Os maus-tratos a crianças adoptadas. Maria de Lassalete Macedo Duarte Nº de aluno Sociologia Fontes de Informação Sociológica

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1 Os maus-tratos a crianças adoptadas. Maria de Lassalete Macedo Duarte Nº de aluno Sociologia Fontes de Informação Sociológica Coimbra, 2004

2 Índice Introdução... 1 Descrição da pesquisa. 2 Estado das artes... 3 Desenvolvimento. 5 A família Maus-tratos infantis em famílias recompostas Ficha de Leitura Avaliação da página web Etapas de pesquisa...13 Conclusão Referências bibliográficas..15 Anexo A: texto de suporte da ficha de leitura. Anexo B: página web avaliada.

3 Introdução Foi no âmbito da cadeira de fontes de informação sociológica que realizei este trabalho. Escolhi o tema relativo à adopção por achar o mais actual e pertinente, como explico mais adiante no Estado das artes. É aqui tratado não só o tema da adopção, mas também os maus tratos de que algumas crianças adoptadas são vítimas. Este trabalho foi para mim muito interessante de realizar, por me permitir conhecer a adopção de um outro ponto de vista, refiro-me às famílias recompostas. Quando se fala em adopção pensa-se sobretudo nas instituições que acolhem crianças abandonadas pelos pais ou que por serem negligenciadas foram retiradas da família. E esquecemo-nos por vezes de outras dimensões sociais que a adopção pode ter como por exemplo o caso dos padrastos e das madrastas e o lugar que estes ocupam na família. Por vezes estes pais adoptivos serão vítimas do senso comum, já que ao realizar este trabalho me foi permitido observar que a imagem que a sociedade tem acerca do seu papel social é negativa. Este trabalho tem pelo seu cariz actual especial interesse. Mas é sobretudo pela forma como aborda a adopção que espero que as pessoas que o leiam, nele encontrem uma forma diferente de observar o fenómeno da adopção. Isto é, existem várias formas de adopção e aqui será apenas tratada aquela em que um dos pais é pai biológico e o outro é pai adoptivo. Isto acontece quando as famílias se reconstituem, por morte de um dos cônjuges, separação ou divórcio, dando lugar a que um novo elemento se venha juntar à família (madrasta ou padrasto). A alusão a contos de fadas como o da Cinderela ou da Branca de neve, fazem-nos recuar no tempo e pensar que afinal a má imagem conferida aos padrastos e às madrastas remonta já a alguns séculos. 1

4 Descrição da pesquisa Após ter escolhido que iria fazer a minha pesquisa acerca da adopção, procurei decidir o que tratar dentro desse assunto, uma vez que é demasiado vasto. Para começar a procurar informação sobre o tema da adopção, recorri primeiramente à biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. De facto existe alguma informação sobre a adopção disponível na nossa Biblioteca, mas foi na Biblioteca Geral que encontrei o livro recomendado pelo professor Paulo Peixoto e que me serviu de base para o trabalho. Foi ao ler este livro que me apercebi que a forma como o assunto aparece tratado tem uma visão inovadora. As teorias de Darwin acerca do comportamento animal aliadas à explicação dos comportamentos humanos são muito interessantes. Contando também com a alusão aos contos de fadas como o de Cinderela ou da Branca de Neve, que realmente retratam a vida real podem ser vistos numa nova perspectiva. Nunca tinha visto estes contos, antes, como fazendo parte da realidade. Para mim, eles apenas existiam nos livros. Apercebi-me de que pesquisar um assunto já tratado por autores que têm formação para isso nos faz pensar nas coisas de uma maneira que sozinhos nunca lá chagávamos. Seguidamente, a Internet trouxe também algumas informações que me ajudaram a olhar para a questão da adopção com outros olhos. Lá podemos encontrar entrevistas, histórias de vida, artigos de jornais e revistas que completam o nosso pensamento e nos ajudam a formar as nossas próprias ideias acerca da adopção. Não posso também esquecer-me das pessoas com quem falei, colegas e família, cada um deu o seu ponto de vista. Ou não fosse esta também uma forma de pesquisa. É muito bom debater ideias para formarmos a nossa opinião. 2

5 Estado das artes A pertinência deste tema não podia ser mais evidente, já que vivemos uma época em que estamos todos especialmente sensibilizados para os direitos das crianças. Refiro-me ao enorme escândalo Casa Pia, que para além de abalar a questão dos direitos da criança afecta também a credibilidade das instituições que protegem crianças que pelas mais diversas razões não tiveram uma família biológica que as acolhesse. Todas as sociedades estabelecem regras que definem as relações entre indivíduos e a sua descendência. (Amaro, 1993). Regras essas que tanto podem referir-se à transmissão de propriedade (bens), como à herança de cargos públicos, estando também relacionadas com os direitos e os deveres das crianças. Contudo, há que reconhecer que esta relação entre adultos e crianças, onde existem direitos e deveres entre ambas as partes, não exige que o laço que os une seja de origem biológica quando estamos a referir-nos à família. A instituição social da adopção é quem muitas vezes estabelece os laços sociais de parentesco entre pais e filhos, definindo socialmente estes laços como equivalentes aos laços de sangue. Em torno desta questão, existe um conjunto de factores que vão todos ao encontro do mesmo ponto: A questão das obrigações e dos deveres dos pais adoptivos para com a criança. Os pais adoptivos que recorrem a instituições para obter uma criança, estão sujeitos a uma investigação dos serviços de adopção. É o dever destas instituições averiguar as condições económicas e emocionais destes casais antes de lhes entregar uma criança. Mas quando o pai adoptivo é mais do que isso, é um padrasto, a questão muda de figura. Pois nesse caso ele não está sujeito a qualquer prova de aptidão para o desempenho do seu papel de pai. E mesmo assim ele vai desempenhá-lo, bem ou mal. No que diz respeito ao assunto adopção, é certo que o tema aparece sobejamente tratado e estudado. 3

6 Quero com isto dizer, que desde jornais a revistas, passando por programas de televisão e outros meios de difusão de informação, em todos existe matéria acerca da adopção. Contudo, o problema que mais tem sido abordado nesta questão tem sido de ordem jurídica: as dificuldades burocráticas que impedem que casais adquiriram uma criança adoptada; o tempo de espera que toda essa situação acarreta. Mas se tentarmos observar o problema da adopção como um risco mais elevado de maus-tratos infantis, então aí as dificuldades aumentam pois a informação escasseia. Ainda assim, o livro de Martin Daly e Margo Wilson A verdade sobre Cinderela foi uma ajuda preciosa para que pudesse observar o mundo da adopção de uma forma diferente. O subtítulo deste livro, é Ter um pai adoptivo é o maior factor de risco de maus-tratos infantis até hoje descoberto (Daly e Wilson, 2002). Podemos daqui adivinhar que estamos perante um estudo de enorme interesse sociológico, e ainda pouco abordado. Quando se fala em adopção, pensa-se imediatamente nas pobres crianças que vivem anos a fio em instituições à espera de serem entregues a uma família que delas possa cuidar. Do outro lado estão os possíveis pais adoptivos que vivem anos angustiantes à espera de uma criança, pois a natureza não lhes permitiu ter filhos. Entre os potenciais pais adoptivos e as crianças em vias de serem adoptadas, está uma infindável lista de questões burocráticas que atrasam o processo de adopção, alegadamente no interesse da criança. Pois o objectivo de toda esta morosidade é averiguar a situação de estabilidade financeira e emocional da família onde se irá inserir a criança. Estes são os temas que com mais frequência são encontrados quando se procura informação sobre a adopção. Mas, a gravidade dos factos que vamos poder observar seguidamente, fazem crer que a adopção sob o ponto de vista das famílias recompostas devia ser verdadeiramente uma preocupação. Não podemos esquecer-nos dos direitos das crianças, que se vêem subvalorizadas dentro destas famílias. 4

7 Desenvolvimento A família O grupo de pertença da criança, onde esta se deve encontrar nos primeiros anos de vida, deve ser a família. Por esta razão, existe uma preocupação na avaliação do ambiente em que esta está inserida. A fim de averiguar se a criança se encontra envolvida em condições que permitam que esta tenha um desenvolvimento estável. Como diz Fausto Amaro, a sociedade não faz nenhuma exigência aos membros do casal biológico que desejam ser pais (Amaro, 1993). O mesmo não acontece com os pais adoptivos. A ideia de que uma criança cresça fora de uma família não é propriamente a imagem que se tem como a mais desejável. O acolhimento em centros e instituições para crianças desprovidas de meio familiar deve ser temporário e com vista à integração numa família. Deste modo, o Governo cria legislação para regulamentar a adopção. A Convenção dos direitos das crianças, prevê que os estados assegurem às crianças uma situação alternativa, muitas vezes a adopção é o melhor encaminhamento. A família é o local onde, por estranho que possa parecer, a violência infantil mais é referenciada. Ela é encarada como um lugar privado e pouco sujeito a interferências do exterior. Deste modo diminui o direito da criança enquanto cidadã. A criança é vista como propriedade dos pais. A criança pode ser maltratada em diferentes lugares e instituições, públicos ou privados, mas é dentro de casa, em cenário familiar que os maustratos são mais frequentes e perigosos (Almeida, André e Almeida; 2001) O conceito de família tem vindo a mudar ao longo dos tempos. Nas gerações anteriores os casamentos eram mais duradouros e os divórcios menos frequentes, quero com isto dizer que o número de famílias recompostas era consequentemente inferior. 5

8 Hoje, sabemos que o número de divórcios tende a aumentar e que inevitavelmente a família é reconstituída para dar lugar muitas vezes a famílias recompostas, ou a famílias mono parentais. Nesta última é normalmente a mãe quem tem os filhos ao seu encargo. Esta é uma noção de senso comum, que por agora não necessita de mais aprofundamento, já que a sociedade está familiarizada com estes factos. Não é possível estabelecer uma relação entre instabilidade familiar e maus-tratos, contudo, uma grande parte dos divórcios ocorre em circunstâncias de violência, física ou emocional, onde muitas vezes as crianças são alvo de chantagem afectiva. A instabilidade do casal quando a situação de ruptura está próxima, tem repercussões inevitáveis noutras dimensões da vida social da criança. Um dos primeiros efeitos sente-se no aproveitamento escolar, que normalmente diminui. Quando a família é recomposta, normalmente a criança rejeita a pessoa que lhe vem invadir o lar numa tentativa de ocupar o lugar que o pai ou a mãe deixou vazio. E como é de se esperar, o amor que este recém-chegado elemento da família tem para oferecer, não é o mesmo que o amor por um filho genético. A criança comporta ainda o peso de relembrar um relacionamento anterior. As palavras madrasta e padrasto, são muitas vezes utilizadas com um tom negativo, para se referir a uma pessoa que entendemos como má. Existem ditados populares, que ilustram esta situação. Como notam Daly e Wilson (2002) «Quand la femme se remarie ayant enfants, elle leur fait un ennemi pour parent. (Quando uma mulher com filhos volta a casar, ela traz consigo um inimigo para sua casa)». Este exemplo, remete-nos para o papel do padrasto na família. Mas, as madrastas também deixaram as suas marcas ao longo da história. Criaram-se lendas como a que conta o povo de Naga, no Norte da Índia. Este povo diz que os macacos que roubam as suas colheitas, são os descendentes de Murimong e Thanian, duas crianças que preferiam este tipo de vida, a viver com a madrasta que os alimentava de comida podre (Daly e Wilson, 2002). 6

9 Se assumirmos que estas lendas e ditos populares têm a sua origem em factos verídicos, estamos a aceitar que um pai adoptivo no seio de uma família é representativo de um risco acrescido de maus-tratos. Nos casos em que ambos os pais são adoptivos, o nascimento da criança, a escolha do nome e todas as expectativas que envolvem uma gravidez, são experiências que não são permitidas aos que adoptam uma criança. Ela vem representar a infertilidade do casal (Amaro, 1993). A adopção pode estar presente na família, sem que o cônjuge tenha conhecimento disso. Nesta dimensão, o pai é o único membro da família que é afectado, no sentido de poder ver o seu estatuto de pai genético alterado para pai adoptivo. Estamos a pôr em causa a questão da fidelidade. Existe um provérbio português que retrata bem esta hipótese: Filhos das minhas filhas, meus netos são. Filhos dos meus filhos, serão, ou não? Tem sido demonstrado que, quando uma criança nasce, pais e parentes tanto do lado maternal como do lado paternal, demonstram uma preocupação com as parecenças da criança com o pai, mesmo que a questão da paternidade não seja posta em causa. (Daly e Wilson, 2002: 54) No caso de ser descoberta uma infidelidade por parte da mulher, os laços sanguíneos que unem a criança ao pai e à sua família são imediatamente extintos. Ficam os laços que o convívio entre ambos pode deixar nos corações da criança e daqueles que a acreditaram como sua. Contudo, o sentimento de revolta e desilusão que se começa aí a criar, vai fazer com que os comportamentos se alterem. Provavelmente, a forma de lidar com a criança não será a mesma. É principalmente neste sentido, que iremos observar, a seguir, como as famílias recompostas, onde pelo menos um dos pais não é pai biológico, pode representar risco elevado de maus-tratos, para as crianças. A família é uma instituição, é um conjunto de práticas orientadas por normas que regulam e controlam determinadas funções sociais: 7

10 A família tem um papel determinante nos primeiros anos de vida. É aí que as crianças adquirem a linguagem e os hábitos do seu grupo social. Estes primeiros anos de formação são determinantes na vida dos indivíduos. Regra geral são os pais que tentam adaptar os filhos à sociedade. Na família existe uma unidade parcial com um fim comum a atingir, os seus objectivos são diversos, mas importantes para manter a unidade do grupo, sendo a família classificada como um grupo multifuncional. Maus-tratos infantis em famílias recompostas Uma visão Darwiniana O que pensam as pessoas acerca dos pais adoptivos? A resposta a esta pergunta, seria que a visão da sociedade relativamente aos pais adoptivos é pessimista. Por ventura devido aos estereótipos que se têm desenvolvido em torno destas famílias. É sobretudo nos Estados Unidos que têm sido realizados estudos cujos resultados indicam que as pessoas esperam que os pais adoptivos sejam mais distantes e apõem menos as crianças adoptadas. (Daly e Wilson 2002) Os maus-tratos devem, desde já, ser entendidos como físicos e psicológicos. Já que existem enumeras formas de maus-tratos que não são visíveis. A aplicabilidade dos pensamentos darwinianos aos humanos, é confirmada pela forma como muitos evolucionistas aplicam as teorias de Darwin para explicar fenómenos da vida social dos indivíduos. Vamos poder observar, ao longo do tratamento do tema, que são feitas diversas comparações entre o ser humano e os animais que têm comportamentos intrigantes relativamente à adopção. 8

11 Podemos a partir desta perspectiva questionar-nos acerca de duas coisas: Até que ponto o ser humano é fiel numa relação? Já que uma grande maioria dos animais não o é. Ou, que obrigação sente o ser humano de criar uma criança que não lhe pertence? Tendo em conta que na natureza existem muitos animais que matam as crias de companheiros antecessores à sua fêmea. O exemplo dado por Daly e Wilson (2002), fala-nos da forma de viver dos leões em sociedade. Os leões vivem em bandos matrilinares onde as fêmeas amamentam as suas crias e só podem voltar a engravidar depois de as suas crias já estarem crescidas. Os leões machos, quando vêem que a fêmea não pode acasalar por estar a cuidar das suas crias, não vê outra alternativa senão matá-las. Esta crueldade, faz parte da natureza dos animais irracionais. Mas muitas vezes, o animal humano tem comportamentos semelhantes a este. 9

12 Ficha de leitura: Título da publicação: A verdade sobre Cinderela Autor(es): Daly,Martin;Wilson,Margo. Título ou artigo do capítulo: Capítulo 1 Contos de fadas ; Capítulo 2 Comportando-se como animais Assunto: Famílias adoptivas versus famílias biológicas. A questão dos maustratos infantis ser comprovadamente maior nas famílias com um pai adoptivo. A visão Darwiniana do comportamento animal como explicação do comportamento humano. Local onde se encontra: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Área científica: Sociologia e Sociobiologia Data de publicação: Fevereiro de 2002 Local de edição: Coimbra Editora: Quarteto Editora ISBN: X Data de leitura: 09 de Janeiro de 2003 Número de páginas: 77. Notas sobre o autor: Martin Daly e Margo Wilson são dois professores de Psicologia na Macmaster University, Hamiltin, em Ontário, no Canadá. A sua característica mais interessante no âmbito deste trabalho, reside na sua orientação Darwinista de ver o cuidado parental 10

13 Avaliação da página web Tema: A adopção e os maus tratos a crianças adoptadas. Data de consulta: 8 de Março de Nome e endereço da página da Internet: A arte de viver Instituição onde o site se encontra baseado: Título do documento: Os filhos do divórcio Nome do autor: Gia Carneiro Chaves Objectivos da página: A página visa sensibilizar o público em geral para os problemas que o divórcio pode trazer aos filhos. As pessoas podem nela lançar as suas dúvidas, questões e comentários. Avaliação da página Profissão do autor e instituição a que se encontra ligado: Psicoterapeuta. Referência a outros materiais publicados pelo autor: Data da criação e/ou da última actualização da informação: s.d. Público alvo: público em geral. 11

14 Avaliação das informações no que se refere às necessidades: A página trata a realidade social do divórcio visando os filhos como principais prejudicados. Uma vez que o meu trabalho se refere à adopção de crianças, esta página teve particular interesse ao conter informação acerca da reconstituição das famílias após o divórcio. Avaliação da página: Sendo os destinatários desta página o público em geral, esta encontra-se escrita numa linguagem bastante acessível. 12

15 Etapas de pesquisa Antes de começar a elaborar a minha pesquisa, procurei definir qual o tema a escolher. Após me ter decidido a fazer o trabalho em torno da adopção surgiu ainda a questão: O que tratar dentro de um tema tão vasto como este? Depois de encontrado informação que inclinava o meu trabalho para as crianças adoptadas que sofrem de maus-tratos, alterei um pouco o rumo da minha pesquisa. Já não era suficiente procurar na Internet o termo adopção para encontrar informação que me fosse útil. Por esta razão recorri à utilização de operadores booleanos, como aprendemos nas aulas práticas com vista a restringir o tema. Utilizei o título de pesquisa: maus tratos and crianças adoptadas, realizei uma pesquisa avançada no Google que me deu 242 registos, onde fui encontrar a página da Internet que avaliei. Além disso até o tema em concreto estar definido fui encontrando muito lixo pelo caminho. Pois por vezes a Internet contém informações que não sabemos sequer como citar pois as fontes são pouco claras e muitas vezes os autores não assinam aquilo que escrevem. A maior dificuldade não foi encontrar informação sobre a adopção, mas sim encontrar informação sobre famílias onde um dos pais não é pai biológico, isto é famílias recompostas. Não existe ainda muita informação neste campo, contudo ao pensar que o divórcio é a ruptura de uma relação, sabemos que aí vamos encontrar informação sobre os filhos. Assim pude observar que a página que encontrei se articula perfeitamente com os textos que li para realizar o trabalho. O próprio nome da página, Os filhos do Divórcio, faz-nos crer que a separação dos pais não é feita sem que as crianças o sintam. E sentem-no por vezes de tal forma que carregam consigo consequências para toda a vida. 13

16 Conclusão Nesta pesquisa, o objectivo, foi trabalhar o tema da adopção de um ponto de vista ainda pouco abordado: o papel dos padrastos e das madrastas. É no âmbito desta pesquisa, realizada para a disciplina de Fontes de Informação Sociológica, que são utilizadas fontes como, Internet, e excertos de três obras relacionadas com os maus-tratos a crianças adoptadas. Nomeadamente das crianças que vivem em famílias recompostas, onde um dos cônjuges tem filhos de um relacionamento anterior. As comparações entre pais adoptivos e pais genéticos são uma constante, já que é necessário comparar dados estatísticos entre estes dois grupos para atingir as conclusões finais. Que nos levam a crer que as de todos os registos que existem de maus tratos a crianças, uma grande maioria é vítima de agressões por um pai adoptivo. É certo que em todos os países onde foram realizados estudos sobre mortes e espancamentos de crianças, por parte dos pais, revelou-se que isto acontece com mais frequência nas famílias onde um dos pais não é o progenitor. Este facto aparece particularmente bem tratado no livro A verdade sobre Cinderela de Martin Daly e Margo Willson (2000). A alusão feita por estes autores à história de Cinderela, remete-nos para os contos de fadas que tão bem retratam a crueldade que tantas vezes é manifestada por aqueles que se vêem obrigados a cuidar e criar um filho que não é seu, mas do seu parceiro. Como podemos observar, o senso comum chega mesmo a criar provérbios que se referem à deficiente paternidade que os pais adoptivos representam. 14

17 Referências Bibliográficas Almeida, Ana Nunes; André, Isabel Margarida e Almeida, Helena Nunes (2201), Apresentação e âmbito do estudo in idem (orgs) Famílias e maustratos às crianças em Portugal.Lisboa: Assembleia da República. Amaro, Fausto (1993), Aspectos sociológicos da adopção em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos Judiciários. Chaves, Gia Carneiro, s.d., A arte de viver, página consultada em 8 de Março de 2004, disponível em Daly, Martin e Wilson; Margo (2002), A verdade sobre Cinderela. Coimbra: Quarteto Editora. 15

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