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1 Tribunal Superior Eleitoral PJe - Processo Judicial Eletrônico 08/03/2019 Número: Classe: RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral Órgão julgador: Ministro Og Fernandes Última distribuição : 07/02/2019 Valor da causa: R$ 0,00 Assuntos: Inelegibilidade - Vínculo Conjugal, Cargo - Deputado Federal Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Partes Procurador/Terceiro vinculado PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB) - ESTADUAL (RECORRENTE) PAMELA MONIQUE CARDOSO BORIO (RECORRIDO) Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI) Id Data da Assinatura Documento Documentos MARCOS ANTONIO VIANA DE OLIVEIRA JUNIOR (ADVOGADO) RAFAEL SEDRIM PARENTE DE MIRANDA TAVARES (ADVOGADO) 08/03/ :25 Petição Petição Tipo
2 PGE Nº RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA Nº RECORRENTE Partido Socialista Brasileiro (PSB) - Estadual ADVOGADOS Marco Antônio Viana de Oliveira Júnior e Outro RECORRIDO Pâmela Monique Cardoso Bório RELATOR Ministro Og Fernandes Excelentíssimo Ministro Relator, 885/19/MPE/PGE/HJ JOÃO PESSOA/PB O, pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral, vem, à presença de Vossa Excelência, expor e requerer o seguinte: - I - 1. Consta dos autos que o Diretório Estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB) interpôs recurso contra expedição de diploma em desfavor de Pâmela Monique Cardoso Bório, eleita suplente de Deputada Federal no pleito de 2018, pelo Estado da Paraíba (ID ). 2. Segundo a inicial, a recorrida foi casada com Ricardo Vieira Coutinho, Governador do Estado da Paraíba até 31 de dezembro de 2018, tendo se divorciado em 17 de março de Destaca que, nos termos do art. 14, 7º, da Constituição da República, são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 4. Afirma que o fato de ter se divorciado de Ricardo Coutinho ainda em 2015, primeiro ano de seu mandato de Governador, não afasta a inelegibilidade reflexa da recorrida, pois, consoante a Súmula Vinculante nº 18, a dissolução da HJ/P/RKBC RCED /5 E 2018 Num Pág. 1
3 sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no 7º do artigo 14 da Constituição Federal. 5. Nesse contexto, postula o provimento do recurso contra expedição de diploma, para cassar o diploma de suplente de Deputada Federal da recorrida. 6. Por meio de petição protocolizada em 23 de janeiro de 2019, o recorrente desistiu do presente recurso contra expedição de diploma (ID ). 7. Em despacho proferido em 28 de janeiro de 2019, determinou-se a remessa dos autos ao Tribunal Superior Eleitoral (ID ), ressaltando-se que a desistência manifestada pelo recorrente não implica extinção do feito sem resolução do mérito, tendo em vista a natureza pública da matéria, in casu, inelegibilidade de natureza constitucional, prevista no artigo 14, 7º, da Constituição Federal e Súmula Vinculante nº 18 do STF, cabendo ao Procurador-Geral Eleitoral a atribuição para dar continuidade, se for o caso. 8. Devidamente intimada (ID ), não há notícia nos autos quanto à apresentação de contrarrazões pela recorrida. 9. Recebidos os autos no Tribunal Superior Eleitoral, foram remetidos ao Ministério Público Eleitoral. - II Inicialmente, verifica-se que o recorrente desistiu do recurso contra expedição de diploma por ele proposto, razão pela qual o Ministério Público Eleitoral, neste ato, encampa a ação, assumindo a titularidade do polo ativo. 11. Há que se ter em vista que o Parquet eleitoral possui legitimidade para assumir a titularidade recursal, nas hipóteses em que houver pedido de desistência por parte do Agravante, ante o hibridismo ínsito ao processo eleitoral, que tutela não apenas as pretensões subjetivas, mas também visa salvaguardar interesses transindividuais, e.g. a higidez, a normalidade e legitimidade do prélio 1. - III O presente recurso contra expedição de diploma foi proposto em face da recorrida em razão de ela ter sido casada com Ricardo Vieira Coutinho Governador do Estado da Paraíba até 31 de dezembro de 2018, de quem se divorciou em 17 de março de 2015, conforme faz prova o documento ID TSE, processo: Ação Cautelar nº , rel. Ministro Luiz Fux, acórdão publicado no DJe em 2 de junho de HJ/P/RKBC RCED /5 Num Pág. 2
4 13. Pois bem. O art. 14, parágrafo 7º, da Constituição Federal, que trata da denominada inelegibilidade reflexa, impõe ao titular da chefia do Poder Executivo sua desincompatibilização do cargo seis meses antes do pleito, a fim de que se permita ao seu cônjuge (ou companheiro) e parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, disputar cargos eletivos no território de sua jurisdição. 14. Essa interpretação decorre da redação do parágrafo 6º do mesmo art. 14, que prevê: para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 15. Ora, se o titular do Poder Executivo pode se candidatar a outros cargos eletivos em seu território de jurisdição na hipótese de desincompatibilizar seis meses antes do pleito, nada impede que seus parentes também se candidatem nessa situação. 16. Esse, aliás, é o entendimento adotado pelo Tribunal Superior Eleitoral. A conferir: ELEGIBILIDADE. PREFEITO REELEITO. CASSAÇÃO 2º MANDATO. CANDIDATURA. MESMO CARGO E MESMO MUNICÍPIO. PLEITO SUBSEQÜENTE. ELEGIBILIDADE. CARGO EXECUTIVO MUNICIPAL. CÔNJUGE. PARENTES 2º GRAU. ELEGIBILIDADE. CÂMARA DE VEREADORES. PREFEITO REELEITO CASSADO. CÔNJUGE. PARENTES 2º GRAU. [...] - Tendo em vista que, no caso, a cassação ocorreu no segundo mandato, antes do prazo de seis meses exigidos para a desincompatibilização, o prefeito reeleito, seu cônjuge e seus parentes poderão se candidatar ao cargo de vereador no pleito subseqüente (art. 14, 6º, da CF). Respondido positivamente. 2 ELEGIBILIDADE. CÔNJUGE E PARENTES. GOVERNADOR. ART. 14, 7, DA CONSTITUIÇÃO. O cônjuge e os parentes de governador são elegíveis para sua sucessão, desde que o titular tenha sido eleito para o primeiro mandato e renunciado até seis meses antes do pleito (Res./TSE /2002) Entretanto, não tendo havido renúncia ao cargo pelo chefe do Executivo, atrai-se a incidência do art. 14, 7º, da Constituição, por força do qual o cônjuge e parentes de Governador não podem disputar cargo eletivo que tenham base no mesmo 2 Consulta nº 1548, rel. Ministro Marcelo Ribeiro, acórdão publicado no DJ em 15 de maio de Grifo acrescido. 3 Recurso especial eleitoral nº 20239, rel. Ministro Sepúlveda Pertence, acórdão publicado em sessão em 1º de outubro de Grifo acrescido. HJ/P/RKBC RCED /5 Num Pág. 3
5 Estado, quer seja em eleição federal (Deputado Federal e Senador embora federais, a circunscrição desses cargos é o Estado), estadual (Deputado Estadual, Governador e Vice) e municipal (Prefeito, Vice e Vereador) E, no caso concreto, não houve renúncia do Governador Ricardo Vieira Coutinho seis meses antes do pleito eleitoral de Destaque-se, ainda, que o fato de o divórcio ter ocorrido no início do mandato, ainda em 2015, não afasta a hipótese de inelegibilidade em apreço, nos termos da Súmula Vinculante nº 18, que dispõe que a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no 7º do artigo 14 da Constituição Federal. 20. Nesse ponto, importante destacar que o caso sob análise guarda identidade com os três precedentes que renderam à edição do referido enunciado sumular, uma vez que o entendimento neles assentado é idêntico àquele cuja aplicação ora se postula. 21. No caso do RE nº /MG, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, o Supremo Tribunal Federal consignou que se a separação judicial ocorrer em meio à gestão do titular do cargo que gera a vedação, o vínculo de parentesco, para os fins de inelegibilidade, persiste até o término do mandato, inviabilizando a candidatura do ex-cônjuge ao pleito subseqüente, na mesma circunscrição, a não ser que aquele se desincompatibilize seis meses antes das eleições Já na decisão monocrática proferida no RE nº /PR, de lavra do Ministro Carlos Ayres Britto, negou-se provimento ao recurso extraordinário interposto contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral, assentando-se que o entendimento externado no acórdão recorrido coadunava-se com a jurisprudência do STF, no sentido de que a dissolução da sociedade conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade de que cuida o 7º do art. 14 da Constituição da República Por último, no que se referente ao precedente consubstanciado no RE nº /PE 7, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, o Supremo Tribunal Federal igualmente assentou que o divórcio havido no curso do mandato não afasta a inelegibilidade reflexa do art. 14, 7º, da Constituição Federal. 4 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2018, p Publicado no DJe em 22 de novembro de Publicado no DJe em 19 de outubro de Publicado no DJe em 9 de setembro de HJ/P/RKBC RCED /5 Num Pág. 4
6 24. Todavia, o STF deixou de reconhecer a inelegibilidade, nesse precedente, em razão de uma peculiaridade fática, qual seja, a de que a sentença que homologou o divórcio reconheceu, expressamente, que a separação de fato ocorreu antes do início do mandato. Com base nessa particularidade, o STF entendeu por bem afastar a inelegibilidade em apreço, uma vez que a dissolução da sociedade conjugal ocorrera antes do início do mandato eletivo, situação que não se verifica no caso concreto. 25. Por fim, não ter sido a causa de inelegibilidade em apreço arguida em sede de impugnação de registro de candidatura não afasta a possibilidade de sua análise neste momento, uma vez que as inelegibilidades que lastreiam a interposição do Recurso Contra a Expedição de Diploma (RCED) são de duas ordens: em primeiro lugar, as inelegibilidades de caráter constitucional, constituídas a qualquer momento, não sujeitas ao instituto da preclusão; e, em segundo lugar, as inelegibilidades de natureza infraconstitucional que surgirem após a formalização do registro de candidatura 8. - IV Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral, neste ato, encampa o presente recurso contra expedição de diploma, assumindo a titularidade do polo ativo, requerendo a procedência do pedido formulado na inicial, com a cassação do diploma da recorrida, dando-se cumprimento à Súmula Vinculante nº 18. HUMBERTO JACQUES DE MEDEIROS Vice-Procurador-Geral Eleitoral Brasília, 6 de março de Documento assinado digitalmente com sua versão eletrônica arquivada no Ministério Público Federal e protegida por algoritmo de Hash. 8 TSE, Agravo de Instrumento nº , rel. Ministro Luiz Fux, acórdão publicado no DJe em 6 de abril de HJ/P/RKBC RCED /5 Num Pág. 5
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