REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA

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1 27 NOV 2012 REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA 21:00 SALA SUGGIA Peter Rundel direcção musical Natalia Zagorinskaya soprano Jonathan Ayerst piano 1ª Parte Igor C. Silva* from underground_03, para ensemble, electrónica e vídeo [2012; c.8min.] Álvaro Salazar Triplo Concerto Grosso, para ensemble [2001, rev. 2005; c.18min.] Leoš Janáček Concertino, para piano e ensemble [1925; c.16min.] 1. Moderato 2. Più mosso 3. Con moto 4. Allegro 2ª Parte Mensagens da falecida Menina R. V. Troussova, op.17, para soprano e ensemble [ ; c.30min.] I. Solidão 1. Num espaço 2. O dia cai II. Um Pouco Erótico 1. Febre 2. Dois corpos entrelaçados 3. Porque não haveria eu de guinchar 4. Chastushka III. Experiência Amarga Satisfação e Desgosto 1. Pousaste o meu coração 2. Mistério imenso 3. Seixos 4. A fina agulha 5. Sei que o meu amado 6. Flores de Outono fenecendo 7. Em ti busco a minha salvação 8. Os teus desaparecimentos 9. Sem ti 10. Ama-me 11. Acerto de contas 12. Joguete 13. Porque pronunciaste 14. Sob a enxurrada 15. Por tudo *Jovem compositor em Residência 2012 Notas ao programa e tradução do texto original disponíveis em na página do concerto ou no separador downloads. Peter Rundel direcção musical Peter Rundel nasceu em Friedrichshafen, Alemanha, e estudou violino com Igor Ozim e Ramy Shevelov em Colónia, Hanôver e Nova Iorque, e direcção com Michael Gielen e Peter Eötvös. Frequentou, ainda, em regime privado, aulas com o compositor Jack Brimberg em Nova Iorque. Entre 1984 e 1996, integrou como violinista a formação do Ensemble Modern, com o qual mantém uma relação próxima como maestro. Na área da música contemporânea tem desenvolvido relações duradouras com o Ensemble Recherche, Ensemble Resonanz, Asko Ensemble e Klangforum Wien, trabalhando ainda regularmente com o Ensemble intercontemporain em Paris e musikfabrik em Colónia. É convidado regularmente para dirigir a Orquestra da Rádio da Baviera, Orquestra Sinfónica Alemã e Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim, Sinfónica da Rádio de Estugarda, Sinfónica wdr de Colónia e orquestras das rádios de Hamburgo, swr de Baden-Baden, Frankfurt, Saarland, orf de Viena e Orquestra Nacional da rai de Turim. No âmbito do teatro musical, dirigiu produções na Ópera do Estado da Baviera, Festwochen de Viena, Ópera Alemã de Berlim e Festival de Bregenz, trabalhando com encenadores prestigiados como Peter Konwitschny, Philippe Arlaud, Reinhild Hoffmann, Carlos Padrissa (La Fura dels Baus) e Willy Decker. O seu trabalho na ópera inclui o repertório tradicional e também produções tea- MECENAS PROGRAMAS DE SALA MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA

2 trais de música contemporânea inovadora. Em 2005 tornou-se maestro titular do Remix Ensemble no Porto esta colaboração frutuosa é documentada pelo grande sucesso das apresentações em importantes festivais europeus. Natalia Zagorinskaya soprano Natalia Zagorinskaya é conhecida como uma intérprete fabulosa de música contemporânea. Cantou peças de Edison Denisov, Stravinski, Berg, Zemlinsky, Castiglioni, Dallapiccola, Elliott Carter, Jean Barraqué, Pierre Boulez e Luigi Nono. dedicou-lhe as Canções sobre poemas de Anna Akhmatova, obra que estreou no Carnegie Hall. Participou no 85º aniversário de Kurtág em Budapeste (Akhmatova e Troussova) e o seu repertório inclui várias outras obras do compositor. Zagorinskaya nasceu em Moscovo. Aos 7 anos de idade começou os estudos de piano na Escola Central de Música do Conservatório de Moscovo. Depois de se diplomar no Conservatório Tchaikovski de Moscovo, ingressou na Ópera Helikon da mesma cidade como soprano principal e desde então participou na maior parte das suas produções originais interpretou vários papéis em óperas de Janáček, Poulenc, Dvořák, Prokofieff, Giordano e Jay Reise, e fez digressões aos eua, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Dinamarca, França, Espanha e Líbano. Tem-se apresentado em salas importantes de Nova Iorque, Los Angeles, Genebra, Paris, Viena, Salzburgo, Amesterdão, Haarlem, Haia e Montréal; e nos festivais de Edimburgo, Helsínquia, La Batie em Genebra, Aldeburgh e Automne à Paris. Colaborou com a Orquestra de Düsseldorf, Sinfónica Escocesa da bbc, Sinfónica da Rádio de Saarbrücken, Gulbenkian em Lisboa, Ensemble intercontemporain, Asko Schönberg, Filarmónica da Rádio Holandesa, Klangforum, musikfabrik e Nouvel Ensemble Modern em Montréal. Os seus planos futuros incluem Troussova de Kurtág (com o Remix Ensemble e com o Asko Schönberg no Muziekgebouw em Amesterdão), Akhnatova e Caprices (com o Asko Schönberg no Concertgebouw em Amesterdão) e obras de Stravinski e Webern com o Ensemble Die Reihe dirigido por Friedrich Cerha na Konzerthaus de Viena. College of Organists. Desde Setembro de 2009, é assistente do maestro Paul Hillier no novo agrupamento Coro Casa da Música, o qual dirigiu em concertos nos Açores e na Casa da Música. Em 2010 co-fundou o ensemble vocal Capella Duriensis, do qual é director musical. remix ensemble casa da música Peter Rundel maestro titular Desde a sua formação em 2000, o Remix Ensemble apresentou em estreia absoluta mais de oitenta obras e foi dirigido pelos maestros Stefan Asbury, Ilan Volkov, Kasper de Roo, Pierre-André Valade, Rolf Gupta, Peter Rundel, Jonathan Stockhammer, Jurjen Hempel, Matthias Pintscher, Franck Ollu, Reinbert de Leeuw, Diego Masson, Emilio Pomàrico, Brad Lubman e Paul Hillier, entre outros. No plano internacional, apresentou-se em Valência, Roterdão, Huddersfield, Barcelona, Estrasburgo, Paris, Orleães, Bourges, Reims, Antuérpia, Madrid, Budapeste, Norrköping, Viena, Witten, Berlim, Amesterdão e Bruxelas. O projecto The Ring Saga, com música de Richard Wagner adaptada por Jonathan Dove e Graham Vick, levou o Remix Ensemble ao Festival Musica de Estrasburgo, Cité de la Musique em Paris, Saint-Quentin-en-Yvelines, Théâtre de Nîmes, Le Théâtre de Caen, Grand Théâtre du Luxembourg e Grand Théâtre de Reims. Em 2012 fez a estreia mundial do concertino para piano Jetzt genau! de Pascal Dusapin no programa de encerramento do Festival Musica de Estrasburgo, apresentou-se na Fundação Gulbenkian em Lisboa e na Filarmónica de Berlim. Entre os projectos para 2013, destacam-se cine-concertos com o acompanhamento ao vivo de filmes como Paris qui dort, de René Clair, ou Un Chien Andalou, de Luis Buñuel, a ópera Quartett, de Luca Francesconi, com encenação de Nuno Carinhas, e a estreia de encomendas da Casa da Música a Pedro Amaral, Brian Ferneyhough, Luís Antunes Pena, Oscar Bianchi e Wolfgang Mitterer. O Remix tem nove discos editados com obras de Pauset, Azguime, Côrte-Real, Peixinho, Dillon, Jorgensen, Staud, Nunes, Bernhard Lang, Pinho Vargas, Wolfgang Mitterer e Pascal Dusapin. Jonathan Ayerst piano Após os estudos na Escola da Catedral de Wells e na Royal Academy of Music, Jonathan Ayerst ganhou vários prémios que lhe permitiram ter aulas particulares com a prestigiada pianista arménia Nellie Akopian. Em 2000 foi nomeado pianista do Remix Ensemble. Paralelamente, deu vários recitais em salas como a Wigmore Hall, a Purcell Room em Londres e o Museu Gulbenkian. Gravou o repertório integral para violino e piano de Franz Liszt na Hyperion. Foi organista principal na Igreja de St. Benet Fink em Londres e deu concertos de órgão na Alemanha, Reino Unido e Porto. Inclui nos seus recitais composições suas, editadas pela Warwick Music. Em 2011 foi premiado com a Fellowship of the Royal Violino Angel Gimeno José Pereira Viola Trevor McTait Violoncelo Oliver Parr Contrabaixo António A. Aguiar Flauta Stephanie Wagner Oboé José Fernando Silva Clarinete Vítor J. Pereira Fagote Roberto Erculiani Trompa Nuno Vaz Trompete Gary Farr Trombone Vítor Faria Percussão Mário Teixeira Manuel Campos Pedro Fernandes Cimbalão Luigi Gaggero Piano Jonathan Ayerst Vítor Pinho Harpa Carla Bos Bandolim António Vieira MECENAS EDIÇÕES CASA DA MÚSICA A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE

3 Igor C. Silva porto, 21 de abril de 1989 Muitas outras particularidades poderiam ser catalogadas, o que, porventura, nada acrescentaria a uma primeira audição que se deseja isenta de julgamentos prévios. 3 from underground_03, para ensemble, electrónica e vídeo Vídeo em tempo real: Pedro Maia O conceito por detrás de from underground_03 nasce, por um lado, através da analogia inerente à expressão underground enquanto lugar profundo onde reside a nossa memória, a nossa identidade, materializada de certa forma não só através do som como também dos elementos visuais (vídeo), invocando estas imagens esbatidas e pouco claras que são as nossas recordações. Por outro lado, surge através da ligação e fascínio pelas culturas artísticas/musicais underground : música electrónica, rock underground, indie, noise, free jazz etc... as quais têm uma grande influência nesta obra. O ambiente sonoro remete-nos para estas diferentes práticas musicais coexistindo electrónica, improvisação e espontaneidade. Álvaro Salazar porto, 1938 Triplo Concerto Grosso igor c. silva Encomenda da Casa da Música no âmbito das iniciativas da Capital Europeia da Cultura Porto 2001, a composição de Triplo Concerto Grosso foi morosa, arrastando-se pelos dois anos seguintes. Alguns aspectos menos conseguidos impuseram ainda uma revisão em Esse facto e atrasos sucessivos de cópia só agora possibilitam a estreia absoluta da obra, na versão camarística que o Remix Ensemble apresentará. Uma segunda versão para pequena orquestra sinfónica, talvez mais adequada ao espírito dos Concerti Grossi, fica aqui registada como mera intenção do autor. Porquê este título de Triplo Concerto Grosso? Uma das formas privilegiadas do Barroco (médio e final), teve em Corelli e Torelli os seus primeiros grandes cultores que lhe fixaram as principais características, algumas das quais herdadas do passado, então recente, da música italiana. O diálogo concertino ripieno, para referir aqui um aspecto marcante, já era prática corrente nos cori spezzati dos Gabrieli. A partitura hoje apresentada não pretende exibir estéticas, ou técnicas neo-barrocas, que aliás desrespeita constantemente. Assim, por exemplo, o Triplo não aponta para o número de instrumentos concertantes, mas para o facto de madeiras, metais e cordas desempenharem, em alternância, as funções de concertino e de tutti. Percussões e piano têm um papel supletivo, associando-se por vezes a tutti, reforçando-os. No final da obra, uma cadência de violoncelo constituirá talvez uma surpresa formal em nada ortodoxa. Leoš Janáček hukvaldy, 3 de julho de 1854 moravska ostrava, 12 de agosto de 1928 Concertino, para piano e ensemble álvaro salazar Na presente obra, Janáček propõe uma perspectiva concertante onde o piano assume um papel principal. O virtuosismo pianístico de Jan Heřman, a quem a obra é dedicada, criou o impulso criativo do compositor checo. Inicialmente intitulado Primavera, o Concertino foi estreado num concerto em 1926, em Brno, no qual o piano ficou a cargo de um outro pianista que não o inicialmente previsto e a quem o concerto teria sido dedicado. No primeiro andamento Moderato o piano assume de imediato um carácter solista, criando um diálogo com a trompa, o qual se vai intensificando cada vez mais. A escrita virtuosística é reforçada pelos apontamentos incisivos da trompa que, por outro lado, contrasta também com sonoridades mais doces, num carácter próximo do responsorial, não deixando, no entanto, o piano descer para segundo plano. O segundo andamento Più mosso inicia-se de forma absolutamente enérgica, contrastando com o anterior. Aqui o clarinete é o instrumento escolhido pelo compositor para criar um diálogo (ainda mais cerrado que o anterior) com o piano, com uma escrita rítmica por vezes próxima de ambientes da música popular checa. O terceiro andamento Con moto, apesar de funcionar como uma extensão e desenvolvimento do anterior, apresenta uma novidade: pela primeira vez é notória a escrita para o ensemble completo, onde a escrita para cordas (dois violinos e viola) se torna clara e o timbre desta junção cria um novo ambiente sonoro. O quarto e último andamento Allegro inicia-se com uma orquestração extremamente expressiva, oscilando entre uma escrita rítmica, enérgica, por vezes com um carácter quase cómico, e um ambiente mais denso e escuro, contrastando com o anterior. lugoj (hungria), 19 de fevereiro de 1926 Mensagens da falecida Menina R. V. Troussova, op.17, para soprano e ensemble, apesar de contemporâneo das tendências seriais de Darmstadt, apresenta uma perspectiva singular na abordagem compositiva, destacando-se assim do panorama geral dominado em grande parte pelos fundamentos matemáticos do serialismo integral. Provavelmente, um dos pontos de ligação entre o compositor ro-

4 meno e as modas alemãs está na perspectiva abstracta que Kurtág imprime na sua música, usando muitas vezes o som pelo som, como podemos escutar em Mensagens da falecida Menina R. V. Troussova. Nesta obra, contrasta a escrita da voz, onde é possível ouvir melodias definidas e bem delineadas, com um pano de fundo criado pelo ensemble. Este segundo plano, por vezes destacado como plano principal, assemelha-se claramente a sonoridades electrónicas apesar de ser criado por instrumentos acústicos, com subtilezas tímbricas e gestuais dignas dos estúdios electrónicos de Colónia nos anos 60. Esta perspectiva eleva a música a um patamar onde o som aparece por vezes não só como um meio, mas sobretudo como um fim, sendo este o responsável pelos ambientes incrivelmente detalhados, refinados e altamente imaginativos que o compositor criou. A voz dá vida sonora a vinte e um poemas de Rimma Dalos, poetisa russa nascida em Na simbiose entre voz e instrumentos acústicos, a palavra é muitas vezes usada não só pela carga afectiva e simbólica, como também pelo próprio som, jogando com timbres, articulações e sonoridades de uma delicadeza inacreditável e sensualidade surpreendente. Mensagens da falecida Menina R. V. Troussova foi composta entre 1976 e 1980, a propósito de uma encomenda do recentemente criado Ensemble intercontemporain, e estreado em 1981 sobre a direcção de Sylvain Cambreling. igor c. silva 4 Mensagens da falecida Menina R. V. Troussova Poema: Rimma Dalos I. SOLIDÃO Cessei de sorrir, O vento gelado arrefece-me os lábios, Uma esperança extingue-se, Haverá uma canção mais. (Anna Akhmatova) 1. Num espaço Num espaço de 6 por 4 metros sob uma pressão de atmosferas de solidão por graus de desejos não realizados um ser humano está regelado. 2. O dia cai O dia cai como uma guilhotina, o dia, coberto de promessas, com a salvação daqueles que não têm salvação com mentiras, disfarces, intrigas, com novos caminhos de verdade em farrapos de mentiras e covardia. Solidão deslacrada de uma existência vazia. as migalhas restantes da confiança entaladas entre dois beijos. II. UM POUCO ERÓTICO e contrafeita, esta canção a deixo à mercê do escárnio e das injúrias, pois para a alma um silêncio amoroso é insuportavelmente doloroso. (Anna Akhmatova) 1. Febre Und wenn ein Irrlicht Euch die Wege weisen soll, So must Ihrs so genau nicht nehmen. (Faust I,Walpurgisnacht) Febre, febre, febre febre de desejo. Tenho sede de ti como da humidade vivificante, Agarra-te a mim com toda a força das tuas pernas, com o teu peito, com a concavidade do teu estômago, sente a seda da minha pele com os teus dedos nervosos. O teu beijo não me salvará apenas me envenena. Quero tomar-te por inteiro, sem nada desperdiçar. Não vês como ardo de desejo por ti? 2. Dois corpos entrelaçados Dois corpos entrelaçados, vermelho, branco, negro. Deleite delirante das carícias de amor. A minha pele tornou-se rosa, ardendo sob os teus beijos, o teu rosto tornou-se pálido do desejo reprimido. 3. Porque não haveria eu de guinchar Porque não haveria eu de guinchar como um porco quando em redor, todos grunhem? 4. Chastushka Morde-me a cabeça, morde-me os seios! Estou nua perante ti, Por isso morde-me onde quiseres.

5 III. EXPERIÊNCIA AMARGA SATISFAÇÃO E DESGOSTO E havia uma alegria fatal Em espezinhar os mistérios sagrados, E prazer insano do coração Uma paixão amarga, como absinto! (Alexander Blok) 1. Pousaste o meu coração Pousaste o meu coração na palma da tua mão, que então, cuidadosamente, viraste. 2. Mistério imenso Mistério imenso assim é o amor. Haverá felicidade maior? 10. Ama-me Ama-me, Perdoa-me Os meus desejos são tão simples. 11. Acerto de contas Olho por olho, amor por amor; E então a doce humilhação Do acerto de contas pago em prestações. 12. Joguete Que as minhas palavras não soem como censura: Eu fui apenas um joguete, mas acreditei que era a heroína Seixos O meu amor trouxe-me seixos. O seu colorido rico alegra-me. 4. A fina agulha A fina agulha do sofrimento trespassa-me o coração. Então morrerei. 5. Sei que o meu amado Sei que o meu amado não precisa de mim. Porém, durmo tranquila. 6. Flores de Outono fenecendo Flores de Outono fenecendo, Chuva monótona e incessante. Assim a vida se separa da natureza 7. Em ti busco a minha salvação Em ti busco a minha salvação, e encontro a minha queda. 8. Os teus desaparecimentos Os teus desaparecimentos são como lapsos de memória. Linhas em falta na acção. Mas há ainda uma outra linha, a que se chama tempo. 13. Porque pronunciaste Porque pronunciaste essas palavras horríveis, quando chovia torrencialmente? 14. Sob a enxurrada Sob a enxurrada de olhares lascivos eu estava nua até aos ossos. 15. Por tudo Por tudo o que alguma vez fizemos juntos sou eu que estou a pagar. Epílogo de Alexander Blok, poeta amado apaixonadamente pela defunta: Voa, como voou e se apagou A noite ardente, a noite de antanho Tu, tempo, da lembrança apaga os vestígios, E enterra o caminho sob a neve. [Manhã cinzenta, 29 de Novembro de 1913] 9. Sem ti Sem ti sou como aquela mulher no banho com os seios decepados. Tradução de Fernando P. Lima a partir das versões francesa (Kató Vargyas) e inglesa (Stuart Campbell/Ksenia Norall)