DESCRIÇÃO DE UMA PROPOSTA DE LEVANTAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E INTERVENÇÃO EM SITUAÇÕES DE BULLYING
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- Ester Delgado Gonçalves
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1 DESCRIÇÃO DE UMA PROPOSTA DE LEVANTAMENTO, CARACTERIZAÇÃO E INTERVENÇÃO EM SITUAÇÕES DE BULLYING Thaís Cristina Gutstein / UNIPAR-UTP Dra. Yara Kuperstein Ingberman 2 / UTP RESUMO O presente trabalho tem como objetivo descrever uma proposta de intervenção em situações de bullying. Trata-se de uma pesquisa quantitativa que será realizada em uma escola pública de Ensino Fundamental de um município do interior do Paraná. Inicialmente desenvolve-se uma Revisão Teórica acerca da violência escolar, especificamente sobre o bullying escolar e após descreve-se tal proposta. O trabalho baseia-se na Análise do Comportamento para entendimento sobre o modelo de intervenção. A pesquisa constitui-se como proposta da pesquisa de Dissertação do Mestrado em Psicologia (Forense) da primeira autora. PALAVRAS-CHAVE: Violência Escolar, Bullying, Proposta de Intervenção. ABSTRACT This paper aims to describe a proposal for intervention in bullying situations. It is a quantitative research to be held in a public school elementary school in a city of Paraná. Initially develops a Review about school violence, specifically about bullying at school and describes the proposal. The work is based on behavior analysis to understanding of the intervention model. The research established itself as dissertation research proposal for the Master of Psychology (Forensic) the first author. KEYWORDS: School Violence, Bullying, Intervention Proposal.. 1. INTRODUÇÃO A violência escolar tornou-se hoje, além de uma problemática comum, um cenário complexo em que há dificuldades evidentes e poucas alternativas para amenizar. Torna-se necessário compilar informações, usar do conhecimento científico disponível e unir esforços diante da realidade desconcertante à qual estamos expostos. Uma das formas de violência escolar que tem merecido atenção por parte dos pesquisadores nas últimas décadas é denominada, na literatura internacional, bullying, uma forma de violência freqüente ocorrida entre colegas na escola (WILLIAMS & PINHEIRO, 2009). Psic. Esp. Docente/ UNIPAR e Discente do Mestrado em Psicologia Forense/UTP - thaiscg@unipar.br 2 Prof. Dra. Docente do Mestrado- Psicologia Forense/ Universidade Tuiuti do Paraná - yingberman@hotmail.com
2 2 Torna-se urgente estudar o fenômeno bullying no espaço onde ocorre, pois compreende-se que o ambiente escolar é um espaço de aprendizagens significativas. Também é importante estudar o ambiente familiar e para isso é necessário conhecer quais práticas educativas familiares são efetivas e, além disso, identificá-las relacionando à caracterização dos atores envolvidos entre as práticas de bulllying, nos papéis de vítima, vítima-agressor, expectador (testemunha) e agressor. Diante da necessidade exposta, este trabalho propõe-se a elaborar, aplicar e avaliar Estratégia de Intervenção de bullying na escola, a fim de reduzir as conseqüências significativamente prejudiciais à vida do sujeito. Inicialmente será realizada uma pesquisa de levantamento para identificar a presença de situações de bullying escolar, caracterizando as suas formas de apresentação como vítimas, agressores, vítimas-agressores, ou expectadores (testemunhas), e tal caracterização será relacionada a Práticas Parentais. O modelo de intervenção será baseado nos pressupostos do behaviorismo radical, onde serão aplicadas intervenções com o foco no desenvolvimento de comportamentos pró-sociais de alunos, professores e pais (cuidadores). 2. ASPECTOS CONTINGENTES À VIOLÊNCIA ESCOLAR A violência escolar está intrínseca à grande parte dos contextos escolares, é entendida como um fenômeno abrangente e alargado que remetem para domínios diversificados, desde comportamentos antissociais, delinqüência, vandalismo, comportamentos de oposição, entre outros, comportamentos facilmente observáveis e geralmente denunciados (BATSCHE & KNOFF, 1994). Definir violência escolar é uma tarefa difícil, pois, o que geralmente se entende por violência depende de aspectos culturais, históricos e individuais. Apesar dessa dificuldade, é possível e necessária a sistematização do que se considera pertencente ou não ao fenômeno da violência escolar. Somente com parâmetros bem estabelecidos é que se podem desenvolver pesquisas de forma a comparar dados de diferentes escolas, regiões e épocas (STELKO-PEREIRA & WILLIAMS, 2010). Diante destas colocações iniciais, é evidente que a violência prejudica crianças e adolescentes. Stelko-Pereira & Williams (2010) ressaltam ainda que A violência escolar incorpora tanto a perspectiva mais explícita da violência, como agressão entre indivíduos, quanto à violência simbólica que ocorre por meio das regras, normas e hábitos culturais de uma sociedade desigual. Ao se utilizar do termo violência escolar é importante indicar o local de ocorrência das situações de violência, quais são os envolvidos, se estes são autores, vítimas e/ou testemunhas de violência, a tipologia das ações de violência e se os episódios violentos possuem
3 3 alguma especificidade, como o bullying e o cyberbullying. Portanto, entre as várias manifestações de violência escolar é de realçar o fenômeno bullying, maus tratos ou comportamentos agressivos, que ocorre entre pares (STELKO-PEREIRA & WILLIAMS, 2010). De acordo com Lohr (2007) o bullying é um conjunto de comportamentos agressivos, coercitivos, repetitivos em relações com desequilíbrio do poder. As vítimas do bullying podem apresentar sérios problemas com a auto-estima, ansiedade, depressão e desamparo os quais afetam a concentração em sala de aula e podem acompanhá-los durante toda a vida adulta. E ainda, conforme Silva (2010) a prática de bullying agrava problemas preexistentes, assim como pode desencadear quadros graves de transtornos psíquicos e/ou comportamentais que, muitas vezes trazem prejuízos irreversíveis, tais como sintomas psicossomáticos, transtorno do pânico, fobia escolar, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, Depressão, anorexia e bulimia, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, citando também, com menos freqüência, quadros de Esquizofrenia, Suicídio e Homicídio. A palavra bullying, de origem inglesa foi descrita por Dan Olweus (1993) como: Um comportamento agressivo e negativo incluindo tanto comportamentos físicos quanto verbais, 2) que ocorre repetidamente ao longo do tempo 3) em um relacionamento caracterizado por um desequilíbrio de força e poder de maneira física ou psicológica. O autor caracteriza ainda o bullying em dois subtipos: 1) direto, que ocorre em geral na forma de comportamentos físicos (chutar, empurrar, bater) dos quais a vítima é o alvo e 2) o indireto ou relacional, no qual predomina o uso da agressão verbal (xingar, apelidar, ameaçar), exclusão social e difamação (DAN OLWEUS, 1993). No Brasil a palavra ainda é pouco conhecida e não tem uma tradução específica no Brasil. Portanto, conforme aponta Lopes Neto (2005), o desequilíbrio de poder e as atitudes negativas e repetidas entre iguais constituem as principais características que viabilizam a intimidação do alvo em situações de bullying. Quanto à incidência, estudos realizados por Dan Olweus (1991) demonstraram que 1 em cada 7 estudantes estava envolvido em casos de bullying, isto é, 15% do total de alunos matriculados na educação básica seriam vítimas ou agressores. De acordo com Lemos (2006), o Instituto Saúde Mental para Educação, dados de uma pesquisa realizada em cinco países: Argentina, México, Brasil, Espanha e Chile apontaram que o Brasil destacou-se com maior incidência de bullying. A pesquisa contou com a participação de alunos, de escolas públicas e particulares, de 6ª. e 8ª. série do ensino fundamental e 2º. Ano do ensino médio. Os índices apontaram que 33% foram insultados ou alvo de comentários maldosos, 20% apanharam e 8% foram assediados sexual, física ou verbalmente na escola. Estudos evidenciaram que dois terços dos protagonistas das 37 tragédias ocorridas em escolas americanas queriam se vingar por causa das constantes perseguições que sofriam por parte dos
4 4 colegas. Também mostraram que as idéias suicidas têm como causas a provocação, o bullying e a rejeição (MIDDELTON-MOZ E ZAWADSKI, 2007). No Brasil, em pesquisas sobre a prevalência da violência na vida das crianças, os resultados apontam alta prevalência de alunos envolvidos em situações de violência na escola e na família. Quase metade (49%) dos participantes relatou algum envolvimento em bullying nos três meses anteriores à coleta de dados na etapa de levantamento dos dados. Confirmaram que os alunos que vivenciaram a violência doméstica, de forma direta e/ou sendo expostos à violência interparental, tinham maior probabilidade de se envolver em situações de intimidação na escola, especialmente como alvo/autor. Entretanto, os resultados não foram iguais para meninos e meninas, o que indica que o impacto da violência doméstica foi diferente de acordo com o sexo dos sujeitos (WILLIAMS & PINHEIRO, 2009). Fante (2008), também relata que de acordo com dados mundiais, entre 6 e 40% de alunos que freqüentam escolas públicas ou privadas foram envolvidos em situações de bullying. Para o atual estudo, considerar-se-á a violência explicita na escola, principalmente em relação ao bullying como um termo utilizado na literatura psicológica, nos estudos sobre o problema da violência escolar, para designar comportamentos agressivos e anti-sociais (Fante, 2008), utilizados na configuração da categoria específica de comportamentos. Além disso, procura-se entender quais os papéis desempenhados pelos alunos envolvidos (autores, vítimas e testemunhas). Será utilizada, então, a definição da autora, para os comportamentos de bullying que acontecem quando um estudante ou vários deles elegem como alvo outro(s), expondo-os a situações humilhantes ou intimidatórias, por meio de apelidos pejorativos, zoações, perseguições, ameaças, difamações. As agressões são gratuitas e cruéis, com o intuito de ferir e colocá-lo em situação de inferioridade e tensão. Podem ocorrer de diversas formas: verbal, moral, sexual, física, social, material, psicológica e virtual (FANTE, 2005). Assim, serão considerados e discriminados comportamentos de bullying: Físico (bater, pontapear, beliscar, ferir, empurrar, agredir); Verbal (apelidos, gozar, insultar); Moral (difamar, caluniar, discriminar, tiranizar); Sexual (abusar, assediar, insinuar, violar sexualmente); Psicológico (intimidar, ameaçar, perseguir, ignorar, aterrorizar, excluir, humilhar); Material (roubar, destruir pertences materiais e pessoais); Virtual (insultar, discriminar, difamar, humilhar, ofender por meio da Internet e telemóveis). O comportamento agressivo ou antissocial vem sendo estudado na literatura e várias são as suas descrições. Gomide (2001), define o comportamento antissocial como todo comportamento que infringe regras sociais ou que é uma ação contra os outros, como: comportamento violento, piromania, agressividade, furto, roubo ou comportamento infrator. Behavioristas radicais/analistas do comportamento procuram entender o porquê do
5 5 comportamento, muitas vezes, violento do homem voltado para a própria espécie, chamado de agressão intra-específica (REGRA, 2001). Batista e Weber (2011) ressaltam que uma grande parte das pesquisas, referente ao Comportamento Antissocial, relata fatores de risco em que a criança é exposta e que se relacionam a determinados problemas de comportamento, sendo que a menção a ambientes familiares adversos, práticas parentais negativas e à violência doméstica, foram os fatores mais citados. Patterson, Reid e Dishion (2002), defendem que os atos aparentemente inofensivos observados no lar e na escola são os protótipos de comportamentos anti-sociais na adolescência. Eles afirmam também que a exposição muito longa à violência e à agressão, tanto na comunidade quanto na televisão, tem aumentado a extensão da aprendizagem de comportamentos agressivos nos tempos atuais. A exposição a episódios antissociais propicia a aprendizagem, onde a criança é inicialmente uma simples observadora e com experiência, passa a copiar os modelos daqueles personagens com que se identifica. Alem disso, através da aprendizagem por modelagem, a criança pode utilizar as birras, choros, ameaças e outros comportamentos anti-sociais para obter controle sobre os pais. Esses comportamentos vão sendo instalados no repertório da criança na medida em que os resultados são atingidos. Nesse aspecto consideram-se também os comportamentos emitidos na comunidade escolar que passam a controlar o comportamento alheio, tais como comportamentos de bullying. Sobre essa questão, Williams & Pinheiro (2009) apontam que um resultado a ser destacado é que quanto mais severa a violência física cometida pelos pais contra os sujeitos, maior a probabilidade de os alunos relatarem envolvimento em bullying como alvo ou como alvo/autores, e isso em ambos os sexos. Partindo desse ponto de vista considera-se que o ambiente familiar coercitivo contribui muito para a contextualização e perpetuação das práticas de bullying, tendo em vista que as primeiras relações familiares, seja qual for sua qualidade, interferirão na manutenção e desenvolvimento de repertórios comportamentais como no caso do bullying, que pode ser aprendido por um comportamento de controle aversivo por parte do contexto familiar. As práticas educativas que podem levar ao desenvolvimento de comportamentos antissociais são chamadas por Gomide (2003), de práticas educativas negativas, sendo seis as mais encontradas na literatura: negligência, abuso físico e psicológico, disciplina relaxada, punição inconsistente e monitoria estressante. Quanto às práticas educativas positivas, que colaboram para o adequado desenvolvimento pró-social da criança, destacam-se a monitoria positiva e o comportamento moral.
6 6 A Análise do Comportamento, baseada pela filosofia behaviorista radical, defende que o comportamento moral é um comportamento operante estabelecido e mantido pelas contingências de reforçamento no ambiente, especialmente pelas comunidades sociais. Comportamentos pró-sociais como: ajudar compartilhar, cooperar, cuidar, ser altruísta e empático, ter amizades e afeição, que são produzidos por reforçamento positivo, é o objeto de estudo da moralidade. O analista do comportamento vê a moralidade como algo evocado na pessoa por uma ampla categoria de comportamentos no contexto social. São comportamentos que refletem os efeitos cumulativos de contingências sociais de reforçamento e punição (e de condicionamento respondente) (SCHLINGER,1995). Skinner (1971) afirma que o comportamento pró-social é aprendido. Não é uma virtude. O comportamento depende do controle exercido pelo ambiente social. Para o autor (1953) o autocontrole se caracteriza pela possibilidade do próprio indivíduo controlar seu comportamento. Ou seja, é a capacidade do organismo de fazer algo a respeito das variáveis que o afetam, isto é, de exercer controle ou contra controle (resposta decorrente de um processo de punição que visa esquiva de estimulação aversiva ou ataque ao agente punidor) sobre o que determina o comportamento. A pesquisa sobre prevenção e intervenção precoce identifica três abordagens principais: (1) prevenção primária (também chamada de prevenção universal na literatura); (2) prevenção seletiva (também chamada de prevenção secundária); e (3) tratamento ou intervenção (também chamada prevenção terciária). Embora esta classificação organize a discussão, existe sempre sobreposição entre essas abordagens, porque muitos programas abrangem uma mistura de populações-alvo (BARTOL & BARTOL, 2008),. Williams L & Stelko-Pereira (2008) salientam que deve-se capacitar professores e diretores a identificarem situações em que as crianças e adolescentes estão em risco, seja sendo alvo de violência direta por parte de familiares ou sendo exposto à violência indireta quando há violência conjugal. Os professores devem estar cientes de que o agir agressivamente na escola é um dos indícios de que possa estar ocorrendo violência doméstica. 3. A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO - Participantes: 400 alunos de 5ª. á 8ª. Série, do sexo feminino e masculino, regularmente matriculados uma Escola Estadual de um município de pequeno porte, localizado no interior do Estado do Paraná. Após, esta etapa serão sujeitos da pesquisa uma turma de alunos de 5ª. série, escolhida conforme a maior prevalência de bullying na escola, seus pais e professores.
7 7 - Local: uma Escola da Rede Estadual de Ensino, cuja população é de aproximadamente 1000 alunos. Possui funcionamento em período matutino, vespertino e noturno, atendendo de 5ª. Série do Ensino Fundamental até o 3º. Ano do Ensino Médio. - Instrumentos: Questionário sobre bullying adaptado; Inventário de Estilos Parentais (IEP); Este instrumento destina-se a apurar as situações de vitimização/agressão segundo o ponto de vista da própria criança/adolescente. Ele foi adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários países, inclusive no Brasil, pela Organização Não Governamental - ABRAPIA Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (2002), possibilitando assim, o estabelecimento de comparações interculturais. O Inventário de Estilos Parentais (IEP), publicado pela Editoras Vozes (2006) e favorecido pelo Conselho Federal de Psicologia em julho de 2005, apresenta como certas práticas utilizadas pelos pais na educação dos filhos podem acarretar, por um lado, o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais e, por outro, o desenvolvimento de comportamentos pró-sociais de crianças e adolescentes. - Procedimentos: Primeiramente será realizado o contato com a Escola. Após exposição sobre o Projeto de Pesquisa e o Aceite de participação da Escola (Anexo 1), o projeto será enviado para o Comitê de Ética em pesquisa da FEPAR. A partir da aceitação da pesquisa por parte da direção escolar, será aplicado o Questionário sobre bullying (Anexo 2 e Anexo 7) a todos os alunos, de 5ª. a 8ª. série matriculados na presente escola, conforme distribuição por turmas. Após esta aplicação inicial, serão aplicados aos sujeitos de pesquisa os Inventários de Estilos Parentais (Anexo 3) fomentando o terceiro objetivo específico da pesquisa, relacionando às Práticas Parentais. Após esta etapa, será escolhida uma turma para desenvolvimento da Proposta de Intervenção, descrita abaixo, que envolverá alunos, pais/cuidadores e professores. Nesta etapa será aplicado o Termo de Consentimento Informado (TCLE) (Anexo 4) aos responsáveis pelos alunos envolvidos e professores (Anexo 5). Em cada etapa será desenvolvida uma metodologia específica a ser delimitada na Proposta de Intervenção. Após realizadas todas as etapas da pesquisa, será aplicado o Questionário sobre bullying novamente, após três meses do término na pesquisa, a fim de verificar a possível redução e incidência de situações de bullying na escola. - Programa de intervenção: Depois de realizada a pesquisa de levantamento, será feita uma proposta de intervenção com Alunos, Professores, e Pais/cuidadores (responsáveis que participarão da pesquisa) com uma turma de 5ª. Série, sendo naquela em que houver maior prevalência de práticas de bullying, conforme dados do levantamento. Com base na literatura, Lopes Neto & Saavedra (2003) sugerem o Programa de redução do comportamento agressivo
8 8 entre estudantes desenvolvido pela ABRAPIA, defendendo que a escola deve agir precocemente, quanto mais cedo o bullying cessar, melhor será o resultado para todos os alunos. Intervir imediatamente, tão logo seja identificada a existência de bullying na escola e manter atenção permanente sobre isso é a estratégia ideal. A única maneira de se combater o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, alunos e pais. A intervenção será proposta com freqüência semanal aos pais e professores (intercaladamente) e duas vezes na semana com adolescentes. Partindo desse ponto de vista, a intervenção dar-se-á com a comunidade escolar considerando três ênfases: Pais/cuidadores, Professores e Aluno. Evidenciam-se os procedimentos referentes à Estratégia de Intervenção com a população proposta, na tentativa de desenvolver comportamentos pró-sociais, em contrapartida aos comportamentos anti-sociais, categoria em que a prática de bullying está presente. 3. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO A partir do Levantamento inicial, será utilizado o programa SPSS (versão 13) para análise dos dados. Inicialmente será feita uma Análise de Estatística Descritiva sobre os dados de Indicadores de bullying. Após será realizada a Análise Quantitativa a partir de análise de dados com variáveis importantes que serão demonstradas através de gráficos e tabelas sobre o perfil dos alunos e possíveis situações de envolvimento com bullying. Posteriormente será realizada a análise dos dados a partir da aplicação dos Inventários de Estilos Parentais (IEP), relacionando as práticas parentais e as possíveis relações com a caracterização de vítimas, agressores e testemunhas (espectador). Na segunda etapa da análise será realizada uma análise da Proposta de Intervenção programada em número de encontros fechados. Nesse caso, a proposta realizada será avaliada sob duas medidas: Pré/ Pós Teste e Folow up. A Primeira medida avaliada no Levantamento e imediatamente após o término da proposta de intervenção; e a segunda medida: 30 e 60 dias após final da intervenção reaplicados os Questionários de bullying. Assim, neste trabalho, será enfatizada a Proposta da Prevenção seletiva ou secundária que consiste em trabalhar com crianças e adolescentes específicos, que estão em alto risco e que exibem alguns sinais precoces de comportamento antissocial, mas que ainda não foram classificadas ou julgadas delinquentes. Como observado anteriormente, a prevenção seletiva (ou secundária) é dirigida a crianças e adolescentes que são considerados em risco de se engajar na comportamentos infratores, como preditores pelo número de fatores de risco. Em programas de prevenção da violência, os esforços de prevenção secundária são frequentemente dirigidos
9 9 às crianças que são consideradas em situação de risco com base em indicadores numerosos, incluindo o seguinte: comportamento agressivo precoce, pobres habilidades sociais, baixo nível intelectual, estilos parentais ineficazes, a pobreza, acesso a armas de fogo ou drogas, e grupos de pares desviantes. Como os autores afirmam, portanto, em situações de violência escolar, apesar, do comportamento antissocial já estar instalado nas situações específicas de bullying, propostas interventivas contribuem significativamente e até mesmo podem evitar conseqüências mais aversivas às vítimas, vítimas-agressores, aos agressores ou mesmo aos expectadores (testemunhas), bem como aos demais envolvidos nesta relação de violência, que, como já foi dito, necessita urgente intervenção no sentido de minimizar e/ou evitar que conseqüências mais graves ocorram. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, A. P. & WEBER, L. D. III Simpósio Brasileiro de Desenvolvimento e Família. Comportamento Antissocial e Comportamento externalizante em crianças: uma revisão de estudos teóricos (Painel), BATSCHE, G. & KNOFF, H. Bullies and their victims: understanding a pervasive problem in the schools. School Psychology Review, 23 (2), , BARTOL, BARTOL, C. R. & BARTOL, A. M. Current Perspectives in Forensic Psychology and Criminal Behavior. Sage, LA, 2008 FANTE, C. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Versus, FANTE, C. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed, GOMIDE, P.I.C. Efeitos das práticas educativas no desenvolvimento do comportamento Antissocial. Em: M. L. Marinho e V. E. Caballo (orgs.). Psicologia Clínica e da Saúde (pp ). Londrina: UEL, GOMIDE, P.I.C. Estilos Parentais e comportamento anti-social. In Del Prette A. & Z. Del Prette (Orgs.). Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção (21-60). Campinas: Alínea, OLWEUS, D. Bullying at school. What we know and what we can do. Oxford: Blackwell, LEMOS, A. C. M. Uma visão psicopedagógica do Bullying Escolar. Rev. Psicopedagógica. 24. Brasília
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