Informática e a Tecnologia Assistiva: Uma parceria que promove inclusão
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- Amanda Coimbra Dreer
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1 Informática e a Tecnologia Assistiva: Uma parceria que promove inclusão Andressa de Oliveira Machado, Jonathan Luís Hackenhaar Faculdade Cenecista de Osório (FACOS) Rua 24 de Maio, Osório RS Brasil andressa.facos@hotmail.com; jonathanhackenhaar@yahoo.com.br Resumo. O presente artigo apresenta uma proposta de MED Material Educacional Digital através de elementos da Informática e da Tecnologia Assistiva para a inclusão de um grupo de usuários que possuem necessidades visuais especificas. O MED projetado foi um blog, desenvolvido para ser um espaço online de discussões, na qual professores, supervisores, equipes diretivas e alunos poderão acessar e contribuir, relatando a convivência com alunos com algum tipo de deficiência visual. Com a utilização do MED espera-se que as pessoas com deficiência visual, através da utilização dos recursos das TIC no ambiente educacional, através dos feedbacks postados das discussões e das trocas de ideias, obtenham melhorias no processo de ensino aprendizagem de acordo com as necessidades por elas ressaltadas. Palavras-chave: Tecnologia Assistiva, Inclusão e Material Educacional Digital Abstract. This paper presents a DEM - Digital Educational Material - through elements of Computer and Assistive Technology for the inclusion of a group of users who have specific visual needs. The projected MED was a blog, designed to be an online discussion in which teachers, supervisors, management team and students can access and contribute, reporting the living with students with visual impairments. With the use of MED is expected that people with visual impairments, through the use of ICT resources in the educational environment, through posted feedback on discussions and exchanges of ideas, could obtain improvements in teaching-learning process according to the needs highlighted by them. 1. Introdução Observa-se por acessibilidade, segundo o Decio - Dicionário Online de Português, qualidade do que é acessível, do que tem acesso. Facilidade, possibilidade na aquisição, na aproximação: a acessibilidade de um emprego. Podemos ainda levar em conta o que diz o Léxico Dicionário Online de Português: Facilidade de acesso: permitir a acessibilidade. Então, pode-se assim entender por acessibilidade toda e qualquer adaptação que se faça arquitetonicamente ou ainda, em prestação de serviços/informações e também a produtos, para que assim toda e qualquer pessoa possa, com autonomia, executar toda e qualquer tarefa de seu dia-a-dia. Sabe-se que ainda passamos por grandes dificuldades para chegarmos a um padrão visivelmente positivo em aspectos de acessibilidade. Para que isso seja possível, principalmente a sociedade deve passar por um processo de reeducação onde possa se informar e se conscientizar sobre o assunto. Já existem leis que asseguram acessibilidade a, principalmente, todo aquele que tenha algum tipo de deficiência, como no DECRETO Nº DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004, Revista itec Vol. III, Nº 3, Dez Página 25
2 que visa o atendimento prioritário de pessoas com deficiência física, auditiva, mental (hoje chamada de deficiência intelectual) ou visual e, ainda, da Implementação da Acessibilidade Arquitetônica e Urbanística, entre outras. A Tecnologia Assistiva TA, pode ser entendida como todo recurso que proporcione às pessoas carentes de certa condição física o poder de executar tarefas com autonomia e maior segurança ou, em outras palavras, é todo e qualquer recurso/serviço que possa suprir a necessidade física do sujeito seja ela causada por deficiências ou envelhecimento. E além dessa independência, possa ainda promover a inclusão social. Segundo o Blog NTEASSISTIVAS (2007), isso se dá através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade A Tecnologia Assistiva ajuda na produção dos recursos próprios fazendo com que estes sejam eficientemente funcionais. Para que a TA possa se dar de fato, precisa-se de um grande grupo de profissionais e, estes, de várias áreas (como por exemplo, da medicina até a engenharia). O serviço de TA auxiliará, a partir da avaliação do usuário, na seleção ou confecção do recurso apropriado, na elaboração de estratégias para um bom desempenho funcional e na aplicação e ensino de utilização do recurso, em prática contextualizada, na tarefa pretendida. Os serviços de TA comumente envolvem profissionais de áreas como a: Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Educação, Psicologia, Enfermagem, Medicina, Engenharia, Arquitetura, Design e técnicos de muitas outras especialidades. No contexto da TA, foi elaborado um MED Material Educacional Digital, um blog que tem como tema a educação para alunos que possuem deficiência visual. O MED foi projetado para ser um espaço de discussão, troca de ideias entre professores, alunos e a comunidade cega em geral, para que cada participante com o seu ponto de vista, no grupo, favoreça o desenvolvimento da educação para a comunidade. O artigo está estruturado da seguinte forma, na seção 2 o assunto abordado é sobre o Uso dos Recursos de Informática e as TA Tecnologias Assistivas, na subseção 2.1 falamos sobre TA para usuários com deficiência visual, na seção 3 viemos com a proposta do MED Material Educacional Digital encerrando com as Considerações Finais na seção Uso dos Recursos de Informática e as TA - Tecnologias Assistivas Os recursos de TA não são classificados uniformemente. Estes podem vir a beneficiar a vida diária e prática daqueles que a utilizam. Um exemplo simples de utensílios que possam ser modificados são os talheres. Ou exemplo, são as adaptações arquitetônicas, onde há uma gama muito grande de modificações que devem ser feitas a fim de proporcionar a essas pessoas, a dignidade de construir sua independência, como em colocar barras de apoio no banheiro, colocar piso tátil, ou até mesmo rampas que facilitem a locomoção de cadeirantes. Não é possível deixar de citar, as adaptações de hardware e de software que possibilitam a essas pessoas o uso do computador com autonomia. Sabe-se que praticamente tudo atualmente gira em torno desta tecnologia que também ajuda no desenvolvimento e elaboração da TA. Essas adaptações do computador são importantes para que a educação e o lazer, por exemplo, estejam disponíveis para todos, não importando suas limitações físicas ou intelectuais. Atualmente, existem muitos equipamentos de qualidade já em estado de comercialização, até mesmo aqui no Brasil. Porém, além de fazerem-se útil de uma tecnologia muito boa que lhes proporciona essa tal qualidade, isso tem um preço. E é essa justamente sua desvantagem, requer um alto investimento que na maioria das vezes quem realmente necessita, não pode pagar. Quando se fala em acessibilidade em um ambiente escolar, por exemplo, um Laboratório de Informática, deve ser elaborado um estudo de caso, sendo analisado e discutido com profissionais Revista itec Vol. III, Nº 3, Dez Página 26
3 de diferentes áreas a fim de possibilitar ao aluno a melhor decisão de adaptação de acordo com a sua necessidade. Para Selwyn (2008): o uso de tecnologias para aprimorar os resultados educacionais e promover a inclusão social na educação toma duas formas principais. A primeira é o uso de tecnologias para promover a inclusão social em termos de oportunidades e resultados educacionais. Há muito, as TIC Tecnologia de Informação e Comunicação foram promovidas como meios particularmente apropriados para que os cidadãos desempenhassem papéis ativos na melhoria das perspectivas educacionais. A segunda é o uso da educação para garantir a inclusão social em termos de oportunidades e resultados tecnológicos Neste sentido, instituições educacionais como as escolas, as faculdades, as bibliotecas e os museus propiciam um acesso às TIC, uma vez que se considera que a formação em competências e perícias tecnológicas fornece aos indivíduos as capacidades informacionais necessárias para tirar o melhor proveito das TIC. Sá (2006) relata o caso de um estudante de 26 anos cego faz as provas e outros trabalhos escolares por meio do computador. Ele utiliza o correio eletrônico, o Skype e o MSN para enviar e receber arquivos, tirar dúvidas e resolver questões de Língua Portuguesa e de Matemática com seus professores em uma escola de ensino regular noturno. Além disso, utiliza o computador como ferramenta de trabalho para transmissão de tele-mensagens. Por ser cego havia desistido de estudar a partir da quinta ou sexta série. Ele retomou os estudos em 2005, a partir de sua experiência como usuário do Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual de Belo Horizonte CAP-BH que mantém uma Escola de Informática e Cidadania EIC. A interação que ocorre entre as TA e a Educação Informatizada é um exemplo de inclusão e rompimento com a Educação Tradicional, que não possibilitava espaço para sua promoção, com isso houve uma quebra de paradigmas, onde na atualidade, a Educação é que se adapta ao aluno, incluindo-o, e tendo como agentes mediadores os recursos de TIC. 2.1 Tecnologias Assistivas para usuários com deficiência visual Segundo Sá (2006): O uso de computadores por pessoas cegas é tão ou mais revolucionário do que a invenção do Sistema Braille que, aliás, é incorporado e otimizado pelos meios informáticos tendo em vista possibilitar a leitura inclusive de indivíduos surdo-cegos. A linha ou display braille é um dispositivo eletrônico que reproduz o texto projetado na tela pelo impulso de agulhas com pontos salientes, dispostos em uma superfície retangular acoplada ao teclado, representando a cela braille, para ser lida por meio do tato, de modo equivalente à leitura dos pontos em relevo no papel. Trata-se de uma alternativa cara e rara no Brasil. Para a autora os softwares ampliadores de tela ou de caracteres aumentam o tamanho da fonte e das imagens na tela do computador para os usuários que têm baixa visão. Muitos deles utilizam combinações específicas de cores contrastantes para texto e fundo da página ou escolhem certos tipos de fontes com traços mais adequados e condizentes com o campo ou ângulo de visão. São exemplos de softwares utilizados por deficientes visuais, segundo o SERPRO Serviço Federal de Processamento de Dados: Leitor de Tela: é um software que lê o texto que está na tela do microcomputador e a saída desta informação é através de um sintetizador de voz ou um display braille - o leitor de tela "fala" o texto para o usuário ou dispõe o texto em braille através de um dispositivo onde os pontos são salientados ou rebaixados para permitir a leitura. Navegador Textual: é um navegador baseado em texto, diferente dos navegadores com interface gráfica, onde as imagens são carregadas. O navegador textual pode ser usado Revista itec Vol. III, Nº 3, Dez Página 27
4 com o leitor de tela por pessoas cegas e também por pessoas que acessam a internet com conexão lenta. Navegador com Voz: é um sistema que permite a navegação orientada pela voz. Alguns possibilitam o reconhecimento da voz e a apresentação do conteúdo com sons, outros permitem acesso baseado em telefone (através de comando de voz pelo telefone e/ou por teclas do telefone). Sá (2006) nos transmite a ideia de que os recursos tecnológicos em conjuntura com o ambiente do Laboratório de Informática (na escola) ou em casa mesmo, traz ao usuário a ideia de inclusão, de igualdade, não no sentido de padronizar os alunos, nos remetendo que todos têm que ser iguais, mas que por meio de suas particularidades eles também estejam inseridos no ambiente escolar de forma ativa e sintam-se aptos a realizar o que lhe é proposto. 3. Proposta do MED - Material Educacional Digital A proposta do MED desenvolvido pelos autores é um blog disponível em que tem como foco principal fazer com que as pessoas que tenham alguma deficiência visual (tipo baixa visão) adquiram conhecimento sobre softwares que possibilitam um melhor uso e aproveitamento dos recursos tecnológicos. O blog é um lugar projetado para discussão, formulação de novas ideias apontadas pelos participantes, pois o espaço disponibilizado tem o funcionamento como de uma mesa de discussões, porém em formato virtual. O blog foi desenvolvido para ser um espaço online de discussões, ou seja, as pessoas de grupos escolares (professores, supervisores, equipes diretivas e alunos) poderão acessar e contribuir, de acordo com a convivência com alunos com algum tipo de deficiência visual, o blog também conta com link de download de uma lupa virtual, que auxiliará algum usuário que tenha problema de baixa visão. A troca de ideias é o mecanismo principal de funcionamento do blog, a partir dos resultados das discussões, serão formuladas novas maneiras de melhorar o processo de ensinoaprendizagem de alunos com deficiência visual. O espaço disponibilizado pelo blog pode ajudar professores, alunos, enfim, toda a comunidade escolar, devido às dicas e troca de ideias que acontecem ao longo das postagens e o mais importante, o blog é totalmente flexível, e os participantes podem dar o feedback relatando às suas experiências com a utilização das sugestões disponibilizadas no espaço online. O mais importante na troca de ideias que ocorre é o feedback, já citado acima, ele define para os autores quais as reais necessidades relatadas pela comunidade cega em expor suas dificuldades vividas no meio escolar, se utilizam alguma ferramenta (por exemplo) disponibilizada no blog, se obteve sucesso na utilização ou não, podendo trazer também relatos de suas experiências compartilhando o que deu certo e funcionou e o que não atingiu os objetivos. O objetivo do blog é esse: fazer com o que o pensamento da comunidade escolar e da sociedade (através de seus leitores e seguidores) consiga fazer a diferença, tornar a educação melhor, utilizando os recursos das TIC, aliados às necessidades da comunidade cega, buscando uma educação personalizada, de qualidade, tornando o aluno cego ou com baixa visão parte atuante no ambiente escolar. 4. Considerações Finais O homem após descobrir como fazer fogo nunca mais foi o mesmo, descobriu como modificar as coisas ao seu redor tornando-as melhores, mais atraentes, no sentido restrito, não levando em conta toda a destruição que nos aflige. Desde a modernização causada pela inserção da tecnologia no mundo, as coisas não foram diferentes, hoje temos todo o mundo em nossas mãos, conseguimos Revista itec Vol. III, Nº 3, Dez Página 28
5 ir a lugares que nunca poderíamos ir tão facilmente antes, seja pelo computador, pelo telefone celular ou tablet. Isso refletiu muito na escola, os alunos que vivem a tecnologia sentiram a diferença entre a realidade e a sala de aula, embora esse choque inicial já tenha sido vivenciado e aos poucos num processo continuo e lento está sendo deixado para traz devido à inserção dos computadores no ambiente escolar. Com isso podemos vivenciar a inclusão de alunos com necessidades especiais através da Informática, pois esta não tem preconceitos e se adapta a todo e qualquer usuário, o que é fantástico, trazendo assim conhecimento a quem não tinha voz e nem vez na Educação Tradicional. As pessoas com deficiência visual, através da utilização dos recursos das TIC no ambiente educacional, através dos feedbacks postados das discussões e das trocas de ideias, obterão melhorias no processo de ensino aprendizagem de acordo com as necessidades por elas ressaltadas. Referências DECRETO Nº DE 2 DE DEZEMBRO DE Dicio. Acessibilidade. Dicionário Online de Português. Disponível em: [ Acessado em: 10/01/12. Léxico. Acessibilidade. Discionário Online de Português. Disponível em: [http: // Acessado em: 10/01/12. NTEASSISTIVA. (2007) Tecnologias Assistivas. Blog. Disponível em [ Acessado em: 17/11/11. Sá, Elizabet Dias de. (2006) Informática para as pessoas cegas e com baixa visão. Disponível em [ Acessado em: 17/11/11. Selwyn, Neil. (2008) O uso das TIC na educação e a promoção de inclusão social: uma perspectiva crítica do Reino Unido. Disponível em [ Acessado em: 17/11/11. SERPRO. Acesso à web e Tecnologia Assistiva. Disponível em: [ v.br/acessibilidade/acesso.php]. Acessado em: 17/11/11. Revista itec Vol. III, Nº 3, Dez Página 29
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