G E O R I S C O A N Á L I S E, G E S T Ã O E O P E R A C I O N A L I Z A Ç Ã O

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "G E O R I S C O A N Á L I S E, G E S T Ã O E O P E R A C I O N A L I Z A Ç Ã O"

Transcrição

1 G E O R I S C O A N Á L I S E, G E S T Ã O E O P E R A C I O N A L I Z A Ç Ã O D O R I S C O R E L A T Ó R I O COMPÓS I T O D O D E C Â M A R A D E L OBOS

2 PÁGINA EM BRANCO

3 i ÍNDICE GERAL ACRÓNIMOS... iii ÍNDICE DE FIGURAS... v ÍNDICE DE QUADROS... vi ÍNDICE DE GRÁFICOS... vii ÍNDICE DE CARTAS... ix FICHA TÉCNICA... i 01. ÂMBITO SUMÁRIO EXECUTIVO ENQUADRAMENTO LEGAL OBJECTIVOS METODOLOGIA ESTRUTURA BIOFÍSICA SOCIOECONÓMICA ANÁLISE E GESTÃO DO RISCO NATURAL ESTRATÉGIAS DE PLANEAMENTO, GESTÃO E DE MITIGAÇÃO DO RISCO ANEXOS

4 PÁGINA EM BRANCO

5 iii ACRÓNIMOS AAE AGS AIEG ANPC APA CAOP CMCL COSRAM DGRF DOT DRAmb DRE DRIGOT EMA FAO/UNESCO IGP INE IUGS OMM PDM-CL PEZO PMEPC-CL PMOT PNM PNOT POPNM POTRAM PRAM PROCIV RAM RJIGT RJREN SES SRARN SRES Avaliação Ambiental Estratégica Centro de Pesquisa Geológica da Austrália Associação Internacional de Engenharia Geológica Autoridade Nacional de Protecção Civil Agência Portuguesa para o Ambiente Carta Administrativa Oficial de Portugal Câmara Municipal de Câmara de Lobos Carta de Ocupação de Solos da Região Autónoma da Madeira Direcção-Geral de Recursos Florestais Departamento de Gestão e Ordenamento do Território Direcção Regional do Ambiente Direcção Regional de Estatística Direcção Regional de Informação Geográfica e Ordenamento do Território Protecção Civil da Austrália Organização Mundial para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas Instituto Geográfico Português Instituto Nacional de Estatística União Internacional das Ciências Geológicas Organização Mundial de Meteorologia Plano Director Municipal de Câmara de Lobos Parque Empresarial da Zona Oeste Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil de Câmara de Lobos Planos Municipais de Ordenamento do Território Parque Natural da Madeira Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território Plano de Ordenamento do Parque Natural da Madeira Plano de Ordenamento do Território da Região Autónoma da Madeira Plano Regional da Água da Madeira Protecção Civil Região Autónoma da Madeira Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território Regime Jurídico da Rede Ecológica Nacional Serviço de Emergência da Nova Zelândia Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais Secretaria Regional do Equipamento Social

6 iv SIG/GIS SRPC, IP-RAM SWOT UGCL UGR UNDRO UNESCO UN/ISDR Sistemas de Informação Geográfica / Geographical Information System Serviço Regional de Protecção Civil, IP-RAM Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) Unidade Geomorfológica de Câmara de Lobos Unidade Geomorfológica Regional Organização Mundial para a Atenuação dos Desastres das Nações Unidas Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura Estratégia Internacional para a Redução dos Desastres das Nações Unidas

7 v ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 01. Localização do rift e do percurso do ponto quente da Madeira (SCHWARZ et al., 2004) FIGURA 02. Enquadramento geotectónico do Arquipélago da Madeira (GELDMACHER et al., 2000) FIGURA 03. Enquadramento hipsométrico da ilha da Madeira FIGURA 04. Cartograma representativo das classes de declive da ilha da Madeira FIGURA 05. Delimitação espacial das unidades geomorfológicas regionais de ZBYSZEWSKI et al. (1975) (ABREU, 2008) FIGURA 06. Enquadramento hidrogeológico da ilha da Madeira (APA, 2007) FIGURA 07. Enquadramento geográfico do Arquipélago da Madeira (TOPEX, 2009) FIGURA 08. Divisão administrativa do concelho de Câmara de Lobos e enquadramento geográfico regional FIGURA 09. Depressão morfológica assimétrica do Curral das Freiras, vista de Norte (ABREU, 2008) FIGURA 10. Depósito de vertente da Achada do Curral (DRAMB) FIGURA 11. Formas geomorfológicas características do relevo vulcânico ( Lombos (vermelho); Achadas (verde)) (DRAMB).. 46 FIGURA 12. Faixa costeira do território em análise (DRAMB) FIGURA 13. Orla costeira da Quinta Grande. Exemplo da verticalidade da geomorfologia costeira (DRAMB) FIGURA 14. Forma geomorfológica de um possível colapso lateral do cone monogenético do Pico da Torre (ABREU, 2008) FIGURA 15. Enquadramento geomorfológico da Cidade de Câmara de Lobos (DRAMB) FIGURA 16. Enquadramento e disposição geográfica das linhas de água no concelho de Câmara de Lobos (DRAMB) FIGURA 17. Matriz relativa à hierarquização dos centros urbanos na RAM, segundo o índice de centralidade e a dimensão dos quantitativos populacionais (INE, 2004) FIGURA 18. Área de susceptibilidade muito elevada, associada a tipologia de queda de blocos e desabamento (DRAMB) FIGURA 19. Enquadramento do eixo litoral, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos FIGURA 20. Superfície de ruptura do movimento de massa ocorrido a 4 de Março de 1930, no Pico do Facho FIGURA 21. Desabamento registado no Pico do Facho (Câmara de Lobos) (MADEIRA ROCHAS, 2005; em ABREU, 2008) FIGURA 22. Pico do Facho, evento registado na década de 60 (MADEIRA ROCHAS, 2005; em ABREU, 2008) FIGURA 23. Desabamento num talude costeiro (Serrado da Adega), cuja génese encontra-se associada à dinâmica costeira. 106 FIGURA 24. Enquadramento do sítio do Ilhéu/Cidade Nova, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos FIGURA 25. Enquadramento do sítio da Achada do Curral, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos FIGURA 26. Enquadramento morfológico pormenorizado do sector Central FIGURA 27. Enquadramento do sítio da Fajã Escura, associado a eventos de desabamentos FIGURA 28. Panorâmica geral do sector Central e Norte da depressão morfológica do Curral das Freiras FIGURA 29. Enquadramento morfológico da via de acesso ao sítio da Fajã das Galinhas FIGURA 30. Fajã das Galinhas, área referenciada com susceptibilidade elevada a muito elevada a movimentos de massa FIGURA 31. Escorregamento rotacional paleogeográfico da Fajã do Capitão (ABREU, 2008) FIGURA 32. Enquadramento do sítio da Fajã dos Cardos/Pico Furão, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 33. Enquadramento do sítio da Fajã Escura, relativamente à susceptibilidade Geoclimática

8 vi FIGURA 34. Enquadramento do sítio da Capela/Balseiras, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 35. Enquadramento do sítio da Quinta/Fonte Frade, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 36. Enquadramento do sítio do Chote/Eira das Moças, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 37. Enquadramento do sítio do Romeiras/Quinta, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 38. Enquadramento do sítio do Ponte dos Frades/Preces, relativamente à susceptibilidade Geoclimática FIGURA 39. Enquadramento do sítio da Achada do Curral, relativamente à susceptibilidade Dendrocaustológica FIGURA 40. Susceptibilidade aos incêndios florestais do sítio da Fajã das Galinhas FIGURA 41. Exposição do Parque Industrial do Garachico aos processos de perigosidade dendrocaustológicos FIGURA 42. Área de susceptibilidade compósita Elevada a Muito Elevada (Eixo Passo de Ares - Balceiras) FIGURA 43. Enquadramento da susceptibilidade compósita, no sítio da Igreja (Estreito de Câmara de Lobos) ÍNDICE DE QUADROS QUADRO 01. Escoamento superficial e hipodérmico QUADRO 02. Características gerais da estação meteorológica do Funchal/Louros QUADRO 03. Principais parâmetros meteorológicos da estação dos Louros/Funchal QUADRO 04. Percentagem de ocorrências associadas à frequência dos rumos dominantes QUADRO 05. Velocidade média do vento, conforme o rumo dominante QUADRO 06. Classificação dos ventos dominantes, de acordo com a velocidade QUADRO 07. Indicadores estatísticos gerais do concelho de Câmara de Lobos e da RAM (1991/2001) QUADRO 08. Evolução da população residente, referente ao período intercensitário de 1920 a QUADRO 09. Principais indicadores demográficos do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 2001 a QUADRO 10. Evolução da população residente e da representatividade populacional, por freguesias, no Município QUADRO 11. Evolução da estrutura etária da população do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 12. Número que edifícios e alojamentos, por tipologia de uso, para o período intercensitário (1991/2001) QUADRO 13. Características dos alojamentos unifamiliares, referente ao período de 1991/ QUADRO 14. Evolução do número de fogos licenciados QUADRO 15. Evolução do número de edifícios licenciados QUADRO 16. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade à geodinâmica externa QUADRO 17. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade à geodinâmica externa, de acordo com o uso do solo. 101 QUADRO 18. Resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade geoclimática QUADRO 19. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade geoclimática, de acordo com a ocupação do solo QUADRO 20. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade dendrocaustológica QUADRO 21. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade dendrocaustológica, de acordo com o uso do solo QUADRO 22. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) da susceptibilidade compósita natural. 137 QUADRO 23. Quadro resumo da vulnerabilidade social no Concelho de Câmara de Lobos (2001)

9 vii QUADRO 24. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) do Risco QUADRO 25. Quadro resumo das áreas de Risco, de acordo com o uso do solo QUADRO 26. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) do Risco ponderado QUADRO 27. Matriz da dispersão espacial dos equipamentos colectivos e de utilização pública em Câmara de Lobos QUADRO 28. Quadro resumo dos resultados cumulativos da análise qualitativa de risco QUADRO 29. Estratégias de gestão e mitigação gerais do risco, consoante a severidade dos fenómenos QUADRO 30. Estratégias de mitigação específicas do risco, consoante a severidade e a tipologia dos fenómenos QUADRO 31. Parâmetros geométricos das bacias hidrográficas do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 32. Parâmetros lineares da rede hidrográfica do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 33. Parâmetros morfológicos da bacia hidrográfica do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 34. Parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 35. Susceptibilidade morfométrica das bacias hidrográficas do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 36. Hierarquização da rede hidrográfica do concelho de Câmara de Lobos QUADRO 37. Graus de Gravidade QUADRO 38. Graus de Probabilidade QUADRO 39. Matriz Qualitativa do Risco QUADRO 40. Diagrama SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) QUADRO 41. Relação dos equipamentos colectivos e/ou infraestruturas de utilidade pública potencialmente susceptíveis ÍNDICE DE GRÁFICOS GRÁFICO 01. Distribuição das classes hipsométricas no Município de Câmara de Lobos GRÁFICO 02. Distribuição espacial, por freguesia, das classes hipsométricas associadas ao território em análise GRÁFICO 03. Distribuição das classes de declive no Município de Câmara de Lobos GRÁFICO 04. Distribuição espacial, por freguesia, das classes de declives relativas ao Município de Câmara de Lobos GRÁFICO 05. Regime de exposição solar GRÁFICO 06. Distribuição das áreas expostas à radiação solar directa, à escala da freguesia GRÁFICO 07. Distribuição espacial das principais unidades pedológicas do Município de Câmara de Lobos GRÁFICO 08. Registo da temperatura média anual do ar, para o período compreendido entre 1975 e GRÁFICO 09. Número de dias com temperatura máxima (>25 C) e mínima do ar ( 0 C e 20 C) GRÁFICO 10. Anomalias da temperatura do ar, para o período compreendido entre 1971 e GRÁFICO 11. Registo da precipitação média anual, para o período compreendido entre 1975 e GRÁFICO 12. Número de dias com precipitação registada, para o período compreendido entre 1975 e GRÁFICO 13. Anomalia da precipitação anual acumulada (mm), para o período compreendido entre 1971 e GRÁFICO 14. Regime termopluviométrico da estação meteorológica do Louros GRÁFICO 15. Regime de circulação local dos ventos GRÁFICO 16. Número de dias, bem como o número de horas de insolação GRÁFICO 17. Humidade relativa média do ar na estação dos Louros/Funchal

10 viii GRÁFICO 18. Evolução da população residente do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 1920 a 2011 (INE) GRÁFICO 19. Evolução da população residente do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 2001 a 2011 (INE) GRÁFICO 20. Estrutura espacial da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE) GRÁFICO 21. Evolução da variação espacial da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE) GRÁFICO 22. Variação intercensitária (1991/2001) da população residente em Câmara de Lobos (INE) GRÁFICO 23. Variação intercensitária, para o período compreendido entre 2001 e 2011 (INE) GRÁFICO 24. Estrutura etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE) GRÁFICO 25. Pirâmide etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos, em 1991 (INE) GRÁFICO 26. Pirâmide etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos, em 1991 (INE) GRÁFICO 27. Evolução da densidade populacional, para o período intercensitário de 1920 a 2011 (INE) GRÁFICO 28. Distribuição, em quantitativos percentuais, da densidade populacional por freguesia (INE Censos, 2001) GRÁFICO 29. Distribuição, em quantitativos percentuais, da densidade populacional por freguesia (INE Censos, 2011) GRÁFICO 30. Evolução do número de fogos licenciados na Região Autónoma da Madeira GRÁFICO 31. Evolução do número de edifícios licenciados na Região Autónoma da Madeira GRÁFICO 32. Evolução da população activa, por sector de actividade económica, entre 1991 e 2001 (INE) GRÁFICO 33. Distribuição da população activa, por freguesia, em 1991 (INE) GRÁFICO 34. Distribuição da população activa, por freguesia, em 2001 (INE) GRÁFICO 35. Espaços funcionais de uso e ocupação do solo no Município de Câmara de Lobos GRÁFICO 36. Distribuição espacial (áreas) dos usos e ocupação do solo GRÁFICO 37. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) susceptíveis a fenómenos associados à geodinâmica externa GRÁFICO 38. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas propensas aos movimentos de massa e à erosão hídrica GRÁFICO 39. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas susceptíveis à Geodinâmica Externa GRÁFICO 40. Distribuição espacial da susceptibilidade à geodinâmica externa, de acordo com a freguesia e uso do solo GRÁFICO 41. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade geoclimática GRÁFICO 42. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas susceptíveis e/ou propensas a cheias rápidas e fluxos GRÁFICO 43. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, dos graus de susceptibilidade a fenómenos geoclimáticos GRÁFICO 44. Distribuição das áreas afectas à susceptibilidade geoclimática, de acordo com a freguesia e uso do solo GRÁFICO 45. Evolução anual do número de ocorrências de incêndios florestais na RAM GRÁFICO 46. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade aos incêndios florestais GRÁFICO 47. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas susceptíveis e/ou propensas aos Incêndios florestais GRÁFICO 48. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas susceptíveis aos incêndios florestais GRÁFICO 49. Distribuição espacial da susceptibilidade aos incêndios florestais, de acordo com a freguesia e uso do solo GRÁFICO 50. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade compósita GRÁFICO 51. Distribuição espacial das áreas susceptíveis aos fenómenos danosos GRÁFICO 52. Representatividade dos grupos populacionais mais expostos e vulneráveis aos fenómenos danosos GRÁFICO 53. Distribuição espacial da vulnerabilidade social GRÁFICO 54. Evolução, em termos percentuais, do índice de vulnerabilidade social GRÁFICO 55. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) de Risco

11 ix GRÁFICO 56. Quantificação das áreas de Risco, de acordo com as unidades de administração local (freguesias) GRÁFICO 57. Distribuição das áreas de risco, pela tipologia de uso e ocupação do solo existente GRÁFICO 58. Distribuição das áreas de risco, por tipologia de uso e ocupação do solo existente GRÁFICO 59. Distribuição espacial dos equipamentos colectivos e de utilização pública GRÁFICO 60. Distribuição espacial dos pontos críticos GRÁFICO 61. Curva hipsométrica e histograma de frequência altimétrica da Ribeira dos Socorridos GRÁFICO 62. Curva hipsométrica e histograma de frequência altimétrica da Ribeira do Vigário GRÁFICO 63. Curva hipsométrica e histograma de frequência altimétrica da Ribeira da Caldeira GRÁFICO 64. Curva hipsométrica e histograma de frequência altimétrica da Ribeira da Quinta Grande ÍNDICE DE CARTAS CARTA 01. Carta geológica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 02. Carta hipsométrica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 03. Carta de declives do concelho de Câmara de Lobos CARTA 04. Carta de exposição solar do concelho de Câmara de Lobos CARTA 05. Carta da morfologia (forma) das vertentes CARTA 06. Carta geomorfológica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 07. Carta pedológica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 08. Carta hidrográfica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 09. Carta hidrogeológica do concelho de Câmara de Lobos CARTA 10. Carta de escoamento superficial do concelho de Câmara de Lobos (PRAM, 2003) CARTA 11. Carta de escoamento subterrâneo ou hipodérmico do concelho de Câmara de Lobos (PRAM, 2003) CARTA 12. Carta de escoamento superficial potencial total do concelho de Câmara de Lobos (PRAM, 2003) CARTA 13. Carta de susceptibilidade à geodinâmica externa (Movimentos de Massa) CARTA 14. Carta de susceptibilidade geoclimática (Cheias Rápidas e Fluxos) CARTA 15. Carta de susceptibilidade dendrocaustológica (Incêndios Florestais) CARTA 16. Carta de susceptibilidade compósita CARTA 17. Carta de vulnerabilidade social e exposição infraestrutural CARTA 18. Carta indicativa do risco, com a sobreposição dos equipamentos públicos e/ou de utilização colectiva CARTA 19. Carta do índice de saturação dos solos CARTA 20. Carta do índice de rugosidade morfológica CARTA 21. Densidade espacial dos equipamentos colectivos e de utilização pública CARTA 22. Densidade espacial dos pontos críticos

12 PÁGINA EM BRANCO

13 i FICHA TÉCNICA G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O E O P E R A C I O N A L I Z A Ç Ã O D O R I S C O R E L A T Ó R I O C O M P Ó S I T O D O P L A N O D I R E C T O R M U N I C I P A L R E G I S T O D E A L T E R A Ç Õ E S EDIÇÃO DATA 1 01/07/2011 C Â M A R A M U N I C I P A L CONTACTOS Praça da Autonomia Câmara de Lobos EQUIPA Arq. Ricardo Fraga Dr. Uriel Abreu Coordenação Geral Equipa Técnica

14 PÁGINA EM BRANCO

15 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 01. ÂMBITO SUMÁRIO EXECUTIVO A crescente importância dos riscos naturais e tecnológicos na actualidade, atribuídos pela sociedade civil e científica, tem determinado a definição de novas estratégias de actuação à escala local e regional, sobretudo na adopção de mecanismos de precaução e na aplicação de medidas (estruturais e não-estruturais) de prevenção, capazes de minimizar perdas e danos económicos e sociais. Contudo, a percepção e a capacidade de reacção da Comunidade aos processos de perigosidade natural difere/varia consoante o indivíduo, encontrando-se dependente do local de residência e da quantidade de informação disponível, bem como dos estímulos educacionais provenientes da Sociedade Civil. Segundo a ANPC (2009a), o recente investimento numa política preventiva, enquanto princípio fundamental, por parte das entidades e organismos responsáveis, pressupõe o acesso a informação qualificada e permanentemente actualizada, organizada em sistemas informáticos de apoio à decisão.. Torna-se fundamental estimular o aumento do grau de conhecimento empírico e proceder à avaliação e análise metódica dos processos de perigosidade natural e/ou tecnológica, que condiciona a segurança e bem-estar da comunidade, por forma a constituir vectores estratégicos na idealização e desenvolvimento dos procedimentos de um planeamento de emergência equilibrado, bem como de um ordenamento do território sustentável e homogéneo. O nível de aceitação face ao risco ambiental, segundo HEINIMANN (2002) em PLATTNER et al. (2006), deverá ser definido no âmbito da concertação socioeconómica e de acordo com a intervenção de diversos sectores representativos da Comunidade (decisores políticos, grupos de pressão ambiental, investigadores técnicocientíficos, meios de comunicação social, entidades de intervenção social, etc.). A prossecução deste processo de análise e avaliação, deverá determinar a prorrogação espácio-temporal do ambiente de diálogo e discussão, uma vez que a percepção colectiva ao risco ambiental encontra-se dependente do relacionamento, influência e integração de cada indivíduo no contexto da Sociedade Civil, bem como da respectiva adaptabilidade à dinâmica e mutabilidade inerente. As autarquias locais detêm a obrigação de proceder à sensibilização e educação activa da população, com o objectivo de promover a sua segurança e bem-estar; bem como à estruturação dos pressupostos associados ao planeamento e gestão urbanística do território, como medida não-estrutural preventiva. De acordo com os normativos legais actualmente em vigor, as Câmara Municipais têm definido competências, atribuições, modelos organizacionais dos serviços e obrigações (Lei nº 159/1999 de 14 de Setembro) no âmbito do planeamento; da gestão e execução de investimentos nos domínios do equipamento rural e urbano, transporte e comunicações, educação, património, protecção civil, ambiente e saneamento básico; e ao nível do ordenamento do território e ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 1

16 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O urbanismo. De acordo com os pressupostos da alínea a), do ponto 2, do artigo 64º, da Lei nº 169/99 de 18 de Setembro, com as alterações introduzidas pela Lei nº 5-A/2002 de 11 de Janeiro, é da competência da Câmara Municipal, no âmbito do planeamento estratégico e reconversão urbanística, proceder ao processo de elaboração, e posterior submissão à aprovação da Assembleia Municipal, dos planos necessários à realização das atribuições municipais. Com o desenvolvimento do presente Relatório, apresentam-se os resultados compósitos associados aos estudos desenvolvidos na área temática dos Riscos Naturais, bem como das respectivas vulnerabilidades, enquadráveis no âmbito dos objectivos sectoriais dos trabalhos de execução do processo de Revisão do Plano Director Municipal de Câmara de Lobos, doravante designado de PDM-CL, e consequente Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), bem como da análise de riscos naturais associados ao Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil (PMEPC-CL). Pretende-se a prossecução de algumas das directrizes e/ou orientações estratégicas estabelecidas pelo documento Contributos para um Plano Estratégico (DOT, 2009a), na medida 4 (Desenvolvimento de um Sistema Científico e Tecnológico e de Inovação) do P.1 Programa de Actuação Económica e para a Inovação; na medida 11 (Ruído) e 12 (Riscos Naturais e Protecção Ambiental) do P.3 Programa de Actuação do Território e Ambiente; e na medida 10 (Protecção Civil, Segurança e Bem-Estar Social) do P.4 Programa de Actuação Social e para a Modernização. Com o desenvolvimento deste documento estratégico, pretendeu-se contribuir para a implementação de uma política de sustentabilidade e de heterogeneidade no âmbito dos vectores de actuação associados à área do Ordenamento do Território, Ambiente e Intervenção Social. Adoptaram-se os pressupostos analíticometodológicos do documento Orientações Estratégicas para a inclusão da componente de Segurança e Protecção Civil no processo de Revisão do Plano Director Municipal (PDM) (DOT, 2009b), visando com objectividade a concretização de cartografia temática, e respectiva adaptação aos instrumentos sectoriais de ordenamento do território e de planeamento e gestão de emergências; bem como o desenvolvimento um conjunto de normativas/directrizes eficazes na orientação das decisões de intervenção política no território e que sejam capazes de minorar e/ou mitigar os efeitos perpetuados pelos processos destrutivos naturais sobre as actividades humanas. Para dar cumprimento aos propósitos enunciados, o presente documento encontra-se subdividido em oito secções, que pretendem estabelecer uma sequência lógica entre os diversos vectores analíticos, de modo a não descurar da complexidade e o carácter globalizante da área em estudo, para permitir um desenvolvimento coerente e homogéneo da análise. Este documento é constituído por um Relatório Compósito, que descreve os pressupostos metodológicos adoptados, procede ao enquadramento da estrutura biofísica e socioeconómica do concelho de Câmara de Lobos, realiza a análise da susceptibilidade sectorial/compósita e do Risco, avalia a vulnerabilidade social e a exposição dos equipamentos colectivos e de infraestruturas de utilização pública, e propõe a adopção de 2 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

17 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O estratégias políticas no âmbito do planeamento, gestão e mitigação do Risco; e AnexoS (Hidrografia, Parâmetros Morfométricos Hídricos; Análise Qualitativa do Risco, com a definição de Critérios de Definição da Gravidade e Probabilidade e Matriz; Análise SWOT; Inventariação de Equipamentos e/ou Infraestruturas Susceptíveis; Referências Bibliográficas; Referências Técnicas; Referências Legais; Referências Cartográficas; e Bases Cartográficas Temáticas). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 3

18 PÁGINA EM BRANCO

19 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 02. ENQUADRAMENTO LEGAL O presente relatório encontra-se de acordo com os pressupostos inerentes à Lei nº 65/2007 de 12 de Novembro, que define o enquadramento institucional e operacional da protecção civil no âmbito municipal, estabelece a organização dos serviços municipais de protecção civil e determina as competências do comandante operacional municipal em desenvolvimento da Lei nº 27/2006, de 3 de Julho. De um modo generalista, e conforme o disposto na alínea a) e b), do ponto 2, do artigo 2º, é do domínio da actividade de Protecção Civil municipal, exercer o levantamento, previsão, avaliação e prevenção dos riscos colectivos do município e a análise permanente das vulnerabilidades municipais, em concordância com o Decreto Legislativo Regional nº 16/2009/M de 30 de Junho, que estabelece o Regime Jurídico do Sistema de Protecção Civil da Região Autónoma da Madeira. O Ordenamento do Território, na acepção da alínea h), do artigo 3º, da Lei nº 48/98 de 11 de Agosto (Lei de Bases do Ordenamento do Território e Urbanismo), tem como objectivo estrutural a prossecução dos pressupostos da política de preservação/protecção da comunidade, através da adopção de mecanismos e/ou procedimentos efectivos e ajustados à ocupação, utilização e transformação do uso do solo, determinando um processo contínuo à segurança e bem-estar das populações, bem como de medidas preventivas e/ou de mitigação face aos efeitos decorrentes dos processos naturais e/ou tecnológicos catastróficos. Da alínea n) e o), do artigo 85º do Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro (Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território) (RJIGT), resulta a inclusão, no conteúdo material dos instrumentos de planeamento estratégico de organização do espaço municipal, da identificação de condicionantes, designadamente reservas e zonas de protecção, bem como das necessárias à concretização dos planos de protecção civil de carácter permanente e das condições de actuação sobre as áreas críticas, situações de emergência ou de excepção, bem como sobre áreas degradadas em geral. Assim, os instrumentos de gestão e planeamento espacial do território devem estabelecer os comportamentos susceptíveis de imposição aos utilizadores do solo, tendo em conta os riscos para o interesse público relativo à protecção civil, designadamente nos domínios da construção de infra-estruturas, da realização de medidas de ordenamento e da sujeição a programas de fiscalização, de acordo com o ponto 6, do artigo 26º da Lei de Bases da Protecção Civil (Lei nº 27/2006 de 3 de Julho). Este diploma (Lei de Bases de Protecção Civil (Lei nº 27/2006 de 3 de Julho)), para a prossecução dos objectivos enumerados, considera e adopta como domínios estratégicos de actuação da política de Protecção Civil: a prevenção dos riscos colectivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe ; a atenuação dos seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram ; o socorro e a assistência das pessoas e outros seres vivos em perigo, a protecção dos bens e valores culturais, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 5

20 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O ambientais e de elevado interesse público ; e o apoio à reposição da normalidade da vida das pessoas em áreas afectadas por acidente grave ou catástrofe. Adicionalmente, o ponto 2 do artigo 1º, refere que a actividade de protecção civil tem carácter permanente, multidisciplinar e plurissectorial, cabendo a todos os órgãos e departamentos da Administração Pública promover as condições indispensáveis à sua execução, de forma descentralizada, sem prejuízo do apoio mútuo entre organismos e entidades do mesmo nível ou proveniente de níveis superiores. A estratégia e modelo territorial do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNOT) 1 considera a prevenção dos riscos naturais e tecnológicos como um dos quatro vectores do modelo, incluindo a gestão de emergência e o planeamento preventivo face aos processos de perigosidade, como prioridades essenciais na política de Ordenamento do Território. Especificamente, sistematiza as problemáticas das dinâmicas de organização e transformação espacial em seis domínios estratégicos 2, dos quais, são identificados, no domínio dos recursos naturais e gestão de riscos, os seguintes problemas: Degradação da qualidade da água e deficiente gestão dos recursos hídricos; Degradação do solo e riscos de desertificação, agravados por fenómenos climáticos (seca e chuvas torrenciais) e pela dimensão dos incêndios florestais; Insuficiente desenvolvimento dos instrumentos de ordenamento e de gestão das áreas classificadas e integradas na Rede Fundamental de Conservação da Natureza; Insuficiente consideração dos riscos nas acções de planeamento e de ocupação e transformação do território, com particular ênfase para os sismos, os incêndios florestais, as inundações em leitos de cheia e a erosão das zonas costeiras. Do diagnóstico de base efectuado ao estado do Ordenamento do Território, foram identificados um conjunto de vinte e quatro problemáticas, das quais, três dos quatro problemas iniciais estariam relacionados com o domínio supracitado. Conforme o disposto no artigo 26º a 29º, do Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro, a prossecução dos objectivos preconizados para a estrutura e modelo territorial do PNOT, tem a sua aplicação e definição no Programa de Acção, onde são sistematizados, para cada um dos seis domínios, objectivos estratégicos que se conjugam mutuamente e se reforçam reciprocamente. Salienta-se o objectivo específico 1.11, enquadrado no objectivo estratégico 1 (Conservar e valorizar a biodiversidade e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos energéticos e geológicos, e prevenir e minimizar os riscos), que procede à avaliação e prevenção dos factores e as situações de risco e desenvolve dispositivos e medidas de 1 Instrumento que define o modelo de desenvolvimento territorial do País a longo prazo (para o horizonte de 2025), fixa objectivos estratégicos e específicos nos vários domínios da política sectorial com impacte territorial, identifica medidas prioritárias para atingir esses objectivos e fornece orientações para a elaboração dos restantes instrumentos de gestão territorial. 2 Os domínios são: a) Recursos naturais e gestão de riscos; b) Desenvolvimento urbano; c) Transportes, energia e alterações climáticas; d) Competitividade dos territórios; e) Infraestruturas e serviços colectivos; f) Cultura cívica, planeamento e gestão territorial. 6 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

21 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O minimização dos respectivos efeitos, e, para prossecução da sua operacionalização, adopta um conjunto de medidas prioritárias, das quais destacamos: A definição para os diferentes tipos de riscos naturais, ambientais e tecnológicos, em sede de Planos Regionais de Ordenamento do Território, de Planos Municipais de Ordenamento do Território e de Planos Especiais de Ordenamento do Território e consoante os objectivos e critérios de cada tipo de plano, as áreas de perigosidade, os usos compatíveis nessas áreas, e as medidas de prevenção e mitigação dos riscos identificados ( ) ; A integração na Avaliação Estratégica de Impactes de Planos e Programas e na Avaliação de Impacte Ambiental a avaliação de riscos naturais, ambientais e tecnológicos, em particular dos riscos de acidentes graves envolvendo substâncias químicas perigosas ( ) ; O desenvolvimento e aperfeiçoamento dos Planos de Emergência de base territorial, em articulação com os instrumentos de planeamento municipal, nomeadamente os de apoio à gestão urbanística, garantindo a preservação de acessibilidades quer para acesso dos meios de socorro quer para evacuação das populações ( ). Por sua vez, o Decreto-Lei nº 166/2008 de 22 de Agosto, que define o Regime Jurídico da Rede Ecológica Nacional (RJREN), introduz uma estrutura biofísica que integra o conjunto das áreas que, pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e susceptibilidade perante riscos naturais, são objecto de protecção especial, em que, na área da perigosidade natural, contribui na prossecução de dois objectivos: a prevenção e redução dos efeitos da degradação da recarga de aquíferos, dos riscos de inundação marítima, de cheias, de erosão hídrica do solo e de movimentos de massa em vertentes, contribuindo para a adaptação aos efeitos das alterações climáticas e acautelando a sustentabilidade ambiental e a segurança de pessoas e bens ; e a concretização, a nível nacional, das prioridades da Agenda Territorial da União Europeia nos domínios ecológico e da gestão transeuropeia de riscos naturais. A sua implementação contribui para um planeamento e ocupação equilibrada e um uso sustentável do território. O RJIGT (Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro) determinou, conjuntamente com a sensibilização e consciencialização progressiva da Sociedade Civil face à problemática do Risco, uma mudança estratégica no paradigma social e cultural, nomeadamente na forma como se procede à distribuição das actividades socioeconómicas no espaço, em função do grau de exposição aos processos que constituem um determinado grau de perigosidade. Esta situação impôs, de acordo com o seu artigo 10º e 11º, a obrigatoriedade da identificação cartográfica de um conjunto de equipamentos, infraestruturas e sistemas que asseguram a segurança da população e a execução eficaz das políticas sectoriais de Ordenamento do Território e Protecção Civil, a diferentes escalas de análise (nível municipal, regional e nacional). A nível municipal, a identificação cartográfica das áreas de prevenção de riscos naturais, integradas na estrutura biofísica da REN, são obrigatoriamente identificadas nas plantas de condicionantes dos instrumentos de planeamento estratégico e de gestão do ordenamento do território, de acordo com a alínea b), c), d) e e), do ponto 4, do artigo 4º, do RJREN e ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 7

22 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O do ponto 2 e 4, do artigo 40º, da Lei da Água (Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro). Especificamente, enumerase: As Zonas ameaçadas pelo mar não classificadas como zonas adjacentes nos termos da Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos, aprovada pela Lei nº 54/2005 de 15 de Novembro ; As Zonas ameaçadas pelas cheias não classificadas como zonas adjacentes nos termos da Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos ; As Áreas de elevado risco de erosão hídrica do solo ; As Áreas de instabilidade de vertentes. No âmbito da adaptação dos instrumentos de gestão territorial (Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro) ao contexto regional, a alínea l), do artigo 64º do Decreto Legislativo Regional nº 43/2008 de 23 de Dezembro, prevê, de igual forma, a inclusão das condicionantes necessárias à implementação dos planos de Protecção Civil. Em domínios mais específicos, nomeadamente o hídrico, o Decreto-Lei nº 364/98 de 21 de Novembro incumbe aos municípios estabelecer um determinado grau de afectação e de periodicidade em relação aos processos de perigosidade de cheias e inundações, a obrigação de proceder à idealização e desenvolvimento de cartas de zonas inundáveis, devendo, as mesmas, ser integradas no âmbito dos Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT). Neste contexto, o respectivo regulamento deve preconizar e estabelecer as restrições/servidões urbanísticas necessárias à diminuição da exposição das infraestruturas, e da vulnerabilidade social, incluindo a proibição ou condicionamento à edificação em espaços urbanizáveis que determinem um determinado grau de perigosidade. Mais recentemente, a Resolução da Assembleia da República nº 15/2008 de 21 de Abril, recomenda e propõe ao Governo a adopção de todas as disposições legislativas, regulamentares e administrativas necessárias à transposição da Directiva nº 2007/60/CE de 23 de Outubro, para o âmbito legislativo nacional, determinando a prossecução de um processo de desenvolvimento e avaliação preliminar das situações de risco de inundação, em cada distrito e Regiões Autónomas, com intuito de elaborar o Plano Nacional de Redução do Risco de Inundação. Pretende-se: Estabelecer um conjunto de medidas preventivas nas áreas do planeamento e da resposta operacional às ocorrências; Garantir o estudo aprofundado do risco potencial, com recurso às tecnologias e ao conhecimento científico existente; Inventariar os meios financeiros necessários ao processo de limpeza e manutenção das linhas de água mais problemáticas e que, devido a parâmetros morfométricos hídricos e hidráulicos, estabeleçam uma maior periodicidade; Definir, no período de maior risco potencial de cheias e/ou inundações, as diversas fases de intervenção; 8 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

23 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Mobilizar a administração central e local, os agentes de Protecção Civil, e a sociedade civil em geral, para a concepção e a concretização das melhores soluções que mitiguem as consequências negativas dos processos catastróficos de cheias rápidas e/ou lentas e de inundações costeiras e/ou urbanas; Realizar campanhas de sensibilização à sociedade civil, para a importância da adopção de comportamentos responsáveis na prevenção dos riscos de cheias e/ou inundações, tendo em consideração que muitas das ocorrências decorrem ou são agravados pela acumulação de lixo nas margens e/ou nos leitos dos cursos de água. Com a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva nº 2000/60/CE, através da Lei da Água (Lei nº 58/2005 de 29 de Dezembro) e do Decreto-Lei nº 77/2006 de 30 de Março (complementa o Regime Jurídico consagrado na Lei supracitada), foram introduzidos alguns objectivos estratégicos associados ao enquadramento e à gestão das águas superficiais, sobretudo na adopção de medidas de prevenção e mitigação aos riscos de origem hídrica, e definidas noções e conceitos associadas às zonas inundáveis ou ameaçadas ciclicamente por cheias. O processo de adaptação destes instrumentos legislativos ao contexto regional, através do Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M de 14 de Agosto, transpõe as medidas de protecção preconizadas e referidas anteriormente, alterando somente as entidades e organismos responsáveis pela sua concretização. Salienta-se a obrigatoriedade dos instrumentos de planeamento urbanístico e de ordenamento territorial preverem a demarcação cartográfica das áreas inundáveis e/ou ameaçadas por processos de perigosidade associados a fenómenos de génese hidrometeorológica, e a regularem, através das interdições e restrições previstas na Lei para as zonas adjacentes às margens, o uso e a transformação do solo, de modo a salvaguardar pessoas e bens. Contudo, na impossibilidade de proceder à delimitação e classificação, devido a ausência de dados associados aos eventos centenários, devem adoptar-se as medidas e acções as consideradas pertinentes à redução e/ou atenuação dos efeitos perpetuados por eventos de cariz catastrófico. O artigo 25º, da Lei nº 54/2005 de 15 de Novembro (Lei da Titularidade dos Recursos Hídricos) estabelece as restrições de utilidade pública referidas anteriormente (ponto 3, do artigo 40º, da Lei nº 58/2005 de 29 de Dezembro e o ponto 3, do artigo 16º, do Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M de 14 de Agosto), para as zonas adjacentes e/ou ameaçadas por processos associados a cheias rápidas e/ou fluxos hiperconcentrados. Os pressupostos das Directivas nº 2000/60/CE e a nº 2007/60/CE, ambas de 23 de Outubro, e considerando, complementar e articuladamente, os instrumentos legais em vigor na área temática dos recursos hídricos, o Decreto-Lei nº 115/2010 de 22 de Outubro estabelece um quadro para a avaliação e gestão dos riscos de inundações, com o objectivo de reduzir as consequências associadas às inundações prejudiciais para a saúde humana, incluindo perdas humanas, o ambiente, o património cultural, as infra-estruturas e as actividades económicas. Adicionalmente, determina que a entidade legalmente competente na administração da Região ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 9

24 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Hidrográfica, que a nível regional é da incumbência 3 da Secretaria Regional do Equipamento Social (SRES), deve proceder, obrigatoriamente, à implementação de um processo de execução e desenvolvimento de um plano de gestão dos riscos de inundação, centrados na prevenção, protecção, preparação e previsão destes fenómenos, em estreita articulação com os planos de gestão das bacias hidrográficas previstos pela Lei nº 58/2005 de 29 de Dezembro (Lei da Água) e os planos de emergência de protecção civil, consagrados pelo ponto 4º, do artigo 18º, da Lei nº 65/2007 de 12 de Novembro (Lei que define o enquadramento institucional e operacional da protecção civil no âmbito municipal). No âmbito dos processos de perigosidade associados aos recursos florestais, nomeadamente os riscos dendrocaustológicos (Incêndios florestais), a Lei de Bases da Política Florestal (Lei nº 33/96 de 17 de Agosto) preconiza um conjunto de objectivos a desenvolver no domínio da política florestal, sobretudo de protecção e defesa da floresta contra os incêndios florestais. Particularmente, define um conjunto de instrumentos de política sectorial estratégica e de gestão territorial, com funções de planeamento e coordenação das acções de prevenção e detecção e de colaboração no combate aos fenómenos catastróficos que determinam danos e prejuízos nas populações e bens. Esta estrutura de planeamento, ordenamento e gestão dos recursos florestais foi regulada pelo Decreto-Lei nº 16/2009 de 14 de Janeiro, que aprova o Regime Jurídico dos Planos de Ordenamento, de Gestão e de Intervenção de âmbito florestal. Concomitantemente, o ponto 1, do artigo 5º da Lei supracitada, determina uma organização dos espaços florestais em articulação com os instrumentos de planeamento e gestão do território, à escala regional e local. Na Região Autónoma da Madeira, tendo em conta às respectivas especificidades (físicas, estruturais e biogenéticas), a aproximação à Lei Bases da Política Florestal foi regulamentada pelo Decreto Legislativo Regional nº 18/98/M de 18 de Agosto, que estabelece as medidas de prevenção contra incêndios florestais. Lato sensu, as orientações estruturais intrínsecas a esta política assentam, sobretudo, na adopção de estratégicas de prevenção geral e especial dos fogos florestais e de salvaguarda geral e especial dos fogos florestais e de salvaguarda do património florestal da Região Autónoma da Madeira ; enquanto que, em Scrictu sensu, este instrumento legal preve a adopção de medidas pró-activas preventivas de defesa da vegetação arbórea e arbustiva (indígena e introduzida) e de procedimentos específicos de mitigação aos riscos dendrocaustológicos, nomeadamente no âmbito da limpeza do material combustível, bem como na realização de fogueiras e queimadas, sobretudo aquelas que possam colocar em causa a segurança de pessoas e bens. Em termos de planeamento dos recursos florestais, o Decreto Regulamentar Regional nº 6/2009/M de 20 de Maio (Aprova orgânica da Direcção Regional de Florestas) atribui à Direcção Regional de Florestas, competências na elaboração, aprovação, execução e monitorização dos planos de gestão florestal e de outros instrumentos de planeamento.. 3 De acordo com o Decreto Legislativo Regional nº 33/2008/M de 14 de Agosto. 10 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

25 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O De acordo com estes documentos normativos (o Decreto Legislativo Regional nº 18/98/M de 18 de Agosto, corroborado pelo Decreto Regulamentar Regional nº 6/2009/M de 20 de Maio), a prossecução do processo de definição, orientação, planificação e concretização da política florestal e de fomento/desenvolvimento arbóreo sustentável regional é da responsabilidade da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais (SRARN), com competências delegadas, nos termos da respectiva estrutura orgânica, na Direcção Regional de Florestas. Com a introdução dos instrumentos normativos que institucionalizam e estruturam o Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, através do Decreto-Lei nº 124/2006 de 28 de Julho, com as alterações atribuídas pelo Decreto-Lei nº 17/2009 de 14 de Janeiro, são estabelecidas as acções e medidas estruturais e operacionais relativas à prevenção e protecção das florestas contra incêndios, assentes em três pilares fundamentais, a saber: o da prevenção estrutural; da vigilância, detecção e fiscalização; e o de combate, rescaldo e vigilância pósincêndio. Este diploma preconiza um conjunto de objectivos para cada um dos vectores, tais como, a promoção da gestão activa da floresta, a implementação da gestão de combustíveis em área florestais, a construção e manutenção de faixas exteriores de protecção de zonas de interface, o tratamento de áreas florestais num esquema de mosaico e de intervenção silvícola, a dinamização do esforço de educação e sensibilização para a defesa da floresta contra incêndios e para o uso correcto do fogo, o reforço da vigilância e a fiscalização e aplicação do regime contra ordenacional instituído, o reforço das estruturas de combate e de defesa da floresta contra incêndios, e a adopção de estratégias de reabilitação de áreas ardidas. A institucionalização do Sistema de defesa da floresta prevê, de igual forma, a prossecução de um processo planeamento da defesa da floresta contra incêndios que, à escala municipal, possui um carácter executivo e de programação operacional, devendo cumprir as orientações e prioridades locais e regionais. Neste âmbito, as Câmaras Municipais procedem à elaboração, execução e actualização dos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios, que têm carácter obrigatório, devendo consagrar a sua execução no âmbito do relatório anual de actividades. Saliente-se, que este instrumento legal ainda não possui adaptação à Região Autónoma da Madeira, pelo que as responsabilidades são transferidas para a entidade governamental competente no domínio do planeamento e gestão dos recursos florestais (Direcção Regional de Florestas). No âmbito dos riscos tecnológicos, o Decreto-Lei nº 254/2007 de 12 de Julho, estabelece o regime de prevenção de acidentes graves que envolvam substâncias perigosas e a limitação das suas consequências para o homem e o ambiente e incumbe (no ponto 1, do artigo 5º) aos Municípios, a identificação cartográfica, na planta de condicionantes, das indústrias abrangidas e as respectivas distâncias de segurança. Com a introdução da Resolução nº 25/2008 de 18 de Julho (que aprova a directiva relativa aos critérios e normas técnicas para a elaboração e operacionalização de planos de emergência de protecção civil), pretendeu-se atribuir uma maior adaptação e interligação entre os mecanismos de planeamento de emergência de protecção civil e os instrumentos de planeamento e ordenamento do território, nomeadamente no estabelecimento de sinergias ao nível da identificação de riscos e vulnerabilidades e na harmonização de bases cartográficas, em ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 11

26 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O conformidade com o disposto no Decreto Regulamentar nº 10/2009 de 29 de Maio, que determina modelos cartográficos estandardizados a utilizar nos instrumentos de gestão e planeamento territorial, bem como a uniformização da representação das restrições e/ou servidões da planta de condicionantes. 12 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

27 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 03. OBJECTIVOS As ilhas, devido a condicionalismos e especificidades socioeconómicas, físicas e estruturais próprias e intrínsecas à insularidade, possuem um elevado grau de vulnerabilidade e exposição, quer social ou estrutural, em relação aos processos de perigosidade natural e/ou tecnológica. Apresentam um tecido económico menos diversificado, nomeadamente no que concerne à componente estrutural associada à produção (sobretudo as economias dependentes da monocultura (BLAIKIE et al., 1994)) e às exportações; bem como na pouca abrangência em termos de recursos (físicos e humanos) e de mercado, estando dependentes de constrangimentos associados à mobilidade e comunicação, à razão da ultraperiferia e insularidade. As actividades e intervenções antrópicas assumem um papel preponderante no desenvolvimento e intensificação de novas situações potenciais de risco, devido ao correspondente incremento da mutabilidade e da dinâmica populacional e habitacional; bem como da constante transformação/ocupação e usos desequilibrados do meio físico/território, como sejam os casos de uma contínua urbanização da faixa costeira, o abandono das actividades tradicionais no espaço rural, a ocupação antrópica dos cursos de água e a elevada pressão e densidade urbanística em zonas de risco. Desta forma, torna-se fundamental a definição concreta de utilização desses espaços, de modo a diminuir o grau de exposição e severidade dos elementos estruturais face aos perigos naturais. Por conseguinte, os impactes causados por eventos catastróficos são cada vez mais notórios no desequilíbrio orçamental de um economia insular e local, conforme constatado aquando da ocorrência do evento meteorológico extremo de 20 de Fevereiro de 2010, estando os seus decisores igualmente consciencializados e sensibilizados para esta temática. Na acepção de KAKAZU (1994), MAY (1994) e OBASI (1995), em UITTO (S.D.), os processos de perigosidade de génese naturais, tendem a provocar/ perpetuar danos e prejuízos mais avultados e severos em economias de escala local, em detrimento das que apresentam uma dinâmica nacional e/ou internacional. Face aos factores anteriormente mencionados, pretendeu-se, para os trabalhos de execução do processo de revisão do PDM-CL, a identificação e delimitação cartográfica das áreas homogéneas que determinam um grau de susceptibilidade compósita acentuada; uma intensificação da severidade do fenómeno e da vulnerabilidade e do grau de exposição da comunidade e das infraestruturas aos perigos naturais; e consequentemente, como resultado cumulativo dos parâmetros anteriormente mencionados, um aumento exponencial do vector do Risco. Desta forma, promove-se o cumprimento dos pressupostos inerente ao ponto 4º, do artigo 18º, da Lei nº 65/2007 de 12 de Novembro, que estabelece a obrigatoriedade dos planos municipais de emergência incluírem uma uma carta de risco e um plano prévio de intervenção de cada tipo de risco existente no município, decorrendo a ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 13

28 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O escala da carta de risco e o detalhe do plano prévio de intervenção da natureza do fenómeno e devendo ser adequados às suas frequência e magnitude. Lato sensu, a cartografia proveniente deve evitar e/ou regular a ocupação antrópica de equipamentos de utilização colectiva e de infraestruturação urbana, em espaços que apresentem uma relevância local na vertente da susceptibilidade e/ou perigosidade natural, optando pela reconversão do uso do solo ou pela introdução, por exemplo, de infraestruturas que, pela sua tipologia de utilização e/ou de actividade, determinem um baixo grau de vulnerabilidade. A título de exemplo, vejamos a requalificação, e respectiva relocalização, de um espaço afecto a actividade industrial (possui um grau de vulnerabilidade elevado, devido à permanência constante de recursos humanos e pela possível existência de produtos inflamáveis), por uma utilização do solo que constitua uma menor exposição aos fenómenos destrutivos (polidesportivos ou espaços verdes de lazer). A análise de risco, permitirá a prossecução de um processo de optimização das políticas de gestão do território, no âmbito dos planos municipais de ordenamento e de emergência, enquadrando-se no ponto 1, do artigo 5º, do Lei nº 65/2007 de 12 de Novembro, que refere a obrigatoriedade e a competência da câmara municipal, através dos serviços municipais de protecção civil, a elaboração do plano municipal de emergência e dos planos especiais (alínea a), do ponto 2, do artigo 10º), de acordo com uma análise sobre os riscos especiais, destinados a servir finalidades específicas, tais como o plano municipal de defesa da floresta contra incêndios e planos de emergência dos estabelecimentos de ensino, conforme estipulado no ponto 5, do artigo 18º. Deverá orientar as decisões de gestão territorial no sentido de melhorar as condições de desempenho e operacionalização, em caso de ocorrência de um evento com potencial destrutivo, dos meios e recursos dos principais agentes de Protecção Civil, sobretudo os considerados vitais e estratégicos. Em suma, propõe-se a realização e avaliação da susceptibilidade natural do município da Câmara de Lobos, a identificação do grau de exposição dos elementos estruturais e sociogeográficos e da vulnerabilidade decorrente, nomeadamente a resultante das profundas e recentes alterações antrópicas. De igual forma, pretende-se dar cumprimento às obrigações estabelecidas na alínea d), do ponto 2, do artigo 10º, da Lei nº 65/2007 de 12 de Novembro, em que é da competência dos Serviços Municipais de Protecção Civil, Realizar estudos técnicos com vista à identificação, análise e consequências dos riscos naturais, tecnológicos e sociais que possam afectar o município, em função da magnitude estimada e do local previsível da sua ocorrência, promovendo a sua cartografia, de modo a prevenir, quando possível, a sua manifestação e a avaliar e minimizar os efeitos das suas consequências previsíveis.. Tal facto leva-nos a equacionar mecanismos capazes de auxiliar a gestão de emergências associadas aos diferentes eventos que têm vindo a assolar a região, pensado sempre numa perspectiva de responder às necessidades dos operacionais que, num qualquer instante e local, têm de assumir a responsabilidade na capacidade de resposta. 14 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

29 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Mais do que contextualizar os diversos e recentes diplomas legais introduzidos no Sistema de Protecção Civil, à escala nacional e regional, o presente documento deverá ser assumido como uma ferramenta de trabalho, no âmbito do ordenamento do território e gestão de emergências, e de melhoria da qualidade de vida e de segurança dos cidadãos. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 15

30 PÁGINA EM BRANCO

31 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 04. METODOLOGIA Para a prossecução dos objectivos propostos para os trabalhos de execução da Planta de Condicionantes (descritor da Susceptibilidade/Perigosidade) do processo de Revisão do PDM-CL; bem como da análise de riscos naturais do PMEPC-CL, adoptou-se uma base metodológica subdividida em diferentes procedimentos e recursos, suportada por uma sistemática pesquisa bibliográfica, por forma a proceder à fundamentação e, subsequente, validação da avaliação e análise da susceptibilidade, perigosidade, exposição e severidade, bem como da vulnerabilidade correspondente. Procedeu-se à efectivação de um processo de inventariação de informação/registos bibliográficos de natureza morfológica, geológica, estrutural e hidrogeológica, com o objectivo de realizar uma análise e caracterização biofísica a mais detalhada possível. Assim, fundamentou-se o enquadramento biofísico teórico com os trabalhos de investigação técnico-científica desenvolvidos por LYELL (1854), HARTUNG (1864), STÜEBEL (1910), GAGEL (1912), HARTNACK (1930), MORAIS (1939, 1945), RIBEIRO (1985), GRABHAM (1948), FERREIRA (1955), GIERMANN (1967), MONTAGGIONI (1969), ZBYSZEWSKI (1971, 1972), PITMAN e TALWANI (1972), SCHMINCKE (1973, 1982), ZBYSZEWSKI et al. (1975), MITCHELL-THOMÉ (1979, 1980), RIBEIRO et al. (1979), LOUREIRO (1983), MACHADO (1984), FERREIRA (1985), QUINTAL (1985, 1999), FERREIRA (1988), SILVA (1988), NASCIMENTO (1990), ALVES e FORJAZ (1991), MATA (1996), SMITH e SANDWELL (1997), FONSECA et al. (1998a, 1998b, 2000, 2002), SCHMINCKE e SUMITA (1998), GELDMACHER et al. (2001, 2005), PRADA (2000), PRADA e SERRALHEIRO (2000), SCHMIDT (2000), SCHMIDT e SCHMINCKE (2000), BAIONI et al. (2002), RAMALHO et al. (2003), CARVALHO (2004), MATA e MUNHÁ (2004), RAMALHO (2004), SCHWARZ et al. (2004, 2005), PRADA et al. (2005) e ABREU et al. (2007, 2008, 2009a, 2009b). A caracterização e descrição das formações ou unidades geológicas seguiram os pressupostos da carta geológica de ZBYSZEWSKI et al. (1975), folha A, à escala de 1/50.000, publicada e editada pelos Serviços Geológicos de Portugal em 1975, com as referências de CARVALHO e BRANDÃO (1991), bem como os trabalhos académicos publicados por MATA (1996) e GELDMACHER et al. (2000); enquanto que, para a definição e análise das unidades hidrogeológicas adoptou-se a Notícia Explicativa (VII.3) da Carta de Recursos Hídricos Subterrâneos da RAM (DUARTE, 1995), publicada e editada pelo Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, e de alguns trabalhos de prospecção desenvolvidos na Ribeira dos Socorridos por DUARTE e SILVA (1987). Relativamente à distinção e descrição da componente pedológica da área em estudo, utilizou-se a Carta de Solos da ilha da Madeira, à escala de 1/50.000, editorada pelo Governo Regional da Madeira, e cuja classificação técnica encontra-se de acordo com os pressupostos do Soil Map of the World da FAO/UNESCO (1988). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 17

32 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Adoptaram-se os fundamentos associados ao Estudo Detalhado dos Solos e da Carta da Aptidão da Terra de Áreas de Uso Agrícola da ilha da Madeira, da responsabilidade da Secretaria Regional de Economia da Madeira, sobretudo no processo de análise da componente de transformação e uso do solo agrícola. No seu desenvolvimento, os autores adoptaram o sistema de classificação de aptidão da terra (land suitability evaluation) recomendado pela FAO/UNESCO (1976, 1985), numa base qualitativa e corrente, em relação a tipos de uso detalhados (land utilization types) correspondendo às culturas da bananeira (B), abacateiro (T), anoneira (N) e vinha (V). Na definição e expressão das formas e processos morfológicos, adoptou-se os desígnios da Carte Geomorphologique du Portugal (FERREIRA, 1981), enquanto que o reconhecimento da tipologia dos movimentos de massa seguiu os pressupostos da classificação da UNESCO (WP/WLI, 1993), em Landslide Glossary IGS Unesco Working Party, for World Landslide Inventory, assim como os trabalhos de autores como RODRIGUES e AYALA-CARCEDO (1994, 2000a; 2000b; 2000c, 2000d, 2000f, 2002a, 2002b, 2003b), RODRIGUES (2005), RODRIGUES e ABREU (2006), ABREU (2008), SCHRADER et al. (2008), UTECHT et al. (2008), NGUYEN et al. (2008, 2010), WIATR et al. (2009), NOGUEIRA et al. (2010) e RODRIGUES et al. (2010) aplicados à ilha da Madeira e a ambientes insulares. A caracterização e enquadramento climático do Arquipélago da Madeira, seguiram os pressupostos técnicos das Notas Técnicas nº DOM C1 29/ e DOMC2 91/ , bem como das referências científicas de SANTOS e AGUIAR (2006) e FERREIRA (1955). No domínio hidrológico, procedeu-se a análise morfológica e hidráulica da rede e das bacias de drenagem existentes no concelho, sendo fundamentadas quantitativamente através do cálculo de parâmetros morfométricos hídricos, de acordo com as metodologias descritas em HORTON (1945, 1932), HACK (1957), MORISAWA (1962), STRAHLER (1964), VIVAS (1966), CHRISTOFOLETTI (1969, 1980, 1982), ACREMAN e SINCLAIR (1986), LOURENÇO (1988), CRUZ (1997) e CARVALHO (2004). De igual forma, efectuou-se a hierarquização da rede de drenagem, de acordo com os princípios de STRAHLER (1954a) 4, com recurso às ferramentas Stream Order (Hydrology) e Zonal Statistics as Table (Zonal), da extensão Spatial Analyst (ArcGIS 10). O cálculo da susceptibilidade morfométrica teve como pressupostos metodológicos, os conceitos e o método semi-qualitativo de SOUZA (2005), que relaciona e integra o maior número possível de parâmetros morfométricos hídricos na avaliação e contributo da morfometria da bacia e rede hidrográfica na determinação da respectiva susceptibilidade e/ou propensão a cheias e inundações. A estimativa dos tempos de concentração, através de métodos empíricos, teve por base as fórmulas de WILLIAMS (1922), GIANDOTTI (1934), KIRPICH (1940), VEN TE CHOW (1964) e TEMEZ (1978). Devido a inexistência de dados 4 Segundo a classificação de STRAHLER (1964), uma bacia hidrográfica compreende o rio principal e os seus tributários ou afluentes. A ordem dos rios é uma classificação que reflecte o grau de ramificação ou bifurcação dentro de uma bacia. 18 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

33 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O hidráulicos, nomeadamente relativos ao escoamento superficial, adoptou-se expressões matemáticas que utilizassem somente as características fisiográficas. A caracterização socioeconómica foi suportada com informação dos Recenseamentos Gerais da População (CENSOS) do Instituto Nacional de Estatística, para o período intercensitário de 1991, 2001 e dados preliminares dos CENSOS de 2011, e complementados com dados estatísticos da Direcção Regional de Estatística (DRE); bem como, consultados os trabalhos técnico-científicos de PEREIRA (1969); INE (2004) e MENDONÇA (2007). A escolha da escala de trabalho condiciona a selecção do tipo de factores condicionantes à ocorrência de um processo de perigosidade, bem como a utilização dos diferentes graus de precisão e pormenor da informação. Assim, dada à dimensão do território em análise e o propósito cartográfico, adoptou-se, segundo as proporções propostas pela Associação Internacional de Engenharia Geológica (AIEG), uma escala de trabalho que permita uma avaliação pormenorizada dos factores despoletantes, nomeadamente a compreendida entre a 1:5.000 e 1: (escala grande); e que possibilite a realização de uma análise heurística sustentada, de acordo com uma escala média (1: a 1:50.000). A representação e produção cartográfica temática da susceptibilidade aos processos com maior representatividade no concelho de Câmara de Lobos, foi desenvolvida com diferentes escalas e tipologias de análise, de acordo com os pressupostos metodológicos gerais associados à linha de investigação do Handbook for Conducting a GIS-BASED Hazards Assessment at the County Level, elaborado por CUTTER et al. (1997); da análise multicritério sugerida por ALMEIDA et al. (1995) e por CHUVIECO et al. (1989); e do modelo do Stability Index Mapping desenvolvido por PACK et al. (1998a, 1998b, 2001, 2005), com base nos trabalhos teóricos de HAMMOND et al. (1992) e MONTGOMERY e DIETRICH (1994). Para a grande escala (1ª Etapa), adoptou-se um modelo de análise determinista (Factor de Segurança), que assenta na combinação de conceitos/modelos hidrológicos, no estado estacionário, com o modelo infinito de estabilidade de vertentes. Numa segunda e terceira etapa (escala de trabalho média) adoptou-se os pressupostos de análise heurísticos (combinação qualitativa de mapas), que permitem a selecção de um conjunto de factores de predisposição que, directa ou indirectamente, encontram-se correlacionados com o fenómeno, aos quais, são atribuídos índices ponderativos (função da assumpção da importância de determinada classe de simbologia, relativa a cada variável no desencadear do processo). A análise conjunta dos parâmetros, através de álgebra matricial (recorrendo fundamentalmente a processos sumativos ou multiplicativos), permite o estabelecimento de classes de susceptibilidade. Adicionalmente, aquando do processo de combinação, foi atribuído uma determinada importância/peso a cada factor contributivo. De igual forma, utilizou-se as orientações técnicas do Guia metodológico para a elaboração do Plano Municipal/Intermunicipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, da DGRF (2007); do Caderno Técnico PROCIV 6. Manual para a Elaboração, Revisão e Análise de Planos Municipais de Ordenamento do Território na Vertente da Protecção Civil ; e do Caderno Técnico PROCIV 3. Manual de apoio à Elaboração e ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 19

34 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Operacionalização de Planos de Emergência de Protecção Civil, ambos idealizados e desenvolvidos pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) em 2008 e 2009, respectivamente. De igual forma, adoptou-se alguns dos pressupostos associados às directrizes técnico-científicas do Guidelines for landslide susceptibility, hazard and risk zoning for land-use planning, da autoria de FELL et al. (2008). Devido a necessidade efectiva de idealizar, desenvolver e uniformizar um instrumento de apoio à tomada de decisão autárquica e de produção cartográfica, baseado em Sistemas de Informação Geográfica, foram adoptados as especificações técnicas do Guia metodológico para a produção de cartografia municipal de risco e para a criação de sistemas de informação geográfica (SIG) de base municipal, da ANPC (2009), em parceria com a Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Urbanismo e o Instituto Geográfico Português, através do Despacho nº 27660/2008 de 29 de Outubro. Contudo, a aplicabilidade deste documento à realidade regional deverá, de acordo com ANPC (2009), sofrer as necessárias adaptações, sobretudo na definição particular dos dados de entrada (variáveis/triggering factors) necessários à construção da cartografia de susceptibilidade de cada um dos processos que provocam danos e prejuízos avultados, nomeadamente a origem, a fonte, a escala e a actualização da informação, sendo fundamental a atribuição de índices ponderativos consoante a importância 5 de cada um dos parâmetros primários necessários no desencadear do evento. Foram ainda utilizadas as noções, conceitos e procedimentos cartográficos do Guide de planification. Coordination aménagement du territoire et prévetion dês accidents majeurs le long dês instalations ferroviaires significatives sous l`angle des risques, um documento que resultou de um trabalho conjunto desenvolvido entre o Gabinete Federal do Desenvolvimento Territorial, o Gabinete Federal do Ambiente e o Gabinete Federal dos Transportes, sob a coordenação do Departamento Federal do Ambiente, Transportes, Energia e Comunicações do Governo Suíço. O enquadramento teórico da análise e/ou avaliação das susceptibilidades, teve por base os pressupostos de VENTURA (1987), TAKAHASHI (1991), UNDRO (1991), WP/WLI (1993), DIAS (2000), RODRIGUES e AYALA-CARCEDO (2000b), GARCIA et al. (2001), HUNGR et al. (2001) e RAMOS e REIS (2001). A representação gráfica foi suportada com dados/informações em formato vectorial e matricial do PRAM (2003), APA (2007), DRIGOT (2004, 2007, 2008, 2010), IGP (2009) e da DRE (2008) utilizando, para o efeito, o programa ArcGIS (versão 10) da Environmental Systems Research Institute. Esta ferramenta permitiu a adopção e aplicação de métodos de análise e de correlação, modelação, manipulação e gestão vectorial, bem como de visualização da informação matricial (imagem) georreferenciada espacialmente e tratada graficamente. O desenvolvimento do processo analítico do parâmetro da vulnerabilidade social assentou em pressupostos da linha de investigação de CUTTER et al. (1997), num conjunto de factores e/ou características sociais da população que: indiciam a predisposição de um determinado grupo populacional (grupo de risco) ser afectado por um 5 Variável e dependente do espaço geográfico em estudo e dos pressupostos metodológicos de análise do técnico responsável (método indirecto (empírico) ou directo). 20 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

35 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O processo de perigosidade; contribuem para a menor capacidade de recuperação; e/ou determinam uma resiliência acentuada. Adicionalmente, a análise foi fundamentada com os trabalhos de BLAIKIE et al. (1994), BIANCHI e SPAIN (1996), ENARSON e MORROW (1997), GLADWIN e PEACOCK (1997), CLARK et al. (1998), MORROW (1999), HANNAN (2002) e ABREU (2008). Os dados analisados tiveram por base os CENSOS de A corroboração das áreas que apresentam uma maior exposição/vulnerabilidade em relação aos processos de perigosidade, de acordo com os modelos heurísticos e determinísticos, foi realizada através da prossecução de diversas campanhas in situ de validação e fundamentação da cartografia de susceptibilidade compósita (movimentos de massa, de cheias rápidas e fluxos hiperconcentrados, e incêndios florestais); sendo complementada com análise à fotografia aérea oblíqua e aos levantamentos aerofotogramétricos de 1999 e 2000, à escala de 1/17.000, levados a cabo pelo Instituto Geográfico do Exército. No enquadramento à problemática dos pressupostos cartográficos quantitativos do Risco, nomeadamente a representação e/ou expressão cartográfica dos vectores que compõem a fórmula compósita do Risco (Susceptibilidade Vulnerabilidade), foi tido em consideração as definições e as noções de diversas referências bibliográficas 6, sobretudo no âmbito da interoperabilidade com outros instrumentos de planeamento urbanístico (Planos de Urbanização e Pormenor) e de ordenamento do território (Plano Director Municipal); bem como, relativos à gestão e operacionalidade da emergência (Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil). Assim, procedeu-se à integração cartográfica da informação, através da adopção de uma metodologia desenvolvida pelo Departamento de Gestão e Ordenamento do Território da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, que consistiu na atribuição de índices de ponderativos a cada um dos parâmetros (físicos ou humanos) necessários à manifestação do processo de perigosidade, complementado com um processo de inventariação dos impactes potenciais perpetuados sobre o ambiente físico e edificado, assim como, dos eventuais prejuízos provocados na estrutura socioeconómica do território em análise. Na prossecução da análise qualitativa do Risco, adoptou-se os pressupostos metodológicos da publicação Caderno Técnico PROCIV 9. Guia para a Avaliação de Risco no Âmbito da Elaboração de Planos de Emergência de Protecção Civil, da ANPC (2009b), bem como do SES (2003) e da EMA (2004). 6 Especificamente BURTON e KATES (1964), WHITE (1973), ASIMOV (1979), CHAMBERS (1983), COJEAN e GAUTIER (1984), VARNES (1984), FAUGÈRES (1990), UNDRO (1991), VARLEY (1991), BECK (1992), ALEXANDER (1993), AYALA-CARCEDO (1996, 2000, 2002a), HEWITT (1997), IUGS (1997), AGS (2000), DAUPHINÉ (2001), DELOR e HUBERT (2000), IFRC/RCS (2000), BATEIRA (2001), CROSS (2001), GARCIA et al. (2001), ZÊZERE (2001), CUNHA et al. (2002), CUTTER et al. (2003), DWYER et al. (2004), UN/ISDR (2004) e KALDOR (2005). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 21

36 PÁGINA EM BRANCO

37 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 05. ESTRUTURA BIOFÍSICA SOCIOECONÓMICA 05.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL ENQUADRAMENTO GEOTECTÓNICO Como entidade emersa, a ilha da Madeira é a localização actual de um ponto quente (hotspot) situado numa região intraplaca (Placa Africana). Formada no Miocénico, a ilha é de origem vulcânica e assenta em pleno domínio oceânico, numa área onde a crosta oceânica possui 140Ma e 100km de espessura, formando um maciço vulcânico com cerca de 5km de altura (5.300m), do qual, somente 1/3 se encontra visível à superfície. A sua génese reporta-se a um vulcanismo intraplaca em ambiente oceânico. Neste contexto, as anomalias sísmicas e gravimétricas, a distribuição irregular das ilhas e dos montes submarinos ao longo do ponto quente da Madeira, os grandes intervalos na idades dos vários complexos vulcânicos e a pequena taxa de emissão/crescimento do edifício vulcânico da Madeira/Desertas, parecem sugerir que o ponto quente da Madeira é uma delicada pluma mantélica, a partir da qual, cada pulsar corresponde a uma unidade vulcânica (GELDMACHER et al., 2000, em RODRIGUES, 2005). Em termos geotectónicos, na sua génese, o Arquipélago formou-se em dois domínios morfo-estruturais distintos, separados pela designada Planície Abissal da Madeira. Situada em domínio oceânico, as ilhas deste Arquipélago, com a excepção dos ilhéus Selvagens, pertencem ao extremo SW da Cordilheira Vulcânica da Madeira, um complexo estrutural composto por grandes edifícios vulcânicos, uns com expressão subaérea, como o caso da ilha da Madeira, Desertas e Porto Santo, e outros submarinos, como o caso de Seine, Unicórn, Coral Patch e Ormond (FIGURA 01). O enquadramento disposicional geográfico da ilha, apresenta uma orientação alongada de E-W, enquanto as ilhas Desertas uma FIGURA 01. Localização do rift e do percurso do ponto quente da Madeira (SCHWARZ et al., 2004). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 23

38 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O orientação NNW-SSE ao longo de uma zona de fractura (rift) submarina com 60km. Pertencem ao mesmo edifício vulcânico e a sua direcção é um reflexo da orientação das respectivas zonas de rift, na qual, os dois braços interceptam-se a um ângulo de 110º, aproximadamente, perto da Ponta de São Lourenço (FIGURA 02). Contudo, SCHWARZ et al. (2004) através de um estudo geobarométrico, sugere que a ilha da Madeira e as Desertas representem dois sistemas vulcânicos distintos, ao contrário de um único sistema com duas zonas de rift, como anteriormente sugerido. Neste contexto, se adicionarmos uma terceira zona de fractura submarina, pertencente ao edifício vulcânico da ilha do Porto Santo, estabelecemos a existência do ponto triplo (Madeira - Desertas - Porto Santo), por onde se deu a formação das entidades geográficas existentes (ilhas) e determinando a direcção de movimentação da placa tectónica. Note-se que, em termos geológicos, o Porto Santo é a entidade emersa com maior antiguidade. Mediante do que vem sendo descrito, a história geológica do Arquipélago da Madeira, em particular, e da maioria das ilhas atlânticas, em geral, esta ligada à abertura e expansão do Atlântico, cuja velocidade média foi, segundo PITMAN e TALWANI (1972), na ordem dos 4cm/ano, nos primeiros 50Ma, com um decréscimo para cerca de 2,8cm/ano do Eocénico à actualidade. FIGURA 02. Enquadramento geotectónico do Arquipélago da Madeira (GELDMACHER et al., 2000) ENQUADRAMENTO BIOFÍSICO ANÁLISE VULCANO-ESTRATIGRÁFICA Publicada e editada pelos Serviços Geológicos de Portugal em 1975, por ZBYSZEWSKI et al. (1975), a primeira carta geológica, à escala de 1/50.000, da ilha da Madeira apresenta um modelo vulcano-estratigráfico composto por cinco complexos vulcânicos (β1 β5) separados no tempo e no espaço, entre o Miocénico e o Quaternário. Segundo CARVALHO e BRANDÃO (1991) esta separação apresenta algumas incongruências, uma vez que assenta sobretudo em critérios morfológicos e geométricos, tendo estes autores atribuído novas referências e designações, nomeadamente: o Complexo Vulcânico de Base (B1), o Complexo Vulcânico Periférico (B2), o 24 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

39 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Complexo Vulcânico das Lombadas Superiores (B3), o Complexo Basáltico do Paul da Serra (B4) e as Escoadas Modernas (B5). Tendo como referência o modelo apresentado por ZBYSZEWSKI et al. (1975) e baseado em datações geocronológicas mais recentes (MATA et al., 1989, 1995; MATA e MUNHÁ, 1995; e MATA e KERRICH, 1995a, 1995b), MATA (1996) propõe um modelo vulcano-estratigráfico da disposição da actividade vulcânica responsável pelo desenvolvimento da ilha, como entidade emersa, agrupado em três etapas fundamentais e distintas, nomeadamente a fase Pós-Emersão, a de Consolidação Insular, e a Matura. Posteriormente, tendo por base datações de 40 Ar/ 39 Ar das rochas vulcânicas do Arquipélago da Madeira, GELDMACHER et al. (2000) propõe um mapa geológico esquemático subdividido em três unidades, a Basal, Intermédia e a Superior, enquanto que, as Desertas à unidade das Desertas e no Porto Santo estão patentes duas outras unidades, a unidade Subaérea e a Submarina. A Unidade Basal, que determina uma disposição geográfica pela região central da ilha, formou-se no Miocénico Superior/Pliocénico e corresponde à unidade β1 de ZBYSZEWSKI et al. (1975), sendo constituída, essencialmente, por breccias vulcânicas e depósitos piroclásticos (com escoadas lávicas secundárias), extensivamente interceptados por uma densa rede filoniana. Datada do Pliocénico até ao Plistocénico, a Unidade Intermédia é composta, essencialmente, por escoadas lávicas alcalinas que cobriram grande parte da ilha, formando sequências lávicas com mais de 500m de espessura, interceptadas localmente por filões subverticais. Esta unidade corresponde às unidades β2 β4 de ZBYSZEWSKI et al. (1975). Na Unidade Superior (equivalente à unidade β5 de ZBYSZEWSKI et al. (1975)) as características mais evidentes são os cones vulcânicos e escoadas lávicas recentes que ocupam o interior dos grandes vales encaixados (intercanyon lava flows), formados num período erosivo da ilha da Madeira. Devido à reduzida escala de análise dos esboços geológicos apresentados por MATA (1996) e GELDMACHER et al. (2000), no presente documento serão adoptados os pressupostos da Carta Geológica da ilha da Madeira de ZBYSZEWSKI et al. (1975), com as referências e designações referenciadas anteriormente, nomeadamente as apresentadas por CARVALHO e BRANDÃO (1991). Relativamente as formações sedimentares, estas adquirem pouca representatividade no contexto da ilha da Madeira, sendo observáveis e referenciados depósitos aluvionares, praias actuais, depósitos de vertente, fajãs, terraços fluviais, a intercalação calcária marinha do vale de São Vicente e as dunas fósseis da Ponta de São Lourenço (ABREU et al., 2007) ANÁLISE MORFOLÓGICA A ilha da Madeira (785,6km 2 ) possui uma geometria alongada, com 57km de comprimento e 27km de largura, segundo uma direcção E-W e um perímetro de 180km. Apresenta 35% da área emersa com altitudes superiores ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 25

40 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O a 1.000m e cerca de 90% acima da cota dos 500m. Morfologicamente, a ilha apresenta duas áreas distintas, a zona centro-oriental, com um relevo exuberante e onde se atinge o ponto de maior altitude (Pico Ruivo (1.862m)), e a zona ocidental, composta por uma extensa área planáltica (Paul da Serra), de onde se destaca a Bica da Cana (São Vicente) com 1.620m (FIGURA 03). FIGURA 03. Enquadramento hipsométrico da ilha da Madeira. Numa análise de declives, constamos que cerca de 65% da ilha possui declives superiores a 25%, 23% tem declives entre a classe de 25% e os 16% e apenas 12% tem declives inferiores a 16% (85km 2 ) (FIGURA 04). FIGURA 04. Cartograma representativo das classes de declive da ilha da Madeira. 26 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

41 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O ANÁLISE ESTRUTURAL A evolução e génese da exuberante geomorfologia da ilha da Madeira, encontra-se suportada na tectónica, posta em evidência nos alinhamentos dos aparelhos vulcânicos recentes e nas inflexões observadas na intensa rede filoniana. Possui 137 lineamentos com mais de 1km de comprimento e 450km de comprimento total. Estes foram os resultados obtidos por FONSECA et al. (1998a, 1998b, 2000, 2002), num estudo de interpretação de lineamentos através de imagens de satélite, com uma posterior confirmação no campo, utilizando critérios de natureza tectónica, geomorfológica e hidrogeológica. O mais importante é, dadas as suas dimensões e expressão geomorfológica, o lineamento Seixal Machico com uma extensão de 56km. Trata-se de uma falha com direcção N50ºW, subvertical, com o abatimento do bloco norte e componente de desligamento direito secundário. A escoada intercanyon da Ribeira do Faial (1,09 a 1,26Ma) é afectada por esta falha, confirmando a existência de actividade neo-tectónica na Madeira (ABREU, 2008) ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA Segundo SCHMINCKE (1973, 1982), se tivermos em consideração a entidade imersa da ilha, visto que somente 4,2% do total do edifício vulcânico é emerso, poderemos ter uma ideia da importância da actividade magmática responsável pela construção de tal edifício, que corresponderá, a um volume de cerca de km 3 (ABREU, 2008). Relativamente à morfologia da parte imersa do edifício vulcânico Madeira/Desertas, referencia-se, para além da forma (V invertido e aberto), a presença de canhões submarinos 7 na continuação e/ou concordantes com os vales terrestres (GIERMANN, 1967). Esta situação comprova a correlação directa existente entre o sistema de drenagem emerso e o imerso. Segundo RIBEIRO (1985), a ilha da Madeira, na sua aparência genérica, assemelha-se a um escudo achatado, profundamente sulcado pela intensa erosão vertical e diferencial, determinando declives extremamente acentuados e formas morfológicas desgastadas. Esta situação determinou uma orla costeira caracterizada por arribas com algumas centenas de metros de altitude, produto da abrasão, o que priva a ilha de costas baixas (ABREU et al., 2007). De igual forma, referencia a existência de outras ilhas de génese vulcânica e com formas geomorfológicas idênticas, como o caso de La Reunion, Galápagos e Hawaii. O cariz geomorfológico da ilha da Madeira, na sua configuração actual, é consequência de factores que, embora diferenciados, perpetuaram a sua acção no modelar do relevo. Tais factores passam pela estrutura, a forma e idade do edifício vulcânico que lhes deu origem, a natureza litológica e finalmente os agentes externos. A água, 7 Atingem a profundidade de m, até a base do complexo Madeira/Desertas. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 27

42 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O associada a uma grande altitude média, abundância de formações piroclásticas e a elevada pluviosidade, confere-lhe uma grande capacidade modeladora do relevo. O caudal das ribeiras, cujo poder erosivo se explica pelo seu regime predominantemente torrencial, demonstra uma das características geomorfológicas mais marcantes da ilha da Madeira, a profusão de vales profundamente encaixados. Neste tipo de relevo, existe um balanço diferenciado entre duas tipologias de acções modeladoras da morfologia, a actividade construtiva (edificação dos aparelhos vulcânicos pela acumulação dos produtos eruptivos) e a destrutiva (erosão), que podem, alternadamente, ser preponderante ou equivalente. No caso da ilha da Madeira, o resultado é positivo, visto que mantém a sua configuração, com todo o seu volume (CARVALHO e BRANDÃO, 1991). Segundo ZBYSZEWSKI et al. (1975), a paisagem geomorfológica da ilha determina uma subdivisão em três unidades distintas (FIGURA 05), segundo as formas geomorfológicas das vertentes e do grau de encaixe das linhas de água, nomeadamente o planalto do Paul da Serra (UGRC1), o Maciço Vulcânico Central (UGRC2) e a Ponta de São Lourenço (UGRC3). FIGURA 05. Delimitação espacial das unidades geomorfológicas regionais de ZBYSZEWSKI et al. (1975) (ABREU, 2008) ANÁLISE CLIMÁTICA O clima da Madeira é influenciado por factores gerais, relacionados com a circulação atmosférica e a sua localização geográfica, e por factores locais, como a exposição das vertentes e a morfologia e orientação do relevo. Estes factores determinam uma variabilidade espacial na distribuição dos valores de precipitação e de temperatura. 28 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

43 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Quanto aos factores gerais, no Arquipélago da Madeira as condições meteorológicas predominantes são influenciadas pela intensidade, localização e características dos principais centros de pressão do Anticiclone Subtropical dos Açores, que apresenta uma variabilidade anual regular, nomeadamente pelas massas de ar tropical marítimo subsidentes (sector oriental do anticiclone). Relativamente aos factores locais, na acepção de FERREIRA (2005), o clima da Madeira é paradigmático e correspondente ao grupo climático Mediterrânico, os quais determinam uma zonagem climática altitudinal bem demarcada. Assim, note-se a distinção existente entre a vertente Norte, mais exposta à circulação geral do ar (proveniente do Anticiclone dos Açores), e a homóloga orientada a Sul, mais abrigada devido ao factor relevo. Especificamente, na exposta a Norte, independentemente dos eventos de precipitações extremos que uniformizam o ambiente climático, existe um escalonamento em altitude de três andares, nomeadamente o marítimo (húmido, nebuloso, chuvoso, ventoso, com amplitudes térmicas fracas); o andar dos nevoeiros no seio da camada de estratocúmulos, com movimento diurno e anual; e o topo das vertentes e cumes da ilha, mais secos e soalheiros no Verão e frios no Inverno, com possibilidade de geada e de queda de neve, recebendo esporadicamente verdadeiros dilúvios de chuva. A classificação dos climas faz-se com base em critérios convencionais, aplicados aos valores médios dos elementos climáticos, à frequência da sua ocorrência, bem como à respectiva variação ao longo do ano (MACHADO, 1984). Segundo o PRAM (2003) e de acordo com critérios simples de classificação, o clima da Madeira é, quanto à: Temperatura: frio nas áreas mais elevadas; temperado, nas zonas de menor altitude (temperatura média anual do ar, variável entre 13ºC e os 19ºC); e oceânico, relativamente à amplitude média da variação anual da temperatura do ar (inferior a 10ºC). Humidade do ar: seco (média anual, às 9 horas, inferior a 75%), na zona do Funchal e Lugar de Baixo; enquanto que, nas restantes zonas, húmido. Precipitação: moderadamente chuvoso (precipitação média anual entre 500mm e 1.000mm) na maior parte da vertente Sul, próximo do mar; e excessivamente chuvoso (precipitação superior a 1.000mm), nas áreas mais elevadas. De acordo com a classificação de KÖPPEN, que se baseia nos valores médios da temperatura do ar e da quantidade de precipitação, o clima do Arquipélago da Madeira é da forma climática Csa, isto é, clima temperado (mesotérmico) com Inverno chuvoso e Verão seco (mediterrânico) e quente (temperatura média do ar no mês mais quente superior a 22ºC), em zonas geográficas de baixa altitude e/ou próximas à orla costeira (Bom Sucesso, Camacha, Funchal, Lugar de Baixo, Ponta Delgada, Sanatório do Monte, Santa Catarina e Porto Santo); e Csb, nomeadamente clima temperado com um Verão pouco quente (temperatura média do ar no mês mais quente entre 10º e 22ºC), em pontos de elevada altimetria (Areeiro, Bica da Cana e Santo da Serra). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 29

44 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O ANÁLISE HIDROGEOLÓGICA Segundo PRADA (2000) o estudo hidrogeológico em litologias vulcânicas é de grande importância em diversos sectores da actividade económica, uma vez que, o abastecimento público faz-se fundamentalmente à custa dos recursos hídricos subterrâneos. A FIGURA representada seguidamente (06) enquadra o regime hidrogeológico da ilha da Madeira, em função do potencial aquífero das formações presentes. De acordo com a Notícia Explicativa VII.3, do Ministério do Ambiente e Recursos Naturais, o comportamento hidrogeológico das formações vulcânicas da ilha da Madeira é influenciado: pela idade da litologia prevalecente; pelas estruturas geotectónicas existentes (fracturas e rede filoniana); e pelos valores de porosidade e permeabilidade, num contexto geológico. FIGURA 06. Enquadramento hidrogeológico da ilha da Madeira (APA, 2007). Com base nestes conceitos, foram estabelecidas quatro unidades hidrológicas, nomeadamente: as áreas favoráveis à infiltração; aquíferos locais e descontínuos de elevada produtividade; aquíferos de moderada e elevada produtividade, com reservas somente locais; e aquíferos pouco produtivos ou eventualmente de boa produtividade, em zonas muito localizadas. O modelo conceptual de funcionamento hidrogeológico de SILVA (1988), para a ilha da Madeira, determina a existência de três grandes unidades hidrogeológicas, nomeadamente a do Paul da Serra, a do Areeiro-Ruivo e a do Santo da Serra. Admite que estas unidades estão dependentes, como áreas de recarga, dos terrenos correspondentes aos complexos vulcânicos. Neste contexto, salienta que as zonas de recarga dos aquíferos localizam-se em áreas restritas, determinadas por um declive pouco acentuado, uma precipitação que atinge valores elevados e onde predominam formações mais recentes e permeáveis, constituídas por bancadas basálticas, muito fissuradas e pouco inclinadas, 30 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

45 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O favorecendo a infiltração e a circulação subterrânea. Nestas áreas, o fluxo é descendente e origina aquíferos suspensos quando aquele atinge níveis pouco permeáveis (piroclásticos). Na acepção de PRADA et al. (2005), que definiu como pressupostos metodológicos as observações efectuadas no interior de galerias e túneis, análises de registos de caudais, ensaios de bombeamento de furos de captação, assim como a interpretação de dados hidroquímicos, o modelo hidrogeológico conceptual encontra-se estratificado segundo três tipologias aquíferas, nomeadamente os aquíferos suspensos, o vulcânico de base e os compartimentados ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO O Arquipélago da Madeira determina uma localização geográfica no sector NE do Atlântico Norte, entre os paralelos 30º 01 e 33º 08 e os meridianos 15º 51 e 17º 16, numa região intraplaca, a W do Continente Africano, a SW de Portugal Continental e a SE do Arquipélago dos Açores (FIGURA 07). É composto pela ilha da Madeira (785,6km 2 ), pela ilha do Porto Santo (42,4km 2 ) e pelos ilhéus das Desertas e Selvagens, com uma área de 14km 2 e 4km 2, respectivamente. Segundo os CENSOS (2011), contabiliza uma população de cerca de habitantes, distribuída por 11 concelhos, e uma densidade populacional de 334,5hab/km 2. FIGURA 07. Enquadramento geográfico do Arquipélago da Madeira (TOPEX, 2009). O Município de Câmara de Lobos determina uma posição no sector centro-ocidental da ilha da Madeira, (FIGURA 08), e possui, de acordo com os limites da Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP, 2009), uma área total de 52km 2 e um perímetro de 46km. No contexto da Região Autónoma da Madeira (RAM), detém uma elevada expressividade populacional e representatividade económica, e a sede do concelho possui o estatuto de cidade. Em termos de organização espacial e administrativa, o concelho de Câmara de Lobos é composto por cinco freguesias, nomeadamente: Câmara de Lobos (N 32º 38`; W 16º 59`). Esta freguesia determina uma área de 7,7km 2 e uma população de habitantes (CENSOS, 2011), contabilizando, consequentemente, uma densidade populacional de 2.334,8hab/km 2. Em termos administrativos, a freguesia subdivide-se pelos sítios da ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 31

46 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Caldeira, Caminho Grande e Preces, Caminho Grande e Ribeiro de Alforra, Cruz da Caldeira, Espírito Santo e Calçada, Facho, Fajã, Garachico, Eras, Jesus Maria José, Lourencinha, Nogueira, Palmeira, Panasqueira, Pé-de-Pico, Pedregal, Quinta do Leme, Rancho, Ribeira da Caixa, Ribeiro de Alforra e Fonte Garcia, Ribeiro Real, Saraiva, parte Sul do Serrado de Adega e Torre, Vila e Ilhéu. Estreito de Câmara de Lobos (N 32º 40`; W 16º 59`). Com uma área de 7,9km 2 e uma população de habitantes (CENSOS, 2011), esta freguesia contabiliza uma densidade populacional de 1.299, 1hab/km 2. Administrativamente é composta pelos sítios de Barreiros, parte sul do Cabo do Podão, Casa Caída, Castelejo, Covão, Covão e Panasqueira, Fajã das Galinhas, Fontes, parte sul do Foro, parte do Garachico, Igreja, Marinheira, Pomar do Meio, Pico e Salões, Quinta de Santo António, Ribeira da Caixa, Ribeira Fernanda, Romeiras, Barreiros e Vargem. Jardim da Serra (N 32º 40`; W 16º 58`). Esta freguesia compreende uma área de 7,3km 2 e uma população de habitantes (CENSOS, 2011), contabilizando, consequentemente, uma densidade populacional de 454,5hab/km 2. Em termos administrativos compreende os sítios do Marco e Fonte da Pedra, Corrida, Achada, Chote, Pomar Novo, Jardim da Serra, Luzirão, Fonte Frade, zona norte do sítio do Foro, zona norte das Romeiras e o Cabo do Podão. Quinta Grande (N 32º 58`; W 17º 01`). Esta freguesia determina uma densidade populacional de 511,9hab/km 2, contabilizada a partir de uma área total de 4,1km 2 e uma população de habitantes (CENSOS, 2011). Administrativamente, a freguesia da Quinta Grande é composta pelos sítios do Aviceiro, Fontaínhas, Fontes, Igreja, Lombo, Quinta, Ribeira do Escrivão, Vera Cruz e Câmara do Bispo. Curral das Freiras (N 32º 42`; W 16º 58`). Esta freguesia contabiliza uma população de cerca de habitantes (CENSOS, 2011) e uma área 25km 2, perfazendo uma densidade populacional 80hab/km 2. Administrativamente, compreende os sítios de Achada, Balceiras, Capela, Casas Próximas, Colmeal, Fajã dos Cardos, Fajã Escura, Lombo Chão, Murteira, Pico do Furão, Terra Chã e Seara Velha. O Município encontra-se delimitado, a Este, pelo concelho do Funchal; a Norte, por Santana e São Vicente; a Oeste, pelo Município da Ribeira Brava; e a Sul, pelo Oceano Atlântico. Contudo, os seus limites precisos são definidos pelo Decreto-Lei nº de 5 de Julho de 1955, que estabelece a norte, partido do Pico do Arieiro, o limite concelhio segue pela linha de alturas definida pela Pedra Rija, Pico do Cidrão, Pico do Gato, Pico das Torres, Pico da Cágada, Pico Ruivo de Santana, Pico da Lapa da cadela, Pico Coelho, Pico das Eirinhas, Pico da Laje, Pico das Torrinhas, Pico Casado e Pico do Jorge. A oeste, segue pelo Pico Jorge pela linha de alturas concretizada pelo Pico Arranha-Mata, Pico do Cerco, Pico Grande, Pico de Serradinho, Boca do Paço de Aires, Boca dos Corgos, Alto do Aviceiros, Lombo do Covão, ou Estrebaria, Pico do Trevo, Eira das Moças e Pico da Cruz, donde segue pelo caminho da Achada do Campanário até à Vera Cruz, continuando pelo lombo da Partilha até à escarpa sobranceira ao mar, conforme demarcação assinalada pelos serviços cadastrais. A sul, o concelho é limitado pela dita escarpa até à foz da Ribeira da Quinta Grande e depois pela linha de costa desde aquela ribeira até à ribeira dos Socorridos, não englobando por isso a Fajã dos Padres. A leste corresponde ao limite 32 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

47 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O oeste do concelho do Funchal, ou seja pela linha que parte do Pico do Serrado e segue pelo Lombo da Partilha até à confluência do ribeiro das Eiroses com a ribeira dos Socorridos, que serve de limite concelhio até ao mar.. FIGURA 08. Divisão administrativa do concelho de Câmara de Lobos e enquadramento geográfico regional. De acordo com os CENSOS (2011), em termos demográficos, o Município de Câmara de Lobos regista uma população de habitantes, traduzindo-se num concelho de elevada densidade (685,7hab/km 2 ) e de grande representatividade populacional, comparativamente aos valores médios da ilha da Madeira. Neste âmbito e relativamente à variação populacional, verifica-se, para o período intercensitário de 1991 a 2001, um decréscimo de cerca de 10%; enquanto que, o levantamento censitário de 2011 regista um aumento habitantes, uma variação positiva de 3% CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA LOCAL GEOLOGIA FORMAÇÕES VULCANO-ESTRATIGRÁFICAS Do ponto de vista geológico e de acordo com o modelo vulcano-estratigráfico de ZBYSZEWSKI et al. (1975), adaptado por CARVALHO e BRANDÃO (1991), no espaço geográfico do concelho de Câmara de Lobos estão patentes quatro complexos (CARTA 01. ANEXO - PONTO 08.9), que seguidamente se inúmera: β 1. O Complexo Vulcânico Base (β1) é essencialmente constituído, numa disposição alternante, por material piroclástico e escoadas lávicas secundárias, intensivamente fracturados e interceptados por uma densa rede filoniana. As acumulações piroclásticas são predominantemente grosseiras, caóticas, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 33

48 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O constituídas por grandes blocos, bombas, lapilli e cinzas. Em Câmara de Lobos, esta unidade possui uma extensão de cerca de 20km 2, abrangendo a quase totalidade da depressão de Curral das Freiras e estendendo-se ao longo do vale dos Socorridos. β 2. A formação intermédia do Complexo Vulcânico Periférico (β2) ocupa, área e volume, a maior parte da ilha, aflorando em toda a encosta sul do concelho de Câmara de Lobos, indo desde o Jardim da Serra até ao litoral. Esta unidade é constituída por uma alternância de mantos lávicos, com cerca de 500m de espessura, e material piroclástico de granulometria variável, tanto mais fina quanto maior for a sua distância do centro emissor. β 3. O Complexo Vulcânico das Lombadas Superiores (β3) cobre parcialmente os complexos β1 e β2 e é observável nas partes superiores dos picos concelhios do Maciço Vulcânico Central, nomeadamente o Pico Serradinho, Boca das Torrinhas, Pico Casado, Pico do Cerco e do Cidrão; e nas serras altas da vertente sul, mais concretamente, na Boca dos Namorados, Pico das Pedras, Pico da Malhada e Pico dos Bodes. Esta unidade constitui a generalidade dos interflúvios e zonas altas que separam as bacias de recepção, identificando-se com formas de relevo interfluviais, popularmente designadas por lombadas ou lombos. É constituída por uma sequência alternada de materiais piroclásticos e escoadas lávicas pouco espessas, com uma fraca inclinação em relação ao complexo anterior. β 4. Constituído predominantemente por escoadas basálticas compactas, em bancadas pouco inclinadas e sub-horizontais, e intercaladas por alguns níveis piroclásticos (finos e extensos), o Complexo Basáltico do Paul da Serra (β4) aflora no Pico Ruivo de Santana e no Pico do Cedro, a SW do Pico do Areeiro. As lavas provenientes desta unidade formaram escoadas relativamente pouco espessas, cobrindo a topografia aplanada do complexo vulcânico inferior. De igual forma referencia-se a presença de duas tipologias de depósitos piroclásticos que, consoante a granulometria do material, subdividem-se em depósitos de material predominantemente fino e por depósitos grosseiros. Os primeiros são constituídos, na sua generalidade, por tufos e cineritos de cor avermelhada, acastanhada, amarelada ou acinzentada, e encontram-se referenciados espacialmente numa área compreendida entre o talvegue do Pico da Torre (local de origem das emissões) e o Estreito de Câmara de Lobos, para noroeste; e o Covão e Panasqueira, para nordeste. Quanto aos depósitos piroclásticos de maior granulometria, estes podem ser encontrados no sítio do Garachico e na Achada do Campanário, a NNW da cidade de Câmara de Lobos. Apresentam um elevado grau de alteração, comparativamente aos de vulcanismo recente verificados a SSE da área em estudo (Pico da Torre). Apresentam-se intensivamente fracturados, por caixas de falhas normais, e um elevado grau de argilificação, consequência da exposição prolongada aos agentes erosivos. 34 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

49 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FORMAÇÕES SEDIMENTARES As formações sedimentares encontram-se representadas, principalmente, por depósitos aluvionares e determinam uma distribuição homogénea ao longo das secções de vazão da rede hidrográfica concelhia (VER CARTA 01. ANEXO - PONTO 08.9). Encontram-se dispostos espacialmente na totalidade da extensão do vale dos Socorridos, sobretudo na confluência da Ribeira de Curral das Freiras com a Ribeira dos Socorridos, a montante, e na planície aluvionar, a jusante. De menor expressão, referencia-se os depósitos aluvionares da Ribeira do Vigário que, devido à menor capacidade de transporte sedimentar e de densidade de drenagem, possuem uma bancada sedimentar de pouca espessura. São depósitos constituídos por material grosseiro e heterométrico, resultante da imaturidade das formas geomorfológicas hídricas (vales) e dos respectivos perfis longitudinais acentuados. Os depósitos constituídos por cascalheiras fluviais, possuem uma distribuição espacial circunscrita ao sítio da Achada do Curral, na freguesia do Curral das Freiras, e a sua génese deve-se a ocorrência de um escorregamento-barragem na Ribeira do Curral. Esta situação provocou o bloqueamento, e respectiva acumulação a montante, da escorrência hídrica superficial em leito ordinário ou aparente, contribuindo para a formação de uma praia fluvial quaternária na área referenciada, através de um processo de deposição lenta e gradual/contínua de material proveniente da componente hídrica erosiva. Os depósitos de cobertura/coluvionares e de fajãs correspondem, em ambos os casos, ao acumular de material proveniente da vertente, por via da gravidade. Os depósitos de cobertura, de constituição detrítica e muito heterométrica, resultam de um processo de acumulação gradual de sedimentos na camada superficial do solo inferior, oriundos da capa de alteração do solo e de produtos piroclásticos pouco coesos, resultado da acção erosiva perpetuada por agentes externos. Encontram-se referenciados na bacia morfológica de Curral das Freiras, ao longo da Ribeira dos Socorridos, e na orla costeira. De génese semelhante aos depósitos anteriormente referenciados, mas destacando-se pela morfologia própria (de fraco declive na parte superior e um aumento acentuado a partir das cornijas) e pela constituição, volumetria e quantidade de material envolvido (caracterizados por material muito detrítico e com uma grande quantidade de blocos de granulometria variável), as fajãs resultam de uma intensa geodinâmica de vertentes que, associada a declives acentuados e a um coberto vegetal diminuto, favorecem o desenvolvimento e a ocorrência de processos de movimentos de massa. Esta situação encontra-se referenciada nas vertentes dos vales encaixados da rede hidrográfica e nas arribas da orla costeira REDE FILONIANA A rede filoniana desempenha um papel de extrema importância na conservação dos relevos, cuja estrutura sustenta as formações vulcano-estratigráficas e constitui um factor de resistência à erosão dos materiais existentes contíguos/envolventes, modelando o relevo consoante a presença de intrusões magmáticas (filões) e ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 35

50 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O edificando taludes subverticais com centenas de metros de altura. HARTNACK (1930) compara o comportamento da rede filoniana às funções que as estruturas metálicas desempenham no interior do betão armado. A orientação do complexo filoniano, no contexto regional, reflecte o campo compressivo dentro do edifício vulcânico Madeira/Desertas, uma vez que as fracturas/acidentes estruturais desenvolvem-se perpendicularmente à direcção do mínimo stress compressivo, determinando uma orientação E-W e representando a direcção de deslocamento do ponto quente da Madeira. Deste modo, a densa rede filoniana possui uma orientação idêntica à referenciada anteriormente, exceptuando aquela associada a fenómenos de vulcanismo recente, e encontra-se referenciada espacialmente a Norte do concelho, nomeadamente na depressão morfológica do Curral das Freiras. São observáveis aglomerados filonianos ao longo da orla costeira, contribuindo para a edificação do maciço montanhoso com o maior desnível costeiro da ilha da Madeira, o Cabo Girão (580m). Nesta área, as intrusões apresentam uma orientação (N5ºE) distinta dos complexos filonianos mencionados anteriormente, evidenciando um campo compressivo distinto. Nas zonas de maior altitude das freguesias do Jardim da Serra e do Estreito de Câmara de Lobos, mais precisamente numa área compreendida entre o sítio da Corrida e o da Boca dos Namorados, é, de igual forma, observável um segundo complexo filoniano, extremamente denso, com uma direcção divergente (N40ºW) em relação aos localizados ao longo da bacia morfológica do Curral das Freiras. Considerando a orientação relativa de ambos os complexos filonianos, conclui-se que existe uma nítida convergência dos filões em direcção ao centro vulcânico primitivo do interior da ilha, possivelmente localizado na área do Pico Ruivo e do Pico do Areeiro. Trata-se de uma rede filoniana associada a fenómenos vulcânicos extremamente localizados, a qual, a maioria dos filões corresponde a rochas básicas, e os que possuem material traquítico, são posteriores ao segundo complexo vulcânico, mas anteriores ao complexo vulcânico moderno REDE GEOTECTÓNICA Em termos estruturais, a observação de campo permitiu aferir que as formas morfológicas existentes são controladas pela tectónica, com base na identificação de diversos lineamentos. De acordo com FONSECA et al. (1998a, 1998b, 2000, 2002), o lineamento com maior expressão na área em estudo, o de Curral das Freiras - Arco de São Jorge (CFASJL), possui uma extensão de cerca de 11,5km com um azimute de N8º. Este é um acidente estrutural que condiciona o traçado da Ribeira dos Socorridos, no seu troço intermédio, provocando uma inflexão para Este e seguindo, a posteriori, o seu troço rectilíneo em direcção a jusante. De igual forma, é identificável um lineamento que condiciona a secção Sul da bacia morfológica do Curral das Freiras, com uma orientação N30ºW. A análise da CARTA 01 (VER ANEXO - PONTO 08.9) permite corroborar a existência de um terceiro acidente estrutural (lineamento) localizado no maciço montanhoso do Cabo Girão e que se prolonga para o interior do 36 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

51 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O concelho. Determina uma certa importância no contexto geomorfológico local, não só pelo comprimento que possui, cerca de 7km, mas porque parece influenciar o traçado da Ribeira do Vigário a montante MORFOLOGIA O concelho de Câmara de Lobos é caracterizado por profundos contrastes morfológicos, litológicos, estruturais e hidrogeológicos. Observam-se unidades climáticas e de paisagem distintas; formas de ocupação e uso do solo paradigmáticas; aptidões específicas à exploração de recursos minerais, hídricos e agrícolas; bem como a transformação do território como espaço físico. O concelho apresenta uma geometria alongada, orientada N-S, com cerca de 13km de comprimento por 6,5km de largura, um perímetro de 46km e uma área com cerca de 52km 2, o correspondente a 6,5% da superfície total da ilha da Madeira. Do ponto de vista morfológico é possível a identificação e definição de quatro unidades distintas, nomeadamente: A depressão morfológica do Curral das Freiras, localizada a Norte do concelho, caracterizada por um relevo geologicamente mais antigo e incisivo, controlado pela tectónica, e que apresenta como formas morfológicas características, os taludes subverticais com centenas de metros de altitude e a distribuição geográfica homogénea de depósitos coluvionares e de vertente ao longo da linha de água principal (Ribeira do Curral); O anticlinal costeiro, espacialmente localizado na área do Cabo Girão, é representado por uma morfologia exuberante, sendo observado pendores acentuados e taludes subverticais de elevada altitude; As formas morfológicas de origem fluvial, caracterizadas por linhas de água profundamente encaixadas, perpendiculares à linha da costa, e com perfis longitudinais com declives extremamente acentuados, fruto o grau de juventude. Possuem uma grande capacidade de carga de material heterométrico; e O relevo geomorfológico associado à fase dos episódios vulcânicos recentes, localizado num sector periférico (Pico da Torre), é representado por cone vulcânico monogenético, composto por depósitos piroclásticos grosseiros e por escoadas lávicas com pendores acentuados ANÁLISE HIPSOMÉTRICA O concelho de Câmara de Lobos possui uma hipsometria extremamente elevada (uma altitude média de 775m), destacando-se a Norte, as serras de Curral das Freiras, que atinge o ponto de maior altitude a 1.860m, a Sudoeste do Pico Ruivo. Contudo, nesta área, destacam-se outras elevações, nomeadamente o Pico das Torres (1.847m), Pico do Cidrão (1.798m), Pico do Cedro (1.759m), Pico do Coelho (1.738m), Pico Casado (1725m), Pico do Gato (1.712m), Pico do Jorge (1.695m) e o Pico do Cerco (1.617m). Os valores referenciados anteriormente corroboram a localização destas formas morfológicas ao longo do eixo topográfico e do Maciço Vulcânico Central, os sectores com maior altitude da ilha da Madeira (GRÁFICO 01 e 02). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 37

52 Área (Km²) Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O m m m m m m Classes GRÁFICO 01. Distribuição das classes hipsométricas no Município de Câmara de Lobos Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos 0-350m m m m m m GRÁFICO 02. Distribuição espacial, por freguesia, das classes hipsométricas associadas ao território em análise. Na CARTA 02 (ANEXO - PONTO 08.9) encontra-se representada a distribuição das classes hipsométricas do concelho de Câmara de Lobos. A análise permite evidenciar uma morfologia extremamente acentuada e incisiva, corroborada pelo índice de rugosidade (CARTA 20. ANEXO - PONTO 08.9), determinada pela exígua representação 38 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

53 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O de valores inferiores a 200m (3,6km 2 ), sobretudo numa área (a Este do concelho) compreendida entre o Serrado do Mar e a desembocadura da Ribeira dos Socorridos, em que a morfologia ascende exponencialmente à medida que nos deslocamos para Norte. Por outro lado, destaca-se a importância espacial dos valores superiores a 500m, que constituem factores condicionantes de toda a dinâmica e energia dos processos naturais e da fixação das populações (ABREU et al., 2007). Possuem uma disposição espacial ao longo dos maciços montanhosos Este, Norte e Oeste da depressão morfológica do Curral das Freiras, limite de partilha administrativa com os concelhos do Funchal, São Vicente e Ribeira Brava, respectivamente; bem como a existência de valores altimétricos acentuados no relevo costeiro. Os valores associados ao processo de análise permitiram contabilizar uma superfície total de cerca de 38,9km 2, bem como corroborar e/ou fundamentar a análise supracitada. De igual forma, salienta-se a distribuição espacial heterogénea das classes hipsométricas superiores a 500m, determinando uma concentração, na ordem dos 60%, na freguesia do Curral das Freiras (23,8km 2 ); enquanto que as remanescentes perfazem um valor total de 15,1km 2 (Câmara de Lobos (1,30km 2 ); Estreito de Câmara de Lobos (4,1km 2 ); Jardim da Serra (7,40km 2 ); Quinta Grande (2,30km 2 )) ANÁLISE DE DECLIVES Num processo analítico às formas geomorfológicas, um dos vectores de avaliação mais importantes deverá ser constituído por um estudo de declives aprofundado e diferenciado, sobretudo devido à correlação e dependência directa entre as actividades e a ocupação humana e os limites críticos de declives. No processo de planeamento e gestão urbanística, à escala local, torna-se necessário a definição e/ou delimitação geográfica de um conjunto de classes de declive que proporcione um óptimo ou limitação construtiva e de implementação de infraestruturas associadas às actividades humanas. A análise de declives (CARTA 03. ANEXO - PONTO 08.9) permite destacar a classe compreendida entre os 25% e os 35% de inclinação, como a que determina maior representatividade (12km 2 ), à ordem dos 23%; enquanto que, a classe referente aos declives superiores a 35%, encontram-se distribuídos espacialmente pelos taludes subverticais associados às formas morfológicas costeiras (Cabo Girão) e de origem fluvial (Ribeira dos Socorridos e do Vigário), bem como ao circo de erosão do Curral das Freiras, que constituem 44,6% do território em análise (GRÁFICO 03). A representação de declives pouco acentuados (inferiores a 10%) é extremamente limitada (9,0% da área do concelho), com 4,7km 2, correspondendo aos níveis estruturais aplanados localizados no Jardim da Serra; às formas morfológicas associadas aos movimentos de massa (Fajãs) na orla costeira (Fajã das Bebras e do Cabo Girão) e no interior de vales e/ou de bacias hidrográficas (Achada do Curral, Fajã Escura e/ou do Capitão); às rechãs, pequenos retalhos de terreno aplanado de fraco declive e limitado por cornijas do lado exterior; e às ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 39

54 Área (Km²) Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O formas morfológicas de génese hídrica, sobretudo as menos incisivas, como é o caso da Ribeira da Caldeira e a da Quinta Grande (GRÁFICO 04) % 5-15% 15-25% 25-45% > 45% Classes GRÁFICO 03. Distribuição das classes de declive no Município de Câmara de Lobos Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos 0-5% 5-15% 15-25% 25-45% > 45% GRÁFICO 04. Distribuição espacial, por freguesia, das classes de declives relativas ao Município de Câmara de Lobos. 40 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

55 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O A análise pormenorizada (VER CARTA 03. ANEXO - PONTO 08.10) permite constatar a predominância de declives extremamente acentuados, superiores a 45%, em vertentes subverticais localizadas na depressão morfológica do Curral das Freiras, em cerca de 9,9%; na rede hidrográfica, sobretudo a que determina maior encaixe fluvial; bem como na orla costeira. Na área compreendida entre o Jardim da Serra e a faixa costeira, os declives mais representativos situam-se entre os 9% e os 35%. A avaliação e classificação de um determinado tipo de relevo, é efectuado de acordo com a média do declive existente. Deste modo, e com base na inclinação média de 35%, o concelho de Câmara de Lobos encontra-se classificado como Montanhoso, uma vez que insere-se no intervalo compreendido entre os 20% e os 50%. A avaliação morfo-litológica do espaço, corrobora a correlação directa entre determinados parâmetros litológicos e o grau de inclinação das vertente, sobretudo a dependência com o grau de alteração/fracturação do material geológico, a presença de uma rede filoniana de suporte, e/ou a existência de possíveis acidentes estruturais. Neste contexto, constata-se a existência de dois grandes domínios de classes de declive, nomeadamente as associadas ao Complexo Vulcânico de Base e ao Complexo Vulcânico Periférico. Especificamente: O Complexo Vulcânico de Base é representado, na quase totalidade, por vertentes de fisiografia convexa e cujo grau de inclinação varia entre os 25% e os 35%. Contudo, quando suportados por um complexo filoniano, os valores relativos aos declives ascendem aos 35%, devido ao factor de resistência perpetuado sobre os materiais piroclásticos pouco coesos deste complexo vulcânico; A classe de declive superior (>45%) encontra-se referenciada no Complexo Vulcânico Periférico, sobretudo devido às suas características litológicas. Especificamente, encontra-se representada em taludes subverticais, localizados ao longo dos vales dos Socorridos e do Vigário e na orla costeira, em ambos os casos constituídos por escoadas lávicas espessas (>500m) e pouco fracturadas ANÁLISE DE EXPOSIÇÕES A variabilidade inerente às exposições solares gera microclimas distintos, determinantes no conforto bioclimático da população. Especificamente, a orientação e a inclinação da vertente influencia a percentagem de radiação recebida ao longo do ano, determinando uma maior recepção daquelas expostas a Sul (no Hemisfério Norte), enquanto que, as vertentes expostas a Norte, apresentam valores muito baixos de radiação absorvida, sobretudo no período compreendido entre o solstício de Inverno e os Equinócios, tornando-as desconfortáveis. Entre os quadrantes anteriores, encontram-se valores de radiação intermédios, que correspondem às exposições orientadas a Nascente e a Poente. Neste contexto, nas vertentes expostas a Poente, os valores de temperatura do ar são superiores aos das exposições a Nascente, devido ao aquecimento das massas de ar acumulado ao longo do dia e onde há menor acumulação de orvalho. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 41

56 Área (Adm) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O No Município de Câmara de Lobos, de acordo com a Carta de Exposição Solar (CARTA 04. ANEXO - PONTO 08.9) e os GRÁFICOS 05 e 06, constata-se a predominância de vertentes expostas a Sul, SE e a SW, bem como, em termos de representatividade, as orientadas a Oeste e a Este. 10 N NW NE W 0 E Exposição Solar SW SE GRÁFICO 05. Regime de exposição solar. S 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Câmara de Lobos Freguesia Plano N NE E SE S SW W NW N GRÁFICO 06. Distribuição das áreas expostas à radiação solar directa, à escala da freguesia. 42 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

57 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Relativamente às orientações com menor gradiente solar, a análise permite salientar os taludes direccionados a NW e a NE, enquanto que os orientados a Norte adquirem pouca representatividade no território. Em termos de representação e disposição geográfica, constata-se a predominância das orientações com maior recepção de radiação solar (Sul, SE e a SW) ao longo de toda a encosta Sul do concelho de Câmara de Lobos e das vertentes Oeste das principais linhas de água; enquanto que, as vertentes mais úmbrias (NW, Norte e a NE) resumem-se a alguns enclaves a NE do concelho (freguesia do Curral das Freiras), localizados espacialmente ao longo do eixo topográfico da ilha da Madeira (VER GRÁFICO 06) GEOMORFOLOGIA O concelho de Câmara de Lobos, embora definido do ponto de vista administrativo, é delimitado por elementos físicos relevantes, como sejam: a cumeada do vale da Quinta Grande, a Oeste; o talvegue da Ribeira dos Socorridos (delimitação concelhia entre Câmara de Lobos e o Funchal), a Este; o interflúvio do Curral das Freiras, a Norte; e o Oceano Atlântico, a Sul. O concelho de Câmara de Lobos localiza-se, em termos de unidades geomorfológicas regionais, no Maciço Vulcânico Central, onde predominam formas morfológicas paradigmáticas associadas a esta unidade, nomeadamente as caixas de falhas normais; grabens 8 ; e cones de cinza vulcânica e materiais de natureza piroclástica, pouco coesivos e interceptados por uma densa rede filoniana orientada a Oeste. Este facto, aliado à intensa pluviosidade, permite o escavamento de profundos rasgões com amplas bacias de recepção, contribuindo para um relevo vigoroso, representado por belos e magnificentes aspectos de erosão diferencial. Contudo, por forma a realizar uma análise mais pormenorizada e homogénea, consistente com as formas morfológicas existentes, definimos e delimitamos quatro sub-unidades geomorfológicas (Planaltos Centrais e Marginais Fracamente Dissecados (UGCL1); Áreas Marginais Fracamente Dissecadas (UGCL2); Vertentes Fracamente Dissecadas (UGCL3); Vertentes Medianamente Dissecadas (UGCL4)), de acordo com o grau de evolução e encaixe das linhas de água e os seus parâmetros morfométricos quantitativos (Densidade de Drenagem (Dd); Densidade Hidrográfica (Dh) e Coeficiente de Torrencialidade (Ct)) e qualitativos (Litologia predominante e Uso do Solo). Na unidade UGCL4, é identificável, como geoforma de maior relevância, a depressão morfológica do Curral das Freiras (FIGURA 09), localizada a SW do Pico Ruivo de Santana. A análise geomorfológica permite salientar, como características paradigmáticas, a existência de vertentes subverticais com altitudes extremamente acentuadas, uma altura máxima de cerca de 600m; bem como uma altitude média de cerca de 1.600m ao longo eixo topográfico Oeste Norte, no qual atinge o ponto máximo de 1.847m no Pico das Torres. A Sul desta 8 O mesmo que fossa tectónica. Depressão estrutural originada por um jogo de falhas, que resulta do abatimento do bloco ou blocos centrais, enquanto que os laterais se mantêm ou sofrem, inclusive, um levantamento. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 43

58 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O depressão, com cerca de 4km de largura máxima (eixo W-E) e 6km de comprimento máximo (eixo N-S), observamos um vale extremamente encaixado, com um perfil longitudinal acentuado 9 e um perfil transversal em forma de V e U, localizado nos sectores intermédios e jusante, respectivamente. FIGURA 09. Depressão morfológica assimétrica do Curral das Freiras, vista de Norte (ABREU, 2008). De igual forma, destacam-se as vertentes convexo-côncavas da Ribeira dos Socorridos (CARTA 05. ANEXO - PONTO 08.9) que, devido à erosão cíclica basal perpetuada pelo transporte da carga sólida fluvial, evidenciam um grau instabilidade acentuada (observação de concavidades e de diacláses) e, consequentemente, a presença de depósitos coluvionares e de vertente na base, fruto do recuo vertical das suas margens. A bacia hidrográfica do Curral das Freiras apresenta uma forma em funil e assimétrica, sobretudo devido a um contexto litológico distinto entre ambas as vertentes da depressão morfológica, bem como à existência de registos de movimentos de massa paleogeográficos. Esta situação, aliado a uma maior escorrência hipodérmica e superficial na vertente Este, determina a existência de taludes subverticais, numa área compreendida entre o Pico da Geada e o Pico do Serrado; enquanto que, a vertente Oeste apresenta uma inclinação acentuada, comparativamente à homóloga. Segundo RODRIGUES (2005), o sítio da Achada do Curral localiza-se sobre um dos registos referenciados anteriormente e cujo material é proveniente do talude sobranceiro, uma vez que, de acordo com este autor, o modelo evolutivo das bacias hidrográficas da ilha da Madeira, e em particular da Ribeira dos Socorridos, determinou, em algumas fases, a ocorrência de movimentos de massa com grande volumetria (FIGURA 10). Neste contexto, e após validação com trabalho de campo, constatou-se que a abertura do vale foi mais significativa na vertente Este, tendo sido possível observar inúmeros depósitos de vertente que condicionaram a linha de água e a morfologia do vale, devido ao condicionamento estrutural abordado anteriormente. 9 À ordem dos 10%. 44 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

59 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 10. Depósito de vertente da Achada do Curral (DRAMB). Neste contexto, ainda hoje, a génese evolutiva da depressão morfológica do Curral das Freiras não é consensual, visto que, para alguns autores, a sua formação teve por base a influência de processos erosivos associados à geodinâmica externa e, como tal, deverá ser encarado como um enorme circo/bacia de erosão (LYELL (1854); HARTUNG (1864); GRABHAM (1948); MACHADO (1965); MONTAGGIONI (1969); ZBYSZEWSKI et al. (1975) e CARVALHO e BRANDÃO (1991)). Outros autores, tais como STÜEBEL (1910), MORAIS (1939, 1945), RIBEIRO (1949) e MITCHELL-THOMÉ (1980), apesar de não negarem a influência dos agentes erosivos externos, como factores importantes da definição da forma e dimensão actual da depressão morfológica, consideram-na uma caldeira vulcânica com um colapso interno. Esta diferença de opiniões poderá ser explicada pela presença, ao longo de todo o vale, de inúmeros depósitos de cobertura, alguns conhecidos por serem provenientes de movimentos de material de vertente, como o exemplo da Achada do Curral. A acção dos agentes externos teve um papel preponderante na formação destes depósitos e são facilmente confundidos, devido a sua disposição no terreno, ao longo da Ribeira do Curral, por um colapso interno de uma possível caldeira vulcânica (ABREU, 2008). Em suma, no seu conjunto, as formas geomorfológicas do Curral das Freiras (depressão) e da Ribeira dos Socorridos (vale), constituem o exemplo paradigmático madeirense do comportamento/características mecânicas contrastantes que os diferentes tipos de litologias (piroclastos versus lavas) evidenciam face aos agentes erosivos (MATA, 1996, em ABREU, 2008). O curso de água, no seu troço a montante, possui uma ampla bacia de recepção cavada em materiais piroclásticos do centro da ilha, de erosão fácil, evidenciando o consequente recuo da cabeceira; de igual forma são áreas propícias a movimentos de massa em vertente, determinando uma remobilização rápida do material acumulado no leito. O troço a jusante, encontra-se encaixado em espessas escoadas lávicas, intercaladas por alguns níveis de piroclásticos, que tendem a reduzir à medida que nos ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 45

60 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O aproximamos do litoral; neste contexto litológico e como consequência da geodinâmica externa (erosão diferencial) este sector apresenta imponentes gargantas. Através do método analítico de sobreposição da carta geológica com a geomorfológica (CARTA 06. ANEXO - PONTO 08.9), é possível proceder a aferição das diferenças morfológicas associadas ao traçado dos principais cursos de água. Com efeito, constata-se que em linhas de água de maior dimensão, como a dos Socorridos, a cabeceira da bacia hidrográfica encontra-se, total ou parcialmente, encaixada no maciço central, e apresenta uma orientação perpendicular à linha da costa; enquanto que as menor dimensão, encontram-se limitadas a pequenos sulcos de erosão, quase paralelos e de traçado rectilíneo, com um perfil longitudinal extremamente inclinado, apresentando declives idênticos aos das vertentes contíguas (ABREU et al., 2007). As unidades UGCL3 e UGCL2, apesar de possuírem uma dimensão pouco representativa 10 e de apresentarem uma morfologia menos incisiva, possuem algumas semelhanças com a unidade descrita anteriormente, sobretudo aquelas associadas à dinâmica fluvial das linhas de água, com observação de vales encaixados e circundados por vertentes de declive acentuado (25% - 35%). Uma referência destes elementos, é a Ribeira do Vigário, fruto da acção erosiva dos agentes externos (ABREU, 2008). Segundo CARVALHO e BRANDÃO (1991), a morfologia na ilha da Madeira no geral, e em particular na área em estudo, é condicionada por escoadas lávicas que apresentam um aumento progressivo das suas inclinações em direcção à linha da costa. Contudo, em zonas superiores desta unidade, são observáveis formas morfológicas com pendores muito menos acentuados, designados localmente por lombos ou lombadas. Especificamente, esta diferença percentual de declives (pendores pouco acentuados no topo e mais elevados na base do maciço) propicia à edificação de troços interfluviais e/ou de cumeeira, em forma de dorso, limitados lateralmente por linhas de água (FIGURA 11). FIGURA 11. Formas geomorfológicas características do relevo vulcânico ( Lombos (vermelho); Achadas (verde)) (DRAMB). 10 Contabilizam uma largura máxima de 6,5km (eixo W-E) e de 7km, no seu eixo N-S. 46 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

61 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Outros elementos morfológicos característicos destas zonas superiores, as achadas, denominadas cientificamente por rechãs, correspondem a superfícies aplanadas de dimensão reduzida, de declive pouco acentuado e limitadas externamente/lateralmente por cornijas. Por norma, e segundo CARVALHO e BRANDÃO (1991), estas formas geomorfológicas estão associadas a superfícies estruturais mantidas por escoadas exumadas, ou, segundo ABREU (2008), a determinados depósitos de cobertura com material proveniente da vertente. De igual forma, associa-se às presentes unidades, uma morfologia costeira que vai diminuindo progressivamente de altitude, na sua orientação W-E (6,5km), até uma zona de costas baixas (FIGURA 12). Nesta área, o recuo das arribas e a forma das vertentes são condicionadas pelos materiais presentes, sendo, por norma, rectilínea quando existe predominância de mantos lávicos e/ou côncava/convexa, se os materiais apresentarem um grau de alteração acentuado ou uma grande percentagem de argilas. Em termos geológicos, são constituídas por escoadas lávicas sub-horizontais, de pouca espessura, intercaladas por tufos de lapilli e interceptadas por alguns filões subverticais. FIGURA 12. Faixa costeira do território em análise (DRAMB). Exemplos desta verticalidade podem ser observados em taludes subverticais sobranceiros aos depósitos de vertente da Fajã dos Padres (Quinta Grande) e da Fajã das Bebras (Rancho Câmara de Lobos). O conjunto de ambas as formas morfológicas demonstra a percentagem do grau de recuo e de instabilidade da vertente, associados à ocorrência de movimentos de massa volumetricamente relevantes, através da acção erosiva perpetuada por agentes externos (FIGURA 13). Segundo MATA (1996) em ABREU (2008), apesar da costa meridional apresentar um regime de agitação marítima menos acentuado e possuir uma média altimétrica mais reduzida e contínua, comparativamente à homóloga exposta a Norte, é no território do concelho de Câmara de Lobos que se verifica o maior desnível costeiro de ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 47

62 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O toda a ilha (Cabo Girão), uma situação paradoxalmente relevante. Contudo, note-se que nesta área são particularmente abundantes, em zonas próximas da costa e na plataforma continental, a existência de edifícios vulcânicos associados à fase de vulcanismo recente da ilha da Madeira. FIGURA 13. Orla costeira da Quinta Grande. Exemplo da verticalidade da geomorfologia costeira (DRAMB). Neste contexto, MATA (1996) classifica estas morfologias como perturbações orográficas da paisagem, alterando o perfil da linha da costa, sobretudo devido ao recuo da arriba. Um dos exemplos anteriormente descritos, enquadra-se o cone vulcânico contíguo à cidade de Câmara de Lobos, nomeadamente o Pico da Torre, e cujo baixo grau de alteração sugere que este seja contemporâneo. Esta geoforma encontra-se classificada, no âmbito das unidades geomorfológicas locais, como UGCL1. É um elemento morfológico que apresenta uma vertente côncava exposta a Sul, de declive acentuado, e cuja forma indicia uma superfície de deslizamento associado a um movimento de massa de morfogénese antiga (FIGURA 14). De igual forma, evidencia-se, na unidade referida anteriormente, as escoadas lávicas subaéreas da zona do Cabouco e do cais (registo de um episódio vulcânico do tipo fissural), que definem geomorfologicamente a baía de Câmara de Lobos (FIGURA 15). A morfologia da plataforma continental encontra-se intrinsecamente associada aos vales terrestres, conforme referenciado anteriormente, com a presença de canhões submarinos que atingem profundidades de m. Neste contexto, funcionam como condutas de drenagem, para águas mais profundas, da carga sólida (sedimentos) resultante do processo erosivo associado às linhas de água. De acordo com GIERMANN (1967) em RODRIGUES (2005), o sulco (canhão) submarino de Câmara de Lobos, encontra-se subdividido em dois braços importantes (apresenta uma forma em y), um dos quais, que tem o seu 48 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

63 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O início na base da arriba do Cabo Girão, unir-se-á, aos 10km da costa, com uma outra conduta proveniente da Ribeira dos Socorridos, procedendo à sua inflexão para Oeste. A profundidade deste canhão varia entre os m e os m e o seu perfil transversal entre os 180 e 250m de comprimento. FIGURA 14. Forma geomorfológica de um possível colapso lateral do cone monogenético do Pico da Torre (ABREU, 2008). FIGURA 15. Enquadramento geomorfológico da Cidade de Câmara de Lobos (DRAMB). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 49

64 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O PEDOLOGIA Segundo os pressupostos da Carta Pedológica (à escala de 1/50.000), os solos na ilha da Madeira encontram-se representados por 8 unidades gerais, segundo os quais subdividem-se em 15 sub-unidades de solo. Cada sector encontra-se delimitado em várias unidades e associações de solos, sendo contudo, identificadas através da unidade com maior representatividade. A caracterização pedológica é um dos elementos indispensáveis à caracterização física do meio, sobretudo aquando do desenvolvimento de um estudo desta natureza. Neste sentido, de acordo com a Notícia Explicativa, descrevem-se uma síntese das características predominantes e/ou associadas a cada uma das unidades pedológicas observadas no concelho de Câmara de Lobos, onde se observam as seguintes unidades (CARTA 07. ANEXO - PONTO 08.9) (GRÁFICO 07): A. FLUVISOLS (FL) EUTRIC FLUVISOLS (FLE) - Estes solos localizam-se ao longo do sector jusante da Ribeira dos Socorridos e são constituídos por depósitos sedimentares de origem aluvionar (mas também com influência coluvionar), não-consolidados e bastante heterogéneos, do ponto de vista granulométrico. Segundo os pressupostos da Carta de Solos, possuem um grau de saturação em bases de 50% ou superior, pelo menos entre 20 e 50cm de profundidade, mas que não são calcários nessa mesma espessura do perfil; sem horizonte sulfúrico e material sulfídrico a profundidade inferior a 125cm; sem propriedades sálicas.. São compostos, predominantemente, por material terroso e por fragmentos rochosos de dimensão variada e de natureza essencialmente basáltica, apresentado um maior desenvolvimento nos níveis que determinam uma percentagem inferior a 80% de elementos grosseiros. B. ANDOSOLS (AN) VITRIC ANDOSOLS (ANZ) - Determina uma localização geográfica circunscrita e uma distribuição homogénea ao Pico da Torre (freguesia de Câmara de Lobos), numa área compreendida entre a cota altimétrica dos 50m e o topo do cone vulcânico. Não possui consistência untuosa e/ou apresentando textura que é mais grosseira do que franco-arenosa, obtida como média pesada de todos os horizontes até à profundidade de 100cm; sem propriedades gleicas nesta mesma espessura do perfil; sem permafrost a menos de 200cm de profundidade. Predominantemente, são constituídos por materiais soltos de piroclastos grosseiros (<2mm) e, com frequência, por cascalho de maiores dimensões, na parte superior do pédone. Esta situação determina um aumento na proporção e no tamanho dos materiais piroclásticos, para níveis inferiores, e consolida uma espécie de bancada a partir de uma determinada profundidade. O horizonte A determina uma espessura na ordem dos 25cm ou inferior. 50 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

65 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Apresentam, em geral, uma cor (no estado húmido) pardo escura e/ou pardo avermelhada (escura) ou vermelha; um teor em matéria orgânica e grau de saturação em bases variáveis; e uma reacção neutra muito ácida. Encontram-se sob a influência de elementos climáticos com valores médios associados à tipologia semiárida e super-húmida. UMBRIC ANDOSOLS (ANU) Ocorrem ao longo de uma faixa longitudinal localizada na vertente Sul do concelho, numa área compreendida entre os 400m e os 1.200m de altitude. É, de igual forma, observável uma pequena mancha homogénea no sítio da Achada do Curral (freguesia do Curral das Freiras). Quanto ao seu desenvolvimento e estrutura, predominantemente, formam-se a partir de rochas basálticas e de piroclastos, embora estes últimos em menor proporção. Este horizonte apresenta uma espessura superior a 50cm, constituídos por material com um grau de alteração muito variável e um aspecto totalmente terroso. Apresentam, em geral, uma cor pardo escura, pardo amarelada, avermelhada e/ou vermelha; determinam uma elevada percentagem de matéria orgânica, o que se traduz pela existência frequente de horizontes orgânicos; e desenvolvem-se em clima super-húmido e/ou húmido. C.VERTISOLS (VR) EUTRIC VERTISOLS (VRE) - Na área em estudo, esta tipologia pedológica ocorre sob o clima semiárido e sub-húmido e possuem uma distribuição espacial abaixo dos 400m (costa Sul), ao longo da secção terminal do vale da Quinta Grande, sobretudo na vertente localizada a Oeste. Proveniente de rochas basálticas de natureza compacta, nestes horizontes predomina as espessuras superiores a 50cm, sendo pequena, a proporção dos que apresentam espessuras compreendidas entre os 50 e os 30cm. Desenvolvem-se, com frequência, níveis constituídos por material grosseiro basáltico (blocos, calhaus e pedras, ou apenas blocos), contendo ou não, um pouco de terra a envolvê-lo. São solos que determinam uma cor pardacenta no estado húmico, apresentando uma elevada percentagem de argila, atingindo valores na ordem dos 70-75%. Segundo a Notícia Explicativa, os "Vertisols" observados na Madeira possuem uma fertilidade e/ou produtividade natural elevada, contudo, os seus condicionalismos e características físicas, bem como a sua grande susceptibilidade à erosão (incluindo movimentos de massa), tornam a sua utilização difícil. D. CAMBISOLS (CM) CHROMIC CAMBISOLS (CMX) - Esta unidade possui uma distribuição espacial homogénea abaixo dos 600m de altitude, sobretudo no sector Oeste do Município, abrangendo a quase totalidade da área da freguesia de Câmara de Lobos. De acordo com a Carta de Solos, os Cambisols possuem um horizonte A ócrico e um grau de saturação em bases de 50% ou superior, pelo menos entre 20 e 50cm de profundidade, mas não são calcários nessa mesma espessura do perfil; com o horizonte B câmbico pardo forte a vermelho; sem propriedades ferrálicas no horizonte câmbico; sem propriedades ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 51

66 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O vérticas; sem propriedades gleicas até à profundidade de 100cm; sem permafrost a menos de 200cm de profundidade.. A sua génese encontra-se associada a material basáltico, contudo é possível a sua formação a partir de constituintes derivados de tufos, ocorrendo, só muito raramente, a partir de piroclastos grosseiros. Estes apresentam, predominantemente, uma cor parda avermelhada, podendo, de igual forma, ser observada numa cor mais vermelha e pardacenta. HUMIC CAMBISOLS (CMU) - Na ilha da Madeira, esta tipologia específica de solos é observável abaixo dos 700m, enquanto que no território em análise possui uma disposição espacial inferior à cota dos 600m, numa área compreendida entre a vertente Este e Oeste do complexo montanhoso do Cabo Girão. Na acepção do documento supracitado (Notícia Explicativa), no perfil associado a esta unidade, é paradigmática a observação de um horizonte A úmbrico ou um horizonte A mólico sobrejacente a um horizonte B Câmbico com grau de saturação em bases inferior a 50%; sem propriedades vérticas; sem propriedades ferrálicas no horizonte câmbico; sem propriedades gleicas até à profundidade de 100cm; sem permafrost a menos de 200cm de profundidade.. Predomina os solos com espessura superior a 50cm e são compostos por rochas com um grau de alteração variável, podendo apresentar inclusões de material terroso, e por níveis de material grosseiro basáltico, caso esteja envolto numa menor quantidade de terra. Ocorrem sob uma especificidade climática variável, entre o semiárido e o húmido, que influencia o seu desenvolvimento pedológico, atribuindo uma cor parda, pardo escura, pardo amarelada escura. EUTRIC CAMBISOLS (CME) Esta unidade encontra-se referenciada ao longo da secção jusante da Ribeira do Vigário, até à cota longitudinal dos 500m. De acordo com a Carta de Solos, o Eutric Cambisols possui um horizonte A ócrico e um grau de saturação em bases de 50% ou superior, pelo menos entre 20 e 50cm de profundidade, mas que não são calcários nessa mesma espessura do perfil; sem propriedades vérticas; com o horizonte B câmbico que não é pardo forte a vermelho; sem propriedades ferrálicas no horizonte câmbico; sem propriedades gleicas até à profundidade de 100cm; sem permafrost a menos de 200cm de profundidade.. Relativamente às suas características específicas e desenvolvimento pedológico, esta unidade apresenta uma grande similitude com aquelas descritas anteriormente, para este grupo taxonómico. E. PHAEOZEMS (PH) Haplic Phaeozems (PHh) - Possui uma distribuição homogénea ao longo do talvegue do vale da Caldeira, bem como das vertentes (Este, Oeste) associadas aos maciços rochosos contíguos (até à cota altimétrica dos 400m), nomeadamente em áreas associadas com 52 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

67 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O processos de acumulação coluvionar. De igual forma, referencia-se a vertente Oeste do sector jusante (planície aluvionar) da Ribeira dos Socorridos. Particularmente, esta tipologia específica apresenta uma espessura superior a 50cm (sobretudo entre 50 a 100cm), sendo, de igual forma, frequentes alguns com espessura compreendida entre 50 e 30cm, correspondendo estes últimos à fase lítica. São constituídos, predominantemente, por elementos grosseiros basálticos (podendo chegar à dimensão de blocos), em geral misturados com pouco material terroso. Apresentam, em geral, uma cor húmida, pardo escura (por vezes pardo acinzentado muito escuro e/ou outra cor de igual tonalidade); uma textura fina, com elevada porção de limo; uma agregação forte à moderada, em geral do tipo anisoforme sub-anguloso no nível superficial; uma compacidade pequena ou média; uma agregação dura a muito dura; e uma elevada plasticidade e adesividade. Encontram-se, normalmente, sob um clima que vai de sub-húmido a húmido (excepcionalmente super-húmido). 1% 14% 4% 2% 1% Chromic Cambisols (CMx) Eutric Cambisols (CMe) Eutric Fluvisols (FLe) Eutric Vertisols (Vre) 7% Haplic Phaeozems (PHh) Humic Cambisols (CMu) 64% 7% Umbric Andosols (ANu) Vitric Andosols (ANu) GRÁFICO 07. Distribuição espacial das principais unidades pedológicas do Município de Câmara de Lobos HIDROGRAFIA A compreensão do processo evolutivo das formas morfológicas, sobretudo as de morfogénese recente e/ou actuais, determina o estudo exaustivo da componente hidrográfica. O território de Câmara de Lobos apresenta, como principais características, uma heterogeneidade na distribuição geográfica da rede hidrográfica, de tipologia efémera e com regime torrencial, associada a uma morfologia extremamente acentuada. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 53

68 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O A rede e a bacia hidrográfica com maior expressividade no Município de Câmara de Lobos, a Ribeira dos Socorridos, determina uma localização espacial a NE do concelho, com a respectiva cabeceira a encaixar ao longo do eixo topográfico central da ilha da Madeira. A sua importância encontra-se associada a representatividade das suas características morfométrica hídricas, comparativamente às existentes a nível regional, salientando-se a sua extensão considerável, bem como o caudal e carga sólida que comporta. De menor dimensão referencia-se a Ribeira do Vigário, a Ribeira da Quinta Grande e a Ribeira da Caldeira, situadas no sector centro ocidental do concelho (CARTA 08. ANEXO - PONTO 08.9). A Ribeira dos Socorridos, com uma orientação N-S, possui uma extensão de cerca de 17km e uma área de 38km 2. O seu troço a montante apresenta uma ampla bacia hidrográfica em forma de funil e assimétrica, devido a uma vertente Oeste de declive bastante acentuado, comparativamente à homóloga (Este), que exibe taludes subverticais. Com uma altitude média de 600m de altura e a predominância de declives compreendida entre os 40% e os 80%, a bacia de recepção (depressão morfológica) encontra-se encaixada em materiais piroclásticos do Complexo Base, propícios à ocorrência cíclica de movimentos de vertente volumetricamente relevantes. No sector a jusante, apresenta um vale extremamente incisivo/encaixado, constituído geologicamente por espessas escoadas lávicas, intercaladas por níveis piroclásticos e interceptadas por alguns filões basálticos. Contudo, é observável, à medida que se aproxima da orla costeira, a diminuição progressiva da espessura referente a estes níveis, dando lugar a imponentes gargantas com um declive médio à ordem dos 47%. O sector a jusante apresenta um perfil transversal em forma de caleira, constituído geologicamente por material aluvionar de origem torrencial (areias de origem fluvial e cascalheira). Como referido anteriormente, a Ribeira dos Socorridos apresenta, no seu troço intermédio, uma inflexão estrutural do traçado da linha de água. Esta situação corrobora a existência de um acidente de carácter estrutural (falha tectónica), que altera a velocidade de descarga hídrica ou torrencialidade e capacidade de transporte da carga sólida. De menor dimensão, a Ribeira do Vigário possui uma área de 15km 2 e uma extensão de 9km, e localiza-se no sector central de Câmara de Lobos. Corresponde a um curso de água com um grau de encaixe menos acentuado, comparativamente ao dos Socorridos, e apresenta um trajecto menos sinuoso e acidentado; bem como, um vale em forma de V, edificado em camadas lávicas espessas do Complexo Periférico (ABREU, 2008). Ainda de acordo com este autor, na zona Oeste do concelho, salientam-se dois elementos morfológicos fluviais com alguma representatividade no contexto local, nomeadamente a Ribeira da Caldeira (5km 2 ) e a da Quinta Grande (4km 2 ). São cursos de água que, por determinarem uma geomorfologia recente, apresentam uma rede de drenagem incipiente, alimentada hidricamente por tributários, não sendo possível delimitar e/ou definir os contornos topográficos da bacia de recepção. Na FIGURA seguinte (16), encontram-se representadas as linhas de água com maior expressividade e representação geomorfológica do território de Câmara de Lobos. 54 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

69 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 16. Enquadramento e disposição geográfica das linhas de água no concelho de Câmara de Lobos (DRAMB). A análise morfométrica das bacias hidrográficas, segundo HORTON (1945), pode ser entendida como a determinação de um conjunto de processos sistemáticos e racionais quantitativos de medição das formas de relevo, especificamente a geometria das bacias hidrográficas. Inúmeros autores têm comprovado a existência de correlações directas entre os parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas com as respectivas características hidrológicas e de capacidade de carga e de escoamento da rede de drenagem, determinando a propensão e/ou susceptibilidade das mesmas à ocorrência de fenómenos de cheias e inundações. Neste contexto, SOUZA (2005) define o conceito de susceptibilidade morfométrica, um importante indicador na análise de riscos e que utiliza os parâmetros supramencionados na identificação e comparação das bacias hidrográficas com maior potencial destrutivo. Sobre este assunto, HACK (1957) enumera alguns vectores geomórficos que influenciam a intensidade de escoamento e a torrencialidade da descarga, nomeadamente o comprimento total dos canais, forma e gradiente topográfico da bacia (declividade), bem como a correlação existente com parâmetros qualitativos (geologia, estrutura, uso do solo, etc.). Sequencialmente, MORISAWA (1962) acrescenta a importância da área e da circularidade da bacia, da taxa de relevo e da frequência de canais de 1ª ordem; enquanto que ACREMAN e SINCLAIR (1986) definem a densidade de drenagem como o parâmetro morfométrico com maior contribuição e/ou significado na distribuição espacial dos fenómenos associados às cheias e inundações, uma vez que permite caracterizar, mesmo que indirecta e qualitativamente, a permeabilidade superficial dos terrenos que, por sua vez, é controlada/influenciada por factores externos, como o grau de fracturação e alteração das formações geológicas, a tipologia pedológica existente e as estruturas tectónicas presentes (CRUZ, 1997). Assim, procedeu-se à caracterização dos parâmetros morfométricos hídricos das bacias de drenagem mais representativas e de maior dimensão do concelho de Câmara de Lobos, nomeadamente a Ribeira dos Socorridos e do Vigário, por forma a auxiliar o processo de decisão associado à análise e gestão dos riscos ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 55

70 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O geoclimáticos. Os resultados relativos à caracterização fisiográfica encontram-se sintetizados no QUADRO 31, 32 e 33 (ANEXO - PONTO ) e a análise da estrutura hierárquica da rede de drenagem no QUADRO 36 (ANEXO - PONTO ). SOCORRIDOS Apresenta, em termos de caracterização hidromorfológica, um padrão de drenagem dendrítica, característica de áreas onde predominam rochas piroclásticas horizontais, não fracturadas e isotrópica, relativamente ao processo erosivo pluvia e fluvial. Neste modelo de drenagem, os talvegues não possuem uma orientação preferencial e/ou uma organização sistemática, apresentando diversos comprimentos. A tipologia de drenagem é exorreica. Em termos de propriedades geométricas, a bacia de hidrográfica possui uma área de 38,6km 2, um perímetro máximo de 36,8km e uma largura média (Cab) e máxima (Lmb) de 2,63km e 5,53km, respectivamente. De igual forma, determinou-se que a mesma apresenta uma forma alongada, devido a um coeficiente de compacidade (Kc) de 1,66 (adm), indicador da menor propensão à ocorrência de fenómenos de cheias e inundações, comparativamente a uma bacia de forma circular (Kc = 1). A característica de alongamento da bacia é corroborada pelo cálculo do factor de forma (Kf), com 0,18 (adm); o índice de circularidade (Ic), que regista 0,36 (adm); e o de homogeneidade (Ih), que contabiliza 0,30 (adm). A análise às propriedades lineares dos parâmetros morfométricos hídricos, permite constatar que a Ribeira dos Socorridos determina um comprimento máximo do curso de água principal de 17,2km e uma extensão da rede de drenagem de 98,4km, contribuindo para uma densidade de drenagem (Dd) baixa, à ordem de 2,55km/km 2 (mal drenada). Nesta situação, verifica-se uma correlação directa entre a inconstância do escoamento superficial (intermitente) e a quantidade de hidrometeoros precipitados (maior escorrência na estação chuvosa, comparativamente aos meses de Verão), bem como do grau de fracturação e permeabilidade do substrato litológico que, por sua vez, influenciará a escorrência hipodérmica (subterrânea). Não obstante, existência de um elevado número de canais por km 2 (12), relativos ao cálculo da densidade hidrográfica (Dh), permite aferir que os elevados valores da amplitude altimétrica favorecem a formação de canais 11, contudo num contexto geológico favorável à infiltração, determinam a redução significativa do escoamento superficial, em detrimento da percolação aquífera. O coeficiente de torrencialidade (Ct), a função que permite aferir a propensão da bacia hidrográfica à ocorrência de cheias e inundações, determinou um valor adimensional (adm) tendencialmente baixo (30,6), o que sugere uma magnitude acentuada e uma probabilidade 11 De acordo com a fórmula de Schumm (CRISTOFOLETTI, 1969), do cálculo relativo ao coeficiente de manutenção (Cm), área mínima necessária à manutenção e/ou desenvolvimento de 1m 2 de canal, na Ribeira dos Socorridos, é de 392,2m. 56 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

71 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O potencial. Especificamente, o valor é representativo dos parâmetros morfométricos da rede hidrográfica em estudo e concordante com o carácter torrencial observado, nomeadamente a existência de perfis longitudinais de declive extremamente acentuado (96,3m/km) e rectilíneos 12. Relativamente às propriedades morfológicas, cerca de 50% da área da bacia hidrográfica apresenta uma altitude superior a 950m, resultado de uma elevada amplitude altimétrica (Δa) (1.848m) e altura média (AH) (906m) (GRÁFICO 61. ANEXO - PONTO ), bem como um declive médio de 40º. Esta morfologia acentuada é corroborada por um coeficiente de massividade (CM) adimensionalmente baixo (23,4) e uma relação de relevo (Rr) elevada (126m/km) que, no contexto hidrográfico regional, encontram-se associados a bacias hidrográficas particularmente extensas e com desníveis acentuados. Segundo a classificação de STRAHLER (1952a), o território em análise apresenta uma rede de drenagem com um grau de hierarquização de 6ª ordem (VER QUADRO 36 (ANEXO - PONTO )). VIGÁRIO Determina um padrão de drenagem paralelo, típico de áreas que apresentam um intenso falhamento unidireccional (ocorrência de diversas caixas de falhas), e/ou em relevos suaves, sobretudo aqueles que determinam um contacto geológico/litológico rectilíneo. Relativamente aos canais de drenagem (talvegues), são paralelos a sub-paralelos entre si e exorreicos. De acordo com os resultados apresentados no QUADRO 31, 32 e 33 (ANEXO - PONTO ), a bacia hidrográfica da Ribeira do Vigário apresenta uma conjugação dos parâmetros morfométricos hídricos mais propícios à ocorrência de processos de perigosidade geoclimáticos (Cheias e Inundações) com potencial destrutivo, sobretudo propriedades associadas à forma e ao escoamento da bacia hidrográfica. Especificamente, o cálculo das propriedades geométricas da bacia hidrográfica (15,4km 2 ) permite determinar uma forma tendencialmente circular 13, uma vez que o índice de circularidade (0,51 (adm)) e o coeficiente de compacidade (1,39 (adm)) são as funções que mais se aproximam da unidade (Ic Kc=1,0 = Circular), enquanto que o factor de forma (0,29 (adm)) e a relação entre o comprimento e a área 14 (Ico) (1,86 (adm)) corroboram a tendência e apresentam um valor mais distante da unidade. 12 Segundo a fórmula de SCHUMM (1963), a bacia hidrográfica dos Socorridos determina um índice de sinuosidade (Sin) de 26,7%, o que corresponde à classe II (Recto) (valores percentuais compreendidos entre os 20%-29%). 13 Em bacias com forma circular, existe uma maior probabilidade de ocorrência de precipitações intensas, simultaneamente, em toda a sua extensão/área. Esta situação propencia a concentração da descarga de caudal no canal principal, devido à igual extensão dos seus tributários. 14 Compara a área da bacia com a forma geométrica de um rectângulo. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 57

72 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O No que concerne às propriedades morfométricas lineares, e considerando as características geométricas descritas, os resultados confirmam a propensão da rede de drenagem para a ocorrência de cheias e inundações, devido a existência de um gradiente energético elevado, devido a um coeficiente de torrencialidade de 36,5 (adm), e de uma capacidade de transporte de material sedimentar acentuada, comprovada por uma densidade drenagem média (4,3km/km 2 ). A rede hidrográfica possui uma extensão máxima de 66,2km, dos quais, 32,1km pertencem aos canais de drenagem de 1ª ordem (100), cerca de 76,3%. Note-se que, a Ribeira do Vigário, determina uma classificação de 4ª ordem. Com uma morfologia extremamente acentuada, uma altitude média de 689m, cerca de 46,4% da área da bacia hidrográfica encontra-se acima da classe hipsométrica dos 700m (GRÁFICO 62. ANEXO - PONTO ), determinando uma área total de 7,1km 2. A relação de relevo da bacia (192m/km) é expressiva da amplitude altimétrica acentuada (1.404m), determinando um desnível do curso de água principal de 142,5m/km. Sequencialmente, a imaturidade hidrográfica determina a existência de morfologias mais incisivas e de uma rede hidrográfica encaixada e pouco sinuosa 15, comparativamente à da Ribeira dos Socorridos, estabelecendo uma diminuição da área contributiva para o escoamento superficial (Cm), para 232,6m 2 /m; e da quantidade do número de canais por km 2 (densidade hidrográfica), para 8,5Cn/km HIDROGEOLOGIA O modelo conceptual de funcionamento hidrogeológico de SILVA (1988), para a ilha da Madeira, determina a existência de três grandes unidades hidrogeológicas, nomeadamente a do Paul da Serra, a do Areeiro-Ruivo e a do Santo da Serra. Admite que estas unidades estão dependentes, como áreas de recarga, dos terrenos correspondentes aos complexos vulcânicos. De acordo com os pressupostos metodológicos enunciados anteriormente, nomeadamente da Notícia Explicativa (VII.3) da Carta de Recursos Hídricos Subterrâneos da Região Autónoma da Madeira (DUARTE, 1995), bem como de alguns trabalhos de prospecção na Ribeira dos Socorridos de DUARTE e SILVA (1987), no território de Câmara de Lobos é possível definir as seguintes unidades hidrogeológicas (CARTA 09. ANEXO - PONTO 08.9): Aquíferos locais e descontínuos de elevada produtividade. Esta unidade é caracterizada por uma elevada permeabilidade e produtividade, devido à litologia correspondente, nomeadamente as 15 O valor calculado para o índice de sinuosidade corresponde à Classe II, indicativo de uma rede de drenagem rectilínea. 58 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

73 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O formações do complexo β3, caracterizado por níveis de escórias, brechas de escórias e basaltos fragmentados e até vacuolares. Segundo a Notícia Explicativa, os valores de permeabilidade determinam uma variabilidade em função do grau de fracturação e da quantidade, tamanho e continuidade dos vazios existentes, podendo ocasionalmente adquirir menores valores devido à alteração do material rochoso. A existência de formações impermeáveis e/ou pouco permeáveis, que dificultam a drenagem vertical da escorrência, determina a formação de um fluxo horizontal (percolação aquífera) através da bancada e das descontinuidades laterais, originando exsurgências e/ou aquíferos suspensos. A presença de intrusões magmáticas determina a existência de descontinuidades aquíferas, uma vez que o fluxo descendente e do aquífero base encontram-se limitados e armazenados entre filões subverticais, dando origem a diferentes variações hidrostáticas de potencial, sobretudo entre compartimentos contíguos. Consequentemente a pressão varia em função das dimensões, posicionamento e localização das áreas de recarga destes aquíferos confinados. Segundo DUARTE (1995), nestes compartimentos, a água poderá ainda circular através das zonas fracturadas verticais, que se desenvolvem paralelamente aos diques, e quando atinge o nível de saturação, descarrega para os compartimentos adjacentes ou na superfície topográfica. Na área em estudo, esta unidade aparece nas zonas de maior altitude, entre as cotas altimétricas dos 1.000m aos 1.400m, das freguesias do Jardim da Serra e do Estreito de Câmara de Lobos, bem como ao longo dos topos do Maciço Vulcânico Central, sobretudo os localizados a NNW e a E do sítio da Achada do Curral. Neste contexto, constata-se a existência de um grande número de exsurgências localizadas nas cabeceiras da Ribeira do Vigário e ao longo do rebordo E da depressão morfológica do Curral das Freiras. Aquíferos de moderada a elevada produtividade, com reservas somente locais. Segundo DUARTE (1995), esta unidade distingue-se da anterior, pela menor predominância e espessura das camadas lávicas que, por sua vez, apresentam uma intercalação com estratos de materiais piroclásticos, diminuindo-lhes o valor médio da permeabilidade. No concelho de Câmara de Lobos, esta unidade possui uma distribuição homogénea ao longo da vertente Sul, abaixo da cota altimétrica dos 1.000m, existindo ainda algumas galerias de pequena extensão na zona da Quinta Grande e Campanário, que contabilizam uma produtividade de 3 a 10l/s. Estes valores representam, num contexto litológico, a presença de níveis de fraca permeabilidade, como o caso de formações basálticas alteradas e/ou piroclásticas. Estas infraestruturas abastecem pequenos aglomerados populacionais locais e contribuem para a actividade agrícola. Num estudo prospectivo às condições hidrogeológicas e de produtividade aquífera da bacia hidrográfica com maior expressividade no concelho de Câmara de Lobos, a Ribeira dos ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 59

74 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Socorridos, DUARTE e SILVA (1987) constataram que o funcionamento hidrogeológico da percolação aquífera subterrânea é condicionado pelo contexto litológico local, uma vez que as áreas constituídas por formações aluvionares apresentam uma circulação sub-superficial diminuta, sobretudo durante o período de estiagem. De igual forma, na área do Engenho Velho (a cerca de 2,5km acima da linha da costa), os autores constataram que a ocorrência de uma intensa fracturação (direcção E-W) e a inclinação/pendor das camadas orientadas a Sul, facilita a escorrência aquífera no sentido do vale. O trabalho centrou-se, essencialmente, no sector jusante/terminal da bacia descrita anteriormente, composto por uma camada aluvionar que se sobrepõe ao complexo vulcânico de base. Nesta área, segundo DUARTE (1995), os furos instalados devem a sua exploração aquífera às reservas acumuladas no interior, das formações existentes, sobretudo em locais que estruturalmente se afiguram favoráveis. De igual forma, acrescenta que os valores de transmissividade oscilam entre 3x10 3 m 2 /d e 4x10 3 m 2 /d, podendo proporcionar caudais de 40 a 90 l/s, com rebaixamentos de 1,0 a 5,0 m. Aquíferos pouco produtivos ou eventualmente de boa produtividade em zonas muito localizadas. De acordo com DUARTE (1995), esta unidade ocorre em zonas constituídas geologicamente por depósitos de materiais piroclásticos, da primeira fase eruptiva, muito alterados e argilificados (substância coloidal), determinando uma fraca permeabilidade e, consequentemente, infiltração. Estas características são determinantes na ocorrência de caudais extremamente reduzidos, embora, muitas das vezes se localizem em áreas de elevada precipitação. Sequencialmente, muitas das vezes, encontram-se diques ao longo do traçado das galerias aqui instaladas; no entanto, o contributo de produtividade é sempre pequeno, talvez devido a uma enorme perda de carga na percolação, resumindo-se quase sempre em pequenos pingueiros. Neste contexto, no território em análise, estas condições são observáveis na superfície basal da bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, nomeadamente em áreas associadas ao Complexo Vulcânico de Base (β1) de ZBYSZEWSKI et al. (1975). Esta situação é corroborada pelo índice de produtividade aquífera existente na Galeria do Curral das Freiras ESCOAMENTOS De acordo com o PRAM (2003), a determinação dos dados relacionados com recursos hídricos superficiais da ilha da Madeira, teve por base, a aplicação dispare dos pressupostos metodológicos associados à análise espacial, dissolvendo o espaço geográfico regional em dois sectores. Neste contexto, considerou-se que, numa primeira área, à escorrência superficial equivaleria à pluviosidade, como factor/resposta inerente e directo(a), ocorrente nas bacias hidrográficas; e numa segunda, à contribuição das reservas subterrâneas e de escorrência hipodérmica nos escoamentos ocorrentes nas linhas de água. 60 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

75 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Segundo os dados apresentados no âmbito deste estudo, no território em análise (costa Este da ilha da Madeira), o volume médio anual da escorrência superficial foi de 106,5hm 3, cerca de 24,6% do escoamento superficial da ilha da Madeira (431,9hm 3 ); enquanto que, para a escorrência subterrânea e hipodérmica, contabilizou-se 41,5hm 3, cerca de 27,6% do total regional (150,1hm 3 ). A correlação existente entre o somatório dos resultados associados aos tipos de escoamentos abordados anteriormente (superficial/hipodérmico), determinou o escoamento total médio anual. Assim, contabilizou-se um volume médio anual de cerca de 148hm 3, para o espaço em estudo, perfazendo cerca de 25% do total de escoamento verificado na ilha da Madeira, nomeadamente 582hm 3 (582 x 10 6 m 3 ) (QUADRO 01). A análise espacial efectuada permite concluir a existência de uma correlação altitudinal progressiva directa, nomeadamente entre o incremento do valor associado ao escoamento superficial total (expresso em altura da água) e o aumento da altitude. Consequentemente, verifica-se a ocorrência de menores escoamentos em sectores contíguos à linha da costa, enquanto que, ao longo do eixo topográfico central da ilha da Madeira, (maior altitude), registam-se os valores mais elevados de escorrência. Adicionalmente, constata-se, através da análise realizada às CARTAS 10, 11 e 12 (ANEXO - PONTO 08.9), que as áreas mais propensas a ocorrência destes fenómenos localizam-se ao longo de superfícies de declive moderado a acentuado, determinando, em áreas de menor inclinação, uma infiltração superior. QUADRO 01. Escoamento superficial e hipodérmico. ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO E ESCOAMENTO SUPERFICIAL ESCOAMENTO À SUPERFÍCIE UNIDADES HIPODÉRMICO POTENCIAL TOTAL (10 6 m 3 ) (10 6 m 3 ) (10 6 m 3 ) ILHA DA MADEIRA 431,9 150,1 582,0 NORTE 222,0 71,4 293,5 ESTE 41,5 148,0 106,5 SUL OESTE 37,3 141,0 103,6 TOTAL 78,8 288,8 210,0 ILHA DO PORTO SANTO - - 0,52 FONTE: PRAM (2003) CLIMATOLOGIA De acordo com a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), os pressupostos climáticos de determinado espaço geográfica são definidos pelas condições meteorológicas médias do mês e do ano, calculadas para um espaço temporal de trinta anos (FERREIRA, 1955). A utilização deste convénio permite a prossecução de um processo de comparação e referência com os climas mundiais. Assim, para a caracterização do clima local, adoptou-se os registos dos elementos/variáveis climáticas correspondentes às Normais Climatológicas, para o período compreendido entre , da estação climatológica dos Louros/Funchal, devido à inexistência de estações meteorológicas operacionais e/ou com ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 61

76 TEMPERATURA ( C) PRECIPITAÇÃO (MM) HUMANIDADE INSOLAÇÃO (HORAS) EVAPORAÇÃO (MM) NEVOEIRO (DIAS) NEBULOSIDADE (DIAS) TROVOADA (DIAS) GEADA (DIAS) GRANIZO (DIAS) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O registos de series climáticas completas. De igual forma, somos da opinião que os dados/registos desta estação são representativos do clima do território em análise. No QUADRO 02 apresentam-se as características gerais da estação climatológica dos Louros/Funchal, e no QUADRO 03, os registos dos valores médios anuais associados aos principais parâmetros meteorológicos. QUADRO 02. Características gerais da estação meteorológica do Funchal/Louros. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA LATITUDE LONGITUDE ALTITUDE PERÍODO DE RECOLHA LOUROS/FUNCHAL 32 38` 16 38` 62m FONTE: Normais climatológicas da estação meteorológica dos Louros (Funchal, ilha da Madeira). QUADRO 03. Principais parâmetros meteorológicos da estação dos Louros/Funchal. ESTAÇÃO METEOROLÓGICA RELATIVA (%) LOUROS/FUNCHAL 18,9 600, ,1 1113,4 0,3-7,5 0,0 0,9 FONTE: Normais climatológicas da estação meteorológica dos Louros (Funchal, ilha da Madeira) REGIME TÉRMICO Para esta variável climática, a estação meteorológica dos Louros/Funchal regista uma temperatura média anual do ar de 18,9 C, para o período em análise, não tendo sido registado oscilações significativas para os valores de temperatura correspondentes a cada mês. Especificamente, os registos apontam para uma variação térmica pouco acentuada, compreendida entre o valor mínimo de 16,1 C, em Fevereiro, e o valor máximo de 22,6 C, em Agosto e Setembro (GRÁFICO 08). Constata-se, de igual forma, que a amplitude térmica vai decrescendo à medida que aumenta a temperatura média do ano, encontrando-se dependente da proximidade ao litoral e/ou zonas mais abrigadas, sobretudo naquelas onde o efeito de regulação térmica do oceano é mais marcante. No Funchal e em Câmara de Lobos, a situação aproxima-se claramente da isotermia, tal como estabelecida por Köppen (amplitude térmica anual inferior a 5ºC). Relativamente aos extremos térmicos, a média anual da temperatura máxima do ar é de 22,1 C, com o mês de Agosto a apresentar o maior registo (25,9 C); enquanto que a temperatura mínima do ar corresponde a 15,8 C, salientando-se o mês de Fevereiro (12,9 C). Em termos sazonais, o Verão e o Outono (devido aos valores elevados da temperatura média do ar do mês de Setembro) são as estações com os registos de valores térmicos com maior expressividade. De igual forma, a análise permite constatar o aumento progressivo das temperaturas a partir do início da Primavera e a diminuição exponencial no Outono (GRÁFICO 09), tendo sido registados para os meses de Julho (9,7), Agosto (22,6), Setembro (23,2) e Outubro (11,9), um total anual de 67,4 dias com temperaturas máximas superiores a 25 C. Relativamente a temperaturas inferiores a 0 C, não foram contabilizados qualquer registo. 62 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

77 Nº de Dias T ( C) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O GRÁFICO 08. Registo da temperatura média anual do ar, para o período compreendido entre 1975 e Mês Valor Máximo Valor Mínimo Média Máxima Mínima Mês Tx* >= 30 C Tx >= 25 C Tn** >= 20 C Tn <= 0 C GRÁFICO 09. Número de dias com temperatura máxima (>25 C) e mínima do ar ( 0 C e 20 C) * Tx - Temperatura Máxima ** Tn - Temperatura Mínima ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 63

78 T ( C) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O O processo de análise, durante o espaço temporal compreendido entre 1971 e 2000, permite aferir a ocorrência de uma alternância cíclica entre os períodos associados a anomalias térmicas positivas ou negativas, registando nos primeiros 15 anos (até 1986) variações negativas da temperatura do ar; enquanto nos anos subsequentes as anomalias foram positivas (GRÁFICO 10). 1,5 1,0 0,5 0,0-0,5-1,0-1,5 Ano GRÁFICO 10. Anomalias da temperatura do ar, para o período compreendido entre 1971 e Na década de 70, designadamente na primeira metade (1971/76), regista-se a diminuição da temperatura média do ar, uma variação média de -0,7ºC; enquanto que, na segunda (1976/80), o decrescimento foi menos acentuado (-0,2ºC). De igual forma, referencia-se uma anomalia térmica de -0,6ºC, associado aos anos de 1984/85. Conforme referenciado anteriormente, a partir de 1986 ocorre a inversão da tendência relativa às anomalias térmicas, passando a registar-se valores positivos. Particularmente, note-se o aumento médio da temperatura média anual, à ordem de 0,3ºC, bem como o registo de um valor máximo anual de 1,0ºC (1995). Não obstante, no decorrer deste período, verifica-se a ocorrência de uma anomalia térmica negativa (-0,7ºC), correspondente ao ano de De acordo com SANTOS e AGUIAR (2006), no período em análise (1949/2002), constata-se a tendência pouco acentuada na diminuição do número de noites tropicais do Funchal. Particularmente, contabiliza-se o decréscimo de cerca de 4,5 dias/década, até 1973, altura ocorre o aumento exponencial de 17,8 dias/década. Por outro lado, o decréscimo inicial dos dias de verão no Funchal, ainda que muito mais acentuado (-27 dias/década), acaba uma década mais cedo do que em noites tropicais, iniciando-se o aumento desse indicador em 1963, a uma taxa equivalente à das noites tropicais (+17,9 dias/década). 64 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

79 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O REGIME PLUVIOMÉTRICO Para o período de registo compreendido entre 1971 e 2000, a precipitação média anual é de, aproximadamente, 600,8mm (GRÁFICO 11), ocorrendo num valor médio de 165 dias (GRÁFICO 12), anualmente. As séries de valores anuais de precipitação mostram, na sua generalidade, uma dispersão relativamente importante, podendo o coeficiente de variação ultrapassar os 30%, designadamente nos locais de menor pluviometria. Esta situação permite evidenciar a relação positiva existentes, entre as condições de aridez e a irregularidade climática. Assim, o coeficiente de variação atinge valores baixos nas zonas mais pluviosas do interior do território em análise, enquanto que, os valores medianos de precipitação anual (correspondendo a uma frequência de observações de 50%) equiparam-se aos valores médios, sendo tendencialmente um pouco inferiores. O regime anual apresenta, como traço dominante, uma variação sazonal proeminente na quantidade de precipitação registada, sobretudo para o período compreendido entre Outubro e Março, uma vez que cerca de 81% do total da precipitação anual ocorre nestes meses (47% de Novembro a Janeiro); enquanto que, os meses compreendidos entre Julho e Agosto são considerados os mais secos. Relativamente ao mês mais pluvioso, os dados meteorológicos conferem ao mês de Dezembro uma maior precipitação, cerca de 106,2mm, registando-se máximos secundários em Janeiro e Novembro. No mês de Maio verifica-se a transição para um período menos chuvoso (não atingindo o período seco), contabilizando-se, posteriormente, os mínimos em Julho (2,9mm) e Agosto (3,2mm). O valor máximo de precipitação diária absoluta é de 97,7mm, tendo sido registado a 27 de Setembro de1989. A precipitação intensa (superior a 10mm) ocorre a uma média de 18,7 dias por ano, apresentando um ligeira tendência de aumento, enquanto o índice do número de dias com precipitação superior a 0,1mm, desde 1949, apresenta a tendência inversa (diminuição). Regista-se uma maior frequência de precipitação nos meses de Novembro a Janeiro, entre os 20,0 e 25,7 dias, respectivamente; enquanto que os meses de Dezembro e Janeiro, apresentam o maior número de dias com precipitação intensa (3,4 e 3,1 dias, respectivamente). No período seco, os períodos de precipitação são menos frequentes, especialmente nos meses de Julho (1,7 dias) e Agosto (2,8 dias), contribuindo para a tendência de decréscimo do número de dias secos consecutivos, em cerca de 4 dias/década. Não obstante, este resultado obtém uma expressão estatística muito pouco significativa. No que concerne às anomalias da precipitação anual acumulada (mm), os valores registados permitem observar uma variabilidade da precipitação extremamente acentuada, destacando os anos de 1972 (358,2mm), 1985 (320,1mm) e 1987 (304,9mm) como os mais chuvosos. Relativamente aos mais secos, salienta-se os anos de 1981 e 1986, correspondendo a um deficit na precipitação de 241,1mm e 284,5mm, respectivamente (GRÁFICO 13). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 65

80 Nº de Dias P (mm) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Mês Mensal Diária (Máxima) GRÁFICO 11. Registo da precipitação média anual, para o período compreendido entre 1975 e Mês RR*** >= 0,1mm RR >= 1,0mm RR >= 10,0mm GRÁFICO 12. Número de dias com precipitação registada, para o período compreendido entre 1975 e *** *** RR - Quantidade de Precipitação Diária (09 09 UTC). 66 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

81 P (mm) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O GRÁFICO 13. Anomalia da precipitação anual acumulada (mm), para o período compreendido entre 1971 e Ano REGIME TERMOPLUVIOMÉTRICO A análise conjunta do regime de precipitação e de temperatura média anual permite a identificação das principais características associadas ao regime termopluviométrico (GRÁFICO 14). Assim, o processo analítico permite constatar que: Os meses que registam os valores de temperatura mais elevados (Junho, Julho e Agosto), coincidem com aqueles que apresentam os menores quantitativos da precipitação, definindo uma estação seca no Verão; Os meses com maior precipitação coincidem com os de menor temperatura, ocorrendo o máximo de precipitação nos meses de Dezembro e Janeiro, bem como os máximos secundários em Outubro e Novembro; Ocorre uma diminuição progressiva dos quantitativos associados à precipitação média, durante o primeiro semestre do ano, em simultâneo com o aumento da temperatura média do ar; enquanto que no segundo semestre, verifica-se uma situação inversa, contudo com um crescimento exponencial dos valores relacionados com a precipitação; Apresenta uma temperatura média anual de 18,6ºC e contabiliza um total de sete meses (de Maio a Novembro) com registos acima deste valor; ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 67

82 T ( C) P (mm) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Determina, num conjunto de seis meses (de Abril a Setembro), uma precipitação abaixo do valor médio anual (50mm) Mês Precipitação Mensal Temperatura Mensal GRÁFICO 14. Regime termopluviométrico da estação meteorológica do Louros OUTROS ELEMENTOS CLIMÁTICOS Vento Em relação ao regime de ventos, verifica-se que a orientação predominante é a de rumo SW 18, destacando-se, complementarmente, as velocidades de W (10,2km/h), E (9,2km/h), SE (7,6km/h), NE (7,0km/h). Na sua generalidade, a percentagem de calmas é significativa (12%). Estes registos encontram-se discriminados nos QUADROS 04 e 05 e ilustrados no GRÁFICO 15. Relativamente à distribuição da frequência ao longo do ano, constata-se que os ventos de SW ocorrem com maior frequência nos meses de Verão (Julho e Agosto), a uma frequência média de 28,9%, enquanto nos meses de Inverno, a predominância encontra-se associada aos rumos de NE. Na estação meteorológica do Louros/Funchal, a intensidade média diária do vento é maior nos meses entre Novembro e Abril, em detrimento dos meses de Junho a Agosto. 18 Registo de uma velocidade média anual de 7,6km/h. 68 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

83 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O QUADRO 04. Percentagem de ocorrências associadas à frequência dos rumos dominantes. ESTAÇÃO FREQUÊNCIA (%) SW NE N W E + SE + S + CALMAS NW LOUROS/FUNCHAL 16,9 15,7 13,8 11,1 30,4 12,1 FONTE: Normais Climatológicas da estação meteorológica dos Louros (Funchal, ilha da Madeira). QUADRO 05. Velocidade média do vento, conforme o rumo dominante. ESTAÇÃO VELOCIDADE (km/h) N NE E SE S SW W NW LOUROS/FUNCHAL 6,2 7,0 9,2 7,6 6,1 6,9 10,2 6,1 FONTE: Normais Climatológicas da estação meteorológica dos Louros (Funchal, ilha da Madeira). 20 N NW NE 5 W 0 E Frequência (%) Velocidade Média (km/h) SW SE S GRÁFICO 15. Regime de circulação local dos ventos. De acordo com os pressupostos definidos pela FAO (1975) (QUADRO 06), nomeadamente para a classificação da velocidade do vento, o território em análise regista uma velocidade média do vento fraca (cerca de 8km/h). No período compreendido entre , verificou-se que o maior valor associado à intensidade máxima instantânea do regime de vento foi registado em Outubro de 1969, nomeadamente com uma rajada de com cerca de 69,1km/h. QUADRO 06. Classificação dos ventos dominantes, de acordo com a velocidade. VELOCIDADE (km/h) V < > V < > V < 55 V > 55 CLASSIFICAÇÃO Fraco Moderado Forte Muito Forte FONTE: FAO (1975). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 69

84 Nº de Horas Nº de Dias R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Insolação A insolação total apresenta valores máximos nos meses de Julho (220,5h) e Agosto (230,7h), enquanto que nos meses de Dezembro e Janeiro ocorrem os registos mais baixos, com 134,4h e 140,4h, respectivamente. De acordo com processo de análise realizado ao GRÁFICO (16) seguinte, é-nos perceptível, nos meses de Verão, a alternância entre a curva de isoradiação associada aos dias com insolação igual e inferior a 20%, com a correspondente de quantitativos percentuais igual e superior a 80%, contribuindo para o crescimento exponencial no número de horas e de dias de insolação Mês Nº de Horas DI**** = 0% DI <= 20% DI >= 80% GRÁFICO 16. Número de dias, bem como o número de horas de insolação. **** A análise permite constatar, para o número médio de dias com insolação inferior a 20%, uma diminuição de 9,8 e 4,8 dias, correspondente aos meses de Junho e Julho, respectivamente; enquanto para os dias com insolação superior a 80%, verificou-se o aumento diferencial de 5,3 dias, contabilizando em Junho, 3,0 dias, e em Julho, 8,3 dias. Relativamente aos meses de Inverno, regista-se um aumento progressivo do número médio de dias com radiação solar igual a 0% (céu coberto), de 0,2 dias, em Setembro, para 1,6 dias, em Janeiro Humidade Relativa do Ar A humidade relativa média anual do ar contabiliza, às 9h (UTC), 72%; às 15h (UTC), 70%; e às 21h (UTC), perfaz um total de 73%. Os valores registados são menores durante o período diurno (15h) do que aqueles **** Dias com Insolação. 70 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

85 % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O verificados ao amanhecer (9h) e ao entardecer (21h), contabilizando registos de valores uniformes ao longo de todo o ano, variando somente de acordo com o ritmo da temperatura do ar. No final do Outono e dos meses de Inverno (Setembro e Março - período chuvoso), a humidade do ar atinge os valores mais elevados, contabilizando valores compreendidos entre os 72% e os 74%, para o período das 9h (UTC). Neste contexto, os valores mais elevados registam-se em Dezembro e em Janeiro, perfazem 74%, às 9h (UTC); enquanto que os mais baixos (Abril), perfazem 69%, às 9h (UTC). Relativamente aos valores totais anuais medidos, não se regista uma amplitude significativa, reflectindo-se numa homogeneidade das condições de humidade atmosférica durante todo o ano (GRÁFICO 17). 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Mês GRÁFICO 17. Humidade relativa média do ar na estação dos Louros/Funchal Nebulosidade No Funchal, este elemento climático adquire um regime de sazonalidade extremamente importante, uma vez que os maiores valores da nebulosidade ocorrem durante o período compreendido entre as estações do Outono e do Inverno; enquanto que, no Verão (Junho a Agosto) regista-se uma nebulosidade pouco expressiva. Relativamente à ocorrência de nevoeiro, regista-se valores reduzidos entre os meses de Fevereiro e Abril, bem como nos pontos mais elevados da ilha. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 71

86 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 05.3 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA A presente abordagem pretende caracterizar, de forma coerente e homogénea, o nível e a realidade socioeconómica do Município de Câmara de Lobos, permitindo estabelecer uma matriz de análise ao carácter e mutabilidade irregular do comportamento humano entre recenseamentos. A análise, caracterização e diagnóstico da situação de referência, foi desenvolvida com base nos pressupostos metodológicos de dois vectores analíticos, nomeadamente o das dinâmicas demográficas e o correspondente às económicas. No QUADRO 07, apresentam-se os indicadores estatísticos principais do concelho. QUADRO 07. Indicadores estatísticos gerais do concelho de Câmara de Lobos e da RAM (1991/2001). CÂMARA DE LOBOS RAM INDICADORES CENSOS UNIDADE GÉNERO ÁREA TOTAL 52,4 784,8 km 2 - FREGUESIAS 5 54 Nº - DENSIDADE POPULACIONAL 600,7 660,6 149,8 327,2 hab/km 2 - POPULAÇÃO RESIDENTE Nº H/M FAMÍLIAS CLÁSSICAS Nº - FAMÍLIAS INSTITUCIONAIS Nº - TAXA DE ACTIVIDADE 34,9 41,3 41,4 45,1 % H/M TAXA DE DESEMPREGO 7,8 2,6 6,6 4,6 % H/M TAXA BRUTA DE NATALIDADE 21,7 18,2 13,6 13,2 H/M TAXA BRUTA DE MORTALIDADE 7,5 7,6 10,1 11,1 H/M ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA DE JOVENS 50,1 39,1 36,5 27,9 Nº ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA DE IDOSOS 12,0 12,9 18,3 19,9 Nº H/M ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA TOTAL 62,0 52,0 54,8 47,7 Nº H/M ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO 23,9 32,9 50,0 71,2 Nº H/M FONTE: INE CENSOS, 1991 e DINÂMICA E ESTRUTURA DA POPULAÇÃO POPULAÇÃO RESIDENTE Evolução Demográfica A análise retrospectiva da evolução da população residente (GRÁFICO 18 e QUADRO 08), ao longo do século XX e XXI, permite constatar que o concelho de Câmara de Lobos registou um crescimento contínuo entre 1920 e 1970, com ausência de declínios populacionais proeminentes e uma taxa de crescimento médio positivo a rondar os 10,2%. Salienta-se, de igual forma, que a mais elevada taxa de crescimento foi registada na década de 1920/1930, com um aumento de 24% da população, seguindo-se o período entre 1940/1950, com um crescimento de 14%. 72 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

87 População R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Na década seguinte, entre 1970 e 1981, registou-se um ligeiro decréscimo da população residente (775 habitantes), originando uma variação populacional negativa de 2,4%. Admite-se, que o factor preponderante na promoção deste fenómeno estará relacionado com o aumento da componente emigratória, determinando consequências negativas na estrutura demográfica local, nomeadamente no decréscimo da população; na repartição dos sexos; na diminuição da natalidade; e no decréscimo do peso dos activos no âmbito da população total. A génese desta situação é corroborada por SANTOS (1983), que regista um aumento de saídas no distrito do Funchal, num total de , das quais 68,7% com destino a Venezuela. QUADRO 08. Evolução da população residente, referente ao período intercensitário de 1920 a CÂMARA DE LOBOS POPULAÇÃO RESIDENTE (N ) TAXA DE VARIAÇÃO (%) 24,05 10,29 14,01 8,53 6,89-2,44 1,42 9,97 3,02 FONTE: INE Anos População Residente Média Exponencial (População Residente) GRÁFICO 18. Evolução da população residente do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 1920 a 2011 (INE). Contudo, note-se que, entre 1981 e 1991, verificou-se a inversão da tendência (decréscimo) registada ao longo da década anterior (1970), com os quantitativos populacionais a retomarem o crescimento contínuo, na ordem de 1,40%. Esta situação ficou a dever-se à melhoria das condições de vida da população, devido processo de Autonomia Política, em que o esforço de investimento público resultou na implementação de novos serviços, infraestruturas e equipamentos, que permitiram a introdução de melhorias significativas no bem-estar da população. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 73

88 População R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O A análise relativa ao intervalo temporal compreendido entre 1991 e 2001, determinou um acréscimo de habitantes e uma variação populacional positiva de cerca de 10%, fixando a população concelhia em habitantes e contrariando a tendência regional de decréscimo dos efectivos populacionais, com uma variação de 3,3%. Não obstante, entre 2001 e 2011, salienta-se a tendência para a estagnação efectiva dos quantitativos populacionais concelhios, conforme apresentado no GRÁFICO 19, contabilizando uma taxa de crescimento de 3%, para o período em análise, e fixando a população residente do concelho de Câmara de Lobos em habitantes (QUADRO 09); bem como a regressão do crescimento populacional, em cerca de 2,09%, no último ano. QUADRO 09. Principais indicadores demográficos do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 2001 a CÂMARA DE LOBOS POPULAÇÃO RESIDENTE TAXA DE VARIAÇÃO (%) -0,50 1,09 0,95 0,91 0,61 0,79 0,42 0,44 0,39-2,09 TAXA B. DE NATALIDADE ( ) 18,2 15,2 15,1 13,9 15,2 13,2 13,3 11,7 10,4 - - TAXA B. DE MORTALIDADE ( ) 7,6 7,4 9,0 7,1 7,4 6,9 6,8 7,4 6,2 - - FONTE: INE e DRE Anos População Residente Média GRÁFICO 19. Evolução da população residente do concelho de Câmara de Lobos, para o período de 2001 a 2011 (INE). Este fenómeno poderá ser explicado com a diminuição do ritmo de crescimento natural, decorrente do envelhecimento da população (aumento da esperança média de vida), corroborado pelo acréscimo do Índice de Envelhecimento de 23,9 idosos por cada 100 jovens, em 1991, de 32,9 em 2001 e 41,8 em 2010; e pela diminuição da taxa de natalidade de 18,2 em 2001, para 10,4 em 2009, contribuindo para o decréscimo do número de filhos (VER QUADRO 09). Outro factor responsável por este crescimento populacional diminuto, é determinado por fenómenos sociais, nomeadamente com mudança e acréscimo da importância do papel activo 74 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

89 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O da mulher como elemento integrante na Sociedade Civil, impossibilitando e retardando o período de gravidez, comprovada através do aumento idade média do nascimento do primeiro filho, de 24,8 anos, em 1991, para 28,2 anos, em 2009 (RAM). O cálculo das taxas de crescimento médio anual, que dar-nos-á uma perspectiva tendencial da dinâmica populacional a médio/longo prazo, foi obtido com base no espaço temporal de referência de 40 anos, entre o período de 1960 e Assim, o concelho de Câmara de Lobos regista uma variação muito positiva, nomeadamente um acréscimo de 0,33%, entre 1960/2001, e de 0,96% em 1991/2001. Estes indicadores demonstram a representatividade populacional deste concelho no enquadramento regional, facto corroborado pelo Índice de Importância Relativa que, já em 1991 registavam um valor elevado, cerca de 12,4%, sofrendo um novo acréscimo em 2001 (14,1%). Estes valores são somente superados pelos do Funchal Estrutura Espacial A análise evolutiva da estrutura e variação espacial (por freguesias) da população residente do concelho de Câmara de Lobos (QUADRO 10), patente no GRÁFICO 20 e 21, permite constatar que, a partir de 1960, verificou-se a ocorrência de um fenómeno de quase estagnação no aumento da população na freguesia de Câmara de Lobos, contabilizando uma variação percentual de 1,1% até Relativamente à freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a mutabilidade populacional determinou um acréscimo moderado dos activos, registando-se uma taxa de evolução na ordem dos 15,3% (1960/1970), permitindo uma aproximação aos quantitativos populacionais totais da freguesia de Câmara de Lobos (a freguesia mais populosa do concelho). Adicionalmente, salienta-se que o aumento mais expressivo da população residente no concelho de Câmara de Lobos ocorreu durante o período em análise. QUADRO 10. Evolução da população residente e da representatividade populacional, por freguesias, no Município. C Â M A R A D E L O B O S I M P O R T Â N C I A POPULAÇÃO RESIDENTE P O P U L A C I O N A L CÂMARA DE LOBOS ESTREITO DE CÂMARA DE LOBOS JARDIM DA SERRA QUINTA GRANDE CURRAL DAS FREIRAS FONTE: INE. * - Dados indisponíveis. (Nº) ,7% (2001) (%) 9,8 1,1 4,5 0,7 11,6 6,8 50,4% (2011) (Nº) ,6% (2001) (%) 9,2 15,3-8,4-14,3 1,8 0,26 28,7% (2011) (Nº) * * * * ,7% (2001) (%) * * * * 76,5-10,5 9,3% (2011) (Nº) ,2% (2001) (%) 4,0 2,3-1,4-0,9 13,2-2,6 5,9% (2011) (Nº) ,8% (2001) (%) 2,2 5,8-11,7-2, ,6 5,6% (2011) ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 75

90 % População R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Anos Câmara de Lobos (Município) Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras GRÁFICO 20. Estrutura espacial da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE). 100,0 75,0 50,0 25,0 0,0-25,0-50,0 1950/ / / / / /2011 Anos Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras GRÁFICO 21. Evolução da variação espacial da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE). No período intercensitário de 1970 a 1981, e considerando o conjunto total das unidades territoriais locais, salienta-se a freguesia de Câmara de Lobos com uma variação populacional positiva constante (4,5%), tendo as remanescentes, contabilizado taxas de crescimento negativas para esta década. Com base nos pressupostos 76 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

91 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O anteriormente referenciados, comprova-se a diminuição proeminente da taxa de evolução de população residente na freguesia de Curral das Freiras, registando um decréscimo percentual de 11,7%, enquanto que a do Estreito de Câmara de Lobos contabiliza -8,4%, o que corresponde a uma quebra nos seus quantitativos populacionais de habitantes. Como consequência do fenómeno migratório para os países europeus (França e Inglaterra), na sequência da adesão de Portugal à Comunidade Europeia, na década seguinte (1981/1991) a tendência registada anteriormente manteve-se, com um decréscimo efectivo das taxas de crescimento na maioria das freguesias administradas. Esta situação surgiu no seguimento de um fenómeno idêntico ocorrido na década de 70, como referido anteriormente, para os países da América do Sul (Brasil e Venezuela). Especificamente, sobressai o decréscimo dos quantitativos populacionais da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos na ordem dos 8,4%, em 1970, e dos 14,3%, em Centrando a análise no período censitário compreendido entre 1991 e 2001 (GRÁFICO 22), salienta-se o decréscimo populacional da freguesia do Curral das Freiras, com uma diminuição dos seus efectivos na ordem de 28% (651 habitantes), contrariamente aos valores registados na do Jardim da Serra, que contabilizou o maior acréscimo populacional para o período em análise, um aumento exponencial de habitantes e uma taxa de crescimento de 76,5%. Esta situação esporádica e distinta, com origem no processo de desagregação do sítio do Jardim da Serra 19 à freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, determinou o aumento da população residente, devido à redefinição dos limites administrativos e dos locais de residência (números de polícia), e contribuiu para o decréscimo dos quantitativos populacionais desta última freguesia. Neste contexto, regista-se o crescimento diminuto da população residente na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, com uma variação percentual na ordem de 1,8%, enquanto as freguesias de Câmara de Lobos e Quinta Grande obtiveram, comparativamente, um crescimento populacional médio de 11,6% e 13,2%, perfazendo um aumento de e 252 habitantes, respectivamente. Nos CENSOS de 2011, a processo de análise permitiu constatar um aumento populacional pouco expressivo, impulsionado, sobretudo, pelo acréscimo de quantitativos na freguesia do Curral das Freiras (19,6%) e de Câmara de Lobos, contabilizando, esta última, uma variação da população na ordem de 6,75% (GRÁFICO 23). Relativamente às freguesias que apresentaram um decréscimo no número de quantitativos na estrutura populacional, antagonicamente ao ocorrido no Censo de 2001 (em que as mesmas apresentaram uma variação extremamente positiva), referencia-se a do Jardim da Serra e Quinta Grande, com uma quebra de 10,5% e 2,6%, respectivamente. No global e com base nos valores indicados para os CENSOS de 2011, a população residente no concelho de Câmara de Lobos apresenta uma distribuição heterogénea e díspar pelas diferentes freguesias, contribuindo para a ocorrência de uma pseudo macrocefalia urbana interna, contribuindo para a existência de uma rede 19 Elevação a Freguesia no ano de ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 77

92 % % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O secundária de centros urbanos muito desequilibrada, relativamente aos quantitativos populacionais, e estabelecendo núcleos de importância relativa e diferenciada. 100,0 75,0 50,0 25,0 0,0-25,0-50,0 Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras Freguesia Média GRÁFICO 22. Variação intercensitária (1991/2001) da população residente em Câmara de Lobos (INE). 100,0 75,0 50,0 25,0 0,0-25,0 Câmara de Lobos Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras Freguesia Média GRÁFICO 23. Variação intercensitária, para o período compreendido entre 2001 e 2011 (INE). 78 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

93 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O As duas maiores freguesias, em conjunto, representam uma importância espacial de 79% da população residente no concelho de Câmara de Lobos. Especificamente, concluímos que a freguesia de Câmara de Lobos contabiliza o maior contingente populacional, com 50,4% da população total do concelho, seguindo-se a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos com uma percentagem de 28,7%, e a do Jardim da Serra com 9,3%, enquanto que as freguesias do Curral das Freiras e da Quinta Grande possuem um nível de importância populacional idêntico, contabilizando 5,6 e 5,9%, respectivamente. Comparativamente com o período censitário de 1950, conclui-se que a representatividade populacional de cada uma das freguesias no Município de Câmara de Lobos apresenta poucas alterações, enumerando-se, somente, a alteração entre a freguesia do Curral das Freiras e a da Quinta Grande; bem como a perda de importância populacional da freguesia do Estreito para a do Jardim da Serra ESTRUTURA ETÁRIA Na avaliação da estrutura etária da população do concelho de Câmara de Lobos, subdividimos o total de residentes por três grandes grupos, representativos das faixas etárias sectoriais analisadas, nomeadamente a da população jovem, com idade inferior a 14 anos; a população adulta, com idade compreendida entre os 15 e os 59 anos; e a população idosa, com idade superior a 60 anos. Na sequência da análise efectuada à representação gráfica (GRÁFICO 24) dos valores patentes no QUADRO 11, constata-se que a estrutura da população, entre 1970 e 1981, alterou-se substancialmente, uma vez que o grupo etário da população com idade inferior a 14 anos diminuiu significativamente, contribuindo para o decréscimo da sua representatividade no conjunto da população total. Esta mudança estrutural teve como principais factores, o decréscimo das taxas de natalidade, o aumento da emigração e a passagem de uma percentagem significativa dos seus quantitativos populacionais para o grupo etário seguinte, registando-se uma diminuição da taxa de variação decenal de 13,5% (1.928 residentes). No período intercensitário seguinte (1981/2001), a prossecução da tendência de decréscimo registado nas décadas anteriores manteve-se, com os quantitativos populacionais a perfazerem um decréscimo significativo (3.353 habitantes), cerca de 27,0%. Em termos concelhios e segundo o Censo de Portugal de 2001, este grupo ainda possui alguma representatividade em termos populacionais, cerca de 26%, e, com idade inferior a 19 anos, na ordem dos 36%. O grupo representativo da população com idade compreendida entre os 15 e os 59 anos, durante o período em análise, estabelece um processo de crescimento contínuo dos seus efectivos, não tendo sido registados decréscimos na análise comparativa. Especificamente, registou-se um aumento quantitativo a partir da década de 70 ( efectivos) até 1981 ( habitantes), um acréscimo de 832 efectivos, contabilizando um incremento da variação populacional em 5,6%. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 79

94 População R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Anos >60 GRÁFICO 24. Estrutura etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos (INE). QUADRO 11. Evolução da estrutura etária da população do concelho de Câmara de Lobos. GRUPOS ETÁRIOS Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % < , , , , , , , , , ,0 > , , , , ,0 TOTAL , , , , ,0 FONTE: INE. Não obstante, a subida decenal mais acentuada processou-se durante o período intercensitário de 1981 à 2001, tendo sido registado um acréscimo populacional de habitantes e uma taxa de crescimento de 36,7%, dos quais, 18,4% foram registados na década de 1991 e Esta informação poderá ser corroborada analiticamente através das pirâmides etárias seguidamente apresentadas. Este grupo etário, em relação à população total do concelho, é o mais representativo, contabilizando habitantes, cerca de 62%. No que concerne à população residente com idade igual ou superior a 60 anos, constata-se a ocorrência de um aumento exponencial dos seus efectivos (140%), entre 1950 e 2001, determinando por um acréscimo de habitantes. Particularmente, este grupo etário estabelece um processo evolutivo exuberante, passando de habitantes (6,3% do total da população) em 1950, para habitantes (8,3%) em 1970, e contabilizando, em 1981, residentes (9,6%). Face ao período de 1981 e 2001, da taxa de crescimento aumentou cerca de 39,5%, representando em termos absolutos, habitantes. Concretamente, em 1991, o concelho possuía habitantes (10,7% do total da população) e uma variação decenal de 13,6%, enquanto que, em 2001, contabilizava residentes com idade 80 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

95 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O superior a 60 anos e um crescimento populacional intercensitário de 22,9%. Com base nos pressupostos analíticos referenciados, regista-se um acréscimo da representatividade da população relativa a esta faixa etária, consequência do aumento da esperança média de vida, cujo volume percentual, face à população total, cresceu de 6,3% para 12% no período considerado ( ). A análise às pirâmides etárias (1991/2001) permite realçar a disparidade crescente na base da estrutura da população residente no concelho (GRÁFICO 25 e 26), devido ao decréscimo dos quantitativos populacionais das faixas etárias mais jovens; sequencialmente, nas idades compreendidas entre os 0 e os 19 anos, assiste-se à diminuição dos efectivos do sexo masculino, uma situação que, relativamente ao sexo feminino, só se inicia no grupo 25 aos 29. Ao invés, os grupos seguintes registam um acréscimo populacional em ambos os sexos, o qual se prolonga até ao grupo anos, o que sugere uma maior estabilidade territorial destas faixas etárias. GRÁFICO 25. Pirâmide etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos, em 1991 (INE). GRÁFICO 26. Pirâmide etária da população residente no concelho de Câmara de Lobos, em 1991 (INE). Relativamente às idades compreendidas entre e 60-64, regista-se uma ligeira diminuição do volume populacional, em ambos os sexos. Nos grupos etários seguintes, note-se a tendência de inversão registada anteriormente, em que o número de activos populacionais, em 2001, voltam a superar numericamente os registados em Esta situação justifica o crescimento efectivo e percentual da população idosa entre os dois recenseamentos em estudo, como analisado anteriormente. Em termos globais, trata-se de uma pirâmide etária que apresenta uma estrutura jovem e revela um equilíbrio populacional entre os diferentes grupos etários, bem como na repartição numérica entre ambos os sexos. Embora registe uma tendência de decréscimo contínuo do Índice de Dependência dos Jovens, o Município de Câmara de Lobos continua a apresentar os valores mais elevados da Região Autónoma da Madeira, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 81

96 Nº de Habitantes por Km² R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O contabilizando 50,1 em 1991, 39,1 em 2001 e 29 em Não obstante, o Índice de Dependência dos Idosos referente ao concelho determina pouca representatividade no contexto regional, uma vez que apresenta valores diminutos que oscilam entre os 12,0 em 1991, os 12,9 em 2001 e os 12,1 em Numa análise aos valores referentes ao Índice de Dependência Total (crianças com idade inferior a 15 anos e idosos com idade superior a 64 anos, sobre o total da população com idade compreendida entre os 15 e os 64 anos), relativos aos dois períodos censitários em estudo, concluímos que o concelho de Câmara de Lobos ainda determina um peso bastante significativo, devido ao elevado volume e representatividade populacional do grupo etário dos jovens (62,0 (1991); 52,0 (2001); e 43,4 (2008) e idosos, corroborada por um aumento progressivo do Índice de Envelhecimento (23,9 (1991); 32,9 (2001); e 41,8 (2010) idosos, por cada 100 jovens) DENSIDADE POPULACIONAL Embora determine dimensões administrativas diminutas, uma área aproximada de 52km 2, o concelho de Câmara de Lobos detém, a nível regional, um peso/importância significativa em termos populacionais. Deste modo, análise evolutiva à densidade populacional, durante o período compreendido entre 1920 e 2011 (GRÁFICO 27), permite salientar que o maior acréscimo da população residente ( habitantes) registou-se entre as décadas de 1920 até 1970, justificando o aumento da densidade populacional de 338hab/km 2 (1920) para 611,7hab/km 2 (1970), um aumento de 81% Anos Densidade Populacional Média GRÁFICO 27. Evolução da densidade populacional, para o período intercensitário de 1920 a 2011 (INE). 82 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

97 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Na década seguinte, registou-se uma diminuição de 2,4%, estabelecendo o valor em 596,8hab/km 2 (1981) e reafirmando a sua superioridade em relação à média do conjunto dos concelhos da região (317,2hab/km 2 ), à excepção do concelho do Funchal que, à mesma data, registava uma densidade populacional de 1.462,3hab/km 2. Não obstante, a partir de 1981, verifica-se a inversão da tendência constatada anteriormente, com um acréscimo pouco significativo do número de habitantes, cerca de 1,4%, e estabelecendo o valor em 605,3hab/km 2 ; contudo, este aumento não foi suficiente significativo para retomar os valores registados anteriormente ao processo de queda. Este fenómeno manteve-se em 2001 (665,6hab/km 2 ), com um aumento efectivo na ordem dos 9,9%. Em 2011 e em relação ao período censitário anterior, a área em estudo possuía uma densidade populacional de 685,7hab/km 2, um acréscimo de 20,1hab/km 2. A análise comparativa à escala local (GRÁFICO 28 e 29), efectuada de acordo com os CENSOS (2001, 2011) e com o propósito de obter uma melhor percepção da realidade, permite referenciar as freguesias de Câmara de Lobos ( habitantes) e do Estreito de Câmara de Lobos ( habitantes) como as que apresentam a densidade populacional mais elevada (2.334,8hab/km 2 e 1.299,1hab/km 2 ), circunscritas a uma área de 7,7km 2 e 7,9km 2, respectivamente. Entre períodos intercensitários, constata-se o acréscimo da percentagem de densidade populacional na freguesia de Câmara de Lobos, com o respectivo agravamento das assimetrias internas, resultante da diminuição das restantes unidades administrativas. No sentido inverso, a freguesia do Curral das Freiras, apesar de possuir o maior valor absoluto de área administrado (25km 2 ), regista a densidade populacional mais baixa, contabilizando cerca de 80hab/km 2. Em termos de valores populacionais totais, apresenta habitantes, cerca de 5,6% do total populacional do concelho. GRÁFICO 28. Distribuição, em quantitativos percentuais, da densidade populacional por freguesia (INE Censos, 2001). GRÁFICO 29. Distribuição, em quantitativos percentuais, da densidade populacional por freguesia (INE Censos, 2011). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 83

98 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Por sua vez, a freguesia que possui a menor área do concelho (4,1km 2 ), a da Quinta Grande, regista a terceira densidade populacional mais baixa do concelho (511,9hab/km 2 ), contabilizando em termos de valores populacionais absolutos, habitantes (5,9%). Relativamente à freguesia do Jardim da Serra (7,3km 2 ), que contabiliza 14% da área total do concelho, regista uma densidade populacional de 454,5hab/km 2. No que concerne aos quantitativos populacionais, perfaz residentes, o correspondente a 9,3% dos habitantes do Município de Câmara de Lobos. Comparativamente, no período em análise e para ambas unidades, regista-se uma diminuição percentual da densidade populacional. Em relação ao total das cinco freguesias, cerca de 79,2% do total da população concelhia reside na freguesia de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos que, conjuntamente, possuem uma área inferior a metade (30%) do total concelhio, com 15,6km 2. As restantes freguesias possuem cerca de 36,4km 2, 70% da área total do concelho, contudo, possuem somente 204hab/km 2, não chegando a atingir a segunda freguesia mais populosa do território em análise. Representam em valores populacionais absolutos, habitantes, correspondendo a 20,8% da população concelhia. Em suma, a prossecução de um processo de avaliação global aos valores apresentados pelos restantes concelhos que compõem a RAM, permite concluir a existência de uma acentuada disparidade regional, com base no CENSO de Neste contexto, referencia-se o concelho do Funchal que apresenta a mais elevada densidade populacional, devido a sua macrocefalia, ultrapassando em muito os 1.000hab/km 2. De igual forma, salientam-se os concelhos contíguos do Funchal (Câmara de Lobos, a Este; e Santa Cruz, a Oeste) que registam elevados valores de densidade populacional (300hab/km 2 ), em consonância com o modelo suburbano macrocéfalo, que determina o desenvolvimento e crescimento de concelhos-dormitório. Adicionalmente, estes são os únicos dois concelhos que apresentam, na última década, um crescimento efectivo AGLOMERADOS POPULACIONAIS, ÁREAS DE INFLUÊNCIA 20 E MARGINALIDADE FUNCIONAL 21 A realização do estudo Sistema Urbano: Áreas de Influência e Marginalidade Funcional, desenvolvido pelo INE e a DRE, no ano de 2004, permitiu a caracterização dos aglomerados populacionais existentes na RAM, através da análise da hierarquia dos centros urbanos e das interacções que entre eles se estabelecem com vista à aquisição de bens e serviços.. De igual forma, de acordo com um conjunto de bens e serviços associados às diferentes actividades, determinou os níveis de marginalidade funcional dos territórios. Contextualmente, no âmbito da hierarquização regional dos centros urbanos (13), o estudo supramencionado determina a ocorrência de um processo de distribuição homogénea e regular da população pela região, apesar 20 A área de influência de um centro urbano é definida pelo território que se encontra funcionalmente dependente daquele centro urbano, para um determinado número de funções. 21 Análise do território, numa perspectiva de carência de funções báscias ou de grau de marginalidade face a funções mais especializadas. 84 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

99 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O de, no que concerne ao índice de centralidade, registar-se um forte desequilíbrio. Esta situação é provocada pela macrocefalia urbana existente a nível regional, devido ao elevado índice de centralidade de um núcleo urbano da cidade do Funchal; e a ausência de áreas urbanas correspondentes a um patamar intermédio. Especificamente, é um centro urbano que impulsiona a dinâmica e vitalidade económica à escala regional, sobretudo pelo maior número de funções que dispõe e pelos serviços muito especializados que oferece, comparativamente aos restantes centros urbanos. Assim, torna-se evidente a correlação directa existente entre o aumento da concentração de serviços e funções centrais e os quantitativos associados à densidade populacional, uma vez que, no conjunto dos restantes centros populacionais, estes representam menos de metade da população. Segundo INE (2004), no âmbito regional, o concelho de Câmara de Lobos apresenta uma correlação negativa entre o número de equipamentos colectivos e infraestruturas de utilização pública e os quantitativos populacionais. Neste contexto, apresenta um melhor posicionamento na hierarquia populacional (2ª posição), comparativamente à hierarquia de centralidade (4ª posição), sendo, por esta razão, considerado como um centro urbano subequipado (FIGURA 17). A situação de dependência dos concelhos da Região Autónoma da Madeira, relativamente às funções e serviços, para com o centro urbano do Funchal, que determina uma enorme capacidade de atracção e uma importante acção polarizadora, FIGURA 17. Matriz relativa à hierarquização dos centros urbanos na RAM, segundo o índice de centralidade e a dimensão dos quantitativos populacionais (INE, 2004). manifesta-se sobretudo na convergência inter-concelhia de fluxos populacionais, bem como de movimentos pendulares de população. Neste contexto, nota-se uma maior intensidade e dinamismo em freguesias mais próximas deste centro, como o caso das correspondentes ao concelho de Câmara de Lobos, Santa Cruz e Machico (cidades dormitório). Esta situação, aliada à grande concentração de serviços e funções muito especializados, justifica a abrangência da área de influência do centro urbano do Funchal, a todo o território da RAM. De igual forma o estudo permite salientar o papel da acessibilidade como factor que influencia directamente a capacidade de atracção dos lugares, determinando que Quanto maior o seu nível, maior será a sua capacidade de polarização. No que concerne às funções especializadas, à escala regional, verifica-se uma maior diversidade de áreas de influência inframunicipais, circunscritas aos limites administrativos do concelho; bem como, de igual forma, uma ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 85

100 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O importância à escala local, como o exemplo do centro urbano do Caniço e de Câmara de Lobos. De igual forma, o estudo permite constatar que o centro urbano do Funchal possui uma área de influência supramunicipal, integrando algumas freguesias pertencentes a outros concelhos, contudo contíguas ao seu espaço geográfico, como o caso da Camacha (Santa Cruz) e das freguesias do Curral das Freiras e da Quinta Grande, do Município de Câmara de Lobos. De acordo com os dados apresentados no estudo supramencionado, e desenvolvido pelo INE (2004), o concelho de Câmara de Lobos apresenta um grande contraste interno no que diz respeito à marginalidade funcional. Concretamente, três das cinco freguesias que compõem o Município apresentam uma marginalidade funcional forte, nomeadamente a do Jardim da Serra, Quinta Grande e Curral das Freiras, corroborando a importância das acessibilidades na estruturação e dinamização local, bem como a existência de funções e serviços na atracção e fixação das populações. Relativamente às restantes freguesias, a do Estreito de Câmara de Lobos apresenta um índice Fraco, enquanto que a de Câmara de Lobos determina uma marginalidade funcional Muito Fraca. Esta situação permite determinar a interligação directa entre o aumento do número de equipamentos de utilização pública e a disponibilização de uma maior variedade de serviços, com o acréscimo dos quantitativos populacionais PARQUE HABITACIONAL Conforme mencionado anteriormente, a organização e dinâmica do território regional é caracterizada por uma desigualdade/disparidade acentuada entre a paisagem urbana e a rural, determinando, por um lado, uma disposição e hierarquização evidente dos aglomerados populacionais no espaço geográfico regional e contribuindo, por outro lado, para uma concentração significativa da população e actividades na costa Sul, numa mancha inter-municipal compreendida entre os concelhos de Machico e Câmara de Lobos (periféricos ao aglomerado macrocéfalo urbano do Funchal). Neste contexto e pelo facto de nesta área observarmos relações e estruturas urbanísticas muito similares, a análise efectuada seguidamente terá como elemento de comparação, o total da RAM, contribuindo para a prossecução de um processo de extrapolação e comparação mais próximo da realidade. Na sua generalidade, a matriz urbana do Município de Câmara de Lobos determina características de dispersão, devido a uma componente morfológica extremamente acentuada, mas sobretudo, à influência da estrutura fundiária na dinâmica populacional. A concentração de quantitativos verifica-se somente em aglomerados populacionais urbanos principais e secundários, bem como ao longo de eixos rodoviários estruturantes, determinando uma concentração linear (polinuclear). Esta situação origina uma paisagem extremamente humanizada e um povoamento disperso. Numa análise intercensitária ao número de edifícios, constatamos que, em 2001, existiam na RAM cerca de edifícios, dos quais, pertenciam ao concelho de Câmara de Lobos. Comparativamente com o 86 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

101 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O CENSO de 1991, verificou-se um aumento do número de edifícios, determinando uma variação percentual positiva de 19,4% na área em estudo (7.326 edifícios - CENSO de 1991), um aumento de unidades, e de 10,2% na RAM ( edifícios CENSO, 2001), contabilizando acréscimo de unidades. Relativamente ao número de alojamentos no contexto regional, em 2001, existiam , dos quais detinham características unifamiliares, 332 possuíam um cariz colectivo (hospitais, lares, estabelecimentos prisionais, etc.) e 174 possuíam especificidades de um alojamento de permanência temporária (hotéis e similares). No concelho de Câmara de Lobos contabilizavam um número total de 5 alojamentos colectivos, e familiares, unidades. Numa análise comparativa com o recenseamento de 1991, constatamos que ambas as unidades geográficas referenciadas obtiveram variações positivas (QUADRO 12). QUADRO 12. Número que edifícios e alojamentos, por tipologia de uso, para o período intercensitário (1991/2001). UNIDADE TERRITORIAL VARIAÇÃO ALOJAMENTO ALOJAMENTO ALOJAMENTO ALOJAMENTO EDIFÍCIOS EDIFÍCIOS COLECTIVO UNIFAMILIAR COLECTIVO UNIFAMILIAR (1991/2001) (%) RAM Nº ,2/30,2/19,1 CÂMARA DE LOBOS Nº ,4/- FONTE: INE CENSOS, 1991 e ,7/25,2 No que concerne às características dos alojamentos familiares no concelho de Câmara de Lobos (QUADRO 13), concluímos uma melhoria significativa das condições de habitabilidade dos alojamentos clássicos. Assim, segundo MENDONÇA (2007), o número de alojamentos desprovidos de instalações eléctricas detinha uma percentagem de 5,8%, em 1991, reduzindo posteriormente para 0,5%, em QUADRO 13. Características dos alojamentos unifamiliares, referente ao período de 1991/ UNIDADE TERRITORIAL ALOJAMENTOS SEM ALOJAMENTOS SEM ALOJAMENTOS SEM ALOJAMENTOS SEM ALOJAMENTOS SEM ALOJAMENTOS SEM INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES ABASTECIMENTO INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES ABASTECIMENTO ELÉCTRICAS SANITÁRIAS PÚBLICO ELÉCTRICAS SANITÁRIAS PÚBLICO RAM % 3,6 5,9 11,4 0,4 1,5 0,7 CÂMARA DE LOBOS % 5,8 17,0 52,3 0,5 9,2 2,9 FONTE: INE CENSOS, 1991 e 2001, e MENDONÇA (2007). Esta tendência foi igualmente extensiva aos alojamentos sem instalações sanitárias, uma vez que, em ambos os Censos, verificou-se a diminuição de 17,0% para 9,2%; contudo o decréscimo mais expressivo ocorreu no parâmetro referente aos alojamentos sem infraestruturas de saneamento básico, registando uma diminuição de 52,3% (1991), para 2,9% (2001). Segundo a autora, o valor que além de constituir o mais elevado da Região, se distanciava mais de 25,0% de todos os outros, representa um grande investimento nas condições de vida de muitas famílias. De acordo com a análise efectuada aos dados disponibilizados pela DRE, nomeadamente o número de fogos licenciados para o período compreendido entre 1994 e 2009 (QUADRO 14 e GRÁFICO 30), o Município de Câmara ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 87

102 Nº de Licenciamentos R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O de Lobos apresenta um processo evolutivo cíclico, claramente dependente das condições de mercado e da situação económico-financeira à escala regional e nacional. QUADRO 14. Evolução do número de fogos licenciados. UNIDADE TERRITORIAL RAM CÂMARA DE LOBOS FONTE: DRE Direcção Regional de Estatística. Neste contexto, evidencia-se 3 fases distintas, nomeadamente: uma primeira etapa associada a um período de crescimento do número de pedidos de licenciamento de fogos, compreendido entre os anos de 1994/1999; seguida de um período entre 1999/2004, de aumento da taxa de variação, em cerca de 30%; bem como, uma posteriori diminuição do número de pedidos para o período de 2004 a 2009 (terceira etapa). Note-se que, à escala regional e em comparação com os Municípios homólogos, o concelho de Câmara de Lobos ocupa a terceira posição no número de fogos licenciados, sendo este liderado pelo Funchal, seguido pelo de Santa Cruz Anos Calheta Câmara de Lobos Funchal Machico Ponta do Sol Porto Moniz Ribeira Brava Santa Cruz Santana São Vicente Porto Santo GRÁFICO 30. Evolução do número de fogos licenciados na Região Autónoma da Madeira. 88 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

103 Nã de Licenciamentos R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Relativamente aos pedidos de licenciamento de edifícios deferidos (QUADRO 15), por parte do Município de Câmara de Lobos, o processo de análise permite corroborar a tendência descrita anteriormente. Especificamente, a sobreposição das curvas associadas às diferentes tipologias do processo de licenciamento (Fogos; Edifícios), permite aferir e/ou determinar as características relacionadas com o processo de evolução da malha urbanística observada no concelho de Câmara de Lobos, nomeadamente com base numa tipologia construtiva em altura e de cariz colectivo (GRÁFICO 31). QUADRO 15. Evolução do número de edifícios licenciados. UNIDADE TERRITORIAL RAM CÂMARA DE LOBOS FONTE: DRE Direcção Regional de Estatística Anos Calheta Câmara de Lobos Funchal Machico Ponta do Sol Porto Moniz Ribeira Brava Santa Cruz Santana São Vicente Porto Santo GRÁFICO 31. Evolução do número de edifícios licenciados na Região Autónoma da Madeira. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 89

104 % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O DINÂMICA E ESTRUTURA DA ACTIVIDADE ECONÓMICA TECIDO ECONÓMICO E SECTORES DE ACTIVIDADE O processo analítico realizado aos sectores de actividade económica, sobretudo à evolução das últimas décadas, permite evidenciar a modificação, diversificação e profunda alteração das dinâmicas associadas à estrutura económica do concelho de Câmara de Lobos; tal como a referente ao restante território regional. Esta situação determinou a migração/relocalização da população activa afecta às actividades do sector primário (agricultura, pecuária e pesca), para actividades associadas ao sector secundário e terciário. Salientam-se os ramos da serralharia, construção civil, panificação, plásticos e bebidas; bem como, de outras actividades com representatividade/importância local, como a fruticultura, a floricultura, a pastorícia, a apicultura e a vinicultura. O concelho de Câmara de Lobos, de acordo com os CENSOS de 1991, registou uma ligeira diminuição no número de quantitativos associados à população activa (103), comparativamente ao período homólogo anterior (1981), contabilizando uma variação percentual de -0,9% e um valor absoluto de activos. No que concerne à repartição da população activa pela estrutura económica do concelho, em 1991, cerca de 22,7% dos habitantes exerciam a sua actividade no sector primário; 39,6%, no sector secundário; enquanto o sector terciário detinha uma importância na ordem de 37,7% (GRÁFICO 32). Das actividades exercidas, a da construção civil é a que detém o maior número de quantitativos activos (28%), seguindo-se a agricultura com cerca de 18% e o comércio com 13%. 60,0 50,0 49,7 40,0 39,6 38,5 37,7 30,0 20,0 22,7 10,0 0, ,2 GRÁFICO 32. Evolução da população activa, por sector de actividade económica, entre 1991 e 2001 (INE). Anos Primário Secundário Terciário 90 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

105 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O ESTRUTURA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO ACTIVA Com base na avaliação da dispersão espacial da população activa, para o mesmo período (1991), constata-se que a freguesia de Câmara de Lobos contabiliza 47,7% do total dos efectivos, a do Estreito de Câmara de Lobos, cerca de 31%, a de Curral das Freiras, com 9%, enquanto que as freguesias da Quinta Grande e do Jardim da Serra, perfazem um total percentual de 6,1% (GRÁFICO 33). No período censitário de 2001, nota-se a inversão da tendência registada na década anterior, nomeadamente o aumento da população activa ( trabalhadores) e o registo de variação intercensitária positiva de 30,2%. Em termos de empregabilidade nos diversos ramos da actividade económica, constata-se que o sector primário apresenta um universo de cerca de trabalhadores, o equivalente a um total percentual de 9,2%; o sector secundário contabiliza activos, cerca de 38,5%; enquanto que o sector terciário representa um efectivo de activos (49,7%). Esta situação teve origem no aumento exponencial da procura e concentração de novos serviços na cidade de Câmara de Lobos, mas precisamente no Parque Empresarial da Zona Oeste. A análise à distribuição espacial dos activos pelas unidades territoriais locais (freguesias), neste período intercensitário (GRÁFICO 34), permite constatar que a freguesia com maior empregabilidade é a de Câmara de Lobos, contabilizando activos e perfazendo 49% do total da população activa, seguindo-se a do Estreito de Câmara de Lobos (4.288 trabalhadores), com cerca de 30% do total concelhio. As restantes freguesias apenas representam 19,5% do total da população activa do concelho. GRÁFICO 33. Distribuição da população activa, por freguesia, em 1991 (INE). GRÁFICO 34. Distribuição da população activa, por freguesia, em 2001 (INE). Em síntese, a análise evolutiva e comparativa entre os períodos censitários em análise (1991/2001), permite concluir que o concelho de Câmara de Lobos manifesta um decréscimo acentuado do dinamismo associado às actividades socioeconómicas e do número de quantitativos populacionais activos afectos ao sector primário; uma quase estagnação do sector secundário; enquanto que os serviços ligados às actividades terciárias apresentam um crescimento/variação exponencial extremamente positiva. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 91

106 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Esta situação poderá ter sido fomentada pela implementação de orientações/políticas estratégicas sectoriais, promovidas pelo Executivo Regional, com o objectivo de diversificar o dinamismo económico, através da criação e reforço do investimento em actividades relacionadas com o sector produtivo e/ou de serviços. Em termos de distribuição espacial da população activa, conclui-se que todas freguesias do concelho obtiveram um aumento do número de quantitativos associados a população activa, com a excepção da freguesia de Curral das Freiras, que contabilizou uma diminuição efectiva de 395 trabalhadores, cerca de 40,4%. Relativamente às subidas mais significativas, foram promovidas pela freguesia do Jardim da Serra, com um aumento de 122,5%, a da Quinta Grande com 35,6%, a de Câmara de Lobos com 34,1% e a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, que contabilizou uma subida de 25,2% ACESSIBILIDADES Ao nível das redes de comunicação, na última década, a autarquia de Câmara de Lobos tem promovido um investimento significativo, com o objectivo de reforçar os níveis de acessibilidade intra e intermunicipal e municipal. A criação de uma rede hierarquizada de vias de comunicação internas, visando a estruturação e o desenvolvimento equilibrado e homogéneo do território, permitiu uma melhoria significativa nas acessibilidades às zonas mais interiores e isoladas, bem como, a requalificação da rede viária. Não obstante, persistem ainda algumas carências ao nível da acessibilidade local, com a ausência de uma ligação interna à freguesia do Curral das Freiras; bem como no domínio da estruturação urbana. No geral, apesar de as vias de comunicação possuírem um traçado sinuoso, devido as características orográficas do concelho, podemos afirmar que o Município de Câmara de Lobos possui uma rede de acessibilidades satisfatória. Salienta-se a Via Rápida 1 (Estrada Regional 101) (Via Litoral Concessões Rodoviárias da Madeira, S.A.), a Via Expresso 6 (Viaexpresso Concessionárias de Estradas da Madeira, S.A.) e a Estrada João Gonçalves Zarco (Estrada Regional 229). No que concerne ao transporte colectivo rodoviário de passageiros, é assegurado pelas empresas Rodoeste Transportadora Rodoviária da Madeira, Lda. e a Horários do Funchal Transportes Públicos, S.A.. Contudo, a área de abrangência das respectivas redes de serviços são territorialmente divergentes, apesar da sua complementaridade, uma vez que a Horários do Funchal somente assegura os serviços até ao limite Este do concelho, nomeadamente até ao Parque Empresarial da Zona Oeste OCUPAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO E USO DO SOLO De acordo com a Carta de Ocupação de Solos da Região Autónoma da Madeira (DRIGOT, 2010) e com base nos pressupostos administrativos da IGP (2009), para o Município de Câmara de Lobos, a superfície natural 92 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

107 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O ocupa um total percentual de 46%; seguindo-se a superfície florestal, com cerca de 24,1%; a superfície agrícola com 19,8%; a área humanizada social, na ordem de 9,7%; e as outras áreas contabilizam 0,3% (GRÁFICO 35). 0,3% 19,8% 9,7% 24,1% 46,0% Área Antropizada Social Superfície Natural Superfície Florestal Superfície Agrícola Outras Áreas GRÁFICO 35. Espaços funcionais de uso e ocupação do solo no Município de Câmara de Lobos. Em termos de distribuição espacial, à escala local, análise permite referenciar uma área com uma grande expressividade espacial, associada a esta tipologia específica de uso e ocupação do solo, nomeadamente a freguesia do Curral das Freiras, com 6,1km 2, cerca de 11,7% da área total do concelho; seguindo-se a do Jardim da Serra, à ordem de 3,37 km 2, um total percentual de 6,5% (GRÁFICO 36). Numa análise mais detalhada à ocupação, utilização e transformação do solo, para usos específicos, constata-se que, do total da superfície florestal (12,6km 2 ), a floresta exótica (espécies introduzidas) é a que ocupa a maior área (10,7km 2 ), uma percentagem total concelhia de 85%, sendo composta e/ou estruturada por áreas associadas às espécies de Pinheiro Bravo (Pinus pinaster Ait.), cerca de 2,64km 2 ; de Eucalipto (Eucalyptus sp.), com 3,8km 2 ; de Castanheiro (Castanea sativa), com 3,08km 2 ; às Invasoras, com 0,42km 2 ; e as outras tipologias específicas de folhosas e resinosas, em cerca de 0,72 km 2. Com menor representatividade, à escala do Município, a destaca-se a floresta ombrófila autóctone de loureiros (Laurus azorica (Seub.) Franco), que determina uma expressão espacial extremamente reduzida e dispersa, sobretudo em áreas localizadas acima dos 800m de altitude. Apresenta uma área máxima de cerca de 1,90km 2. Relativamente à superfície natural (24,01km 2 ), corresponde ao uso e a ocupação do solo com maior representatividade no concelho. Especificamente, a formação predominante são os Matos e apresentam uma fisionomia típica composta por uma comunidade de arbustos de elevado porte e de concentração densa, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 93

108 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O constituída por espécies dominantes, tais como: Erica arborea L.; Laurus azorica (Seub.) Franco, com porte arbustivo; Myrica faya Ait. e Vaccinium padifolium. Possuem uma distribuição espacial abrangente, com uma extensão de 15,12km 2 e uma representatividade municipal de 63%, associada aos taludes de declive acentuado e morfologia acidentada. A esta formação sucede-se a Vegetação Herbácea Natural que, com 8,43km 2 (35%), apresenta uma expressão espacial associada a determinadas geomorfologias, nomeadamente superfícies planáticas, rechãs (achadas) e a vertentes com inclinação pouco acentuada. Ocorrem, preferencialmente, em gradientes altitudinais compreendidos entre os 1.000m e os pontos de maior altimetria do espaço geográfico em estudo. De acordo com a carta de solos da ilha da Madeira, esta formação é composta, do ponto de vista florístico, por um tapete de gramíneas rasteiras e de outras espécies herbáceas, cobrindo irregularmente o solo; por um estrato mais ou menos contínuo de fetos [Pteridium aquilinum (L.) Kuhn]; e, todavia sem ir além duma certa altitude limite, alguns arbustivos dispersos principalmente de Erica sp., Thymus caespititius Brot. e Sorbus maderensis Dode. Relativamente aos restantes espaços naturais, estes contribuem com 0,47km 2, registando um total percentual de 2%. Esta tipologia apresenta uma abrangência geográfica circunscrita, predominantemente, à freguesia do Curral das Freiras, bem como aos taludes da orla costeira e do troço intermédio e jusante da Ribeira dos Socorridos Câmara de Lobos Est. Câmara de Lobos Jardim da Serra Quinta Grande Curral das Freiras Freguesia Área Antropizada Superfície Natural Superfície Florestal Superfície Agrícola Outras Áreas GRÁFICO 36. Distribuição espacial (áreas) dos usos e ocupação do solo. Com uma área total de 10,3km 2, distribuídos maioritariamente pela freguesia de Câmara de Lobos (3,62km 2,) e Estreito de Câmara de Lobos (3,04km 2 ), a superfície agrícola encontra-se estrutura e/ou sustentada num sistema complexo de policultura intensiva, de cariz temporário (3,2km 2 ) e permanente (0,1km 2 ), associadas a parcelas 94 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

109 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O microfundiárias de desenvolvimento agrícola e condicionadas por socalcos artificiais, os poios. De igual forma, a análise destaca a Vinha e a Banana como culturas predominantes, perfazendo cerca de 23% e 13% dos espaços agrícolas, respectivamente. Estes indicadores demonstram a representatividade/importância que o Município de Câmara de Lobos detém no mercado regional, como produtor/abastecedor de bens agrícolas, uma vez que, para as culturas supracitadas, possui uma cota de 21% (Vinha) e de 17% (Banana) do total de produção regional. A cultura hortícola, predominantemente, permite a produção de batata, fava, feijão, batata-doce, inhame e as tradicionais culturas de subsistência, enquanto que a cerealífera produz milho e trigo. No que concerne aos outros usos específicos do solo, associados a espaços microfundiários, destaca-se a cultura da Cana-de-Açúcar (0,1km 2 ) e a de Pomar (0,07km 2 ), que compreende quer espécies tropicais (abacateiros, anoneiras, mangueiras, maracujazeiros e papaieiras) quer culturas originárias de regiões temperadas como castanheiros, citrinos, figueiras, nespereiras, nogueiras, pomóides e prunóides. As áreas urbanas e sociais (5km 2 ) são constituídas essencialmente por núcleos urbanos de matriz polinuclear que, por sua vez, encontram-se segmentados num tecido urbano descontínuo (1,3km 2 ) e contínuo, em 2,6km 2. Nesta última tipologia, é predominante uma estrutura urbana composta por edificação horizontal, em cerca de 86% do parque habitacional, em detrimento de projectos colectivos em altura (13%). De menor representatividade, o processo de análise permite constatar a existência de áreas afectas à actividade industrial, na ordem dos 0,2km 2 ; associadas a equipamentos colectivos e infraestruturas de utilização colectiva, em 0,2km 2 ; bem como, a existência de 0,7km 2 de áreas sociais associadas a outras finalidades. Comparativamente à área total concelhia (52km 2 ), as aglomerações populacionais representam 9,7%. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 95

110 PÁGINA EM BRANCO

111 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 06. ANÁLISE E GESTÃO DO RISCO NATURAL 06.1 SUSCEPTIBILIDADE ANÁLISE DA SUSCEPTIBILIDADE No processo de definição, análise e avaliação da susceptibilidade, foram tidos em consideração os processos com maior representatividade e expressão territorial, nomeadamente os de génese geoclimática associados a eventos de cheias rápidas, fluxos hiperconcentrados e de reptação; os de geodinâmica externa, sobretudo os relacionados com processos de erosão hídrica e fenómenos de movimentos de massa (Deslizamentos e Queda de Blocos/Desabamentos); bem como os relativos à génese dendrocaustológica (Incêndios Florestais). Complementarmente, foi realizado um levantamento hermenêutico exaustivo a registos e a arquivos históricos (jornais, anais concelhios, cartas régias, livros, gravuras e fotos), bem como a publicações científicas, por forma a suportar o processo analítico. Não obstante, na sua maioria, os processos de perigosidade possuem uma expressão/abrangência espacial intermunicipal e/ou regional, pelo que também serão referenciados os fenómenos que, apesar de terem ocorrido num ponto geográfico externo ao espaço administrado, provocaram danos e prejuízos no território concelhio. No processo de desenvolvimento e avaliação do presente documento, adoptou-se uma escala de análise que não condicione à selecção e a aplicação de factores correlacionados com a ocorrência de um processo de perigosidade e à respectiva análise heurística; bem como, que permite a utilização homogénea dos diferentes graus de precisão e pormenor da informação vectorial e matricial existente. A realização de análises a pequenas escalas, encontra-se dependente da implementação de um processo de execução de instrumentos estratégicos de pormenor (Planos de Pormenor e/ou de Urbanização) SUSCEPTIBILIDADE À GEODINÂMICA EXTERNA Considerações Iniciais No âmbito do processo de desenvolvimento, análise e validação cartográfica associada à susceptibilidade natural aos movimentos de massa, adoptaram-se como pressupostos metodológicos: técnicas de avaliação relativa, nomeadamente as de relevância paleogeográfica, baseados na inventariação e identificação da distribuição das formas geomorfológicas associadas aos movimentos de vertente e na subsequente caracterização e relacionamento com os factores desencadeantes do terreno (triggering factors); critérios de automatismo computacional, através da aplicação do Stability Index Mapping; e critérios de análise fotointerpretativa. Dentro ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 97

112 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O dos modelos relativos, a elaboração da Carta de Susceptibilidade à Geodinâmica Externa (CARTA 13. ANEXO - PONTO 08.9), teve por base a cartografia directa, em ambiente de Sistemas de Informação Geográfica, do padrão espacial dos fenómenos ocorridos no concelho de Câmara de Lobos. Neste contexto e conforme descrito anteriormente, adoptou-se a linha de investigação de PACK et al. (1998a, 1998b, 2001, 2005) do Índice de Estabilidade da Vertente ou Factor de Segurança (factor of safety), definido através da combinação do modelo infinito de estabilidade da vertente, que pondera e relaciona as componentes/factores de instabilização (shear stress), como o caso da força gravítica e percolação aquífera (pressão de água nos poros (ALEOTTI e CHOWDHURY, 1999)), com os de equilíbrio (shear strength), nomeadamente o índice de fricção e de capacidade de coesão dos materiais sobre um determinado plano paralelo à superfície rochosa; com o índice de escoamento topográfico, cujo modelo hidrológico/hidráulico define áreas preferenciais ao escoamento, por saturação do solo, uma vez que é paradigmático a ocorrência de processos de perigosidade associados aos movimentos de massa em zonas topograficamente convergentes e/ou deprimida, com elevada concentração de humidade no solo. Para o cálculo do grau de estabilidade da vertente, o modelo determinista (geotécnico) utiliza e analisa os parâmetros quantificáveis das propriedades dos materiais, bem como de critérios morfológicos e hidrológicos, através do cálculo da inclinação topográfica, das áreas de captura hídrica e do grau de saturação de cada célula associada às matrizes dos diversos inputs de entrada, assumindo que os restantes parâmetros são constantes (ou possuem a mesma probabilidade na distribuição) em grandes áreas. Genericamente, define-se o índice de estabilidade como a probabilidade de uma determinada área ser estável, sob o pressuposto da uniformidade equitativa da distribuição dos parâmetros subjacentes ao modelo, que, no contexto litológico (factor preferencial) regional, é enquadrável. Os autores determinam que o intervalo de incerteza associado ao parâmetro hidrológico (morfologia à escorrência total) substitui o processo dinâmico da modelagem associada à análise de informação referente aos parâmetros meteorológicos, concluindo que a carga computacional adicional gerada é injustificada. Adicionalmente, devido à variabilidade climática característica da ilha da Madeira, considera-se que a aplicabilidade de variáveis meteorológicas neste modelo torna-se insustentável e pouco representativa da realidade. Procedeu-se, de igual forma, à identificação dos riscos com maior probabilidade de ocorrência, com base no princípio da análise cíclica fenomenológica dos processos de perigosidade com maior representatividade no território, nomeadamente através do cálculo da probabilidade e a frequência do evento. No concelho de Câmara de Lobos, bem como na ilha da Madeira, a orografia acentuada e o grau de incisão hidrográfica, associados a valores elevados de precipitação (que podem atingir os 500mm/dia), estarão na origem dos registos históricos e paleogeográficos de movimentos de vertente, os quais, com a progressiva ocupação e transformação antrópica revelam um incremento de actividade do número de manifestações 98 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

113 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O (RODRIGUES e AYALA-CARCEDO, 2000C). Estes movimentos são essencialmente do tipo queda de blocos/desabamentos, avalanches rochosas e deslizamentos, manifestando, independentemente do tipo de litologia, o maior número de registos de actividade entre os meses de Novembro a Janeiro e em zonas onde o coberto vegetal é diminuto ou foi alterado (ABREU et al., 2007, em ABREU 2008) Análise e Distribuição da Susceptibilidade A análise ao QUADRO 16 permite constatar que o território apresenta uma propensão acentuada, em cerca de 31km 2, à ocorrência de fenómenos associados a esta tipologia específica de processos de perigosidade, devido à conjugação de declives acentuados, precipitações intensas, ausência de coberto vegetal, bem como de uma morfologia da paisagem abrupta. A correlação directa entre os parâmetros desencadeantes, de cada um dos factores anteriormente mencionados, determina o desenvolvimento de movimentos morfo e volumetricamente relevantes. Especificamente, da área total do concelho (52km 2 ), constata-se que cerca de 29,4% corresponde a um grau de susceptibilidade Elevado, contabilizando 15,3km 2 ; enquanto que, para a susceptibilidade Muito Elevada, a análise determina uma delimitação espacial de 15,7km 2, cerca de 30,2% do espaço geográfico administrado (GRÁFICO 37). QUADRO 16. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade à geodinâmica externa. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO UNIDADE TERRITORIAL CÂMARA DE LOBOS , ,5 8, ,7 16, ,3 29, ,7 30,2 QUINTA GRANDE ,9 22, ,6 14, ,1 26, ,0 24, ,5 12,2 CURRAL DAS FREIRAS ,6 2, ,9 3, ,0 8, ,5 34, ,0 52,0 E. CÂMARA DE LOBOS ,9 24, ,0 12, ,9 24, ,1 26, ,0 12,7 JARDIM DA SERRA ,7 23, ,0 14, ,8 25, ,4 32, ,3 4,1 CÂMARA DE LOBOS ,7 35, ,0 13, ,9 24, ,3 16, ,8 10,4 MÉDIA , , , , ,1 - À escala local, e de acordo com o GRÁFICO 38, a contabilização de uma elevada susceptibilidade à geodinâmica externa no Município de Câmara de Lobos deve-se ao aumento exponencial do número e da dimensão de áreas propensas a ocorrência de processos de perigosidade na freguesia do Curral das Freiras. Particularmente, e comparativamente às restantes freguesias, os dados relativos ao grau de susceptibilidade Elevada e Muito Elevada permitem destacar a localização e distribuição espacial homogénea de valores mais acentuados nesta freguesia, à ordem de 8,5km 2 e 13km 2, respectivamente. Em termos percentuais, contabilizam 16,3% e 25% da área total do espaço administrado e, no âmbito das áreas associadas aos respectivos graus de ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 99

114 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O susceptibilidade, perfazem uma contribuição de 55,5%, na Elevada, enquanto que o grau correspondente ao Muito Elevado contabiliza 82,8%. 30,2% 15,0% 8,7% 16,7% 29,4% Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 37. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) susceptíveis a fenómenos associados à geodinâmica externa Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 38. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas propensas aos movimentos de massa e à erosão hídrica. 100 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

115 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Sequencialmente, para as classes de susceptibilidade analisadas anteriormente, seguem-se as freguesias do Estreito de Câmara de Lobos e do Jardim da Serra, que, apesar de determinarem um espaço geográfico administrado diminuto (proporcionalmente e comparativamente à freguesia do Curral das Freiras), apresentam áreas propensas à ocorrência cíclica de fenómenos potencialmente danosos em 3,1km 2 e 2,7km 2, respectivamente, cerca de 5,9% e 5,2% da área total de Câmara de Lobos. Não obstante, note-se que a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos apresenta a segunda área menos susceptível à ocorrência de fenómenos potencialmente danosos. Assim, ressalva-se a menor propensão de algumas freguesias serem afectadas por processos de perigosidade, uma vez que apresentam uma expressão espacial significativa de susceptibilidade Muito Baixa a Moderada, nomeadamente a de Câmara de Lobos (5,6km 2 ); a do Estreito de Câmara de Lobos (4,9km 2 ), conforme referenciado anteriormente; e a do Jardim da Serra (4,5km 2 ). Em termos percentuais, apresentam cerca de 11,3%, 9,4% e 8,6% da área total do concelho, respectivamente. O processo analítico aos valores descritos no QUADRO anterior (16), permite aferir a existência de uma tendência espacial homogénea, transversal à maioria das freguesias, relativamente às dimensões das áreas que compõem os graus de susceptibilidade compósita Baixo, Moderado e Elevado. Na sua generalidade, para estas classes de susceptibilidade, as áreas apresentam uma dimensão média compreendida entre os 0,9 e 3km 2, enquanto que os graus de susceptibilidade Muito Baixo e Muito Elevado apresentam um zonamento médio de 1,6 e 3,1km 2, respectivamente. O estudo determina uma correlação espacial entre o zonamento correspondente aos declives acentuados, com as áreas de maior susceptibilidade, frequência e probabilidade de ocorrência de fenómenos ou eventos catastróficos associados a movimentos de massa. Concomitantemente, a análise efectuada permitiu a definição dos usos e ocupação do solo com maior susceptibilidade, de acordo com a COSRAN (2010), delimitando áreas e quantificando percentagens de ocupação (QUADRO 17). QUADRO 17. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade à geodinâmica externa, de acordo com o uso do solo. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO OCUPAÇÃO DO SOLO SUPERF. FLORESTAL ,5 12, ,75 6, ,5 12, ,7 69, ,02 0,2 SUPERF. NATURAL ,02 0, ,7 7, ,4 10, ,5 18, ,3 64,0 SUPERF. AGRÍCOLA ,38 32, ,38 13, ,0 38, ,5 14, ,01 0,1 SUPERF. SOCIAL ,8 56, ,6 12, ,7 14, ,6 12, ,3 6,0 OUTRAS ÁREAS 15 0,0002 0, ,03 17, ,02 11, ,04 23,5 57 0,08 47,0 TOTAL , , , , ,7 - Assim, associa-se a distribuição espacial homogénea das áreas associadas aos graus de susceptibilidade mais elevados, às superfícies naturais e florestais, nomeadamente na freguesia do Curral das Freiras. A existência de ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 101

116 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O uma diferenciação do nível de susceptibilidade e/ou de exposição entre os usos dos solo referenciados, determina uma maior área associada à susceptibilidade muito elevada, cerca de 15,3km 2, nos espaços naturais; enquanto que, as superfícies florestais apresentam um nível inferior (Elevado) (4km 2 ), que de acordo a área total dos respectivos espaços, estabelecem valores percentuais de 64% e 69%, respectivamente (GRÁFICO 39) Superfície Florestal Superfície Natural Superfície Agrícola Superfície Social Outras Áreas Uso do Solo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 39. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas susceptíveis à Geodinâmica Externa. As áreas com menor propensão potencial à ocorrência de movimentos de massa, com base no GRÁFICO 40, encontram-se localizadas em espaços de ocupação do solo relacionados com a componente urbana e periurbana, sobretudo na freguesia de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos. Ambas registam uma susceptibilidade pouco acentuada (Muito Baixo Moderado) em 82% do total da superfície social (5km 2 ), nomeadamente à ordem dos 4km 2. Esta situação permite aferir a existência determinado grau de consciencialização da comunidade à problemática do Risco. De igual forma, registe-se que a superfície agrícola contabiliza uma área muito pouco susceptível (85% do espaço), o equivalente a 8,76km 2 ; enquanto que, os espaços com maior perigosidade perfazem uma área total de 1,5km 2. Os resultados compósitos descritos anteriormente 22, corroboram pelos pressupostos técnico-científicos do Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões 23, o qual será abordado detalhadamente no ponto (Susceptibilidade Geoclimática). 22 A relação existente entre as áreas de susceptibilidade aos movimentos de massa e os espaços-tipológicos de ocupação do solo. 102 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

117 Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O A análise à carta supramencionada (VER CARTA 13. ANEXO - PONTO 08.9) permite corroborar a existência de uma distribuição homogénea e contínua de registos paleogeográficos de movimentos de massa, do tipo queda isolada de blocos e/ou desabamentos, ao longo dos taludes subverticais costeiros, nomeadamente numa área compreendida entre o eixo do Serrado do Mar Fajã das Bebras Fajã do Cabo Girão Fajã dos Padres (FIGURA 18 e 19) Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Susceptibilidade Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Superfície Natural Superfície Florestal Superfície Agrícola Superfície Antrópica Social Outras Áreas GRÁFICO 40. Distribuição espacial da susceptibilidade à geodinâmica externa, de acordo com a freguesia e uso do solo. A esta tipologia de movimentação/projecção de material proveniente da vertente, de transporte simples e aéreo de blocos individualizados ou de volumes significativos de rocha, encontra-se associada a taludes constituídos 23 Relatório técnico-científico desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico, em parceria com a Universidade da Madeira e o Laboratório Regional de Engenharia Civil, na sequência do evento meteorológico extremo de 20 de Fevereiro de A realização deste trabalho de investigação foi promovida pela Secretaria Regional do Equipamento Social da Região Autónoma da Madeira. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 103

118 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O geologicamente por escoadas lávicas de pouca espessura, intercaladas por tufos de lapilli e interceptadas por alguns filões subverticais. FIGURA 18. Área de susceptibilidade muito elevada, associada a tipologia de queda de blocos e desabamento (DRAMB). FIGURA 19. Enquadramento do eixo litoral, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos. Exemplos dos processos descritos anteriormente, que poderá ser observado na FIGURA 20, ocorreu no dia 4 de Março de 1930 e cujo embate do material na superfície aquosa gerou uma onda gigante que provocou a morte a 19 pessoas, tendo outras 6 ficado feridas; bem como outros dois registos que provocaram avultados prejuízos materiais em propriedades agrícolas (FIGURA 21, 22). 104 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

119 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 20. Superfície de ruptura do movimento de massa ocorrido a 4 de Março de 1930, no Pico do Facho. FIGURA 21. Desabamento registado no Pico do Facho (Câmara de Lobos) (MADEIRA ROCHAS, 2005; em ABREU, 2008). FIGURA 22. Pico do Facho, evento registado na década de 60 (MADEIRA ROCHAS, 2005; em ABREU, 2008). Ao longo deste eixo, os processos e dinâmicas associadas aos movimentos de massa possuem características distintas daqueles referenciados ao longo das formas morfológicas fluviais, uma vez que apresentam depósitos ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 105

120 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O de vertente com volumes significativos de material transportado, consequência da dinâmica litoral (FIGURA 23); enquanto que, na acepção de RODRIGUES (2005) em ABREU (2008), nos vales, os processos ocorrem em qualquer litologia, sendo que, na sua maioria, são constituídos por grandes blocos individuais provenientes de escoadas, de disjunção esferoidal, prismática ou planar, ou de filões. FIGURA 23. Desabamento num talude costeiro (Serrado do Mar), cuja génese encontra-se associada à dinâmica costeira. De igual forma, referencia-se o sítio do Ilhéu e da Rua Nova da Praia (freguesia de Câmara de Lobos), como áreas potenciais de impacto e de ocorrência de processos de perigosidade associados à queda isolada de blocos; bem como as vertentes contíguas à secção de vazão terminal da Ribeira do Vigário, paralelamente à Avenida Nova Cidade e do Caminho do Vigário (FIGURA 24). Segundo ABREU (2008), a área com maior susceptibilidade a esta tipologia específica de movimentos de massa localiza-se na depressão morfológica do Curral das Freiras, na qual referencia espacialmente inúmeros registos paleogeográficos de morfogénese antiga e inactivos, e de depósitos de cobertura constituídos por material detrítico e com grande quantidade de blocos de volumetria considerável. Poderão ser observados ao longo da Ribeira do Curral, nomeadamente numa área compreendida entre o Lombo da Partilha e o Pico do Furão, a N do Pico da Geada, bem como a existência de dois depósitos de desabamento importantes na Ribeira do Cidrão. A análise realizada à Carta de Susceptibilidade (VER CARTA 13. ANEXO - PONTO 08.9) permite corroborar a investigação realizada anteriormente por ABREU (2008); validar 24 a propensão da área referenciada anteriormente, sobretudo a ocorrência de fenómenos associados a esta tipologia específica de processos de perigosidade (Queda de Blocos; Desabamentos); e definir a distribuição homogénea das áreas que determinam 24 Conforme referenciado anteriormente, a validação, foi, de igual forma complementada com a inventariação hermenêutica de registos históricos. 106 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

121 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O uma susceptibilidade muito elevada, a partir do qual se verifica a presença de factores que se encontram correlacionados com o desencadear do fenómeno. FIGURA 24. Enquadramento do sítio do Ilhéu/Cidade Nova, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos. Especificamente, referencia-se, no interflúvio Este da bacia hidrográfica da Ribeira do Curral, uma faixa longitudinal de susceptibilidade (muito elevada) à ocorrência de queda isolada de blocos e de desabamentos, compreendida entre o sítio do Lombo da Partilha e a Fajã dos Cardos, com limite crítico inferior a uma altitude média de 700m, enquanto que, a equivalente para o limite superior localiza-se nos 1.400m (FIGURA 25). FIGURA 25. Enquadramento do sítio da Achada do Curral, associado a eventos de queda de blocos/desabamentos. Comparativamente, o talude homólogo (Oeste) apresenta uma variabilidade espacial extremamente acentuada e uma dimensão heterogénea das áreas correspondentes à susceptibilidade muito elevada. Esta situação deve-se, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 107

122 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O sobretudo, à menor inclinação morfológica, bem como a predominância de vertentes de forma convexa (maior estabilidade) (VER CARTA 05. ANEXO - PONTO 08.9). Assim, a avaliação permite subdividir a área associada à bacia hidrográfica em três grandes sectores de análise, nomeadamente um localizado a Sul (S), numa área compreendida entre o Lombo da Partilha e o Pico da Pedra; um outro ao Centro (C), nomeadamente ao longo do eixo Casas Próximas Boca do Cerro Eirado Fajã Escura (FIGURA 26 e 27); e um terceiro sector localizado a Norte (N), desde do Pico do Cerco ao Pico do Coelho (FIGURA 28). FIGURA 26. Enquadramento morfológico pormenorizado do sector Central. FIGURA 27. Enquadramento do sítio da Fajã Escura, associado a eventos de desabamentos. 108 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

123 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 28. Panorâmica geral do sector Central e Norte da depressão morfológica do Curral das Freiras. No sector S, salienta-se a subida altimétrica gradual do limite inferior, desde a cota dos 300m, no sítio do Lombo da Partilha, até aos 650m, no sítio da Seara Velha (Pico da Queda), bem como um limite crítico superior (Cumeeira) compreendido entre os 800m e os 1.100m de altitude; no sector C, a análise permite constatar uma maior heterogeneidade das áreas associadas à susceptibilidade muito elevada, cujo limite inferior vai desde os 500m, ao nível da Ribeira do Curral, até ao limite superior de 1.250m (Pico do Serrado); e no sector N, as áreas associadas a esta tipologia específica de movimentos de massa, bem como a este grau de susceptibilidade, determinam uma disposição espacial do limite inferior a partir dos 1.000m de altitude. Em ambas as vertentes, a correlação directa entre as áreas de maior susceptibilidade com as de inclinação compreendida entre os 45% e os 85%, corroborando a associação e influência dos declives, como factor despoletante preferencial na ocorrência dos fenómenos. De igual forma, a análise demonstra a ocorrência de movimentos de massa em zonas com predominância de vegetação natural, estando os fenómenos pouco associados/dependentes do contexto geológico. Não obstante, a dispersão espacial dos registos referentes à tipologia de queda isolada de blocos e de desabamentos, não se encontra circunscrita às áreas referenciadas anteriormente, existindo registos in situ e históricos ao longo das principais formas morfológicas fluviais (vale da Ribeira dos Socorridos e do Vigário), salientando-se particularmente a via de acesso ao sítio da Fajã das Galinhas (FIGURA 29 e 30). FIGURA 29. Enquadramento morfológico da via de acesso ao sítio da Fajã das Galinhas. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 109

124 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 30. Fajã das Galinhas, área referenciada com susceptibilidade elevada a muito elevada a movimentos de massa. Relativamente aos processos de perigosidade associados a deslizamentos rotacionais e translacionais, ABREU (2008) referencia, de igual forma, a depressão morfológica do Curral das Freiras, como a área com maior propensão ao desenvolvimento desta tipologia específica de movimento massa. A delimitação espacial resulta da observação e identificação local dos factores correlacionados com a sua ocorrência (Declives acentuados, vegetação pouco exuberante, pendor litológico favorável e a identificação de lineamentos); da sua antiguidade morfológica; bem como, do registo e inventariação de movimentos de massa catastróficos paleogeográficos, como resultado da influência e desgaste perpetuado pelos agentes erosivos associados ao processo de evolução natural da rede hidrográfica (Ribeira do Curral). Esta situação é corroborada por RODRIGUES (2005), que referencia e regista, a nível regional, a ocorrência de movimentos de massa volumetricamente relevantes associados às formas geomorfológicas fluviais (vales) (deslizamentos-barragens (Landslide-Dam)) e costeiras (deslizamentos costeiros (Costal Landslide)). Um destes registos, o deslizamento-barragem da Achada do Curral, é considerado o maior da ilha da Madeira do seu tipo, contabilizando um volume de material depositado em cerca de m 3, uma área de m 2, e um cumprimento de 900m (RODRIGUES, 2005). Particularmente, localizado no sector Oeste da bacia morfológica do Curral das Freiras e circunscrito espacialmente ao interflúvio da Ribeira da Lapa (Oeste) e ao talvegue da Ribeira do Cidrão (Norte). Apresenta características que o classifica de deslizamento rotacional, apesar de apresentar uma componente translacional importante, devido à observação de diversas formas e/ou características morfológicas associadas a esta tipologia específica de movimento de massa, nomeadamente a identificação de um back-tilting na parte frontal do corpo do deslizamento; à existência de uma superfície pouco inclinada, na parte superior da massa deslizada; bem como a observação de cornijas do lado exterior. De igual forma, apresenta uma superfície de 110 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

125 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O deslizamento extremamente erodida e uma linha de água com um grau de encaixe acentuado (indicadores da sua antiguidade e exposição), resultado do desgaste perpetuado por processos erosivos naturais. A designação de deslizamento-barragem encontra-se relacionada com a dinâmica e o percurso empreendido pelo movimento. Devido à morfologia encaixada dos vales, a deposição de material na linha de água poderá provocar o seu constrangimento, bem como originar um obstáculo e/ou barragem natural temporária à livre circulação da massa aquosa. Esta situação poderá originar a ocorrência de deslizamentos secundários a partir do corpo principal do material deslizado, sobretudo devido à pressão exercida pela água e ao respectivo processo erosivo contínuo perpetuado em determinados sectores a montante da barragem. Um exemplo do que vem sendo descrito, poderá ser observado na achada dos galinheiros, no sítio do Ribeiro Cidrão. De igual forma, para além da ocorrência dos movimentos secundários referenciados anteriormente, a possível ruptura total ou parcial do obstáculo, contribuirá para a ocorrência de fluxos de detritos e/ou lamacentos. Estas situações, apesar de, tendencialmente, se localizarem em sectores intermédios dos vales, podem contribuir para o aumento exponencial do grau de perigosidade para a Comunidade, bem como do nível de exposição e vulnerabilidade dos equipamentos e infraestruturas, localizados a jusante. Ao longo da Ribeira do Curral, na bacia de recepção do Curral das Freiras, é possível a referenciação, observação e inventariação de inúmeros depósitos de cobertura de morfogénese antiga, alguns dos quais associados a movimentos de massa paleogeográficos, nomeadamente de génese rotacional. Na acepção de ABREU (2008), a grande maioria dos depósitos identificados 25, possuem um volume inferior a m 3, e encontram-se cobertos por uma densa vegetação e áreas agrícolas, tornando-se difícil a análise da massa deslizada e da estrutura das formações envolventes, bem como recebem a toponímia de Fajã ou de Achada. A Fajã do Capitão, localizada Oeste do Pico Furão, é um destes registos paradigmáticos de um deslizamento rotacional paleogeográfico, uma vez que apresenta como características um ligeiro back-tilting na zona frontal do movimento; uma escarpa principal bem definida (ligeiramente côncava); uma superfície de fraco declive na parte superior da massa deslizada; e a existência de material extremamente fracturado (FIGURA 31). Segundo aquele autor, este deslizamento possui 310m de comprimento, uma superfície de m 2 e um volume de cerca de 9.106m 3, e, em termos do estado de actividade, encontra-se inactivo. Estas formas (movimentos de massa de génese rotacional e/ou translacional) encontram-se associadas, devido aos topos pouco inclinados, com à ocupação de actividade humanas. Especificamente, enumeram-se as do sítio da Seara Velha; da Fajã dos Cardos, da Fajã Escura e do Colmeal. Em suma, na sequência do processo de inventariação dos fenómenos e de delimitação espacial das áreas que constituem uma maior perigosidade/susceptibilidade, desenvolvida no âmbito do presente relatório, a análise espacial correspondente permite constatar e/ou referenciar uma disposição homogénea de áreas e processos 25 Recebem, localmente, a denominação de Fajã ou de Achada. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 111

126 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O associados à geodinâmica externa ao longo de linhas de água e de sectores costeiros. Concretamente, comprova-se a grande susceptibilidade da depressão morfológica do Curral das Freiras aos processos de movimentos de massa, sobretudo associados à tipologia de queda isolada de blocos e de deslizamentos rotacionais e translacionais; enquanto que, na orla costeira, existe uma maior propensão para a ocorrência de movimentos simples de transporte aéreo, bem como de grande volumetria de material (desabamentos). FIGURA 31. Escorregamento rotacional paleogeográfico da Fajã do Capitão (ABREU, 2008) Frequência e Período de Retorno De acordo com os dados disponibilizados pelos SRPC, IP-RAM, para estas tipologias específicas de processos de perigosidade, foi determinado um intervalo de frequência de 10 movimentos de massa por ano, bem como uma probabilidade recorrência de 2,8% ao dia. Estes pressupostos retomam um exaustivo levantamento hermenêutico, desenvolvido no âmbito do projecto IFPROTEC, para um período de 3 anos SUSCEPTIBILIDADE GEOCLIMÁTICA Considerações Iniciais No âmbito do processo de desenvolvimento e execução da Carta de Susceptibilidade Geoclimática (CARTA 14. ANEXO - PONTO 08.9), sobretudo aos processos de perigosidade com maior representatividade (Cheias Rápidas; Fluxos Hiperconcentrados; Reptação), foram adoptados como pressupostos metodológicos, critérios de base de automatismo computacional (modelos de análise determinística). Especificamente, aplicou-se um modelo hidrológico/hidráulico, que procede à extrapolação espacial 26 das áreas preferenciais e/ou propensas à geração de escoamento, nomeadamente por saturação superficial e/ou de maior concentração de humidade no solo. 26 De acordo com as leis da física e da mecânica, bem como da conservação da massa, energia e força cinética, 112 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

127 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Adicionalmente, foram adoptados procedimentos de fotointerpretação, aquando do processo de validação das áreas que constituem maior susceptibilidade; tido em consideração parâmetros relacionados com as condicionantes físicas do relevo, sobretudo aquelas com maior influência no despoletar/desencadear de um evento; bem como, métodos de sobreposição cartográfica, nomeadamente na distribuição espacial dos eventos históricos ocorridos no território e/ou que, apesar de localizados externamente, obtiveram um potencial destrutivo no Município de Câmara de Lobos. A correlação entre os parâmetros e os pressupostos metodológicos subjacentes permitiu a definição, e respectiva delimitação, de pontos/áreas críticas de escoamento hidráulico da rede hidrográfica, referente a cada uma das bacias hidrográficas, dada a conjugação de linhas de água que determinam perfis longitudinais extremamente acentuados, entre 10% e 15% de inclinação; as roturas de declive, e o respectivo grau de encaixe; percentagem de coberto vegetal; o índice de escoamento topográfico; a tipologia do perfil transversal da linha de água; bem como a hierarquização da mesma, segundo os pressupostos de STRAHLER (1964). O Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões permitiu a caracterização da fenomenologia dos processos de instabilidade de vertente na ilha da Madeira, sobretudo daqueles associados aos fluxos de detritos em taludes. Particularmente, determinou-se que a sua ocorrência encontra-se dependente da conjunção e/ou correlação dos diversos factores (já anteriormente mencionados) necessários ao desencadear do fenómeno, nomeadamente o índice de permeabilidade pedológica, no qual os ensaios de campo indicaram a presença de solos de baixo peso volúmico e com uma grande percentagem de finos (silte ou argila) e de matéria orgânica (ambos os parâmetros confirmam a elevada porosidade/permeabilidade); o grau de inclinação da vertente, nomeadamente à classe de declive entre os 30% e os 45%; o teor em água (ou o grau de saturação), cujos ensaios permitiram determinar a elevada influência da sucção na resistência dos solos; e a precipitação média diária. De acordo com a aplicação destes parâmetros geotécnicos no programa de cálculo Code Bright, verificou-se que em solos siltosos ou silto-arenosos, sobretudo em períodos de maior pluviosidade e para a classe de declive compreendida entre 25% e 45%, ocorria uma correlação directa entre a diminuição da velocidade de escoamento com o aumento da profundidade das camadas pedológicas (dificuldade de infiltração da água, por aumento do grau de inclinação), gerando a diminuição das tensões efectivas. Ainda de acordo com o mesmo estudo, para os solos muito permeáveis, nomeadamente os de cariz granular de elevada permeabilidade (depósitos de vertente), e com as inclinações descritas anteriormente, admite-se a possibilidade de ocorrência de um escoamento subterrâneo com velocidade baixa, ainda que superior à que se verifica nos solos menos permeáveis., provocando, devido à maior espessura de solo, o aumento de sucções em períodos estacionários, que passam rapidamente a pressões intersticiais positivas. Esta transição, corresponde à diminuição brusca das tensões efectivas e à redução do factor de resistência ao corte. Para esta tipologia específica de movimento de massa, nomeadamente os fluxos de detritos em vertentes (menor percentagem de água), o estudo supracitado (Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões) permite salientar, através da observação de imagens de satélite (detecção remota) e da respectiva correlação com a ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 113

128 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O DRIGOT (2007), a influência do parâmetro vegetal na estabilização e/ou desencadeamento do processo de perigosidade. Assim, a análise do uso do solo permite salientar o predomínio de registos paleogeográficos (fluxo de detritos) em formações herbáceas, seguindo-se da floresta exótica e das comunidades arbustivas, sobretudo com a identificação de ocorrências em formações arbustivas fechadas. O trabalho de investigação destaca a importância da superfície florestal e arbustiva como parâmetro de estabilização de vertentes e de protecção do solo, estando este factor dependente do grau de variação da densidade e da estrutura do sistema radicular. As áreas associadas à floresta natural apresentam uma percentagem de ocorrências muito baixa, devido às características intrínsecas à comunidade vegetal, nomeadamente o facto de possuírem uma elevada densidade do enraizamento. Na ilha da Madeira, na sua generalidade, a classificação destes processos de perigosidade encontram-se dependentes da quantidade de água necessária no desencadear do fenómeno, bem como das características granulométricas do material transportado (carga sólida), determinando a subdivisão em duas tipologias específicas de fluxos de detritos. Referimo-nos, em particular, a uma tipologia predominantemente seca (menor teor de água), referenciadas espacialmente ao longo das vertentes mais incisivas (canais de 1ª ordem 27 ), onde o factor gravidade adquire uma maior importância; e os tipos de fluxos que ocorrem ao longo das linhas de água, e respectivas confluências, que, devido à elevada quantidade água envolvida, determina uma maior remobilização de material. De acordo com HUNGR et al. (2001) e TAKAHASHI (1991) em RODRIGUES (2005), as ocorrências relacionadas com esta última tipologia, determinam a sua génese/iniciação por ruptura de uma barragem natural, por deslizamentos superficiais, ou por erosão/remobilização hídrica de material coluvio-aluvionar do curso de água. Em qualquer uma das situações, a sua ocorrência encontra-se associada a precipitações intensas e extremamente concentradas. Devido à localização geográfica desta tipologia, em certas ocasiões, a sua fenomenologia é mal interpretada, uma vez que adoptam pressupostos analíticos associados aos fenómenos de cheias rápidas. O erro na definição/interpretação de ambos os processos de perigosidade, encontra-se relacionado com a similitude das características inerentes ao seu desenvolvimento. A fenomenologia de um processo de fluxo de detritos diferencia-se do de cheias pela grande capacidade de transporte de carga sólida, nomeadamente o arrastamento de vegetação arbórea e material rochoso com diversos metros cúbicos de volume; elevadas densidades, entre 30-70% de sólidos por volume de massa aquosa; e velocidades de deslocação elevadas/acentuadas (40-60km/h) (BWW/BRP/BUWAL, 2008). De acordo com RODRIGUES (2005), este é o processo de perigosidade com maior magnitude e incidência que ocorre na ilha da Madeira, uma vez que, após um exaustivo estudo hermenêutico, contabilizaram-se inúmeras vítimas e avultados prejuízos materiais. 27 Segundo a hierarquia de STRAHLER (1964). 114 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

129 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O No cálculo da susceptibilidade morfométrica das bacias hidrográficas mais propensas ao desenvolvimento de cheias e inundações, de acordo com os resultados indicados no QUADRO 34 e 35 (ANEXO - PONTO ), o maior somatório foi obtido pela Ribeira dos Socorridos (41 (adm)), seguindo-se a do Vigário com 36 (adm), enquanto que a Ribeira da Caldeira e da Quinta Grande obtiveram o resultado menos expressivo, contabilizando 33 (adm). A média da soma da função da susceptibilidade morfométrica é de 36 (adm) e os parâmetros morfométricos mais representativos e/ou contributivos para a ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo, são a densidade hidrográfica, a declividade do canal principal e o índice de rugosidade que, de igual forma, influenciam os tempos de concentração 28 (QUADRO 32 (ANEXO - PONTO ). Em concreto, determinou-se uma concentração média na Ribeira dos Socorridos de 1 hora e 39 minutos, com um desvio-padrão de 44 minutos, enquanto que a Ribeira do Vigário (1h 9m), da Caldeira (40m) e da Quinta Grande (32m) apresenta um tempo de concentração extremamente reduzido. Esta situação propicia o aumento da severidade e magnitude do processo de perigosidade, dificultando a operacionalidade e interoperabilidade dos agentes de Protecção Civil Análise e Distribuição da Susceptibilidade Na sequência da análise efectuada ao QUADRO seguinte (18), aferimos que o concelho de Câmara de Lobos é propenso à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo em 3% do território, cerca de 2km 2, nomeadamente ao longo das principais linhas de água principais e secundárias, e respectivas planícies aluvionares. De igual forma, salienta-se que as áreas associadas à susceptibilidade pouco acentuada (Muito Baixo Moderado), determinam uma grande expressão espacial e geográfica, uma vez que contabilizam 97% (50,3km 2 ) e encontram-se localizadas e/ou representadas em todas as freguesias do Município (GRÁFICO 41). QUADRO 18. Resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade geoclimática. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO EXTREMO UNIDADE TERRITORIAL CÂMARA DE LOBOS ,6 39, ,6 35, ,1 21, ,0 1, ,5 1, ,2 0,4 QUINTA GRANDE ,9 46, ,9 21, ,2 29, ,04 0, ,03 0, ,04 1,0 CURRAL DAS FREIRAS ,4 21, ,7 54, ,0 20, ,7 2, ,2 0, ,1 0,4 EST. CÂMARA DE LOBOS ,7 59, ,5 18, ,5 18, ,1 1, ,1 1, ,02 0,2 JARDIM DA SERRA ,3 58, ,6 21, ,3 17, ,1 1, ,1 1, ,03 0,4 CÂMARA DE LOBOS ,3 55, ,0 12, ,2 28, ,1 1, ,1 1, ,05 0,6 MÉDIA , , , , , ,05-28 É o tempo necessário para que toda a áre da bacia contribua para o escoamento superficial na secção de saída. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 115

130 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Esta situação permite aferir o carácter extremamente localizado desta tipologia específica de fenómenos danosos, permitindo uma melhor adequação ao processo de adopção de medidas estruturais de protecção/mitigação, bem como à delimitação das áreas mais propensas ao seu desenvolvimento. 1,9% 1,0% 0,4% 21,3% 39,6% 35,8% Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo GRÁFICO 41. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade geoclimática. Ao nível da distribuição espacial, por freguesia (GRÁFICO 42), os pressupostos analíticos associados aos valores patentes no QUADRO 18, permitem constatar que a freguesia do Curral das Freiras determina a maior área associada à susceptibilidade Muito Baixa Moderada, no que concerne às cheias rápidas e fluxos, nomeadamente em cerca de 96% (24,1km 2 ) do total do território administrado. Não obstante, comparativamente às restantes freguesias, note-se que a mesma determina uma susceptibilidade acentuada em 0,9km 2 (Elevada, 0,7km 2 ; Muito Elevada, 0,2km 2 ; e a Extrema, 0,1km 2 ). A génese desta situação paradoxal encontra-se associada ao facto de esta freguesia possuir o maior espaço geográfico administrado (25km 2 ) do Município (52km 2 ); bem como, à fenomenologia específica deste processo de perigosidade com potencial destrutivo, nomeadamente por se encontrar confinado às linhas de água, e respectivas margens contíguas, conforme referido anteriormente. No que concerne às freguesias remanescentes, verifica-se uma homogeneidade e transversalidade na dimensão e na quantificação das áreas de maior perigosidade (Elevado Extremo) aos fenómenos geoclimáticos, determinando um zonamento médio de 0,1km 2, para a susceptibilidade Elevada e Muito Elevada, e de 0,04km 2 para a classe de simbologia associada aos fenómenos Extremos. 116 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

131 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Nas áreas associadas às classes de susceptibilidade menos propensas, observa-se a ocorrência de uma situação análoga à analisada anteriormente, contabilizando 22,4km 2 (13,3km 2 (Muito Baixa); 4,1 km 2 (Baixa); e 5km 2 (Moderada)), cerca de 43% da área total do Município; a estas considerações de análise, exceptua-se a susceptibilidade relacionada com a freguesia da Quinta Grande, por determinar uma expressividade espacial/geográfica muito reduzida (4km 2 ). Note-se que, para estes espaços geográficos, a variação da dimensão espacial e da representatividade percentual da susceptibilidade encontra-se directamente correlacionada com a área total da respectiva freguesia (VER GRÁFICO 42) Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo GRÁFICO 42. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas susceptíveis e/ou propensas a cheias rápidas e fluxos. Para além da caracterização e/ou definição das áreas de maior susceptibilidade geoclimática no Município de Câmara de Lobos, pretendeu-se, de igual forma, correlaciona-las com as tipologias de ocupação do solo, por forma a definir e/ou delimitar os espaços/usos com maior propensão, bem como quantificar as percentagens de ocupação (GRÁFICO 43). De acordo com os resultados apresentados no QUADRO 19, no GRÁFICO 44 e na sequência dos pressupostos abordados anteriormente, o processo de análise permite atestar a distribuição espacial homogénea, extremamente localizada, das áreas associadas à susceptibilidade geoclimática acentuada (Elevada Extrema), repercutindo-se numa área total diminuta (1,7km 2 ). Especificamente, referencia-se a superfície natural e florestal como os usos e/ou espaços do solo com maior propensão à ocorrência de um processo de perigosidade (1,2km 2 ), contabilizando, conjuntamente, cerca de 3,3% da sua área total (36,5km 2 ), bem como 2,3% do concelho de Câmara de Lobos (52km 2 ). À razão de uma maior superfície, os espaços naturais determinam um peso superior (1,0km 2 ), sobretudo devido às áreas associadas à ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 117

132 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O classe de susceptibilidade Elevada, que perfazem um valor absoluto de 0,7km 2, cerca de 2,9% da área total. Relativamente às áreas menos propensas à ocorrência de processos de perigosidade de génese geoclimática, estas encontram-se referenciadas em superfícies naturais (22,9km 2 ), florestais (12,3km 2 ) e agrícolas (10,1km 2 ), perfazendo um total percentual de 44%, 23,6% e 19,4% do Município, respectivamente Superfície Florestal Superfície Natural Superfície Agrícola Superfície Social Outras Áreas Uso do Solo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo GRÁFICO 43. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, dos graus de susceptibilidade a fenómenos geoclimáticos. QUADRO 19. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade geoclimática, de acordo com a ocupação do solo. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO EXTREMO OCUPAÇÃO DO SOLO SUPERFÍCIE FLORESTAL ,7 77, ,04 0, ,6 20, ,002 0, ,20 1, ,002 0,0 2 SUPERFÍCIE NATURAL ,1 0, ,4 77, ,4 18, ,7 2, ,2 0, ,1 0,4 SUPERFÍCIE AGRÍCOLA ,1 69, ,03 0, ,0 29, ,01 0, ,11 1, ,01 0,1 SUPERFÍCIE SOCIAL ,7 74, ,01 0, ,09 21, ,19 3, ,03 0, ,02 0,4 OUTRAS ÁREAS 51 0,001 0,5 67 0,13 76, ,03 17,6 39 0,009 5,2 19 0,0007 0,4 6 0,0003 0,1 TOTAL , , , , , ,2 - A análise à Carta de Susceptibilidade Geoclimática (VER CARTA 14. ANEXO - PONTO 08.9) possibilita a definição e delimitação de áreas com maior exposição, e respectiva susceptibilidade/propensão à ocorrência de fenómenos danosos sobre a comunidade, sobretudo os de génese hidrometeorológica (Cheias rápidas e fluxos hiperconcentrados). Desta forma, e conforme referenciado anteriormente, a realização de trabalho de campo permitiu a correlação e validação directa entre as áreas preferenciais à geração de escoamento, de acordo com 118 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

133 Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Extremo Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O a análise morfológica, com aquelas que apresentam uma maior disponibilidade hídrica, nomeadamente por saturação superficial e/ou de maior concentração de humidade no solo Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Susceptibilidade Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Superfície Natural Superfície Florestal Superfície Agrícola Superfície Antrópica Social Outras Áreas GRÁFICO 44. Distribuição das áreas afectas à susceptibilidade geoclimática, de acordo com a freguesia e uso do solo. Na bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, o processo de análise permitiu a demarcação de dois sectores propensos à ocorrência de processos de perigosidade de génese geoclimática, nomeadamente à tipologia específica de cheias rápidas e de fluxos de detritos, sobretudo ao longo do eixo compreendido entre os sítios do Fajã dos Cardos Colmeal Fajã Escura, bem como na localidade da Capela Balceiras. Esta delimitação deve-se à existência de factores humanos e biofísicos favoráveis ao aumento da severidade e intensificação dos fenómenos. Especificamente, referencia-se a: FAJÃ DOS CARDOS/PICO FURÃO Determina uma exposição e vulnerabilidade acentuada aos riscos naturais, devido à correlação de factores físicos que promovem o aumento da severidade e da intensidade dos processos de perigosidade, bem como, ao seu posicionamento geográfico, uma vez ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 119

134 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O que o aglomerado populacional localiza-se numa área/ponto crítico de escoamento hidráulico (FIGURA 32). FIGURA 32. Enquadramento do sítio da Fajã dos Cardos/Pico Furão, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. Note-se que a distribuição do aglomerado populacional estende-se ao longo das margens contíguas à Ribeira do Curral (susceptibilidade Extrema), uma área referenciada pela ocorrência histórica de fenómenos danosos extremamente intensivos e localizados. De igual forma, localiza-se a jusante da confluência de duas linhas de água tributárias (Ribeiro da Goineira e do Gato (4ª Ordem 29 )), ambas de elevado potencial hidráulico e capacidade de carga, com a Ribeira dos Socorridos (Curral); bem como, desta última com uma linha de água (Ribeiro de Arréis) extremamente encaixada e de inclinação muito acentuada, que atravessa a localidade. Saliente-se que os tributários mencionados anteriormente (Ribeiro da Goineira, Gato e Arréis) determinam um grau de susceptibilidade Muito Elevado aos fenómenos de cheias rápidas. COLMEAL/FAJÃ ESCURA De acordo com os resultados apresentados, e após validação com observações de campo, o presente estudo permitiu constatar o elevado grau de exposição e vulnerabilidade de algumas das edificações aos fenómenos de cheias rápidas e fluxos de detritos, sobretudo devido à massificação antropogénica de uma área crítica de escoamento e classificada com susceptibilidade Extrema. Especificamente, no início da Estrada da Fajã dos Cardos, verificou-se que os muros de defesa/protecção da localidade apresentam uma extensão reduzida, contribuindo para o aumento exponencial do grau de vulnerabilidade e de exposição de algumas habitações unifamiliares, localizadas a jusante e a uma cota altimétrica inferior, inclusive à da própria via de circulação (FIGURA 33). 29 Segundo a hierarquia de STRAHLER (1964). 120 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

135 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 33. Enquadramento do sítio da Fajã Escura, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. A sul do entroncamento da Estrada do Ribeiro Cidrão com a da Fajã dos Cardos, note-se a existência de um processo de meandrização do curso de água (Ribeira do Curral), extremamente pronunciado, numa área de confluência com duas linhas de água de elevado escoamento hídrico e classificadas com susceptibilidade Elevada e Muito Elevada. Neste contexto, a correlação de factores potenciadores (ex. precipitação intensa) com a morfologia local, poderá provocar prejuízos avultados às infraestruturas de produção energética/armazenagem existentes, devido ao extravasamento do caudal e/ou aumento significativo da carga sólida. CAPELA/BALSEIRAS Com base nos pressupostos metodológicos descritos anteriormente, relativos à adopção de um modelo hidrológico determinístico no concelho de Câmara de Lobos, os resultados provenientes permitiram a definição da secção da rede hidrográfica contígua a este espaço geográfico como uma área crítica de escoamento, aumentando exponencialmente o grau de vulnerabilidade e de exposição desta localidade aos processos de perigosidade potencialmente danosos (FIGURA 34). Este zonamento, para além das componentes descritas anteriormente, teve em consideração o enquadramento físico 30 e urbano do espaço em análise. Assim, constata-se que: o A rede hidrográfica principal (Ribeira do Curral), classificada com uma susceptibilidade Extrema, encontra-se confluente com tributários (linhas de água secundárias) de elevada importância e capacidade hidráulica, particularmente duas linhas de água localizadas no sítio da Capela (2ª e 3ª Ordem), ambas de susceptibilidade Muito Elevada; bem como, uma terceira de 4ª Ordem (susceptibilidade Extrema), no sítio da Terra Chã/Balseiras. Esta situação 30 Sobretudo na correlação entre o interface da componente morfológica da paisagem, com a do escoamento superficial e de capacidade hidráulica de transporte de carga sólida. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 121

136 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O contribui para o aumento da propensão destas localidades serem afectadas por fenómenos destrutivos de génese geoclimática (Cheias rápidas e Fluxos de detritos). o Os aglomerados populacionais da Capela e das Balseiras encontram-se vulneráveis e expostos aos efeitos perpetuados por processos de perigosidade extremos, sobretudo devido à disposição geográfica de habitações em áreas contíguas às linhas de águas; bem como da inexistência de um eixo rodoviário alternativo à Estrada da Capela. De igual forma, referencia-se a localização de um equipamento colectivo e de utilização pública numa área classificada com susceptibilidade Muito Elevada, contribuindo, devido à vulnerabilidade intrínseca e associada (grupos de risco), para a intensificação do grau de risco. FIGURA 34. Enquadramento do sítio da Capela/Balseiras, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. ENGENHO VELHO De igual forma, no troço final da rede hidrográfica dos Socorridos, a análise permite salientar a existência de sectores críticos ao escoamento superficial do caudal, devido à correlação de factores biofísicos e/ou infraestruturais potenciadores ao extravasamento e/ou erosão hídrica. Especificamente, observa-se a meandrização do curso de água e a confluência com uma linha referenciada com um grau de susceptibilidade Muito Elevada. A bacia hidrográfica do Vigário, de acordo com os cálculos relativos aos parâmetros morfométricos hídricos realizados no enquadramento biofísico do concelho, apresenta um índice de torrencialidade e uma de capacidade de carga sedimentar semelhante à da bacia dos Socorridos, apesar da sua juventude morfológica e hidrográfica. Assim, o processo de análise permitiu determinar a existência de 0,1km 2 de área crítica de escoamento, nomeadamente ao longo de sectores intermédios da rede hidrográfica, sobretudo em linhas de água meandrizadas e/ou confluentes. Especificamente, referencia-se: 122 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

137 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O QUINTA/FONTE FRADE (Jardim da Serra) Encontra-se classificada como área crítica de escoamento, devido a um padrão de drenagem paralelo a sub-paralelos entre si, o que determina um escoamento superficial da carga sólida mais turbulento e energético (FIGURA 35). FIGURA 35. Enquadramento do sítio da Quinta/Fonte Frade, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. Destaca-se a existência de duas áreas de susceptibilidade acrescida, devido à correlação espacial de factores físicos de desencadeamento dos fenómenos e à intensificação e/ou aumento da severidade dos fenómenos por influência da actividade humana, nomeadamente: a confluência da Ribeira do Jardim da Serra com a das Eirinhas (Sítio da Quinta), ambas classificadas de susceptibilidade Muito Elevada a Extrema; e, localizada mais a jusante, a área crítica de escoamento hidráulico do sítio da Fonte Frade. O Largo da Pereira e o Pátio da Fonte Frade, devido à ocupação humana do leito de cheia, contribuem para a respectiva diminuição da secção de vazão. Aos factores referenciados, acresce a localização adjacente à Ribeira de Natal, classificada de susceptibilidade Extrema, devido à rede hidrográfica de 3ª Ordem. CHOTE/EIRA DAS MOÇAS (Jardim da Serra) Os resultados provenientes, bem como a análise ao instrumento cartográfico relativo à susceptibilidade Geoclimática (VER CARTA 14. ANEXO - PONTO 08.9), possibilitou a definição de dois pontos críticos ao escoamento superficial. Na Estrada da Eira das Moças, referencia-se a localização de uma habitação na confluência de duas linhas de água classificadas de susceptibilidade Muito Elevada, contribuindo para o aumento da severidade de um processo de perigosidade para as actividades e infraestruturas localizadas a jusante; bem como, no sítio do Chote, a localização espacial de diversas habitações nas margens externas contíguas à meandrização de uma linha de água (Ribeira do Cabral), susceptíveis ao processo de erosão hídrica fluvial contínua, provocada pela força centrífuga do escoamento (FIGURA 36). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 123

138 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 36. Enquadramento do sítio do Chote/Eira das Moças, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. ROMEIRAS/QUINTA DE SANTO ANTÓNIO/PICO DO RATO (Estreito de Câmara de Lobos) A linha de água referente a este eixo (3ª Ordem), nomeadamente num primeiro sector (Romeiras/Quinta de São João), determina um grau de susceptibilidade compreendido entre o Muito Elevado e o Extremo que, complementado com a respectiva obstrução por diversas vias de comunicação com passagens hidráulicas subdimensionadas, promove o escoamento deficitário do caudal e potencia o aumento da probabilidade de extravasamento. Assim, a conjugação dos diversos pressupostos analíticos supramencionados, permite a definição deste eixo, e respectiva delimitação, como área crítica de escoamento hidráulico (FIGURA 37). FIGURA 37. Enquadramento do sítio do Romeiras/Quinta, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. 124 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

139 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Relativamente à secção de vazão localizada a jusante, mormente a compreendida entre a Quinta de Santo António e o Pico do Rato, apresenta um grau de susceptibilidade Extremo aos fenómenos de génese geoclimática, sobretudo na confluência com a Ribeira do Inferno (susceptibilidade Extrema). ROMEIRAS/MARINHEIRA (Estreito de Câmara de Lobos) Esta secção de vazão encontra-se classificada como área crítica de escoamento, devido ao atravessamento de vias rodoviárias com passagens hidráulicas subdimensionadas e a localização de construções em margens contíguas ao Ribeiro dos Terços (susceptibilidade Extrema), potenciando o aumento da severidade do escoamento superficial, bem como contribuindo para uma vulnerabilidade acentuada. Salienta-se que, apesar da pouca extensão da rede hidrográfica (9km, desde a cabeceira até este ponto), esta linha de água determina uma hierarquização de 3ª Ordem. JESUS MARIA JOSÉ/PONTE DOS FRADES/CAMINHO GRANDE E PRECES (Câmara de Lobos) O processo de análise permite a definição de um ponto crítico ao escoamento fluvial nesta secção da Ribeira dos Frades 31, sobretudo devido à meandrização do canal de drenagem, promovendo a erosão hídrica diferencial das margens (externa erosão; interna deposição) e mitigando e expondo as habitações existentes no local, bem como as infraestruturas de protecção e/ou defesa das mesmas. Na confluência da Ribeira da Caixa com a dos Frades (Avenida da Cidade Nova), constata-se o incremento exponencial do grau de exposição e de vulnerabilidade social (grupos de risco) e infraestrutural, devido à presença de alguns complexos habitacionais localizados a cotas inferiores e em áreas adjacentes à linha de água (susceptibilidade Extrema) (FIGURA 38). Não obstante, a jusante, referencia-se a existência de elementos intensificadores da severidade associada aos processos de perigosidade, nomeadamente a canalização e cobertura da secção de vazão com vias de circulação automóvel. No que concerne à rede hidrográfica (14,6km) da bacia da Caldeira, esta contabiliza uma área de 0,08km 2 associada à susceptibilidade Extrema, distribuída espacialmente pela secção de vazão intermédia, nomeadamente ao longo do Caminho do Terço; bem como no troço final (sítio do Serrado do Mar), sobretudo na confluência entre a Ribeira da Alforra e a da Caldeira. Em suma, a definição/delimitação das zonas críticas de escoamento tiveram por base os pressupostos metodológicos descritos anteriormente, a validação empírica do levantamento realizado no campo e os registos documentais históricos existentes. Esta situação, permitiu delimitar as áreas críticas de escoamento superficial da rede hidrográfica dos Socorridos, do Vigário e da Caldeira, nomeadamente as secções de vazão intermédias e finais. De igual forma, permitiu constatar a frequência acentuada de ocorrência de processos de perigosidade (Cheias rápidas) nos espaços referenciados. 31 A secção mais a jusante da Ribeira dos Terços, assume a designação de Ribeira dos Frades. Contudo no seu conjunto, estas constituem um tributário importante da rede e da bacia hidrográfica do Vigário. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 125

140 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 38. Enquadramento do sítio do Ponte dos Frades/Preces, relativamente à susceptibilidade Geoclimática. De igual forma, o estudo permite referenciar áreas associadas a processos de reptação (movimento lento do solo). Estes encontram-se correlacionados com depósitos de vertente de cariz grosseiro, resultantes de um processo de acumulação de detritos coluvionares em zonas morfologicamente deprimidas ou de declive pouco acentuado. Contudo, o principal factor desencadeante do movimento encontra-se associado à componente litológica, nomeadamente à percentagem de matriz argilosa, uma vez que a existência de substâncias coloidais (argilas), expansivas à presença de humanidade elevada, provoca o deslocamento do material contíguo. Não obstante, de acordo com FURTADO (1983) em CARVALHO e BRANDÃO (1991) a natureza das argilas dos solos da Madeira depende de vários factores conjugados entre si, de entre os quais ressaltam, para além da componente pedológica, morfológica (declive) e pluviométrica referidas anteriormente, a influência da temperatura, vegetação e altitude. Segundo CARVALHO e BRANDÃO (1991), estes depósitos são o resultados de erosão pelas águas superficiais, no geral, e torrenciais, no particular, e do um processo de alteração físicoquímica perpetuado pelos agentes externos. Especificamente, referenciam-se minerais dos grupos da caulinite (caulinite, haloisite e metahaloisite), da clorite e da montmorilonite, gibbsite e materiais amorfos sílico-aluminosos (halofanas) e ferruginosos. A velocidade de deslocação, na ordem dos 2cm anuais, determina uma correlação directa com a intensidade e a quantidade de precipitação anual acumulada. A CARTA 19 (ANEXO - PONTO 08.9), corrobora a presente posição, demonstrando que as áreas referenciadas para esta tipologia de movimento de massa, localizam-se em espaços com elevadas taxas, ao longo do ano, de saturação dos solos. Especificamente, referencia-se: Uma extensa área compreendida entre o sítio da Caldeira e o da Areia, no sector Oeste da freguesia de Câmara de Lobos, com cerca de m 2 ; O sítio do Limoeiro, numa extensão de 7.500m 2 ; O sítio do Ribeiro de Alforra, no sector Central da freguesia, com uma dimensão diminuta (4.127m 2 ). 126 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

141 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Apesar da pouca similitude com os restantes processos de susceptibilidade (Cheias rápidas e fluxos), sobretudo ao nível da fenomenologia do evento (em termos de velocidade; quantidade de água necessária no despoletar do fenómeno; e de carga sólida transportável), optou-se pela inclusão e representação cartográfica desta tipologia específica de movimentos de massa (reptação) na CARTA 14, uma vez que, à semelhança dos restantes fenómenos, o parâmetro mais importante no desencadear do processo é a água Frequência e Período de Retorno De acordo com os pressupostos do projecto IFPROTEC (SRPC, IP-RAM), esta tipologia de processos de perigosidade (Cheias Rápidas e Inundações) apresenta um intervalo de frequência de 13 eventos por ano e uma probabilidade de recorrência de 3,7% ao dia SUSCEPTIBILIDADE DENDROCAUSTOLÓGICA Considerações Iniciais O desenvolvimento dos pressupostos cartográficos associados à susceptibilidade de ignição de incêndios florestais, assenta na linha de investigação de ALMEIDA et al. (1995) e CHUVIECO et al. (1989), nomeadamente na adopção de uma metodologia de análise multicritério heurística. Não obstante, um dos parâmetros de entrada encontra-se subjacente à aplicação de um modelo determinística, desenvolvido por PACK et al. (1998a, 1998b, 2001, 2005), nomeadamente o índice de saturação dos solos. Concretamente, a susceptibilidade dendrocaustológica foi determinada com base em factores topográficos condicionantes e correlacionados com o aumento exponencial da severidade e intensificação dos processos de perigosidade, nomeadamente: o declive, que, consoante o grau de inclinação morfológica, contribui para a variabilidade da capacidade de propagação e combustão do incêndio; a exposição, que, consoante a quantidade de radiação solar directa recebida, determina o desenvolvimento do microclimas distintos, uns mais propícios à deflagração do que outros; o índice de saturação dos solos, que permite a delimitação espacial das áreas com maior teor de humidade, de acordo com a aplicação de um modelo hidrológico, sendo, por esta razão, menos propensas à ignição; e o material de combustão, de acordo com os usos do solo associadas à DRIGOT (2010), que possibilita a análise espacial da distribuição das manchas arbóreas e arbustivas no território em análise. A aplicação de funções sumativas e/ou multiplicativas (álgebra matricial) aos parâmetros descritos anteriormente, possibilitou a distribuição e a estruturação, por classes de susceptibilidade, dos valores resultantes dos processos de análise, contribuindo para a representação gráfica em ambiente de SIG. Aquando do processo de combinação/sobreposição, foram atribuídos determinados índices ponderativos a cada um dos factores, em função da respectiva contribuição e importância na ignição do fenómeno. Adicionalmente, e de acordo com os ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 127

142 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O pressupostos metodológicos descritos anteriormente, procedeu-se à validação das superfícies com maior propensão a esta tipologia específica de processos de perigosidade, através de um levantamento hermenêutico. Segundo o PRPA (2000), os incêndios florestais são dos fenómenos que determinam alguma probabilidade de ocorrência na ilha da Madeira, à razão das condições meteorológicas associadas às características geomorfológicas, apesar de determinarem uma magnitude e severidade pouco acentuada; bem como, considerados relevantes, devido aos prejuízos que podem causar. Não obstante, a conjunção de determinadas condições meteorológicas específicas, associadas à circulação de massas de ar quente e seco continentais (Tempo de Leste), propicia o aumento da frequência, bem como da severidade e magnitude dos incêndios florestais, situação consonante com os registos históricos. Consequentemente, a combustão e degradação dos cobertos vegetais em algumas bacias hidrográficas da Madeira acentua o risco de erosão hídrica e eólica, perpetuada por agentes naturais externos, e potencia o aumento da torrencialidade dos fenómenos associados às cheias rápidas e fluxos hiperconcentrados, sobretudo devido ao aumento do índice de escorrência superficial e, à razão da ocorrência de processos de termoclastia 32, de disponibilidade de carga sólida transportável. O levantamento do número de ocorrências associadas aos processos de perigosidade dendrocaustológicos, foi disponibilizado pelo Serviço Regional de Protecção Civil, IP-RAM (SRPC, IP-RAM), via serviço página web, a partir do registo das actividades perpetuadas pelas corporações de Bombeiros integrantes no sistema de socorro e emergência regional, bem como a partir de um parecer técnico sobre a utilização de meio aéreos no combate a incêndios florestais, da autoria do Núcleo de Investigação Científica em Incêndios Florestais. Constata-se, através da análise ao (GRÁFICO 45), um aumento gradual do número de registo no ano de 2010, após um período de estagnação e/ou pouca variabilidade de ocorrências, sobretudo compreendido entre os anos 2006 e Análise e Distribuição da Susceptibilidade De acordo com os valores apresentados no QUADRO 20, provenientes dos cálculos matriciais efectuados, constatamos que o território em análise é propenso à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos, na ordem dos 50% do espaço geográfico, contabilizando uma área de 11,9km 2 e 14,0km 2, referente aos graus de susceptibilidade Elevado e Muito Elevado, respectivamente. Particularmente, note-se uma susceptibilidade potencial de ignição em áreas associadas à superfície florestal do concelho de Câmara de Lobos (12,1km 2 ), bem como à superfície natural (13,5km 2 ). 32 Processo de meteorização (erosão), com base na alternância e/ou variabilidade térmica. 128 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

143 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Ocorrências R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Anos GRÁFICO 45. Evolução anual do número de ocorrências de incêndios florestais na RAM. QUADRO 20. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) associada à susceptibilidade dendrocaustológica SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO UNIDADE TERRITORIAL CÂMARA DE LOBOS ,7 7, ,7 16, ,7 26, ,9 22, ,0 27,0 QUINTA GRANDE 405 0,3 7, ,0 24, ,0 24, ,7 17, ,1 26,8 CURRAL DAS FREIRAS 259 0,3 1, ,3 5, ,2 28, ,2 32, ,1 32,4 EST. CÂMARA DE LOBOS ,0 12, ,4 30, ,0 25, ,1 13, ,5 18,9 JARDIM DA SERRA 355 0,5 6, ,2 16, ,7 23, ,2 16, ,7 37,0 CÂMARA DE LOBOS ,7 22, ,0 38, ,8 23, ,7 9, ,6 7,7 MÉDIA 694 0, , , , ,8 - Relativamente às áreas que apresentam uma probabilidade de ignição muito reduzida (26,1km 2 ), correlacionadas cartograficamente com a susceptibilidade Muito Baixa Moderada, adquirem, de igual forma, uma expressão espacial e geográfica acentuada, cerca de 50,1% da área total do concelho (GRÁFICO 46). A abordagem permite referenciar, à escala local, as freguesias do Jardim da Serra e da Quinta Grande que, à razão da área total da freguesia, determinam uma susceptibilidade Muito Elevada em cerca de 37% e 26,8% do respectivo espaço administrado, o equivalente a 2,7km 2 e 1,1km 2, respectivamente. Quanto aos valores associados à susceptibilidade Elevada, estes perfazem uma área total de 1,2km 2 (Jardim da Serra) e 0,7km 2 ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 129

144 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O (Quinta Grande). Não obstante, se a abordagem for efectuada à escala do concelho 33, o processo de análise correlativa permite destacar a freguesia do Curral das Freiras, como o espaço geográfico com maior propensão à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos (susceptibilidade Elevada e Muito Elevada), contabilizando um total de 16,3km 2, dos quais, 8,2km 2 encontram-se associados ao grau susceptibilidade Elevada (GRÁFICO 47). 27,0% 7,1% 16,7% 22,9% 26,3% Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 46. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade aos incêndios florestais. Na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, o processo analítico efectuado ao QUADRO supracitado (20) permite aferir a distribuição homogénea e equitativa das áreas pelas classes de susceptibilidade. Não obstante, note-se que os graus de susceptibilidade mais acentuados contabilizam uma área mediana (1,5km 2 Susceptibilidade Muito Elevada; 1,1km 2 Susceptibilidade Elevada); enquanto que, as classes menos expressivas (em termos de perigosidade) apresentam uma maior grandeza espacial, nomeadamente uma área total de 2,4km 2 e de 2,0km 2 associados à susceptibilidade Baixa e Moderada, respectivamente. Sequencialmente, à semelhança da freguesia anterior, verifica-se que os espaços com menor propensão à ocorrência de processos de perigosidade, determinam uma disposição espacial mais circunscrita à freguesia de Câmara de Lobos, pelo facto da superfície florestal adquirir pouca representatividade e expressividade. Não obstante, além de possuir uma das áreas com maior propensão aos fenómenos dendrocaustológicos, a freguesia do Jardim da Serra determina, de igual forma, uma área total associada à susceptibilidade reduzida (Muito Baixo e Baixo) bastante significativa (1,6km 2 ). 33 Em detrimento da correlação entre as áreas de susceptibilidade e a referente a cada freguesia. 130 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

145 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 47. Distribuição espacial, por freguesia, das áreas susceptíveis e/ou propensas aos Incêndios florestais. Concomitantemente ao processo de análise e avaliação da susceptibilidade aos incêndios florestais, pretendeuse efectuar uma correlação espacial entre a distribuição das áreas mais propensas à ignição e os usos e ocupações do solo predominantes, contribuindo na definição de directrizes estratégicas de mitigação de fenómenos com potencial danoso, bem como de delimitação e compartimentação de futuras unidades florestais de intervenção/actuação prioritária e preventiva. De acordo com os valores apresentados no QUADRO 21, bem como dos pressupostos analíticos associados a um processo de sobreposição espacial, constata-se a distribuição heterogénea das áreas de susceptibilidade acentuada (Elevado a Muito Elevado) em espaços naturais (13,5km 2 ), ao contrário do que seria espectável, indiciando uma propensão potencial extremamente elevada de ocorrência de incêndios florestais em material de combustão arbustiva (GRÁFICO 48). Salienta-se que, no Município de Câmara de Lobos, os espaços naturais perfazem uma área total de 24km 2. Em termos de disposição geográfica, a análise permite constatar a predominância dos graus de susceptibilidade supracitados na freguesia do Curral das Freiras (10,3km 2 ), maioritariamente, contabilizando cerca de 76% do espaço total desta tipologia específica de uso do solo (GRÁFICO 49). No que concerne às áreas de maior propensão associadas à superfície florestal (12,5km 2 ), estas encontram-se distribuídas equitativamente pelas freguesias com maior extensão territorial arbórea, nomeadamente a do Jardim da Serra (3,2km 2 ) e do Curral das Freiras (6km 2 ). Contudo, verifica-se uma diferenciação no uso e/ou ocupação do solo mais propenso à ignição de fenómenos potencialmente catastróficos, referenciando a superfície florestal como o espaço com maior representatividade na freguesia do Jardim da Serra; enquanto que, na freguesia do ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 131

146 Área (Km²) Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Curral das Freiras, os resultados explanados no GRÁFICO 49 permitem concluir a importância da superfície natural, conforme experienciado aquando da ocorrência do incêndio de grandes proporções de 14 de Agosto de QUADRO 21. Quadro resumo das áreas associadas à susceptibilidade dendrocaustológica, de acordo com o uso do solo. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO OCUPAÇÃO DO SOLO SUPERF. FLORESTAL 185 0,005 0, ,01 0, ,4 3, ,2 17, ,98 79,2 SUPERF. NATURAL 640 0,01 0, ,9 3, ,4 39, ,5 39, ,0 16,7 SUPERF. AGRÍCOLA ,1 1, ,2 60, ,8 36, ,2 1, ,02 0,2 SUPERF. SOCIAL ,6 72, ,4 28, ,03 0, ,007 0, ,005 0,1 OUTRAS ÁREAS 57 0,005 2,9 24 0,16 94, ,005 2,9 75 0,0007 0,4 41 0,001 0,5 TOTAL , , , , , Superfície Florestal Superfície Natural Superfície Agrícola Superfície Social Outras Áreas Uso do Solo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 48. Distribuição espacial, por uso e ocupação do solo, das áreas susceptíveis aos incêndios florestais. As áreas com menor susceptibilidade (Muito Baixo Moderado) à ocorrência desta tipologia específica de processos de perigosidade, encontram-se associados a um uso do solo humanizado, à ordem de 15,3km 2, sobretudo nas freguesias com maior representatividade e importância populacional. Especificamente, em Câmara de Lobos o valor referente à superfície social ascende aos 2,2km 2, cerca de 44%, e o uso agrícola contabiliza um total de 3,5km 2, cerca de 34% da respectiva área total; enquanto que, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, constata-se uma área de 1,3km 2 (26%) e de 3km 2 (29%), respectivamente. 132 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

147 Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Susceptibilidade Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Superfície Natural Superfície Florestal Superfície Agrícola Superfície Social Outras Áreas GRÁFICO 49. Distribuição espacial da susceptibilidade aos incêndios florestais, de acordo com a freguesia e uso do solo. A presença de factores físicos desencadeantes (material combustível (vegetação), declive acentuado, baixa saturação dos solos e elevada exposição solar), conjugado com a ausência de actividades de desmatação, por parte população, e de adopção de políticas de intervenção, actuação e gestão florestal das entidades competentes, permite aferir a propensão acentuada do Município de Câmara de Lobos à ocorrência de processos de perigosidade dendrocaustológicos potencialmente danosos (CARTA 15. ANEXO - PONTO 08.9). Na depressão morfológica do Curral das Freiras, referencia-se uma distribuição espacial homogénea de áreas susceptíveis aos fenómenos, em espaços naturais e florestais contíguos à Ribeira do Curral, sobretudo numa faixa, de orientação N S, compreendida entre o sítio da Achada do Curral e o Pico da Ginda e o Lombo da Partilha e o sítio da Capela, bem como ao longo da Ribeira do Cidrão e da Gameira. Assim, salienta-se a diferenciação do nível de perigosidade entre os espaços destinados à actividade agrícola/social (menor ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 133

148 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O susceptibilidade) dos associados à floresta, na qual destaca-se os sítios da Achada do Curral (FIGURA 39) e da Fajã Escura, ambos circundados por grau de susceptibilidade Muito Elevado. FIGURA 39. Enquadramento do sítio da Achada do Curral, relativamente à susceptibilidade Dendrocaustológica. Conforme observado anteriormente, para a superfície florestal, constata-se que a freguesia do Jardim da Serra possui o segundo maior valor cumulativo de áreas susceptíveis à ignição de incêndios florestais, sobretudo ao longo de uma faixa que atravessa longitudinalmente espaço administrado, estando a mesma circunscrita às serras altas, numa área compreendida ao longo do eixo Fajã das Galinhas Pico dos Bodes Lombo do Merouço, de orientação SE-NW, e deste até ao Pico do Trevo, com a direcção NNE-SSW (FIGURA 40). É composta, essencialmente, por espécies arbóreas introduzidas (Pinheiro Bravo, Eucalipto, Acácia e Castanheiro). De igual forma, referencia-se o Parque Empresarial de Câmara de Lobos (sítio do Garachico), uma vez que conjuga um conjunto de factores humanos e naturais propensos à ignição do material combustível localizado em áreas limítrofes da infraestrutura, nomeadamente: a disposição espacial contígua de uma faixa densamente arborizada e classificada com um nível de susceptibilidade Elevada - Muito Elevada; a existência e manuseamento de matérias-primas corrosivas e/ou explosivas; bem como a circulação intensiva de maquinaria ligeira/pesada, passível de provocar incidentes relacionados com o seu mau funcionamento (curto-circuitos; etc.)) (FIGURA 41). De acordo as estratégias de planeamento, gestão e mitigação do Risco 34, nomeadamente as relativas aos processos dendrocaustológicos, nesta situação julgamos ser de extrema necessidade a definição de áreas de 34 As estratégias encontram-se discriminadas, no presente relatório, no ponto 07, nomeadamente com a enumeração de medidas de gestão e mitigação gerais e/ou específicas do risco, dispostas consoante a severidade e a tipologia dos fenómenos. 134 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

149 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O segurança e/ou protecção na interface industrial florestal, bem como a adopção de medidas pró-activas de prevenção à ocorrência de fenómenos danosos para a população e ambiente. FIGURA 40. Susceptibilidade aos incêndios florestais do sítio da Fajã das Galinhas. FIGURA 41. Exposição do Parque Industrial do Garachico aos processos de perigosidade dendrocaustológicos. Na freguesia da Quinta Grande, a análise permite constatar a distribuição homogénea e a sobreposição das áreas com maior probabilidade à combustão, com aquelas associadas ao material arbóreo e arbustivo, sobretudo no eixo topográfico compreendido entre os sítios da Cruz das Moças Fontainhas Cruz da Caldeira; no topo e vertentes costeiras do maciço do Cabo Girão; bem como na superfície florestal compreendida entre o sítio da Vera Cruz e o da Quinta, a Sul, e a da Achada do Campanário, a Norte, estando igualmente limitada a Este, pela Levada do Norte. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 135

150 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Frequência e Período de Retorno A esta tipologia específica de processos de perigosidade, no concelho de Câmara de Lobos, foi determinado uma frequência de 138 eventos por ano, bem como uma probabilidade de ignição de 37,8% ao dia. O desenvolvimento destes pressupostos encontra-se assente num exaustivo levantamento hermenêutico desenvolvido pelos serviços do SRPC, IP-RAM SUSCEPTIBILIDADE COMPÓSITA Considerações Iniciais Na prossecução do processo de desenvolvimento e análise municipal da susceptibilidade compósita, foram tidos em consideração o conjunto de pressupostos metodológicos descritos anteriormente (VER PONTO 04), implementados e subdivididos em duas etapas. Numa primeira etapa, procedeu-se à identificação da tipologia de fenómenos naturais mais propensos e com maior representatividade no território, através do cálculo da frequência e do período de retorno de cada fenómeno, assente num levantamento histórico exaustivo. Sequencialmente, a adopção destes procedimentos permitiu a distinção dos fenómenos pouco frequentes, como o caso dos sismos, daqueles que ocorrem com maior frequência (incêndios florestais). Posteriormente, procedeu-se à atribuição heterogénea de índices ponderativos às susceptibilidades sectoriais, de acordo com a representatividade e a frequência de cada processo. De igual modo, identificaram-se as áreas com maior susceptibilidade, na base da distribuição espacial dos eventos e no respectivo relacionamento, directo ou indirecto, com os factores condicionantes do terreno (técnicas de avaliação relativa). A segunda etapa, nomeadamente a representação gráfica dos dados adquiridos em Sistemas de Informação Geográfica (ArcVIEW, ESRI), possibilitou a percepção espacial dos impactes potenciais perpetuados por fenómenos de origem natural, bem como, contribuiu para a delimitação compósita das áreas mais susceptíveis, através da intercepção do resultado final das susceptibilidades sectoriais, nomeadamente a relativa à geodinâmica externa, geoclimática e dendrocaustológica Análise e Distribuição da Susceptibilidade No concelho de Câmara de Lobos, a discussão analítica aos valores referentes à susceptibilidade compósita, conforme apresentado no QUADRO 22 e GRÁFICO 50, permite evidenciar uma propensão acentuada à ocorrência de fenómenos de génese natural, com consequências nefastas para a Comunidade, contabilizando, numa área total de 52km 2, cerca de 29,2km 2 com uma susceptibilidade compreendida entre o grau Elevado e o Muito 136 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

151 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Elevado. Assim, verifica-se que 56% do espaço administrado é potencialmente propenso à ocorrência de processos de perigosidade. QUADRO 22. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) da susceptibilidade compósita natural. SUSCEPTIBILIDADE MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO UNIDADE TERRITORIAL CÂMARA DE LOBOS ,2 13, ,0 13, ,7 16, ,9 40, ,3 15,9 QUINTA GRANDE ,66 16, ,05 25, ,00 24, ,04 25, ,35 8,5 CURRAL DAS FREIRAS ,47 1, ,99 4, ,43 9, ,47 57, ,61 26,4 EST. CÂMARA DE LOBOS ,04 25, ,57 19, ,62 20, ,99 25, ,66 8,4 JARDIM DA SERRA ,04 14, ,65 22, ,98 27, ,41 33, ,26 3,6 CÂMARA DE LOBOS ,94 38, ,70 22, ,66 21, ,97 12, ,39 5,1 MÉDIA , , , , ,7-15,9% 13,8% 13,4% 40,2% 16,7% Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 50. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) associadas à susceptibilidade compósita. Nas restantes classes, contabiliza-se um total de 44% do concelho com áreas associadas à susceptibilidade pouco acentuada (Muito Baixa (13,8%); Baixa (13,4%); Moderada (16,7%)), cerca de 22,9km 2. Com efeito, notese a uniformização e distribuição equitativa dos valores pelos diferentes graus. À escala local, a análise do GRÁFICO 51 e do QUADRO 22, destaca a menor propensão de algumas freguesias serem afectadas por eventos cíclicos potencialmente danosos, uma vez que apresentam uma dimensão significativa, associada às classes de susceptibilidade compreendidas entre o Muito Baixo e o Moderado, ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 137

152 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O nomeadamente Câmara de Lobos (6,3km 2 ), Estreito de Câmara de Lobos (5,2km 2 ) e Jardim da Serra (4,7km 2 ), que contabilizam, respectivamente, cerca de 12,1%, 10% e 9% da área total do concelho Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Freguesia Jardim da Serra Câmara de Lobos Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 51. Distribuição espacial das áreas susceptíveis aos fenómenos danosos. Nas restantes classes de susceptibilidade, nomeadamente as relativas às áreas mais propensas às ocorrências (Elevada; Muito Elevado), salienta-se a disparidade inter-freguesias, sobretudo a registada entre a freguesia do Curral das Freiras (21km 2 ) e o somatório das remanescentes (8,1km 2 ), contabilizando uma diferença espacial de 12,9km 2 e uma discrepância percentual de 38,6%. De igual forma, a existência de uma tendência espacial homogénea, transversal à maioria das freguesias, relativamente às dimensões das áreas que compõem as classes de susceptibilidade compósita, exceptuando o grau Elevado. Na sua generalidade, apresentam áreas com a dimensão média compreendida entre os 1,4 e 1,7km 2, enquanto que o grau de susceptibilidade Elevado apresenta um zonamento médio de 4,2km 2. A análise à Carta de Susceptibilidade Compósita (CARTA 16. ANEXO - PONTO 08.9), permite constatar que as zonas que determinam um grau de susceptibilidade Muito Elevada, que perfaz um total de 8,3km 2 de área concelhia, encontram-se associadas a cursos de água com uma grande capacidade de transporte de carga sólida e de erosão hídrica; bem como, em vertentes que determinam uma classe de declive compreendida entre os 45% e os 50%, especificamente uma inclinação média de 45,3%. Ambas as situações encontram-se referenciadas espacialmente em vertentes localizadas na orla costeira e em formas morfológicas de génese fluvial (Vales). 138 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

153 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O A observação efectuada no terreno e a análise cartográfica, confirmaram a existência de uma distribuição geográfica irregular, pelo território; bem como uma diferenciação dos processos subjacentes ao desencadear dos fenómenos. Especificamente, verifica-se uma maior propensão para a ocorrência de eventos relacionados com fenómenos de precipitações intensas e concentradas no sector Nor-nordeste da bacia hidrográfica da Ribeira dos Socorridos, ocasionando um maior escoamento superficial e hipodérmico e contribuindo para o aumento da susceptibilidade; enquanto que no sector a jusante, e nas restantes linhas de água referenciadas espacialmente na costa Sul (Ribeira do Vigário; da Caldeira; e da Quinta Grande), encontram-se associadas a episódios de cheias rápidas e de fluxos hiperconcentrados. O desgaste cíclico, perpetuado por este agente externo (água) sobre a componente litológica, contribui como factor de instabilidade da vertente, sobretudo quando associado complementarmente a declives acentuados e à ausência de vegetação. Em muitos dos casos estudados, observou-se a ocorrência de fracturas (diacláses) verticais ao longo das zonas de maior tensão da camada geológica. Sequencialmente, em vertentes contíguas às linhas de água e associadas ao grau de susceptibilidade analisado anteriormente, surgem áreas de instabilidade da vertente com um grau Elevado, devido às pressões e/ou impulsos hidroestáticos extremamente acentuados, derivados da percolação aquífera, apesar da taxa de infiltração e escorrência superficial ser menor (FIGURA 42). A corroboração da presente hipótese assenta na fenomenologia do recente evento meteorológico extremo (20 de Fevereiro de 2010), que permitiu evidenciar a influência desta componente (percolação aquífera) no aumento da severidade e intensidade do fenómeno, especificamente através da desagregação de material proveniente da vertente (movimentos de massa, de tipologia de fluxos) e, consequentemente, do aumento exponencial da quantidade de carga sólida depositada na linha de água. FIGURA 42. Área de susceptibilidade compósita Elevada a Muito Elevada (Eixo Passo de Ares - Balceiras). ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 139

154 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Em suma, o processo de análise permite-nos destacar uma correlação directa entre as áreas associadas às susceptibilidades analisadas anteriormente (fluxos de detritos e movimentos de massa), sobretudo numa faixa litoral compreendida entre o sítio dos Regos (freguesia de Câmara de Lobos) e a freguesia da Quinta Grande, bem como de toda a área relativa à bacia de escoamento da Ribeira dos Socorridos, nomeadamente ao longo do sistema de drenagem hidrográfica. De igual forma, realça-se a distribuição de manchas pontuais de susceptibilidade Elevada ao longo da Ribeira do Vigário, nomeadamente ao longo das vertentes contíguas à secção de vazão intermédia compreendida entre o Ribeiro Seco (freguesia do Jardim da Serra) Ribeira do Inferno (freguesia do Estreito de Câmara de Lobos) Ribeira da Caixa (freguesia de Câmara de Lobos); bem como da secção montante da Ribeira Fernanda, localizado no sítio do Castelejo. Devido ao carácter pouco frequente dos processos de perigosidade associados às linhas de água, nestas áreas, a Carta de Susceptibilidade Natural Compósita determina um grau de susceptibilidade compósito Moderado. Contudo, e conforme descrito anteriormente, nas áreas contíguas e confluentes às linhas de água, sobretudo as de 3ª Ordem, o índice de perigosidade ascende ao Elevado, uma vez que são definidas e delimitadas como zonas críticas de escoamento (VER PONTO ). Esta situação é perceptível, sobretudo, em tributários da Ribeira dos Socorridos, devido à maior quantidade de água disponível, bem como em locais pontuais do restante concelho, como resultado da correlação directa entre as características físicas da morfologia e os parâmetros morfométricos hídricos. Os cálculos computacionais efectuados, permitiram delimitar e/ou circunscrever áreas de susceptibilidade (Moderada a Elevada) dendrocaustológica (Incêndios Florestais), associadas a manchas arbóreas e arbustivas, sobretudo em zonas compostas por espécies introduzidas (Pinheiro Bravo; Eucalipto; Acácia; Castanheiro), nomeadamente numa área compreendida entre a Fajã das Galinhas e a Boca da Corrida, bem como no sítio do Cabo Girão e das Fontainhas. Comparativamente às classes analisadas anteriormente, as referentes aos graus de menor susceptibilidade (Muito Baixa a Baixa) determinam alguma expressão e representatividade espacial no território, contabilizando, em termos percentuais, cerca de 27,1% e uma área absoluta de 14,1km 2 (FIGURA 43). Contudo, deste último valor, somente 5,1km 2 encontra-se ocupado com actividades antrópicas (humanas/sociais/industriais). Deste modo, os graus de menor susceptibilidade obtêm uma distribuição geográfica homogénea pelo território administrado, estando associados à morfologia pouco incisiva da UGCL2 e UGCL3 (Unidade Geomorfológica de Câmara de Lobos), salientando-se na costa Sul, a superfície pouco declivosa da Serra da Eira da Laje (Jardim da Serra) e as rechãs (achadas) e lombadas, sobretudo ao longo de uma faixa, de orientação S-N-NW, compreendida entre a freguesia de Câmara de Lobos e a homóloga do Jardim da Serra. Não obstante, na UGCL4, a análise da Carta de Susceptibilidade Compósita confirma a distribuição limitada a áreas contíguas à Ribeira do Curral, nomeadamente nos sítios da Seara Velha de Baixo, Balseiras, Capela, Achada do Curral, Fajã Escura e Fajã dos Cardos. 140 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

155 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O FIGURA 43. Enquadramento da susceptibilidade compósita, no sítio da Igreja (Estreito de Câmara de Lobos) VULNERABILIDADE EXPOSIÇÃO A prossecução e desenvolvimento do parâmetro da vulnerabilidade social da Comunidade, foi suportada por trabalhos de investigação realizados no território, e retomam, especificamente, as referências de ABREU et al. (2009a) e ABREU (2008). De acordo com estas referencias metodológicas descritas anteriormente, foram seleccionados um conjunto de factores e características sociais da população que representam a vulnerabilidade da Sociedade Civil e/ou que indiciem a propensão de um determinado grupo populacional (grupo de risco) ser afectado pela ocorrência de um fenómeno potencialmente danoso. Assim, referencia-se as classes da população com menor capacidade de recuperação, quer física ou psicológica, e que determinam uma resiliência acentuada, de acordo com os parâmetros propostos por BLAIKIE et al. (1994) e CLARK et al. (1998), da população com fracos recursos económicos; de BIANCHI e SPAIN (1996) e HANNAN (2002), do género, sobretudo as mães solteiras e as divorciadas (menor recursos financeiros); de ENARSON e MORROW (1997), da população jovem (com idade inferior ou igual a 18 anos); de GLADWIN e PEACOCK (1997) e MORROW, (1999), da população idosa (com idade superior a 65 anos); e de ABREU (2008), do grupo populacional com um determinado grau de analfabetismo. De acordo com os resultados obtidos (QUADRO 23 e GRÁFICO 52), no âmbito do cálculo da vulnerabilidade social do Município de Câmara de Lobos, os pressupostos analíticos permitem determinar que a (maior ou menor) representatividade e importância dos parâmetros e/ou grupos de risco, encontra-se dependente do número total dos quantitativos populacionais, bem como da correspondente distribuição/dispersão pelo território. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 141

156 Score Score Score Score Score Score R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Especificamente, possibilitam a aferição de uma vulnerabilidade acentuada e a propensão aos fenómenos com potencial danoso, os grupos populacionais associados aos parâmetros do género e da população jovem, contabilizando um efectivo populacional de (41,5%) e (28,2%) indivíduos, respectivamente. Não obstante, note-se a representatividade do parâmetro associado ao analfabetismo, que, em termos percentuais, perfaz cerca de 19,5% da população total do concelho de Câmara de Lobos. QUADRO 23. Quadro resumo da vulnerabilidade social no Concelho de Câmara de Lobos (2001). PARÂMETROS POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO JOVEM IDOSA SEGUNDO O COM COM FRACOS ANALFABETA GÉNERO DEFICIÊNCIA RECURSOS PSICO-MOTORA ECONÓMICOS UNIDADE TERRITORIAL X %* X %* X %* X %* X %* X %* CÂMARA DE LOBOS 0,35 0,68 28,2 0,08 0,17 7,0 0,51 1,00 41,5 0,03 0,06 2,5 0,01 0,03 1,2 0,24 0,47 19,5 QUINTA GRANDE 0,05 0,12 6,0 0,07 0,16 7,3 0,06 0,13 6,5 0,04 0,09 4,4 0,06 0,17 6,8 0,07 0,15 7,0 CURRAL DAS FREIRAS 0,04 0,09 4,5 0,06 0,14 6,4 0,04 0,10 4,9 0,05 0,12 5,8 0,16 0,40 15,9 0,06 0,13 6,0 EST. CÂMARA DE LOBOS 0,29 0,58 29,1 0,29 0,65 29,7 0,29 0,61 29,3 0,23 0,47 23,8 0,25 0,63 25,1 0,28 0,61 28,5 JARDIM DA SERRA 0,09 0,20 10,1 0,11 0,24 11,0 0,10 0,22 10,9 0,15 0,31 15,8 0,12 0,31 12,4 0,12 0,26 12,1 CÂMARA DE LOBOS 0,50 1,00 50,3 0,45 1,00 45,7 0,48 1,00 48,4 0,50 1,00 50,2 0,39 1,00 39,8 0,46 1,00 46,4 MÉDIA 0,2 0,4 20,0 0,2 0,4 20,0 0,2 0,4 20,0 0,2 0,4 20,0 0,2 0,5 20,0 0,2 0,4 20,0 NOTA: * Representatividade e importância dos grupos de risco mais vulneráveis, no contexto do total da população residente (INE Censos, 2001) no Município de Câmara de Lobos. 1,2% 2,5% 19,5% 28,2% 7,0% 41,5% Segundo a População com Idade Inferior a 19 anos Segundo o Género Segundo a População com Fracos Recursos Económicos Segundo a População com Idade Superior a 65 anos Segundo a População com Deficiência Psico-Motora Segundo o Grau de Analfabetismo GRÁFICO 52. Representatividade dos grupos populacionais mais expostos e vulneráveis aos fenómenos danosos. 142 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

157 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Os grupos populacionais com menor expressão, apesar de pouco relevantes na determinação da vulnerabilidade social global, adquirem um peso importante, aquando do processo de atribuição dos valores ponderativos. Assim, verifica-se que o somatório dos valores referentes aos grupos de risco menos significativos, com um total de 10,7%, perfaz uma diferença percentual de 8,8% em relação ao parâmetro analisado anteriormente (população analfabeta), demonstrando uma relativa representatividade. Particularmente, enumera-se a população idosa como o grupo de risco mais vulnerável, com o índice ponderativo de 0,17, seguindo-se os efectivos que apresentam deficiência psico-motora e/ou que possuem fracos recursos económicos, nomeadamente um índice ponderativo de 0,06 e 0,03, respectivamente. A distribuição espacial dos grupos populacionais com maior propensão a serem afectados por um evento catastrófico e/ou com menor capacidade de recuperação (grupos de risco), encontram-se referenciados e associados espacialmente às freguesias de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos, uma vez que registam as maiores densidades e quantitativos populacionais do espaço geográfico. A análise permite aferir, tendo por base a população total de cada parâmetro (GRÁFICO 53), que a freguesia de Câmara de Lobos determina o maior número de quantitativos pertencentes aos grupos de riscos referenciados no Município, nomeadamente para a população composta maioritariamente por indivíduos com idade inferior a 19 anos (6.211), com cerca de 50,3%; bem como, para a variável da população que apresenta um determinado grau de deficiência (50,2%). À escala local, e de acordo com os quantitativos populacionais totais da freguesia ( residentes), constatouse que os grupos de riscos mais expressivos, nomeadamente aqueles associados aos efectivos com idade inferior a 19 anos e a analfabeta, representam cerca de 36,8% e 23,5% da população da freguesia, traduzindo em valores absolutos de e habitantes, respectivamente. Não obstante, referencia-se o género como o parâmetro que contribui com a população mais vulnerável, perfazendo uma percentagem global de 51,5%, cerca de indivíduos. Com um índice de vulnerabilidade social total de 3,56, a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos determina o segundo maior valor de ponderação no concelho e, consequentemente, um contingente acentuado de quantitativos que apresentam uma capacidade de recuperação diminuta, bem como uma resiliência acentuada. Os resultados associados ao cálculo permitiram determinar que os parâmetros com maior representatividade na determinação da vulnerabilidade social estão associados ao número de quantitativos populacionais com idade superior a 65 anos, analfabeta e que apresenta fracos recursos económicos. O parâmetro com maior expressividade, no âmbito da vulnerabilidade social, encontra-se associado ao número de habitantes com idade superior a 65 anos, uma vez que apresenta um valor absoluto de 902 habitantes, de um total de residentes. Assim, esta situação determina que 8,8% da população da freguesia é composta por indivíduos pertencentes a este grupo de risco. Não obstante, referencia-se os grupos populacionais com quantitativos analfabetos e com fracos recursos económicos, uma vez que apresentam uma ponderação final de 0,61 e 0,63, cerca de e 148 habitantes, respectivamente. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 143

158 % Score R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O 100% 8,00 Segundo o Grau de Analfabetismo 75% 6,00 6,00 Segundo a População com Fracos Recursos Económicos Segundo a População com Deficiência Psico-Motora 50% 3,56 4,00 Segundo a População com Idade Superior a 65 anos 25% 1,54 2,00 Segundo a População com Idade Inferior a 19 anos 0,82 0,98 Segundo o Género 0% Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Câmara de Lobos 0,00 Índice de Vulnerabilidade Social Total Freguesia GRÁFICO 53. Distribuição espacial da vulnerabilidade social. A freguesia do Jardim da Serra, com um índice de 1,55, apresenta a população com um determinado grau de deficiência psico-motora (0,31) e com poucos recursos económicos (0,31), como os grupos de vulnerabilidade com os valores ponderativos mais expressivos, representando, em termos percentuais, cerca de 4,9% (182 habitantes) e 1,9% (72 indivíduos) da população total da freguesia (3.707), respectivamente. As freguesias remanescentes, nomeadamente a do Curral das Freiras e a da Quinta Grande, obtiveram valores ponderados totais análogos, com 0,98 e 0,82, respectivamente. Em ambos os casos, verificou-se a homogeneização dos resultados referentes a cada um dos parâmetros de análise, à excepção da variável relativa à população com recursos económicos diminutos que, comparativamente, apresenta uma diferença ponderativa acentuada (Curral das Freiras, 0,40; Quinta Grande, 0,17). Em termos percentuais, para o total dos quantitativos deste parâmetro (586), a freguesia do Curral das Freiras (94 habitantes) contabiliza 16% do total do concelho; enquanto que, a da Quinta Grande (40 indivíduos) perfaz 6,8%. Neste contexto e tendo em conta os valores percentuais e brutos apresentados, conclui-se que a população da freguesia de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos encontram-se vulneráveis aos efeitos danosos perpetuados pelos processos de perigosidade, sendo necessária a implementação e adopção de medidas não- 144 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

159 % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O estruturais preventivas, nomeadamente no âmbito dos vectores de actuação associados à sensibilização e consciencialização da Sociedade Civil. A evolução entre períodos censitários (GRÁFICO 54), da representatividade e importância de cada um dos grupos de risco no contexto da vulnerabilidade social total da população residente no Município de Câmara de Lobos, permite aferir uma subida pouco acentuada de 1,4%, destacando-se o aumento da população segundo o género, bem como da população com uma idade superior a 65 anos, com uma variação intercensitária de 3,8% e 2%, respectivamente. No que concerne às taxas de crescimento negativas, os pressupostos analíticos permitem destacar o grupo populacional com idade inferior a 19 anos, com uma diminuição de 3,3%; enquanto que, a população analfabeta regista um decréscimo de 2,2%. 50,0 40,0 30,0 38,8 32,2 42,6 28,9 20,0 22,2 20,0 10,0 0,0 5,2 7,2 0,2 1, Segundo a População com Idade Inferior a 19 anos Segundo o Género Segundo o Grau de Analfabetismo Anos Segundo a População com Idade Superior a 65 anos Segundo a População com Fracos Recursos Económicos GRÁFICO 54. Evolução, em termos percentuais, do índice de vulnerabilidade social. A representação gráfica dos pressupostos descritos anteriormente, encontram-se patentes na Carta de Vulnerabilidade Social e Exposição Infraestrutural (CARTA 17. ANEXO - PONTO 08.9) RISCO CONSIDERAÇÕES INICIAIS De acordo com as metodologias descritas, o desenvolvimento da Carta Indicativa do Risco (CARTA 18. ANEXO - PONTO 08.9) teve por base a adopção de um modelo de análise heurístico do Risco, nomeadamente através da ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 145

160 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O combinação qualitativa (álgebra matricial) da Carta de Susceptibilidade Compósita com a de Vulnerabilidade Social. Recorrendo ao método de sobreposição, utilizou-se a rede de equipamentos colectiva e/ou de utilização pública com o cartograma em análise, de modo a aferir o grau de exposição infraestrutural. Em suma, a Carta Indicativa do Risco é a representação gráfica das áreas mais susceptíveis à ocorrência de um processo de perigosidade, intensificadas com a existência de grupos populacionais vulneráveis, bem como, da localização espacial de infraestruturas de utilidade pública ANÁLISE E GESTÃO ANÁLISE QUANTITATIVA Análise e Distribuição do Risco Tendo por base os valores descriminados no QUADRO 24 e representados graficamente no GRÁFICO 55, a análise permite constatar uma predominância de áreas que determinam um Risco 35 pouco acentuado (Muito baixo a Moderado), pressupondo a inexistência, em 57,1% do território em análise (29,7km 2 ), de uma susceptibilidade potencial e/ou de uma vulnerabilidade social pouco significativa. QUADRO 24. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) do Risco. RISCO MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO UNIDADE TERRITORIAL CÂMARA DE LOBOS ,4 10, ,7 26, ,6 20, ,9 26, ,4 16,2 QUINTA GRANDE ,7 17, ,7 41, ,9 21, ,4 9, ,4 9,8 CURRAL DAS FREIRAS ,6 2, ,2 8, ,8 19, ,7 42, ,6 26,4 EST. CÂMARA DE LOBOS ,5 19, ,1 39, ,3 16, ,3 16, ,7 8,9 JARDIM DA SERRA ,0 13, ,0 40, ,3 31, ,8 10, ,3 4,1 CÂMARA DE LOBOS ,6 20, ,6 46, ,3 16, ,6 7, ,5 6,5 MÉDIA , , , , ,7 - Não obstante, em cerca de 22,3km 2 do concelho de Câmara de Lobos (42,9%) é possível referenciar, espacialmente, áreas que apresentam uma grande dinâmica e mutabilidade socioeconómica, com a existência de grupos populacionais de risco, e que, simultaneamente, sejam susceptíveis à ocorrência de processos de perigosidade que perpetuem danos e prejuízos na Comunidade. À semelhança dos resultados alcançados, na análise dos pressupostos associados aos parâmetros que compõem a fórmula conceptual do Risco (Secção Susceptibilidade e Secção 06.2 Vulnerabilidade Exposição), os valores obtidos à escala local permitem estabelecer uma correlação de grandeza entre a área 35 Tendo em conta os pressupostos terminológicos de análise do risco adoptados no presente relatório. 146 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

161 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O total dos graus afectos ao Risco e a superfície compósita do concelho de Câmara de Lobos (GRÁFICO 56). Assim, verifica-se uma maior predominância de áreas de risco Elevado e Muito Elevado na freguesia do Curral das Freiras, devido à sua estrutura biofísica desfavorável, nomeadamente a existência de declives acentuados (VER GRÁFICO 04) (média de 43%); de uma morfologia incisiva, com uma altitude média de 1.038m; bem como a localização espacial de uma rede hidrográfica (principal e secundária) encaixada, com um perfil longitudinal médio de 6%, contribuindo para a ocorrência de gradientes de torrencialidade extremamente elevados. 42,9% 57,1% Não Propensa Propensa GRÁFICO 55. Quantificação percentual das áreas (km 2 ) de Risco. Evidencia-se, igualmente, a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos que contabiliza para os graus mais propensos, uma área total 2km 2, enquanto que a da Quinta Grande determina o valor mais reduzido, na ordem dos 0,8km 2. As freguesias do Jardim da Serra e de Câmara de Lobos apresentam valores intermédios de 1,1km 2, perfazendo uma representatividade interna de 14,8% e 14,3%, respectivamente. Relativamente aos graus menos propensos à ocorrência de processos de perigosidade (Muito baixo a Moderado), note-se a distribuição homogénea dos resultados obtidos (percentuais e brutos) para cada uma das entidades locais. Os pressupostos de análise associados à sobreposição da Carta Indicativa do Risco com a DRIGOT (2010), permitem aferir a propensão do território, em cerca de 1,7%, à ocorrência de processos de perigosidade (ver GRÁFICO 55), cerca de 0,5km 2. Especificamente, correspondem a áreas de actividade humana (superfície agrícola) (0,15km 2 ) e/ou de superfície social/urbana (0,35km 2 ), que contabilizam uma área total concelhia de 10,3 e 5km 2, respectivamente. ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 147

162 Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Nº Polígonos Área (km 2 ) % Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O De acordo com os resultados obtidos e patentes no QUADRO 25, os restantes 21,8km 2 (97,7%) encontram-se distribuídos pelos restantes usos do solo, nomeadamente a superfície florestal com 5,8km 2 (26%); os espaços naturais, à ordem de 16km 2 (71,7%); bem como as outras áreas, que contabilizam cerca de 0,01km 2 (0,04%) (GRÁFICO 57) Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Câmara de Lobos Freguesia Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 56. Quantificação das áreas de Risco, de acordo com as unidades de administração local (freguesias). As áreas que apresentam ausência de Risco potencial, que corresponde a 57% do território em análise (ver GRÁFICO 55), determinam uma correlação espacial directa com os usos e ocupações do solo menos propensos ou que constituem menor susceptibilidade à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo. Tendo em conta a representatividade de cada tipologia de uso do solo, referencia-se a superfície agrícola com 10,2km 2 (99%), de uma área total de 10,3km 2 ; enquanto que a social apresenta uma área de 4,6km 2 (5km 2 ), um total percentual de 92%. QUADRO 25. Quadro resumo das áreas de Risco, de acordo com o uso do solo. RISCO MUITO BAIXO BAIXO MODERADO ELEVADO MUITO ELEVADO OCUPAÇÃO DO SOLO SUPERF. FLORESTAL ,11 0, ,62 20, ,95 31, ,28 34, ,60 12,7 SUPERF. NATURAL ,16 0, ,76 11, ,01 21, ,32 39, ,63 27,7 SUPERF. AGRÍCOLA ,97 38, ,32 51, ,90 8, ,11 1, ,04 0,4 SUPERF. SOCIAL ,16 23, ,86 57, ,65 12, ,22 4, ,13 2,0 OUTRAS ÁREAS 63 0,03 17, ,09 52, ,05 29, ,01 5,9 70 0,002 1,2 TOTAL , , , , ,4-148 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

163 Área (Km²) R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Relativamente às restantes ocupações, a superfície natural apresenta 33% da área total (23,9km 2 ) associada a estes graus de risco (Muito Baixo a Moderado); o espaço florestal, contabiliza uma superfície de 6,6km 2, perfazendo um total percentual de 52% (12,6km 2 ); bem como, as outras áreas, com espaço circunscrito aos 0,17km Superfície Florestal Superfície Natural Superfície Agrícola Superfície Social Outras Áreas Uso do Solo Muito Baixo Baixo Moderado Elevado Muito Elevado GRÁFICO 57. Distribuição das áreas de risco, pela tipologia de uso e ocupação do solo existente. A conjugação do processo de identificação e georreferenciação dos equipamentos colectivos e/ou infraestruturas de utilização pública, com o de delimitação das áreas de risco potencial, permite determinar e inventariar as infraestruturas potencialmente expostas por fenómenos de perigosidade natural (QUADRO 41. ANEXO - PONTO 08.4) e, consequentemente, as que determinam uma maior vulnerabilidade. No concelho de Câmara de Lobos são identificadas áreas sensíveis (na acepção do artigo nº2 do Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 197/2005 de 8 de Novembro) que, de acordo com a Proposta do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Madeira, ascende aos 61,5% (32,2km 2 ) do território (52km 2 ). Assim, note-se a expressão acentuada de áreas associadas ao Parque Natural da Madeira (PNM) e à Rede Natura 2000, cerca de 45,5% da área (23,7km 2 ), que apresentam um determinado condicionamento ao uso, ocupação e transformação do solo, sendo necessário, aquando de um processo de licenciamento, a auscultação e autorização prévia da entidade competente (PNM, Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais). Segundo o POTRAM (Plano de Ordenamento do Território da Região Autónoma da Madeira), a área onde está inserida o PNM na freguesia do Curral das Freiras é, na sua maioria, classificada como zona de Uso Condicionado Paisagem Humana a Proteger. No sector montante, na zona onde se encontra a Reserva ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 149

164 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O Geológica e de Vegetação de Altitude, é uma área classificada de Uso Muito Condicionado Recreio Condicionado. No fundo do vale do Curral das Freiras e na zona das vertentes menos inclinadas temos Zonas Residenciais em Meio Rural e mesmo no centro da freguesia é uma área classificada como Urbano Existente. Mais no sector intermédio e jusante do concelho, nas restantes freguesias, dominam as Zonas Agro-Florestais (situam-se essencialmente na Zona de Transição), zonas de Uso Condicionado Áreas a Regenerar, Zonas Residenciais em Meio Rural, Urbano Existente e Urbano em Expansão (na freguesia de Câmara de Lobos) e áreas de Uso Muito Condicionado Recreio Condicionado (junto ao litoral, nas arribas onde se encontra o Cabo Girão).. Esta situação adquire alguma importância, uma vez que 75,8%, cerca de 16,9km 2, das áreas propensas à ocorrência de fenómenos com potencial destrutivo localizam-se em zonas interditas e/ou condicionadas à construção e/ou reconversão urbanística, de acordo com os instrumentos de planeamento e gestão do ordenamento do território em vigor, contribuindo para a diminuição exponencial do índice de exposição da Comunidade Avaliação Espacial e Indicativa do Risco Para a prossecução dos objectivos inerentes à componente de Risco, pretendeu-se a individualização de áreas que evidenciam/apresentam as condições potenciais à materialização dos processos de perigosidade. Esta situação teve em consideração: A manifestação histórica dos fenómenos, com a contabilização da frequência e a probabilidade de ocorrência, e, consequentemente, a relação de danos e prejuízos; As classes de simbologia associadas à susceptibilidade compósita Moderada a Muito Elevada; A identificação espacial de equipamentos e/ou serviços de utilização colectiva, que possuem uma intensificação do grau de exposição aos fenómenos, devido a condicionalismos ao nível do ambiente biofísico e de mobilidade (ausência de vias de comunicação estruturantes alternativas); O índice de vulnerabilidade social, sobretudo na quantificação e/ou representatividade dos grupos de risco existentes; A inventariação e localização espacial de pontos críticos que contribuem para o aumento exponencial no índice de severidade. Contudo, a análise conjunta dos diversos parâmetros que compõem a fórmula conceptual e compósita do Risco, no âmbito da delimitação/definição espacial das áreas com maior propensão à ocorrência de fenómenos causadores de danos e prejuízos avultados, determina a prossecução de um processo analítico extremamente complexo, com base na combinação de factores e na atribuição de ponderações. Esta situação resulta do facto da administração local (freguesias) obter um grau de representatividade espacial e populacional distinto no âmbito do universo do concelho. A título de exemplo, a análise comparativa entre as 150 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

165 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O freguesias do Jardim Serra e de Câmara de Lobos, permite constatar as semelhanças no que diz respeito às percentagens relativas às áreas propensas à ocorrência de processos de perigosidade com potencial destrutivo (Risco) e que, porventura, possa provocar danos e/ou prejuízos à Comunidade; bem como à superfície total do respectivo espaço geográfico administrado. Contudo, como podemos constatar no QUADRO 26, a freguesia de Câmara de Lobos apresenta uma densidade populacional exponencialmente superior à remanescente. Logo, nesta freguesia, a diferença percentual das áreas em risco deverá ser mais acentuada. Assim, após a aferição de diversos testes matemáticos, procedeu-se à definição de uma fórmula que traduzisse os pressupostos anteriormente descritos e que calculasse a área de Risco ponderada, em termos percentuais, em função da área e da população residente em cada uma das administrações locais. Especificamente: Em que, AEIR Avaliação Espacial e Indicativa do Risco AP Área Propensa (Risco). AA Área Administrada. PR População Residente. Esta expressão traduz a distribuição espacial das áreas de risco, à escala da freguesia, nomeadamente segundo a importância/representatividade populacional e a dimensão espacial. Este cálculo é efectuado com base na atribuição de ponderações distintas aos vectores integrantes da fórmula. QUADRO 26. Quadro resumo da dimensão espacial (km 2 ) e da representatividade (%) do Risco ponderado. RISCO Não Propensa Propensa ÁREA POPULAÇÃO RESIDENTE AEIR UNIDADE TERRITORIAL Área (km 2 ) % Área (km 2 ) % Área (km 2 ) % Bruto % % CÂMARA DE LOBOS 29,7 57,1 22,3 42,9 52,0 100, ,0 100,0 QUINTA GRANDE 3,3 11,2 0,8 3,5 4,1 7, ,23 6,09 CURRAL DAS FREIRAS 7,6 25,7 17,4 77,8 25,0 48, ,83 44,02 EST. CÂMARA DE LOBOS 5,9 19,7 2,0 9,0 7,9 15, ,57 17,61 JARDIM DA SERRA 6,3 21,1 1,1 4,9 7,4 14, ,71 10,33 CÂMARA DE LOBOS 6,6 22,1 1,1 5,0 7,7 14, ,66 22,00 MÉDIA 5,9 20,0 4,5 20,0 10,4 20, ,0 20,0 ELABORAÇÃO: 07/2011 EDIÇÃO: DOT 151

166 R E L A T Ó R I O G E O R I S C O. A N Á L I S E, G E S T Ã O O resultado cumulativo dos valores sectoriais referentes aos diversos vectores 36 que compõem a Avaliação Espacial e Indicativa do Risco, permite a validação e avaliação final das percentagens associadas às áreas de risco ponderadas. Neste contexto, de acordo com o GRÁFICO 58, a freguesia do Curral das Freiras é a que apresenta a maior percentagem de área de risco ponderada, cerca de 44%, seguindo-se a homóloga de Câmara de Lobos e do Estreito de Câmara de Lobos, com 22% e 17,6%, respectivamente. 22,0% 6,1% 10,3% 44,0% 17,6% Quinta Grande Curral das Freiras Estreito de Câmara de Lobos Jardim da Serra Câmara de Lobos GRÁFICO 58. Distribuição das áreas de risco, por tipologia de uso e ocupação do solo existente. A análise permite aferir o grau de importância do parâmetro relativo à população residente na freguesia de Câmara de Lobos, comparativamente com a freguesia do Jardim da Serra, uma vez que, e apesar de possuir uma percentagem idêntica 37 de área propensa à ocorrência de processos de perigosidade com potencial destrutivo (5%) e uma área administrada semelhante 38 (14,8%), contabiliza uma área de risco ponderado superior, cerca de 22%; enquanto que, a homóloga perfaz 10,3%. Uma situação semelhante ocorre com a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a qual, e apesar de determinar uma área de risco mais acentuada, apresenta um resultado ponderativo mais favorável, à razão da menor densidade populacional. Contrariamente, note-se a diminuição percentual acentuada do valor correspondente às áreas de risco ponderado da freguesia do Curral das Freiras, quando comparadas com as áreas propensas e associadas ao Risco, contabilizando um decréscimo de 33,8%, sobretudo devido à representatividade populacional diminuta (o 36 Nomeadamente, a área propensa (Moderado Muito Elevado); a administrada; e a população residente. 37 A freguesia do Jardim da Serra apresenta uma área de 1,1km 2, cerca de 2,1% da área total do Município (52km 2 ). 38 Uma diferença percentual de 0,63%, comparativamente à freguesia do Jardim da Serra. 152 EDIÇÃO: DOT ELABORAÇÃO: 07/2011

DECLARAÇÃO AMBIENTAL

DECLARAÇÃO AMBIENTAL C Â M A R A M U N I C I P A L D E S I N E S DECLARAÇÃO AMBIENTAL Atento ao parecer das entidades consultadas e às conclusões da Consulta Pública, relativos ao procedimento de Avaliação Ambiental Estratégica

Leia mais

PLANO DE PORMENOR DO PARQUE EMPRESARIAL DE PAÇÔ (3ª revisão)

PLANO DE PORMENOR DO PARQUE EMPRESARIAL DE PAÇÔ (3ª revisão) 1ª Alteração PLANO DE PORMENOR DO PARQUE EMPRESARIAL DE PAÇÔ (3ª revisão) M U N I C Í P I O D E A R C O S D E V A L D E V E Z D I V I S Ã O D E D E S E N V O L V I MENTO E C O N Ó M I C O E U R B A N I

Leia mais

Palavras-chave: Zona costeira, risco, minimização, participação

Palavras-chave: Zona costeira, risco, minimização, participação TIPIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE RISCO NA ORLA COSTEIRA NAS ILHAS DOS AÇORES Planeamento e Ordenamento nas Zonas Costeiras Ana Maria Morais BARROCO Arqt.ª Paisagista, Quaternaire Portugal; +351213513200, abarroco@quaternaire.pt

Leia mais

Regulamento de Apoio ao Movimento Associativo

Regulamento de Apoio ao Movimento Associativo Regulamento de Apoio ao Movimento Associativo As associações são a expressão do dinamismo e interesse das populações que entusiasticamente se dedicam e disponibilizam em prol da causa pública. As associações

Leia mais

Programação de equipamentos colectivos

Programação de equipamentos colectivos Programação de equipamentos colectivos Definição e tipologia Conceitos associados à programação de equipamentos Critérios de programação, dimensionamento e localização; exemplos Instituto Superior Técnico/Departamento

Leia mais

PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA

PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA EXPOSIÇÃO PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA De 6 a 17 de Maio 2008 MUNICÍPIO DO SEIXAL CÂMARA MUNICIPAL PROTECÇÃO CIVIL MUNICIPAL É a actividade desenvolvida pelas autarquias locais, com a colaboração dos

Leia mais

O Princípio da hierarquia dos planos e efeitos da aprovação de um Plano Regional Num Plano Municipal (1)

O Princípio da hierarquia dos planos e efeitos da aprovação de um Plano Regional Num Plano Municipal (1) 1/9 O Princípio da hierarquia dos planos e efeitos da aprovação de um Plano Regional Num Plano Municipal (1) Susana Alcina Ribeiro Pinto Docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras

Leia mais

Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infracções Conexas

Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infracções Conexas Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infracções Conexas Indice 1. Enquadramento... 3 2. Objectivos... 4 3. Âmbito do Plano... 4 4. Missão da Entidade... 4 5. Áreas avaliadas, Principais Riscos e

Leia mais

Dotar o território de instrumentos de planeamento de gestão compatíveis com a preservação e conservação dos recursos;

Dotar o território de instrumentos de planeamento de gestão compatíveis com a preservação e conservação dos recursos; 1. Medida 3.5.: Apoio ao Desenvolvimento do Sistema Ambiental e do Ordenamento 2. Descrição Esta medida contempla o apoio aos investimentos a realizar nos domínios do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento

Leia mais

Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Better regulation do sector financeiro

Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Better regulation do sector financeiro Conselho Nacional de Supervisores Financeiros Better regulation do sector financeiro Relatório da Consulta Pública do CNSF n.º 1/2007 1 CONSELHO NACIONAL DE SUPERVISORES FINANCEIROS RELATÓRIO DA CONSULTA

Leia mais

Instituto da Segurança Social, I.P. Centro Distrital de Lisboa Sector da Rede Social

Instituto da Segurança Social, I.P. Centro Distrital de Lisboa Sector da Rede Social REDE SOCIAL Instituto da Segurança Social, I.P. Centro Distrital de Lisboa Sector da Rede Social REDE SOCIAL A Rede Social pretende constituir um novo tipo de parceria entre entidades públicas e privadas

Leia mais

As áreas temáticas visadas na construção da síntese de diagnóstico apresentam-se no Quadro 2.77

As áreas temáticas visadas na construção da síntese de diagnóstico apresentam-se no Quadro 2.77 2.7 síntese de diagnóstico A síntese de diagnóstico perspectiva desenhar a realidade insular de Santa Maria materializada em indicadores-chave, permitindo estabelecer a situação de referência no que concerne

Leia mais

Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial

Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial PROGRAMA OPERACIONAL REGIONAL DO NORTE 2007-2013 Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial Domínios: Valorização e qualificação ambiental Gestão activa da Rede Natura e da

Leia mais

Regimento do Conselho Municipal de Educação

Regimento do Conselho Municipal de Educação Considerando que: 1- No Município do Seixal, a construção de um futuro melhor para os cidadãos tem passado pela promoção de um ensino público de qualidade, através da assunção de um importante conjunto

Leia mais

EIXO 1 COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EM CONTÍNUO N.

EIXO 1 COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EM CONTÍNUO N. EIXO 1 COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO REGULAMENTO ESPECÍFICO: SISTEMA DE APOIO A ÁREAS DE ACOLHIMENTO EMPRESARIAL E LOGÍSTICA AVISO DE ABERTURA DE CONCURSO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EM

Leia mais

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS 4. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS A abordagem estratégica que se pretende implementar com o Plano Regional da Água deverá ser baseada num conjunto de princípios nucleares que, sendo unanimemente

Leia mais

Divisão de Assuntos Sociais

Divisão de Assuntos Sociais Divisão de Assuntos Sociais Programa de Apoio às Entidades Sociais de Odivelas (PAESO) Índice Pág. Preâmbulo 1 1. Objectivos 2 2. Destinatários 2 3. Modalidades de Apoio 2 3.1. Subprograma A - Apoio à

Leia mais

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA. Nota justificativa

REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA. Nota justificativa REGULAMENTO DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS PELO MUNÍCIPIO DE MORA Nota justificativa A prossecução do interesse público municipal concretizado, designadamente através de políticas de desenvolvimento cultural,

Leia mais

CADERNOS TÉCNICOS PROCIV. 11 Guia para a Elaboração de Planos Prévios de Intervenção Conceito e Organização

CADERNOS TÉCNICOS PROCIV. 11 Guia para a Elaboração de Planos Prévios de Intervenção Conceito e Organização CADERNOS TÉCNICOS PROCIV 11 Guia para a Elaboração de Planos Prévios de Intervenção Conceito e Organização EDIÇÃO: AUTORIDADE NACIONAL DE PROTECÇÃO CIVIL SETEMBRO DE 2009 02 Cadernos Técnicos PROCIV #11

Leia mais

Eixo III _ Desenvolvimento Sustentável. III.3. Gestão Ambiental Sustentável, Conservação da Natureza e Biodiversidade. Tipologia de Investimento

Eixo III _ Desenvolvimento Sustentável. III.3. Gestão Ambiental Sustentável, Conservação da Natureza e Biodiversidade. Tipologia de Investimento Eixo III _ Desenvolvimento Sustentável III.. Gestão Ambiental Sustentável, Conservação da Natureza e Biodiversidade Tipologia de Investimento Eixo III III. CONTROLO DO DOCUMENTO Versão Data Descrição N.

Leia mais

CEPSA Portuguesa Petróleos, SA

CEPSA Portuguesa Petróleos, SA Câmara Municipal de Matosinhos Plano de Emergência Externo CEPSA Portuguesa Petróleos, SA MARÇO 2011 PEE Cepsa Pág. i de 57 Índice NOTA PRÉVIA... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO. 1 ENQUADRAMENTO GERAL DO PLANO...

Leia mais

EIXO PRIORITÁRIO II SISTEMAS AMBIENTAIS E DE PREVENÇÃO, GESTÃO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS (FUNDO DE COESÃO) CÓDIGO DO AVISO: POVT - POVT-35-2013-59

EIXO PRIORITÁRIO II SISTEMAS AMBIENTAIS E DE PREVENÇÃO, GESTÃO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS (FUNDO DE COESÃO) CÓDIGO DO AVISO: POVT - POVT-35-2013-59 CONVITE PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURA EIXO PRIORITÁRIO II SISTEMAS AMBIENTAIS E DE PREVENÇÃO, GESTÃO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS (FUNDO DE COESÃO) DOMÍNIO DE INTERVENÇÃO PREVENÇÃO E GESTÃO DE RISCOS REGULAMENTO

Leia mais

Ministério das Obras Públicas

Ministério das Obras Públicas Ministério das Obras Públicas ESTATUTO ORGÂNICO DO MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS CAPÍTULO I Natureza e Atribuições Artigo 1.º (Natureza) O Ministério das Obras Públicas é o órgão da administração pública

Leia mais

Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial Equipamentos para a Coesão Local Equipamentos Sociais

Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial Equipamentos para a Coesão Local Equipamentos Sociais Eixo Prioritário III Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial Equipamentos para a Coesão Local Equipamentos Sociais Aviso Apresentação de Candidaturas Equipamentos para a Coesão Local Equipamentos

Leia mais

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS No âmbito da avaliação realizada, a nível internacional, sobre os fundamentos da crise financeira iniciada no Verão

Leia mais

Programação e Execução das Operações de Reabilitação Urbana

Programação e Execução das Operações de Reabilitação Urbana Programação e Execução das Operações de Reabilitação Urbana Conferência Reabilitação Urbana e Arrendamento Oportunidades do novo regime jurídico Lisboa, 7 de Março de 2013 Claudio Monteiro Sumário Linhas

Leia mais

Decreto-Lei n.º 129/2002 de 11 de Maio Aprova o Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios

Decreto-Lei n.º 129/2002 de 11 de Maio Aprova o Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios A leitura deste documento, que transcreve o conteúdo do Decreto-Lei n.º 129/2002, de 11 de Maio, não substitui a consulta da sua publicação em Diário da República. Decreto-Lei n.º 129/2002 de 11 de Maio

Leia mais

Artigo para a revista Planeta Azul APA, Abril de 2010

Artigo para a revista Planeta Azul APA, Abril de 2010 Artigo para a revista Planeta Azul APA, Abril de 2010 P. Quando entrará em funcionamento o PNAAS? O Plano Nacional de Acção Ambiente e Saúde (PNAAS) foi aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros

Leia mais

TURISMO DE PORTUGAL DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS REGULAMENTO GERAL DA FORMAÇÃO

TURISMO DE PORTUGAL DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS REGULAMENTO GERAL DA FORMAÇÃO TURISMO DE PORTUGAL DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS REGULAMENTO GERAL DA FORMAÇÃO INDICE 1 NOTA PRÉVIA 3 2 LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA 4 3 PLANO DE FORMAÇÃO 4 4 FREQUÊNCIA DE ACÇÕES DE FORMAÇÃO 6

Leia mais

Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana de Santa Catarina TERMOS DE REFERÊNCIA

Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana de Santa Catarina TERMOS DE REFERÊNCIA Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana de Santa Catarina Câmara Municipal de Sines Departamento de Gestão Territorial Divisão de Planeamento, Ordenamento do Território e Ambiente Novembro de 2012 Índice

Leia mais

PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS DOMÍNIO - RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL

PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS DOMÍNIO - RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EIXO PRIORITÁRIO III PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS DOMÍNIO - RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL CÓDIGO DO AVISO: POVT-34-2010-39

Leia mais

Discurso do IGT na conferência da EDP

Discurso do IGT na conferência da EDP Discurso do IGT na conferência da EDP 1. A Segurança e Saúde no Trabalho é, hoje, uma matéria fundamental no desenvolvimento duma política de prevenção de riscos profissionais, favorecendo o aumento da

Leia mais

PROPOSTA DE LEI N.º 233/XII

PROPOSTA DE LEI N.º 233/XII PROPOSTA DE LEI N.º 233/XII PLANO NACIONAL DE AÇÃO PARA OS DIREITOS DA CRIANÇA As crianças são encaradas como sujeitos de direitos, a partir do momento em que o seu bem-estar é concebido como uma consequência

Leia mais

INVESTIR EM I&D - PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS

INVESTIR EM I&D - PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 - NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS 1 ENQUADRAMENTO - I - Os objectivos delineados na Estratégia de Lisboa e as conclusões do Conselho de Barcelona,

Leia mais

Área Metropolitana do. Porto 2007-2013. Programa Territorial de Desenvolvimento. Optimização da Gestão de Resíduos Sólidos

Área Metropolitana do. Porto 2007-2013. Programa Territorial de Desenvolvimento. Optimização da Gestão de Resíduos Sólidos Área Metropolitana do Porto 2007-2013 Programa Territorial de Desenvolvimento Optimização da Gestão de Resíduos Sólidos Aviso de Abertura de Concurso para Apresentação de Candidaturas - AMP - RS/1/2009

Leia mais

O IMPACTO DA DESCENTRALIZAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL A EXPERIÊNCIA DE CABO VERDE

O IMPACTO DA DESCENTRALIZAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL A EXPERIÊNCIA DE CABO VERDE O IMPACTO DA DESCENTRALIZAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL A EXPERIÊNCIA DE CABO VERDE 1. CARACTERIZAÇÃO DE CABO VERDE 1.1 Aspectos físicos f e demográficos Situado no Oceano Atlântico, a cerca

Leia mais

ANEXO III FUNDAMENTAÇÃO DAS ISENÇÕES E REDUÇÕES DE TAXAS

ANEXO III FUNDAMENTAÇÃO DAS ISENÇÕES E REDUÇÕES DE TAXAS ANEXO III FUNDAMENTAÇÃO DAS ISENÇÕES E REDUÇÕES DE TAXAS Em consonância com o disposto na alínea d), do n.º 2, do artigo 8.º, da Lei n.º 53- E/2006, de 29 de Dezembro, alterada pela Lei n.º 64-A/2008,

Leia mais

PLANO DE PORMENOR DO DALLAS FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

PLANO DE PORMENOR DO DALLAS FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL FUNDAMENTAÇÃO DA DELIBERAÇÃO DE DISPENSA DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL Deliberação da Reunião Câmara Municipal de 29/11/2011 DIRECÇÃO MUNICIPAL DE URBANISMO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE PLANEAMENTO URBANO DIVISÃO

Leia mais

XX CONGRESSO ENGENHARIA 2020

XX CONGRESSO ENGENHARIA 2020 XX CONGRESSO ENGENHARIA 2020 Sistema da Indústria Responsável (SIR) 18 de outubro UMA de 2014/ ESTRATÉGIA António Oliveira PARA PORTUGAL 17 a 19 de outubro de 2014 ALFÂNDEGA DO PORTO Sistema da Indústria

Leia mais

Decreto-Lei nº 25/91, de 11 de Janeiro

Decreto-Lei nº 25/91, de 11 de Janeiro Decreto-Lei nº 25/91, de 11 de Janeiro O quadro legal das sociedades de desenvolvimento regional foi estabelecido pelo Decreto-Lei nºs 499/80, de 20 de Outubro. Desde a data da sua publicação, o sistema

Leia mais

REGULAMENTO MUNICIPAL DE APOIO E FINANCIAMENTO DO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO

REGULAMENTO MUNICIPAL DE APOIO E FINANCIAMENTO DO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO MUNICÍPIO DE S. PEDRO DO SUL GABINETE DE DESPORTO REGULAMENTO MUNICIPAL DE APOIO E FINANCIAMENTO DO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO REGULAMENTO MUNICIPAL DE APOIO E FINANCIAMENTO DO ASSOCIATIVISMO DESPORTIVO

Leia mais

PROJECTO DE LEI N.º 182/IX

PROJECTO DE LEI N.º 182/IX PROJECTO DE LEI N.º 182/IX APROVA MEDIDAS COM VISTA À MODERNIZAÇÃO DO REGIME DA REALIZAÇÃO DE DESPESAS PÚBLICAS COM LOCAÇÃO E AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Exposição

Leia mais

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015

Valorizar os produtos da terra. Melhorar a vida das nossas aldeias. documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 PROGRAMA VISEU RURAL Valorizar os produtos da terra Melhorar a vida das nossas aldeias documento síntese para consulta e debate público 9 Fev 2015 CONSELHO ESTRATÉGICO DE VISEU Apresentação. O mundo rural

Leia mais

Identificação da empresa

Identificação da empresa Identificação da empresa ANA Aeroportos de Portugal, S.A. Missão, Visão e Valores Missão da ANA A ANA - Aeroportos de Portugal, SA tem como missão gerir de forma eficiente as infraestruturas aeroportuárias

Leia mais

Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças, do Ambiente, do Ordenamento do

Manda o Governo, pelos Ministros de Estado e das Finanças, do Ambiente, do Ordenamento do Diploma: Ministérios das Finanças e da Administração Pública, do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, da Economia e da Inovação, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural

Leia mais

CÂMARA MUNICIPAL DE MOURA

CÂMARA MUNICIPAL DE MOURA CÂMARA MUNICIPAL DE MOURA Regulamento de Estágio para Ingresso nas Carreiras do Grupo de Pessoal Técnico Superior, Técnico e de Informática do Quadro de Pessoal da Câmara Municipal de Moura PREÂMBULO Publicado

Leia mais

Requisitos do Sistema de Gestão de Segurança para a Prevenção de Acidentes Graves (SGSPAG)

Requisitos do Sistema de Gestão de Segurança para a Prevenção de Acidentes Graves (SGSPAG) Requisitos do Sistema de Gestão de Segurança para a Prevenção de Acidentes Graves (SGSPAG) Política de Prevenção de Acidentes Graves Revisão Revisão Identificação e avaliação dos riscos de acidentes graves

Leia mais

GUIA PARA A FORMAÇÃO DE ENTIDADES A CREDENCIAR NO ÂMBITO DA SCIE

GUIA PARA A FORMAÇÃO DE ENTIDADES A CREDENCIAR NO ÂMBITO DA SCIE GUIA PARA A FORMAÇÃO DE ENTIDADES A CREDENCIAR NO ÂMBITO DA SCIE 1/17 Índice 1. Introdução... 3 2. Formação... 4 2.1 Objectivos gerais do curso... 4 2.2. Conteúdos programáticos... 4 2.3. Equipa formativa...

Leia mais

JORNAL OFICIAL Sexta-feira, 20 de abril de 2012

JORNAL OFICIAL Sexta-feira, 20 de abril de 2012 REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA JORNAL OFICIAL Sexta-feira, 20 de abril de 2012 II Série Sumário SECRETARIAREGIONAL DOS ASSUNTOS SOCIAIS Despacho n.º 6/2012 Regulamenta a formação destinada aos bombeiros dos

Leia mais

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quarta-feira, 18 de maio de 2016. Série. Número 89

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quarta-feira, 18 de maio de 2016. Série. Número 89 REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA JORNAL OFICIAL Quarta-feira, 18 de maio de 2016 Série Sumário SECRETARIAS REGIONAIS DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EDUCAÇÃO Portaria n.º 211/2016 Primeira alteração

Leia mais

sustentabilidade da construção Isabel Santos e Carla Silva

sustentabilidade da construção Isabel Santos e Carla Silva O papel do Ambiente Urbano na sustentabilidade da construção Isabel Santos e Carla Silva SUMÁRIO O PAPEL DO AMBIENTE URBANO NA SUSTENTABILIDADE DA CONSTRUÇÃO APRESENTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE AMBIENTE URBANO

Leia mais

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP)

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP) Manual de Instruções do Banco de Portugal Instrução nº 15/2007 ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP) A avaliação e a determinação com rigor do nível de capital interno

Leia mais

TEXTO INTEGRAL. Artigo 1.º (Objecto)

TEXTO INTEGRAL. Artigo 1.º (Objecto) DATA : Segunda-feira, 16 de Julho de 1990 NÚMERO : 162/90 SÉRIE I EMISSOR : Ministério da Indústria e Energia DIPLOMA/ACTO : Decreto-Lei n.º 232/90 SUMÁRIO: Estabelece os princípios a que deve obedecer

Leia mais

Manual de Técnicas Básicas de Planeamento Físico

Manual de Técnicas Básicas de Planeamento Físico REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO PARA COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL Manual de Técnicas Básicas de Planeamento Físico MAPUTO, NOVEMBRO DE 2006 Ficha Técnica Título Manual de Técnicas Básicas de Planeamento

Leia mais

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Previsão Legal Objetivos Categorias Finalidades Gestão do Sistema Quantitativos Outros Espaços Protegidos Distribuição Espacial Relevância O Brasil possui alguns

Leia mais

III.2. Do Plano de Acção à Subvenção Global: A contratualização com Associação de Municípios no âmbito do INAlentejo

III.2. Do Plano de Acção à Subvenção Global: A contratualização com Associação de Municípios no âmbito do INAlentejo III.2. Do Plano de Acção à Subvenção Global: A contratualização com Associação de Municípios no âmbito do INAlentejo A contratualização com associações de municípios no âmbito dos Programas Operacionais,

Leia mais

ANÁLISE EXTERNA ANÁLISE INTERNA

ANÁLISE EXTERNA ANÁLISE INTERNA 3. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO Neste último sub-capítulo do diagnóstico procurar-se-ão cruzar as diversas componentes analisadas nos pontos anteriores, numa dupla perspectiva: Análise externa - a avaliação

Leia mais

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA

INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA INOVAÇÃO PORTUGAL PROPOSTA DE PROGRAMA FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO DE UMA POLÍTICA DE INTENSIFICAÇÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL EM PORTUGAL E POTENCIAÇÃO DOS SEUS RESULTADOS 0. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Leia mais

Autoriza o Governo a alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro

Autoriza o Governo a alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro DECRETO N.º 369/X Autoriza o Governo a alterar o Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de Novembro A Assembleia da República decreta, nos termos

Leia mais

GESTÃO DE RISCO BASEADA NA COMUNIDADE

GESTÃO DE RISCO BASEADA NA COMUNIDADE GESTÃO DE RISCO BASEADA NA COMUNIDADE Introdução Moçambique é um dos países mais afectados por fenómenos extremos causados por forças naturais e por acções do homem sobre a natureza e que nos põe em perigo.

Leia mais

PROJECTO DE REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS. Nota justificativa

PROJECTO DE REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS. Nota justificativa PROJECTO DE REGULAMENTO MUNICIPAL DE ATRIBUIÇÃO DE APOIOS FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS Nota justificativa A prossecução do interesse público municipal nas áreas da cultura, da acção social, das actividades

Leia mais

PROJECTO REDE EM PRÁTICA

PROJECTO REDE EM PRÁTICA PROJECTO REDE EM PRÁTICA O Programa Rede Social no Contexto Europeu e o Futuro da Política de Coesão Janeiro 2012 O Programa Rede Social no Contexto Europeu e o Futuro da Política de Coesão 1. O Programa

Leia mais

Fase 1 Agosto de 2007 RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO SELECTIVO. Universidade de Aveiro

Fase 1 Agosto de 2007 RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO SELECTIVO. Universidade de Aveiro Fase 1 Agosto de 2007 RELATÓRIO DE DIAGNÓSTICO SELECTIVO O relatório foi elaborado pela equipa da UA Celeste Coelho (coordenação) Fátima Alves Filomena Martins Teresa Fidélis Sandra Valente Cristina Ribeiro

Leia mais

CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE OURÉM - CLASO -

CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE OURÉM - CLASO - CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DE OURÉM - CLASO - CAPITULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 1º Objecto O presente regulamento interno destina-se a definir e dar a conhecer os princípios a que obedece a constituição,

Leia mais

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA EUROPEIA DE AMBIENTE

EVOLUÇÃO DA POLÍTICA EUROPEIA DE AMBIENTE Políticas de Ambiente EVOLUÇÃO DA POLÍTICA EUROPEIA DE AMBIENTE Francisco Nunes Correia IST, Ano Lectivo 2010/2011 Onde estamos? Projecto de Tratado que estabelece uma CONSTITUIÇÃO PARA A EUROPA 2001-2005

Leia mais

PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS

PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas PLANO DE PREVENÇÃO DE RISCOS DE GESTÃO, INCLUINDO OS RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRAÇÕES CONEXAS

Leia mais

EIXO PRIORITÁRIO III PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS (RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL)

EIXO PRIORITÁRIO III PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS (RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL) AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS EIXO PRIORITÁRIO III PREVENÇÃO, GESTAO E MONITORIZAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS (RECUPERAÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL) OOOOOOOOO 17 de Março de 2008 AVISO PARA

Leia mais

3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição.

3. A autonomia político-administrativa regional não afecta a integridade da soberania do Estado e exerce-se no quadro da Constituição. TÍTULO VII - Regiões autónomas Artigo 225.º (Regime político-administrativo dos Açores e da Madeira) 1. O regime político-administrativo próprio dos arquipélagos dos Açores e da Madeira fundamenta-se nas

Leia mais

31.5.2008 Jornal Oficial da União Europeia L 141/5

31.5.2008 Jornal Oficial da União Europeia L 141/5 31.5.2008 Jornal Oficial da União Europeia L 141/5 REGULAMENTO (CE) N. o 482/2008 DA COMISSÃO de 30 de Maio de 2008 que estabelece um sistema de garantia de segurança do software, a aplicar pelos prestadores

Leia mais

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA

PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA Coordenação do Internato Médico de Saúde Pública PROGRAMA DO INTERNATO MÉDICO DE SAÚDE PÚBLICA (Aprovado pela Portaria 47/2011, de 26 de Janeiro) Internato 2012/2016 ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO 1 1. DURAÇÃO

Leia mais

O ACOMPANHAMENTO TÉCNICO COMO CONTRIBUTO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA

O ACOMPANHAMENTO TÉCNICO COMO CONTRIBUTO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA O ACOMPANHAMENTO TÉCNICO COMO CONTRIBUTO PARA A MELHORIA DO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA EXTRACTIVA Guerreiro, Humberto Eng. de Minas - Visa Consultores, S.A., Oeiras. 1. INTRODUÇÃO Na exploração de minas e

Leia mais

Regimento do Conselho Municipal de Educação do Concelho de Marvão. Preâmbulo

Regimento do Conselho Municipal de Educação do Concelho de Marvão. Preâmbulo Regimento do Conselho Municipal de Educação do Concelho de Marvão Preâmbulo A Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro estabelece no seu artigo 19.º, n.º 2, alínea b), a competência dos órgãos municipais para

Leia mais

REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira

REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira REGULAMENTO programa de apoio às pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos do município de santa maria da feira PG 02 NOTA JUSTIFICATIVA O presente regulamento promove a qualificação das

Leia mais

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS PROGRAMA OPERACIONAL DA 2014-2020 (MADEIRA 14-20) EIXO PRIORITÁRIO 3 Reforçar a Competitividade das Empresas PRIORIDADE DE INVESTIMENTO (PI) 3.b Desenvolvimento

Leia mais

- REGIMENTO - CAPITULO I (Disposições gerais) Artigo 1.º (Normas reguladoras)

- REGIMENTO - CAPITULO I (Disposições gerais) Artigo 1.º (Normas reguladoras) - REGIMENTO - Considerando que, a Lei 159/99, de 14 de Setembro estabelece no seu artigo 19.º, n.º 2, alínea b), a competência dos órgãos municipais para criar os conselhos locais de educação; Considerando

Leia mais

Projecto REDE CICLÁVEL DO BARREIRO Síntese Descritiva

Projecto REDE CICLÁVEL DO BARREIRO Síntese Descritiva 1. INTRODUÇÃO Pretende-se com o presente trabalho, desenvolver uma rede de percursos cicláveis para todo o território do Município do Barreiro, de modo a promover a integração da bicicleta no sistema de

Leia mais

Formulário para a apresentação de candidaturas. à gestão do Eixo 3 do PRODERAM. Estratégias Locais de Desenvolvimento

Formulário para a apresentação de candidaturas. à gestão do Eixo 3 do PRODERAM. Estratégias Locais de Desenvolvimento Parametrização Formulário para a apresentação de candidaturas à gestão do Eixo 3 do PRODERAM Estratégias Locais de Desenvolvimento Informação Relativa ao Território Declaro que autorizo a utilização dos

Leia mais

PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004)

PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004) TÍTULO: Atmosferas explosivas risco de explosão AUTORIA: Paula Mendes PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 149 (Novembro/Dezembro de 2003) KÉRAMICA n.º 264 (Janeiro/Fevereiro de 2004) INTRODUÇÃO A protecção contra

Leia mais

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quarta-feira, 2 de julho de 2014. Série. Número 99

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quarta-feira, 2 de julho de 2014. Série. Número 99 REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA JORNAL OFICIAL Quarta-feira, 2 de julho de 2014 Série Sumário ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DAMADEIRA Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira

Leia mais

MINISTÉRIOS DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE

MINISTÉRIOS DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE MINISTÉRIOS DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE Despacho Conjunto n.º 891/99 No domínio da intervenção precoce para crianças com deficiência ou em risco de atraso grave de desenvolvimento,

Leia mais

LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS NORMATIVOS ESPECÍFICOS DE ACORDO COM A NATUREZA JURÍDICA DAS ENTIDADES ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS INTEGRADOS

LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS NORMATIVOS ESPECÍFICOS DE ACORDO COM A NATUREZA JURÍDICA DAS ENTIDADES ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS INTEGRADOS LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS NORMATIVOS ESPECÍFICOS DE ACORDO COM A NATUREZA JURÍDICA DAS ENTIDADES ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS INTEGRADOS Portaria n.º 355/97, de 28 de Maio Aprova o modelo do livro de reclamações

Leia mais

MUNICÍPIO DE CONDEIXA-A-NOVA Página 1 de 11

MUNICÍPIO DE CONDEIXA-A-NOVA Página 1 de 11 MUNICÍPIO DE CONDEIXA-A-NOVA Página 1 de 11 PREÂMBULO Compete ao município promover acções de interesse municipal, de âmbito cultural, social, recreativo e outros, e exercer um papel dinamizador junto

Leia mais

REGULAMENTO DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE URBANISMO

REGULAMENTO DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE URBANISMO REGULAMENTO DO COLÉGIO DA ESPECIALIDADE DE URBANISMO PREÂMBULO CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS Artigo 1.º Objecto Artigo 2.º Princípios Artigo 3.º Finalidades Artigo 4.º Atribuições Artigo 5.º Relações

Leia mais

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020 Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para 2014-2020 Medida 2 CONHECIMENTO Ação 2.2 ACONSELHAMENTO Enquadramento Regulamentar Artigos do Regulamento (UE) n.º 1305/2013, do Conselho e do Parlamento

Leia mais

PUC PLANO DE URBANIZAÇÃO DOS CANHAS TERMOS DE REFERÊNCIA RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO

PUC PLANO DE URBANIZAÇÃO DOS CANHAS TERMOS DE REFERÊNCIA RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO CÂMARA MUNICIPAL DE PONTA DO SOL DIVISÃO DE AMBIENTE E URBANISMO SPU PUC PLANO DE URBANIZAÇÃO DOS CANHAS UOPG 3 TERMOS DE REFERÊNCIA RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO OUTUBRO 2014 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 2. NOTAS

Leia mais

Análise custo-benefício do SiNErGIC (Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral) 28 Novembro 2007

Análise custo-benefício do SiNErGIC (Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral) 28 Novembro 2007 Análise custo-benefício do SiNErGIC (Sistema Nacional de Exploração e Gestão de Informação Cadastral) 28 Novembro 2007 Objectivos do SiNErGIC (Resolução do Conselho de Ministros nº 45/2006) a) Assegurar

Leia mais

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS

MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO DOS ESTÁGIOS INSTI INSTUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES GUIA DE ORGANIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO

Leia mais

CARTA DE MISSÃO Departamento: Organismo/Serviço: Cargo: Titular: Período da Comissão de Serviço: 1. Missão do organismo:

CARTA DE MISSÃO Departamento: Organismo/Serviço: Cargo: Titular: Período da Comissão de Serviço: 1. Missão do organismo: CARTA DE MISSÃO Departamento: Secretaria Regional dos Recursos Naturais Organismo/Serviço: Direção Regional do Ambiente Cargo: Diretor Regional do Ambiente Titular: Hernâni Hélio Jorge Período da Comissão

Leia mais

PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA

PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA PROJETO COLABORATIVO DE GESTÃO DE CAUDAIS INDEVIDOS NO GRUPO AQUAPOR LUSÁGUA Sara CARRIÇO 1 ; Susana BARRETO 2 ; Filipe ALPUIM 3 ; Paulo OLIVEIRA 4 RESUMO A melhoria da eficiência dos sistemas de drenagem

Leia mais

Regimento. Conselho Municipal de Educação de Mira

Regimento. Conselho Municipal de Educação de Mira Regimento ÂMBITO A lei 159/99, de 14 de Setembro estabelece no seu artigo 19º, nº 2, alínea b) a competência dos órgãos municipais para criar os Conselhos Locais de Educação. A Lei 169/99, de 18 de Setembro,

Leia mais

RELATÓRIO DO PROCESSO DE CONCERTAÇÃO

RELATÓRIO DO PROCESSO DE CONCERTAÇÃO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE ODIVELAS FASE PROPOSTA DE PLANO VERSÃO PARA DISCUSSÃO PÚBLICA NOVEMBRO 2014 ÍNDICE GERAL 1. INTRODUÇÃO 3 2. ENQUADRAMENTO DO PROCESSO DE CONCERTAÇÃO 7 3. ALTERAÇÕES AOS ELEMENTOS

Leia mais

Ministério dos Transportes

Ministério dos Transportes Ministério dos Transportes Decreto Lei 1/05 De 17 de Janeiro Convindo estabelecer as normas orgânicas e funcionais que se coadunam com as actuais exigências da organização do Ministério dos Transportes,

Leia mais

O Plano de Desenvolvimento Social

O Plano de Desenvolvimento Social O Plano de Desenvolvimento Social Introdução O Plano de Desenvolvimento Social (PDS) é um instrumento de definição conjunta e negociada de objectivos prioritários para a promoção do Desenvolvimento Social

Leia mais

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Sistema de Apoio a Infra-estruturas Científicas e Tecnológicas

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Sistema de Apoio a Infra-estruturas Científicas e Tecnológicas AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS Sistema de Apoio a Infra-estruturas Científicas e Tecnológicas Nos termos do Regulamento do Sistema de Apoio a Infra-estruturas Científicas e Tecnológicas (SAICT)

Leia mais

MINUTA PROJETO DE LEI. Súmula: Institui a Política Estadual sobre Mudança do Clima.

MINUTA PROJETO DE LEI. Súmula: Institui a Política Estadual sobre Mudança do Clima. MINUTA PROJETO DE LEI Súmula: Institui a Política Estadual sobre Mudança do Clima. A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º. Esta Lei institui a Política

Leia mais