentabilidade e gestão do plano ambiental: Gestão de Processos - exploração de recursos, transformação de recursos acondicionamento de recursos; transporte de recursos; aplicação e uso de recursos; quadros de riscos ambientais; situações de emergência. Gestão de Resultados - Emissões gasosas; efluentes líquidos; resíduos sólidos; particulados; odores; ruídos e vibrações e iluminação. Gestão de Sustentabilidade - qualidade do ar; qualidade da água; qualidade do solo; abundância e diversidade da flora; abundância e diversidade da fauna; qualidade de vida do ser humano; imagem institucional. Gestão do Plano Ambiental - Princípios e compromissos; política ambiental; conformidade legal; objetivos e metas; programa ambiental; projetos ambientais e ações corretivas e preventivas. Seguindo esse pensamento, Tinoco (2004, p. 63) afirma que o meio ambiente pode ser medida ou vislumbrado com formato de organização, para a aquisição da condição ambiental almejada. Ela incide em um aparato em conceitos que apontam ter domínio sobre o impulso que poderá haver atividade no meio ambiente, atividade esta que pode ser desenvolvida de acordo com a necessidade da comunidade e dos subsídios que são fornecidos. 3
4 Antonius (1999, p. 3) revela que de modo geral, o gerenciamento ambiental pode ser conceituado como a integração de sistemas e programas organizacionais que permitam: controle e redução dos impactos no meio ambiente, devido às operações ou produtos; cumprimento de leis e normas ambientais; desenvolvimento e uso de tecnologias apropriadas para minimizar ou eliminar resíduos industriais; monitoramento e avaliação dos processos e parâmetros ambientais; eliminação ou redução dos riscos ao meio ambiente e ao homem; utilização de tecnologias limpas, visando minimizar os gastos de energia e materiais. A questão ambiental tornou-se tão importante em nossa sociedade que não há como voltar ao tempo em que poucos administradores se preocupavam com os efeitos das decisões de produtos e de marketing sobre a qualidade ambiental, uma vez que o novo ambientalismo está levando muitos consumidores a reconsiderarem os produtos que compram e de quem compram. Essa mudança na atitude dos consumidores gerou um novo impulso de marketing o marketing verde, um movimento das empresas para criar e colocar no mercado produtos responsáveis com relação ao meio ambiente. As empresas comprometidas com o verde tentam não apenas desenvolver uma limpeza ambiental, mas também evitar a poluição. O verdadeiro trabalho verde exige que se pratique uma administração de três Rs em termos de resíduo: reduzir, reusar e reciclar, os quais devem ser absorvidos, praticados e divulgados. (KOTLER; ARMSTRONG, 19998). A Gestão Ambiental visa ainda limitar os danos ao meio ambiente causados pelas atividades industriais. O projeto organizacional sustentável busca criar organizações com visão sistêmica, global, abrangente e holística (ANDRADE, 2000). Os impactos causados pela disposição inadequada de resíduos sólidos podem resultar na contaminação das águas, do ar ou do solo. A contaminação do solo pode ocorrer quando a disposição final de resíduos é feita de maneira inadequada, possibilitando que poluentes afetem o ambiente quando arrastados com água, lixiviados ou solubilizados (ZULAUF, 1977). Duas alternativas, não excludentes, podem ser consideradas quando se busca a redução dos custos de deposição e tratamento de resíduos: a redução do volume de resíduos produzidos e a reciclagem dos resíduos. A redução do volume de resíduos produzidos apresenta, sempre, limites técnicos difíceis de ultrapassar em uma determinada base tecnológica. A reciclagem ou reutilização dos resíduos não apresenta, a priori, nenhum limite desta natureza e é a única 4
5 maneira de tratá-los que pode gerar recursos financeiros (JOHN, 1997). Além disso, a reciclagem é uma necessidade para a preservação do ambiente, não apenas pelo risco de contaminação ambiental representado pelos resíduos, mas também pela possibilidade de reduzir o consumo de energia e recursos naturais não-renováveis, viabilizando o desenvolvimento sustentável. Uma nova maneira que surgiu buscando-se produzir em maior quantidade, com maior qualidade e com menor consumo de matérias-primas, água e energia, aumentando a competitividade do produto e ainda trazendo benefícios à qualidade de vida foi a Ecoeficiência. De acordo com Furtado (2001), esse modelo reduz os impactos ambientais e ainda reduz os custos de produção, oferecendo benefícios econômicos, ambientais e até mesmo sociais, visto que cria produtos inovadores. Dessa forma, uma empresa que apresente eco-eficiência, reduz a quantidade de recursos naturais consumido, preservando, assim, o meio ambiente e ao mesmo tempo em que aumenta sua competitividade no mercado por estar reduzindo os custos da empresa, aumentando a lucratividade, criando novos produtos e serviços que possibilitem uma melhora na qualidade de vida dos indivíduos, possibilitando um aumento no conforto da sociedade. De acordo com Lemos & Nascimento (1998), este novo conceito está sendo adotado aos poucos pelas empresas devendo-se em grande parte a fatores externos, como a pressão por parte da sociedade, dos governos, das instituições financeiras internacionais, a pressão decorrente da acirrada concorrência, as pressões de organizações não governamentais (ONGs), os conceitos novos referentes a sistemas de qualidade total e ISO 9000, gestão ambiental, certificação ambiental (BS-7750 e Norma ISO14000) e produtos que sejam detentores de selos verdes (produtos que desde suas origens possuam elevado padrão de comprometimento com a variável ambiental), dentre outros. Da mesma forma, para Donaire (1995, p.50), a globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade ambiental esperadas na ISO 14000, a conscientização crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental nas escolas permitem antever que a exigência futura que farão os futuros consumidores em relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida deverão intensificar-se. Donaire (1995) aponta ainda como oportunidades, entre outras, a reciclagem de materiais, trazendo grande economia de recursos para as empresas; o reaproveitamento dos resíduos 5
6 internamente ou sua venda para outras empresas através de Bolsas de Resíduos; o desenvolvimento de novos processos produtivos com a utilização da produção mais limpa, que trazem vantagens competitivas e até possibilitam a venda de patentes; e o desenvolvimento de novos produtos para um mercado cada vez maior de consumidores conscientizados com a questão ecológica. Para Duston (1993), citado por Calderoni (2003), reciclagem é um processo através do qual qualquer produto ou material que tenha servido para os propósitos a que se destinava e que tenha sido separada do lixo é reintroduzido no processo produtivo e transformado em um novo produto, seja igual ou semelhante ao anterior, seja assumindo características diversas das iniciais. O crescimento e a consolidação do mercado para produtos recicláveis oferece oportunidade de obter grandes ganhos econômicos, seja para a sociedade como um todo, seja para cada um dos segmentos envolvidos, sobretudo para a indústria. Contudo, a reciclagem, por maior que seja sua importância ambiental e econômica, não pode desenvolver-se de modo automático (CALDERONI, 2003). Biddle (1993) completa o pensamento de Calderoni quando diz que a reciclagem pode se tornar uma vantagem competitiva para uma empresa. De acordo com este autor, o sucesso da reciclagem, na verdade, não depende de quanto espaço de aterro é economizado, mas sim se a reciclagem faz sentido econômico. Assim, a reciclagem de resíduos sólidos é um negócio, possibilitando a obtenção de ganhos econômicos. O processo de reciclagem envolve a coleta seletiva, triagem, beneficiamento e acondicionamento e armazenamento. A coleta seletiva consiste na separação, na própria fonte geradora, dos componentes que podem ser recuperados, mediante um acondicionamento distinto para cada componente ou grupo de componentes. Na etapa de triagem, o lixo é novamente separado por tipo de material (papel e papelão, plástico, vidro e sucatas metálicas) para o posterior reaproveitamento do mesmo (COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM CEMPRE, 1998). No que diz respeito a investimentos ambientais, Ferreira (2003) salienta que a formação de investimento em meio ambiente está relacionada à decisão da empresa de desenvolver um projeto para prevenir, recuperar ou reciclar. Em estudo desenvolvido por Melo e Vieira (2003) foi constatado que o investimento na preservação ambiental exerce influência positiva e 6
7 significativa na construção e fortalecimento da imagem corporativa das empresas, devendo ser considerado quando da definição do plano estratégico das empresas. 3. Metodologia A metodologia utilizada para realização desta pesquisa caracteriza-se como indutiva. Para analisar as possíveis alternativas de viabilidade econômica e ambiental no processo de reaproveitamento de resíduos industriais na fábrica de calçados, houve um planejamento e teve como base pesquisas bibliográficas, informações adquiridas com o Supervisor de Segurança na visita de campo e dados coletados em entrevista de opinião. Tal fato contribuiu com a visualização real da situação do objeto de estudo. Quanto à abordagem, o estudo se caracteriza como qualitativo, uma vez que, segundo Richardson (1999), este modo de pesquisa consiste em uma tentativa de compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas. Enfatiza-se que nesse tipo de abordagem podem-se realizar análises minuciosas em relação ao fenômeno estudado. No dia 11 de março de 2013 realizou-se a visita na fábrica de calçados, onde foram colhidos dados e informações sobre as condições, perspectivas, interesses da empresa. Todo o fluxo produtivo foi objeto de análise e estudo, inclusive distinguindo o processo produtivo do resíduo gerado, além de identificar sua utilização por empresas terceirizadas em reciclar o resíduo. Para tornar a visita técnica realizada na fábrica de calçados mais proveitosa e objetiva, foram elaborados alguns formulários de captação de dados. Entre os formulários, merecem destaque aqueles destinados a obtenção do volume produzido pela fábrica e a quantidade de resíduos gerados. A análise das informações coletadas foi feita de forma qualitativa sempre buscando interpretar os dados obtidos a partir da base teórica levantada. É pertinente destacar que todos os dados utilizados para realização deste artigo, objetivando subsidiar a avaliação da viabilidade econômica e ambiental, tem um nível de confiabilidade elevado, visto que foram fruto de informações reais, colhidos junto com o supervisor e observação feita na visita. 7
8 Portanto, esta foi à metodologia empregada na determinação da viabilidade ambiental e econômica da fábrica de calçados no Distrito Industrial de João Pessoa, estado da Paraíba, seguindo-se a explanação dos resultados encontrados. 4. Resultados As questões ambientais na fábrica de calçados são bem identificadas e caracterizadas pela consciência ambiental. Existem três licenças ambientais atuante na empresa a SUDEMA, IESA e IBAMA. Estes órgãos enviam um formulário para a empresa que deve ser preenchido e retornado em um prazo de 2 meses(fevereiro à Março). Este formulário que é enviado uma vez por ano tem o intuito de controlar os materiais usados na produção, desde a matéria prima até o produto final que neste caso são espuma, plástico, papel, papelão e metal, assim o volume de produção da empresa é acompanhado mensalmente e posteriormente comparado aos respectivos meses nos anos anteriores. Foi observada uma dificuldade da empresa para renovação de licenças ambientais, pois alguns órgãos dependem de outros para que sejam gerados os certificados. É feito um pedido prévio da licença, cerca de 3 meses antes da data de validade expirar, pois alguns desses órgãos públicos demoram bastante tempo para que seja feita a visita de inspeção na empresa, ou seja, o serviço é muito burocrático. Após a auditoria é emitido um certificado, que pela nova lei deve ser exposto em um lugar visível na empresa, além de ter um responsável formado na área exigida para administrar as mesmas. Atualmente, não só a empresa, como o mundo inteiro está preocupada com o meio ambiente. Com base nessas questões, anualmente a empresa faz uma campanha com ferramentas(dds Diálogo Direto de Segurança e SSMA - Segurança, Saúde e Meio Ambiente) falando sobre a questão do meio ambiente, de como economizar energia, água, a redução de resíduos além de utilizar de oficinas como teatrinhos com o intuito de chamar a atenção dos funcionários de forma dinâmica sobre a importância da reciclagem. Do mesmo jeito que a empresa controla o TFA e TFG que são indicadores e segurança, eles têm uma preocupação também com os indicadores de energia elétrica. A empresa de calçados 8
9 em estudo utiliza de gráficos e cada ano traçam metas. O consumo de energia e água por exemplo, são controlados com gráficos de tendências, metas e resultados. As metas são atingidas através de campanhas de conscientização; Nas auditorias, por exemplo, se houver alguma torneira com vazamento é feito um pedido para fazer a manutenção da mesma, a questão da energia, quando o funcionário sair de um ambiente ter a consciência de desligar a lâmpada, substituição de caixa de descarga por tubulação com registro (no qual o consumidor é capaz de controlar a quantidade de água), mudança da tarifa de energia elétrica. O Modelo de gerenciamento pela empresa engloba basicamente as seguintes metas: - Reduzir o desperdício, diminuindo consequentemente a concentração de resíduo; - Consolidar o sistema de coleta dos resíduos; - Utilizar empresa contratada com o objetivo de assessorar o gerenciamento; - Manter atualizada as informações de resíduos gerados; - Solicitar dos receptores da empresa o licenciamento do órgão ambiental; - Melhorar a adequação central dos resíduos; - Realizar treinamentos com todos os empregados Com relação aos resíduos, a empresa tem um controle através de planilhas e tabelas, onde um funcionário faz a anotação do peso dos resíduos diariamente, que posteriormente é vendido para empresas terceirizadas para reciclagem. Nessas planilhas eles lançam o volume que foi produzido pela fábrica e a quantidade de resíduos gerados(o cálculo sempre é feito de resíduos por unidades produzidas). Para os resíduos que são vendidos às empresas terceirizadas existe uma tabela de preço para cada tipo de produto (plástico, madeira, espuma, laminado, papelão, borracha), o que vai de acordo com o pensamento de Kraener (2007) quando diz que os resíduos apresentam-se nos estados sólidos, gasoso e líquido. Desta forma, o resíduo industrial é bastante variado, podendo ser representado por plásticos, papel, madeira, borracha, metal, vidros, espuma, sintético, dublados, panos, etc. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico e esse tipo de resíduo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de degradação do meio ambiente. Muitos pares desses resíduos são transformados em sofás, o plástico volta novamente a ser plástico, o papelão retornam para a reciclagem, os laminados servem para a fabricação de 9
10 telhas, os metais vão para indústrias de aço, já a lâmpada tem uma empresa especializada que separa o mercúrio do vidro. O preço pago pela empresa para tratar das lâmpadas depende do volume enviado. Outro resíduo produzido é o couro, que é enviado para a incineração. A empresa tem a licença de operação da Sudema que diz os condicionantes que devem ser feitos pela empresa, então a empresa manda incinerar o couro e recebe um certificado que comprova deu o destino correto. A empresa conta ainda com um programa de gerenciamento de resíduos sólidos(prgs) nele são oferecidos dados como da empresa como o tamanho, a quantidade de matéria prima utilizada. Em 2012 como em todos os anos, é feita uma planilha para análise estatística dos dados relacionados aos resíduos. Cerca de 70% dos resíduos da empresa são reciclados, cerca de 21% do lixo geral que é constituído de lixo comum do dia-a-dia são levados para aterros sanitários e os 9% de resíduos não processados (produtos que não tem possibilidades de ser reciclado ex:. couro, óleo, EPI s) são levados para outras empresas e são incinerados ou passam por outro tratamento antes de ser jogado na natureza neste caso o óleo. Gráfico 1 Índice de reciclagem na empresa Fonte: autoria própria, A NBR /2004 caracterizou e classificou os resíduos sólidos em classes, em função do nível de risco que podem oferecer ao ser humano e a natureza (GADELHA 2010): 10
11 - Classe I (Perigosos): Levando-se em consideração suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar riscos á saúde pública e ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada; Exemplo do couro, mercúrio da lâmpada, solventes, tintas, porém os solventes e tintas são vendidos para outras empresas que reciclam esses materiais. O couro, resíduo laboratorial é queimado, o óleo é pago pela empresa para que outra empresa que possui licença realize seu tratamento. - Classe II (Não Inertes): são resíduos não classificados como perigosos ou inertes, incluindose nesta classificação aos resíduos orgânicos em geral, como restos de alimentos; - Classe III (Inertes): são aqueles resíduos que não apresentam periculosidade ao homem e ao meio ambiente. Tabela 1 Tempo de degradação dos resíduos industriais Fonte: autoria própria, A única certeza que se pode ter em relação ao manuseio inadequado, da falta de seleção e principalmente da forma em que o lixo será eliminado, é que a biodiversidade já degradada atualmente ficará cada vez menor, além de que toda a população será prejudicada pelas doenças geradas pelo lixo, pela poluição atmosférica, da água e do solo, os quais são fatores indispensáveis e insubstituíveis para a vida humana e todo o ser vivo. As constantes da viabilidade econômica da fábrica de calçados aqui concluídas, associadas aos resultados a serem obtidos com novos estudos que venham a ser realizados nesta linha de pesquisa, servirão para balizamento para decisões administrativas futuras, que poderão se for 11
12 o caso melhorar o destino dos resíduos bem como aumentar o número de agregado reciclado, contribuindo cada vez mais para a preservação do meio ambiente. 5. Conclusão O presente estudo objetivou demonstrar as possíveis alternativas de viabilidade econômica e ambiental no processo de reaproveitamento de resíduos industriais, observando as ações administrativas dos gestores em relação à reciclagem, possibilitando verificar as melhores alternativas para se avaliar a viabilidade econômico-sustentável. Os métodos empregados na obtenção dos resultados estão baseados na elaboração de um questionário, coleta de dados e explanação pelo supervisor da área de estudo que veiculou informações necessárias para estimular a pesquisa. Os projetos gerados pela empresa para garantir a preservação do meio ambiente, são fundamentais para que os setores da sociedade organizada se unam para solucionar questões como os resíduos industriais, bem como promover projetos sociais para a comunidade presente nessa esfera. A tendência atual que se observa é que esse cenário seja cada vez mais intensificado principalmente pela exigência legal hoje da logística reversa onde os produtores devem receber de volta seus produtos. Considerando que os resíduos industriais são de responsabilidade da sua fonte geradora, ou seja, a indústria é responsável por dar correta destinação final ao resíduo que produz. As medidas observadas a partir da implantação desses projetos possibilita a ponderação das situações demonstradas e ampara a tomada de decisões, como meio de minimizar os efeitos negativos da geração de resíduos sobre o meio ambiente e incentivar a economia. 6. Referências ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy e CARVALHO, Ana Barreiros de. Gestão ambiental.2.ed. São Paulo: Makron Books, ANTONIUS, P. A. J. A exploração dos recursos naturais face à sustentabilidade e gestão ambiental: uma reflexão teórico-conceitual. Belém PA: NAEA, p. BIDDLE, David. Recycling for Profit: The New Green Business Frontier. Harvard Business Review. Nov- dec,
13 CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. ln:. O mercado de reciclagem e o papel do governo. 4ª ed. São Paulo: Humanitas. Editora, 2003b p. COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM CEMPRE. Guia de coleta seletiva de lixo. São Paulo: Compromisso empresarial para reciclagem, p. DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São Paulo, Atlas, FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza. Contabilidade Ambiental: uma informação para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atlas, FURTADO, João. Administração da Eco-eficiência em empresas no Brasil: Perspectivas e necessidades. VI. GADELHA, C. Tópicos em saneamento e drenagem urbana. João Pessoa. UFPB JOHN, V. M. A construção, o meio ambiente e a reciclagem. Disponível em:< Acesso em: 14 jan KOTLER, P.;ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 7.ed. Rio de Janeiro: Atlas, p. KRAENER, Maria Elisabeth Pereira. A questão ambiental e os resíduos industriais. Disponível em: < trabalhos.com.br/residuos-industriais/residuos-industriais.shtml>. Acesso em: 16. Mai MACEDO R. K., Gestão Ambiental. Os instrumentos básicos para a gestão ambiental de territórios e de unidades produtivas. Rio de Janeiro MALHADAS, Z. Z. Dupla ação: conscientização e educação ambiental para a sustentabilidade. Nimad - Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná, MELO, Marne Santos de; VIEIRA, Paulo Roberto da Costa. Imagem Corporativa e Investimento na Preservação do Meio Ambiente: a nova tendência da agenda estratégica. In: EnANPAD, , Atibaia. Anais... São Paulo: ANPAD, , CD-ROM. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. revista e ampliada. São Paulo: Atlas, TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, ZULAUF, W. E. Resíduos Sólidos Industriais. In: SEMINÁRIO DE UTILIDADES, 2, 1977, São Paulo. Anais... São Paulo: CETESB-ABLP, p Apêndice 7.1 Questionário econômico e ambiental aplicado na fábrica de calçados, composto por perguntas objetivas, as quais seguem abaixo: 1. A empresa segue a ISO 14001? 2. Qual o tratamento dado pela empresa aos resíduos gerados durante a produção? 3. Quais os impactos ambientais produzidos pela empresa e como são gerenciados esses impactos do ponto de vista da reposição ambiental? 4. De que forma o reaproveitamento dos resíduos influencia na economia da empresa? 5. Qual dos dois aspectos (ambiental ou econômico) tem maior influencia na realização de atividades que reaproveitam os resíduos industriais? Por quê? 13
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