Robin Hood só é legal em livros

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1 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 7/7/2007, E DOMINGO, 8/7/ O Diário Gaúcho começa hoje a contar uma história. Durante dez sábados, o jornal vai relembrar uma época que marcou o crime organizado no Rio Grande do Sul. Uma época diferente da atual: um tempo em que os bandidos cometiam atrocidades, assaltos e tráfico de drogas, mas protegiam as comunidades onde moravam. Hoje, os criminosos da nova geração transformam em vítimas seus próprios vizinhos. O primeiro capítulo da história está publicado nas páginas seguintes e ocorreu há 20 anos. Ela começa com o motim do Presídio Central, de Porto Alegre, em Foi quando os gaúchos descobriram que a massa carcerária do Estado atuava sob um comando único, embora espalhada por diversas casas e unidades prisionais, em diferentes cidades. Foi quando se ouviu falar, pela primeira vez, na tal Falange Gaúcha, uma união de presos que, já naquela época, comandava os crimes mesmo atrás das grades. Traficantes cuidavam da comunidade São deste período personagens como Anão e Carioca. Traficantes poderosos, eram os donos do Morro da Cruz. Operavam a venda de drogas a partir das vielas na parte alta do Partenon. E Parece filme policial: táxi invade o saguão do Plaza em 8 de julho de 1994 cuidavam da comunidade: no morro, ninguém matava, roubava ou estuprava. Também não faltavam comida nem roupa para os moradores. O último capítulo da história se desenrola num 8 de julho, como neste domingo. Só que em Numa noite fria de sexta-feira, Melara e Fernandinho, dois dos principais criminosos da época, promoveram uma rebelião no mesmo Presídio Central do início da história e fugiram, deixando um rastro de sangue e morte pela madrugada. A perseguição à dupla terminou com uma cena só vista nos filmes policiais: um táxi invadiu o saguão do então principal hotel da Capital, o Plaza São Rafael. No dia seguinte, a dupla se entregou. Melara foi morto a tiros depois de fugir da prisão, em Charqueadas, em janeiro de Seu corpo apareceu perfurado a bala, numa colônia japonesa no Interior de Dois Irmãos. Com sua morte, chegou ao fim uma geração de criminosos. Um especialista escreve sobre o assunto A missão de contar a história foi entregue a um jornalista que viveu boa parte dela: Renato Dornelles, 43 anos, 21 de profissão. Como repórter policial de Zero Hora, cobriu rebeliões e entrevistou boa parte dos bandidos. E, para apresentá-la de forma diferente ao leitor durante os dez sábados, colegas se uniram a Renatinho: a diagramadora Flávia Kampff, o ilustrador Alexandre Oliveira e a estudante de Jornalismo Denise Waskow. Formaram uma quadrilha do bem, que trabalhou pensando no nosso leitor. Robin Hood só é legal em livros Por fim, é preciso deixar uma coisa bem clara. O Diário Gaúcho não quer com esta reportagem transformar bandidos em heróis ou passar para seus leitores a sensação de que é seguro ter uma organização criminosa cuidando de seu bairro. Bandidos devem pagar por seus crimes. E cidadão nenhum tem a obrigação de se submeter ao mal para viver com uma falsa tranqüilidade. Histórias como a de Robin Hood, que tirava dos ricos para dar aos pobres, só são legais nos contos infantis. A idéia de relembrar o passado serve para registrar como atuavam quadrilhas que hoje não mais existem. Não são bandidos melhores nem piores do que os atuais. São diferentes. E, no desenrolar dos acontecimentos, também serão lembrados atos heróicos de homens da lei bravos e honrados, que lutaram para enfrentar os malfeitores. Alguns policiais deram sua própria vida nesta missão. Estes exemplos, sim, queremos que fiquem para sempre, por serem dignificantes. Boa leitura a todos. Renato acompanha a saída de reféns em Charqueadas O time do bem: Denise (E), Alexandre, Flávia e Renato (sentado) ALEXANDRE BACH EDITOR-CHEFE

2 30 Terror no Central Texto: Renato Dornelles Fotos: Banco de Dados Arte: Alexandre Oliveira Diagramação: Flávia Kampff Colaboração: Denise Waskow Presídio Central: local em que surgiu a Falange Gaúcha Numa das celas da maior prisão gaúcha, o assaltante Vítor Paulo Mahus Fonseca, o Vico, 22 anos, não conseguia controlar a ansiedade durante a madrugada de 28 de julho de Estava prestes a, juntamente com outros oito apenados, colocar em prática um audacioso plano de fuga do Presídio Central. Amanheceu. Seguindo o plano, Vico juntou-se a Silvino Vogel, o Alemão Frida, e a Jocélio Teixeira no térreo do Pavilhão B. Os três, com dois revólveres calibre 38 e uma pistola 7.65 que haviam sido colocados no presídio dentro de um botijão de gás, fi zeram uma religiosa refém. Usando-a como escudo, seguiram em rápidas passadas até o saguão do prédio da administração. No caminho, encontraram dois agentes penitenciários. Foram ouvidos 14 ou 15 tiros. Pouco depois, um dos agentes, Milton Clarel de Azevedo, com um balaço na barriga, estava estendido no saguão. No canto oposto, estava o corpo de Jocélio. Vico e Frida seguiram em frente e já chegavam ao portão Dois mortos no início do motim de acesso ao Instituto de Biotipologia Criminal (IBC), em prédio anexo. Estavam sendo aguardados por Arno Kaulkmann da Rosa, o Alemão Arno, Pedro Adelar dos Santos, Luís Ronaldo Mercaus, o Prego, Camilo de Melo, o Camelinho, Paulo Ricardo Silveira dos Santos Roeper, o Paulinho Escort, e Humberto Luciano Brás de Souza, o Carioca. Os oito, sem maiores difi culdades, dominaram um guarda e cruzaram o portão que separava o presídio do IBC. Em pouco tempo, a porta da sala onde reuniam-se psicólogos, psiquiatras e estagiários responsáveis pelas avaliações de presos 19 mulheres e 12 homens foi aberta bruscamente. Todo mundo quieto, senão...e Carioca, tranqüilo vai todo mundo pra banha gritou Frida. O grupo, agora, tinha 31 reféns. Frida, nervoso... Falange, uma quadrilha a fu A notícia do motim espalhou-se rapidamente. Centenas de policiais militares e civis, seguidos de um batalhão de jornalistas, logo chegaram ao presídio. Os profi ssionais de imprensa colocaramse junto à cerca lateral da prisão, a poucos metros das janelas das salas nas quais os oito bandidos ameaçavam os 31 reféns. Daquele local, era possível ouvir os amotinados: Se a polícia invadir, morre todo mundo gritou Frida. Vico deu um aviso: Só queremos ir embora. Não vamos ferir ninguém. Agora vai sair daqui uma quadrilha a fu. O anúncio feito por Vico dizia respeito à associação dos assaltantes de banco ao tráfi co de drogas. Era, também, a confi rmação da Falange Gaúcha. A organização havia sido tramada mediante um pacto, travado no interior de prisões que, além dos envolvidos no motim de 1987, incluía, entre outros, José Astrogildo Pereira Fontella, o Professor, Dilonei Francisco Melara, Cézar Fernandes, o Baleia, Jorge Luiz Devitz, o Piá, e Jesus Aderbal Martins, o Toco. À exceção de Carioca, trafi cante, os demais eram assaltantes. Pelo pacto, assumiram um compromisso: a criação de um caixa comum. O fundo da organização, alimentado pelas atividades criminosas dos que estivessem em liberdade, serviria não só para fi nanciar novas fugas, mas igualmente para amenizar condições de vida no cárcere, principalmente através da compra de vantagens. A organização, criada havia poucos meses, seguia o modelo do Comando Vermelho, do Rio. Ou seja, assaltantes e trafi cantes unidos para comandar presídios e favelas. As exigências dos presos foram aceitas pelas autoridades das áreas da Justiça e da Segurança Pública. A conclusão era de que não poderiam correr riscos: com 31 vidas em seu poder, os oito bandidos dominavam a situação. Decidiram, então, ceder-lhes dois automóveis Monza e permitir-lhes a fuga. Paulinho (E) entra no Monza para testá-lo

3 30 Vico é executado Após o motim no mês de julho no Presídio Central (assunto do primeiro capítulo desta série, publicado no final de semana passado), que resultou na fuga de oito bandidos, o meio policial gaúcho continuou agitado naquele ano de Principalmente pela ação da Falange Gaúcha, organização criada por um grande grupo de bandidos, nos moldes do Comando Vermelho, do Rio, para dominar o crime em prisões e favelas do Sul. O fato de maior repercussão foi o execução de Vico, um dos líderes da organização, num crime que acabaria provocando outros, numa reação em cadeia. O assunto já foi notícia no Diário 7 e 8/7/2007 Desova na margem da freeway Arno Kaulkamann da Rosa, o Alemão Arno, estava na mira da polícia. Em menos de dois meses, desde que fugira do Presídio Central, já havia assassinado outro bandido e um comerciante no município de Estrela, participado de dois assaltos a bancos em Caxias do Sul, um em São Marcos e outro em Urussanga (SC). Neste último, que teve as participações de Pedro Adelar e de Prego, dois vigilantes foram mortos. Havia ainda um assalto a um motel, em Caxias do Sul. Os casais, nus, foram reunidos numa sala grande, onde os bandidos os obrigaram a entregar talões de cheques e dinheiro. Em setembro daquele 1987, ao prenderem o condutor de um Monza roubado, policiais obtiveram uma informação preciosa: Arno estava refugiado Assaltante e companheira foram torturados Bandido bom é bandido morto não se cansava de repetir o velho e experiente policial, na manhã de 10 de agosto de 1987, enquanto observava, à distância, os dois corpos encontrados junto à margem direita da BR-290 (a freeway), no km 83, em Cachoeirinha. A cada vez que ele repetia a frase, alguém perguntava: Mas quem são? O veterano investigador então enchia o peito, coçava a barba e respondia: É o assaltante Vico e a amante dele. A morte de Vitor Paulo Mahus Fonseca, o Vico, soou como uma bomba no meio policial. Havia apenas 13 dias que fugira do Presídio Central, liderando um motim. Agora estava ali, morto a tiros, de bruços, mãos amarradas às costas. Sua companheira, Jussana, estava a Arno fez uma revelação surpreendente numa casa da Vila Santa Rosa, na Zona Norte da Capital. O foragido foi surpreendido enquanto dormia, sem chances de reação. Na Delegacia de Roubos e Extorsões, Arno fez uma revelação surpreendente: acusou o também falangista José Astrogildo Pereira Fontella, o Professor, de ter assassinado Vico e ainda admitiu ter participado na morte de Jussana. O jovem assaltante, segundo Arno, teria sido executado à traição, numa emboscada da qual teriam participado ainda Pedro Adelar e Prego. O motivo, ele não sabia ao certo. Só sei que foi briga deles resumiu Arno. A confi ssão de Arno, verdadeira ou não, poderia lhe custar caro devido ao prestígio que Vico gozava entre os demais presos. poucos metros, com duas perfurações no peito, cinco na cabeça, duas no braço esquerdo e marcas de queimaduras nas mãos. Havia fugido duas vezes do Central Naquela época, Vico, de 22 anos, era considerado o principal assaltante de banco do Estado. Ingressou no crime ainda menor, com assaltos a táxis e ao comércio, em Canoas. Foi preso pela primeira vez em 1983 e havia fugido em duas oportunidades do Presídio Central. Na primeira, em Na segunda fuga, em 1986, escapou dentro de um saco de aniagem, recolhido com o lixo do presídio. Quatro meses depois de escapar, Vico foi preso de novo, em Guaíba, junto com Luís Mercaus da Silva, o Prego. Nessa captura, segundo o delegado local, Valdo Nóbrega, um policial de Porto Alegre fez várias ameaças de morte ao bandido. Arno foi pego na Zona Norte

4 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 14/7/2007, E DOMINGO, 15/7/ Prisão de Carioca: questão de honra O maior desafi o para a polícia era a recaptura do trafi cante Humberto Luciano Brás de Souza, o Carioca, um dos líderes da Falange Gaúcha. Era público que ele havia voltado para o Morro da Cruz, no qual comandava o tráfi co de drogas. Na tarde de 31 de agosto, caminhões e dezenas de viaturas começaram a descarregar policiais no Morro da Cruz e na Vila Vargas. Eram muitos, em torno de 500. Os civis, com coletes pretos. Os militares, com suas tradicionais fardas. Muitos a pé, outros, em viaturas. Não importava o sexo ou a idade: ninguém entrava ou saía do morro sem ser revistado. Do alto, em um helicóptero, o diretor da Divisão de Investigações da Polícia Civil, delegado Wilson Müller, controlava a operação. Duas horas depois de iniciada, a operação foi encerrada. Porém, como se tivesse conquistado um território, a polícia montou uma barraca no topo do morro, na qual fi caram acampados alguns agentes. A idéia era mantê-los por tempo indeterminado, em sistema de revezamento. O posto improvisado na barraca surtia efeito. Para delinqüentes não ligados ao tráfi co, o morro estava sujo. Só havia um jeito: Carioca tinha de ser preso. Liberdade não se mendiga Seguindo uma informação anônima, dezenas de policiais cercaram a casa de um advogado, no Bairro Teresópolis, onde Carioca havia buscado refúgio para fugir do cerco montado no Morro da Cruz. O caminho foi aberto com uma rajada de metralhadora, disparada na porta. Em questão de segundos, Carioca, que dormia ao lado de sua companheira, de apenas 15 anos, estava cercado por policiais armados. Assustada com os tiros, a mãe do advogado sofreu um ataque cardíaco fulminante. Carioca, enquanto isso, era levado para a Delegacia de Capturas e, dali, para a penitenciária. Ainda assim, o trafi cante mostrava-se confi ante: Liberdade não se mendiga. Se conquista. Custe o que custar, vou fugir de novo. Helicóptero sobrevoa a cruz que dá nome ao morro Ninguém escapava do pente-fino Mortes no canavial Professor assume morte de Vico e paga com a vida Passo do Sossego, a 50km de Restinga Seca (que, por sua vez, fi ca a 228km de Porto Alegre) não tinha esse nome por acaso. A localidade vivia na maior calmaria. No dia 16 de outubro de 1987 à tarde, porém, os moradores estranharam a presença de três homens nunca vistos por aquelas bandas, no interior de um Monza. Resolveram avisar a polícia que, pelas placas, descobriu que o automóvel pertencia a um juiz auditor de Santa Maria e havia sido furtado. Paralelamente, na rodoviária local, era preso o assaltante Cézar Coelho Fernandes, o Baleia, integrante da Falange e foragido da Penitenciária Estadual do Jacuí. Ele revelou a identidade dos ocupantes do Monza: Pedro Adelar, Prego e um terceiro, conhecido como Dig. A informação de Baleia alvoroçou a cidade. A polícia cercou o município, montando barreiras em suas principais saídas. Porém, por uma estrada de chão batido, os bandidos conseguiram seguir para Restinga Seca. Uma prolongada perseguição acabou no interior de um canavial. A Brigada Militar cercou a área, mas os bandidos não se entregaram. Num tiroteio, morreram Pedro Adelar, Prego (acusados pela morte de Vico) e o PM Pedro Guilherme Senna. Adelar Prego José Astrogildo Pereira Fontella, o Professor, integrante da Falange Gaúcha, mais parecia um mito. Seguidamente era reconhecido em assaltos a bancos, tanto no Rio Grande do Sul, como em Santa Catarina. Mas nunca acabava preso. No dia 11 de dezembro daquele 1987, saiu à noite, num Passat, de Florianópolis rumo a Porto Alegre. Na viagem, deixou um rastro de sangue. Em Araranguá (SC), Professor matou atropelado um patrulheiro que tentou abordá-lo. Já em Torres (RS), capotou o Passat e fez refém um taxista que tentou socorrê-lo. Quilômetros à frente, o táxi fi cou sem combustível. O bandido, então, ainda com o taxista, invadiu um Escort no acostamento da BR- 101 e fez outro refém: um sargento da Aeronáutica. Em Osório, com um caminhão-guincho atravessado na pista, policiais civis, militares e patrulheiros rodoviários tentaram pará-lo, mas Professor, disposto a tudo, jogou o Escort contra o caminhão. Depois, houve um cerrado tiroteio. Quando cessou a troca de tiros, o bandido foi encontrado consciente, com escoriações decorrentes dos José foi preso depois de acidente dois acidentes (em Torres e em Osório). Seus dois reféns estavam mortos. À polícia, Professor admitiu ter assassinado Vico, confi rmando a versão de Alemão Arno. À imprensa, chegou a dizer que mudaria esse depoimento em juízo. Mas parecia tarde demais. No dia 23 de dezembro, à noite, Professor foi levado para a Penitenciária Estadual do Jacuí. No dia seguinte, às 7h30min, respondeu à conferência (contagem de presos). Pouco tempo depois, os guardas foram informados de que haviam dois corpos em uma cela. Professor tombou com mais de 30 estocadas (golpes de faca artesanal). A seu lado, estava morto Baleia, o mesmo que fora preso em Restinga Seca havia dois meses. Por vingança ou queima de arquivo, a morte de Vico começava a produzir conseqüências. Leia no próximo final de semana: Falange promove mais dois motins

5 34 Mais dois motins O conturbado ano de 1987 parecia inacabável para a Falange Gaúcha organização criada por bandidos para comandar o crime em prisões e favelas do Estado. Depois do motim do Presídio Central (tema do primeiro capítulo da série) e da execução de Vico (segundo capítulo), entre outros fatos, houve novos acontecimentos. Refém colocado no porta-mala O capítulo anterior 14 e 15/7/2007 Naquele ano, ocorreram mais de 90 assaltos a bancos no Estado. No 91º, seria capturado Jesus Aderbal Silveira Martins, o Toco, que, dias depois, lideraria um motim no Hospital Penitenciário. E 1988 começaria com uma rebelião na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Ameaça na janela do hospital Havia 11 dias que Toco fora preso. O assaltante estava com a perna protegida por um gesso, devido ao tiro que havia levado. Estava no Hospital Penitenciário, em prédio anexo ao Presídio Central. Nele, médicos e enfermeiros conviviam com presos enfermos, independentemente do grau de periculosidade. Às 11h30min do dia 29 de dezembro, o médico Mário Marques, diretor do hospital, recebia funcionários em seu gabinete. Iriam começar uma reunião de rotina, quando houve uma brusca interrupção: o preso Rudnei Braseiro, armado com revólver, invadiu a sala. Atrás Toco: audacioso ou azarado? Banco vira campo de batalha Sexta-feira, 18 de dezembro de 1987: dia de pagamento de 13º salário e propício a assaltos a banco. Principalmente naquele ano, que teve quase cem crimes deste tipo, no Estado. Eram 12h50min, e a agência do Banco do Brasil de Alvorada estava lotada quando quatro homens a invadiram, armados, anunciando o 91º assalto. Um funcionário Para fechar o ano turbulento dele, entraram outros apenados, empunhando facas: Tudo mundo no chão, vamo gritou Rudinei, anunciando o início de um novo motim. Liberdade durou pouco para Toco Com o álcool recolhido na farmácia do hospital, os amotinados enxarcaram as roupas de alguns reféns. A todo o instante, repetiam que ateariam fogo, caso a polícia invadisse o local. Em uma reunião entre o secretário de Segurança Pública, Waldir Walter, que acumulava a pasta da Justiça, e o governador Pedro Simon, entre outros, foram aceitas as exigências. Um Opala e dois Santana foram colocados à disposição dos criminosos. acionou o alarme e, em poucos minutos, a Brigada Militar chegava ao local. Bandidos e PMs travaram um tiroteio, transformando o local num campo de batalha. No fi nal, fi caram feridos duas crianças, um cliente, um policial militar e um dos bandidos: Jesus Aderbal Silveira Martins, o Toco, integrante da Falange Gaúcha, que, baleado numa perna, não conseguiu acompanhar seus comparsas na fuga. Toco chegou à delegacia afi rmando que havia matado o assaltante Vitor Mahus Fonseca, o Vico. Apresentou uma versão diferente da relatada por Arno Kaulkmann da Rosa, o Alemão Arno (que acusara José Astrogildo Pereira Fontella, o Professor, de ter assassinado Vico). O Vico vivia dizendo que eu era chinelão. Ele tinha mais é que morrer mesmo disse Toco. Já passava das 22h, quando rebelados e reféns começaram a deixar o hospital. Os três automóveis partiram em alta velocidade. No início da madrugada, todos os reféns haviam sido liberados. Para um dos foragidos, o sentimento de liberdade foi breve demais. Toco, com sua perna engessada, não foi longe. Procurou a casa de familiares, em Alvorada. Porém, a polícia foi mais rápida. Quando o bandido chegou ao local, policiais já o aguardavam. Enquanto Toco retornava à prisão, o secretário Waldir Walter explicava a posição do governo: Tivemos uma postura no sentido de preservar vidas. Não acreditamos que a decisão de liberar os amotinados vá incentivar outros presos a provocarem novas rebeliões.

6 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 21/7/2007, E DOMINGO, 22/7/ Mudam as direções Depois da série de motins, a Secretaria de Justiça começou a entregar a direção das maiores prisões gaúchas a ofi ciais da Brigada Militar. O primeiro a assumir foi o capitão PM Edward Flores de Siqueira, a quem foi entregue o controle da Pej. Alguns dias depois, foi nomeado para a direção do Presídio Central o major PM Edson Freitas Furtado. O governador Pedro Simon adiantou que seria construída uma nova prisão, para ser a nova penitenciária de segurança máxima do Estado. Começava a surgir, no papel, a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). O término do motim da Pej não devolveu a tranqüilidade ao sistema penitenciário gaúcho. No dia seguinte, 620 presos defl agraram greve de forme no Presídio Central. Prédio localizado à margem do Rio Jacuí foi palco de rebelião em 1988 Por volta das 20h, a Brigada Militar iniciou uma operação de guerra. Um helicóptero deixou no telhado do pavilhão da administração quatro PMs que atiraram bombas de gás lacrimogêneo nas duas salas ocupadas. Do chão, integrantes do Batalhão de Choque atiravam em direção às salas. Na madrugada seguinte, foram retirados do prédio cinco agentes penitenciários e uma servente, todos baleados, e o amotinado Jeová Machado da Silva, que fora rendido. Tomados de cansaço, sede e fome, os presos começaram a se render. Ao fi nal da manhã, apenas José Salvador da Silva Santos, o Zé do Doro, permanecia irredutível. Por volta das 15h30min 29 horas depois de iniciada a rebelião um capitão PM aproximouse de uma das janelas e passou um revólver a um dos reféns. Mesmo com as mãos amarradas às grades, o refém atirou três vezes em Zé do Doro. Socorrido, o bandido BM pronta para agir na Pej Daqui para frente, o rigor da lei sobreviveu. Terminado o motim, foi computado o saldo: três agentes e o preso Carlos Alberto Moratto de Lima, o Betinho Boró, mortos. O governador Pedro Simon mudara o discurso em relação às rebeliões anteriores: Minha disposição é de não negociar, porque isto, de fazer motins, pode se tornar moda. Imagina se o governo não tomasse essa iniciativa, quando havia a Para começar o novo ano A resposta ao secretário Waldir Walter não tardou. Seis dias depois do motim do Hospital Penitenciário, às 10h30min do dia 4 de janeiro de 1988, um grupo de 20 presos da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej), em Charqueadas, com um estoque e um estilete, iniciou uma rebelião. Foram rendendo agentes, recolhendo armas e, em pouco tempo, estavam amotinados, com 27 reféns, na sala da administração. Como se não bastasse, se apossaram das chaves de todas as celas dos mais de Piá 600 presos e do depósito de armas. Entre os amotinados estava Jorge Luiz do Amarante Devitz, o Piá, que havia tentado fugir no ameaça de uma fuga em massa de mais de 600 presos? Fique muito claro. Nós pretendemos, daqui para frente, agir sempre com o rigor da lei. O governador voltou a dizer que o único objetivo era a fuga: Em se tratando de presos perigosos, o que eles queriam era sair. Por esta razão, mesmo que estivessem confi nados no Hotel Plaza São Rafael, iriam procurar um jeito de fugir. Refém ferido é retirado de ambulância ano anterior, com Dilonei Francisco Melara e outros oito presos. Rivais ficaram com medo Para impedir uma possível invasão da polícia, eles amarraram alguns reféns nas grades das janelas das duas salas que ocupavam, no primeiro e no segundo andares do prédio da administração. Exigiam dois automóveis e um carro-forte para fugir e jornalistas para acompanhá-los até a saída do município. Os amotinados eram bastante temidos. Tanto que, ao descobrirem que eles haviam se rebelado, presos de um grupo rival Rivais dos rebelados abriram um buraco para se esconder abriram um buraco numa das celas, cavaram um túnel e se esconderam. Antes do entardecer, circulou uma notícia referente a uma suposta primeira vítima: Arno Kaulkmann da Rosa, o Alemão Arno, teria sido morto, como represália por ele ter participado da execução de Vico e Jussana. Arno: uma morte anunciada A notícia de que Arno Kaulkmann da Rosa, o Alemão Arno, teria morrido no início do motim agitou a Pej. Porém, terminada a rebelião, o cadáver não foi encontrado. Para surpresa geral, Alemão Arno estava vivo na chamada cela do seguro (isolamento). No dia 25 daquele mês (janeiro de 1988), ele iria à Vara de Execuções Criminais para depor sobre a morte de Vico. Três dias antes de ir à Justiça e quatro após deixar o isolamento, Arno foi acordado às 7h15min: Ô vagabundo, levanta que hoje vamos acertar as contas foi a última frase que ouviu. Em seguida, foi morto com cerca de 50 estocadas. Arno Robôs, na linguagem dos presídios, são presos que executam serviços sujos encomendados. Laranjas são os que assumem a autoria, sem ter executado. Ambos recebem em troca privilégios ou proteção. Era o caso de Nego Chico que, em 1983, havia assassinado ou assumido a morte do assaltante de bancos Pingüim, no Presídio Central. Após a morte de Arno, Nego Chico se vangloriava pelos corredores da Pej: Não tô arrependido. Não vinguei a morte de Vico porque nem conhecia ele. Apertei (matei) o Arno por minha moral aqui dentro. A gente tinha bronca antiga. Leia no próximo final de semana: a morte de Carioca, o Rei do Morro

7 34 Os reis do morro O assassinato de Alemão Arno, na Penitenciária Estadual do Jacuí, em janeiro de 1988, não encerrou o ciclo de baixas entre os integrantes da Falange Gaúcha organização criada por bandidos para controlar o crime em prisões e favelas. Desde agosto de 1987, já haviam morrido também Vico, Prego, Pedro Adelar, Professor e Baleia. Em 1989, começavam as ameaças a Carioca, o idolatrado líder do tráfico de drogas no Morro da Cruz, que estava na Pej. O capítulo anterior 21 e 22/7/2007 O traficante sabia que seria morto O trafi cante Humberto Luciano Brás de Souza, o Carioca, participante do motim de julho de 1987 no Presídio Central e um dos líderes da Falange Gaúcha, estava custando caro para o tráfi co do Morro da Cruz. Para não matá-lo, uma facção da organização exigia dos trafi cantes o pagamento mensal de um pedágio. Além disso, não havia perspectiva de que Carioca, agora recolhido à Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej), conseguisse fugir. Em maio de 1989, fracassara uma tentativa de libertá-lo. Na A jovem companheira do trafi cante já havia retornado a Porto Alegre, quando, na Pej, começaram a circular as informações sobre dois enforcamentos. Um deles, na sexta galeria. Era Paulo Miranda da Rosa, o Paulinho Pistoleiro, que estava pendurado por uma corda presa a uma janela basculante do banheiro. Marcas em seu corpo não deixavam dúvidas de que havia sido assassinado: sangramento no nariz e hematomas no rosto. O outro era justamente Carioca, Carioca, a bola da vez ocasião, Carioca estava na Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec), e dois amigos seus foram fl agrados no momento em que entregavam a um policial militar de serviço na prisão uma pasta com dinheiro e um revólver calibre 38. Gritava como uma criança A tentativa de suborno já estava sendo investigada pelo serviço de informações da Brigada Militar, que havia interceptado alguns bilhetes escritos por Carioca, propondo a propina ao PM envolvido. Por isso, de uma hora para outra, foi suspenso o pagamento do pedágio. enforcado com seu próprio cadarço de tênis, na cela de isolamento, onde estava sozinho. A versão ofi cial era de que se matara, durante uma crise depressiva. Piso molhado, meias secas No dia seguinte, essa versão começaria a cair por terra. O Instituto Médico Legal revelava a existência de equimoses e escoriações (ferimentos) nas costas, braços, dedos e testículos. Além disso, Carioca, havia deixado uma lista de pessoas que tinham a intenção de matá-lo, num bilhete No dia 24 de setembro de 1989, um domingo, terminado o horário de visitas, Carioca, recolhido a uma cela do seguro (isolamento) por ter denunciado as ameaças de morte que sofria, parecia desesperado. Quando sua companheira se despediu, o trafi cante, como uma criança, se agarrou às grades e, chorando, implorou para que ela não fosse: Não me deixa aqui. Vão me matar. A jovem foi retirada pela guarda, que alegava o fi nal do horário de visitas. A companheira do trafi cante saiu da penitenciária assustada, ouvindo ainda os gritos desesperados de Carioca. Simulação de suicídio caiu por terra encontrado na frente de sua cela. Outros indícios foram destacados pelo secretário da Justiça, Bernardo de Souza: De acordo com o laudo do IML, os sinais encontrados na língua de Carioca são diferentes dos que deveriam ser encontrados em caso de suicídio por enforcamento. Uma outra pista foi deixada pelos criminosos. O piso da cela estava molhado, e as meias de Carioca, que estava sem tênis, secas. Além disso, presidiários disseram que viram cinco homens entrando e saindo da cela do trafi cante.

8 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 28/7/2007, E DOMINGO, 29/7/ Jesus Aderbal Silveira Martins, o Toco, assim como Professor e Alemão Arno, que haviam sido assassinados na prisão, estava condenado. O motivo: havia dito que matara Vico. No dia 4 de maio de 1988, numa Marcado para morrer das celas da Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC), Toco comeu um sanduíche que lhe chegou às mãos envenenado. Passou mal, vomitou, sentiu tonturas, mas acabou socorrido a tempo. Naquele mesmo mês, um preso que trabalhava como auxiliar de plantão da guarda interna (condenados com bom comportamento que cuidavam dos portões das galerias) afi rmou ter recebido uma proposta de Cz$ 10 mil de Dilonei Francisco Melara e de Celestino Linn pela chave da cela de Toco. Luto volta ao Morro da Cruz Com a morte de Carioca, parte do Morro da Cruz cobriu-se de luto. O trafi cante foi velado numa das casas da comunidade. Depois, o caixão percorreu as principais ruas e vielas da vila, ao som de tiros de revólveres e rajadas de metralhadoras. O enterro foi realizado no Cemitério Ecumênico João XXIII. Para uma parcela da sofrida população local, o trafi cante, equivocadamente, era considerado um Robin Hood, que obtinha dinheiro dos bacanas com a venda de tóxicos e depois ajudava a quem precisava. O império do tráfi co foi herdado por Carioca em setembro de Antes disso, ele pertencia a Eduardo Corrêa dos Santos, o Anão, que o criou. Em meados da década de 70, o pequeno homem, de um metro e meio de altura por isso, o apelido começou a impor suas regras na área formada por cinco vilas, onde viviam 25 mil pessoas, organizando o tráfi co e tornando-se seu líder. Numa segunda etapa, A captura de Anão virou questão de honra para a polícia. O trafi cante sabia disso e, para evitar surpresas desagradáveis, alternava os locais em que passava as noites. Na madrugada de 14 de setembro de 1979, ele dormiu no porão do Grupo Escolar América, na Vila Vargas. Por volta das 2h, três homens desembarcaram de um táxi na comunidade. Armados, se apresentaram como policiais e exigiram informações acerca do paradeiro do trafi cante. Prevaleceu a lei do silêncio. Assim mesmo, minutos depois, foram ouvidos vários tiros. No local onde Anão dormia, restava apenas Anão procurou conquistar o respeito e a admiração das demais pessoas da comunidade. Para tanto, impôs regras de segurança, proibindo homicídios, assaltos, furtos e estupros no morro. Quem descumprisse, poderia se considerar morto. Ali, só se trafi cava. Aproveitava-se de brechas do Estado Além disso, distribuía ranchos para as famílias necessitadas, remédios para doentes e idosos, balas, biscoitos e brinquedos para a criançada. Aproveitando-se de brechas deixadas pelo Estado, Anão tornouse um ídolo, idolatrado e defendido por muitos. Em troca da segurança e da assistência, Anão exigia fi delidade e proteção perante a polícia. O trafi cante fez juras de amor à comunidade e, certo dia, afi rmou que só sairia do morro morto. Anão alternava locais em que dormia um cobertor, uma garrafa térmica, um revólver calibre 38, algumas parangas de maconha e a Mimosa, fi el vira-latas do trafi cante. Ele havia sumido. Na manhã seguinte, o mistério foi desfeito. Eram 6h30min quando uma jovem encontrou Anão agonizante, com um ferimento de bala no tórax. Socorrido, morreria a caminho do Hospital de Pronto Socorro. A notícia de sua morte espalhou-se rapidamente, e o morro acordou de luto. Várias bandeiras pretas foram hasteadas nas casas e, até mesmo, na Cruz da igreja que dá nome ao morro. Anão Caixão de Carioca percorreu ruas e vielas nos braços de seus amigos Uma nova sucessão no comando do tráfico Com a morte de Anão, Carioca, seu braço-direito, vindo do Rio de Janeiro, foi alçado à condição de patrão. Adotou algumas providências, como a de recrutar meninos para o exército do tráfi co, na função de vigias. De locais estratégicos, em pontos altos, eles controlavam todas as entradas do morro. A qualquer carro ou grupo de pessoas estranhas que fossem vistos, sinalizavam com fogos de artifício ou por rádio transmissor. A cada alarme, Carioca tratava de se esconder. Mesmo assim, ele nem Bandeira preta no império do tráfico sempre escapava das garras da lei. Em 1982, desceu o morro e foi dormir no barraco de uma amante, na Vila São Carlos, no Bairro Intercap. Acordou na mira dos revólveres da polícia e, durante a manhã, já chegava ao Presídio Central. O trafi cante fi cou cinco anos em regime fechado. Em 1987, benefi ciado pela troca de regime, foi transferido para o semiaberto, na Colônia Penal Agrícola Daltro Filho, em Charqueadas. Fugiu, mas acabou recapturado pela polícia, que subiu o Morro da Cruz disfarçada em um caminhão de mudanças. Meses depois, Carioca voltaria a fugir, participando do motim no Presídio Central. Antes disso, havia associado o tráfi co às quadrilhas de assaltantes de banco. Mas agora Carioca estava morto, e o luto voltava ao Morro da Cruz. Além disso, uma nova sucessão estava prevista no comando do tráfi co de drogas do local. Chegava a vez de Jorge Luís Queirós Ventura, o Jorginho da Cruz, 28 anos, braçodireito de Carioca, que se encontrava foragido. Leia no próximo final de semana: começa a guerra nas prisões gaúchas

9 34 Guerra na prisão Com a morte do traficante Carioca (tema do capítulo anterior), seu braço direito, Jorginho da Cruz, era o mais cotado para assumir o comando do tráfico no Morro da Cruz. Seria mantida, assim, uma tradição iniciada com a sucessão de Anão por Carioca, havia dez anos. Porém, na Falange Gaúcha organização criada por bandidos para comandar o crime em prisões e favelas havia mais gente interessada no comando do tráfico: Melara. Criou-se uma guerra nas prisões. O capítulo anterior 28 e 29/7/2007 Jorginho foi preso no Interior A cotação do Presídio Regional de Bagé estava alta. Havia muito tempo que ninguém conseguia fugir de lá. Por isso, alguns dos principais bandidos do Estado haviam sido transferidos para aquela prisão. Entre eles, Dilonei Francisco Melara, condenado a 48 anos de reclusão por assaltos e duplo homicídio. Em 14 de março de 1991, porém, Melara liderou a fuga de um grupo de presos. Para recapturálos, houve uma grande mobilização, inclusive com o envio de policiais civis da Delegacia de Capturas e militares do Grupamento de Ações Tático Especiais (Gate), da Capital, que se juntaram ao contingente local. Aos poucos, os foragidos iam sendo pegos. Passadas duas semanas, faltava apenas Melara. No dia 27 daquele mês, quando mais de cem policiais o procuravam, inclusive com um avião bimotor e cães farejadores, o bandido assava, num matagal da Estância do Céu, em São Gabriel, uma Jorginho não resiste ao cerco policial O cerco policial ao trafi cante Jorge Luís Queirós Ventura, o Jorginho da Cruz, aumentou consideravelmente. Foi uma das conseqüências da morte de Humberto Luciano Brás de Souza, o Carioca. Afi nal, Jorginho era o sucessor no comando do tráfi co do Morro da Cruz. O trafi cante, então, resolveu buscar refúgio temporariamente no Interior do Estado. Pouco a pouco, os homens mais próximos a Jorginho na hierarquia do tráfi co foram capturados. No dia 8 de julho de 1990, o próprio líder esteve perto de ser preso, quando policiais cercaram um sítio onde ele estava escondido, em Melara foge e é preso numa fazenda abóbora furtada. A fumaça acabou chamando a atenção de dois peões que, apenas com o uso de relhos, prenderam Melara. A dupla entregou o assaltante à Brigada Militar. Um Melara cabisbaixo, calado e inconformado foi algemado e devolvido ao sistema penitenciário.... o entregaram à Brigada Militar Camaquã (Zona Sul do Estado. Porém, Jorginho conseguiu furar o bloqueio, seguindo para São Lourenço do Sul. A Delegacia de Tóxicos de Porto Alegre manteve-se no encalce do trafi cante. No dia 19 de setembro daquele ano, quando embarcava em um táxi em São Lourenço, para buscar maconha em Camaquã, Jorginho acabou surpreendido por agentes da especializada. Naquela época, o trafi cante estava indiciado em cinco inquéritos e com prisão preventiva decretada pela Justiça. Para a polícia, sua prisão representava um grande golpe no esquema de tráfi co do Morro da Cruz. Peões prenderam Melara e...

10 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 4/8/2007, E DOMINGO, 5/8/ Para a Pasc, às pressas A guerra entre os detentos das principais prisões precipitou uma decisão da Secretaria de Justiça, em janeiro de 1992: 55 deles, de alta periculosidade, foram removidos do Presídio Central, da Pej e da Pec para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), ativada em caráter emergencial. Grupos liderados por Jorginho da Cruz e por Melara começaram a disputar, dentro das prisões, a hegemonia da Falange Gaúcha. Incêndio No dia 14 de março de 1991, no Pavilhão C do Presídio Central, numa disputa entre as facções, seis presos morreram carbonizados e 22 fi caram feridos. Pistolas Em fevereiro de 1991, Careca Quico, do grupo de Jorginho da Cruz, recebeu, na Galeria C do Presídio Central, duas pistolas 7.65, dentro de um motor de refrigerador. Elas teriam sido ali colocadas por um agente penitenciário, subornado para facilitar a entrada de drogas e armas na prisão. Uma das pistolas foi escondida debaixo de um azulejo, na parede de uma cela. A outra era usada por Jorginho da Cruz, líder do Pavilhão C. Seqüestros Em 1990, a polícia havia prendido um assaltante que tinha um bilhete com orientações para o seqüestro do então governador Pedro Simon. A mensagem estava assinada com as letras D.F.M., de Dilonei Francisco Melara. Em 1990, também, Nego Dago, Dentinho, Pelezinho e Pé de Pato, do grupo de Jorginho da Cruz, planejaram seqüestrar um juiz da Vara de Execuções Criminais. Desistiram porque o magistrado estava com seguranças. Em reunião no Pavilhão C do Presídio Central, em 1991, o grupo de Jorginho da Cruz decidiu seqüestrar o então governador Alceu Collares. Quatro assaltantes estiveram perto de tentar executar o plano. Em todos os planos, a idéia era trocar a autoridade seqüestrada por presidiários. Armas Sob o assoalho de uma casinha de santo, na frente do terreiro da mãe-de-santo de Jorginho da Cruz, na Vila São José, na Capital, foram encontradas uma metralhadora 9mm, quatro pistolas e munição. As armas e a munição seriam utilizadas no seqüestro de autoridades e, depois, devolvidas ao tráfi co do Morro da Cruz. Armas na casinha de santo Foram várias batalhas O tráfi co mantinha um caixa no Pavilhão C do Presídio Central, para a compra de regalias, como acesso a drogas, quatro visitas semanais e até a escolha de melhores alojamentos. Ataque No 25 de outubro de 1991, na Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec), um grupo de presos da galeria B atacou 45 rivais da Galeria C, no pátio. Quem atacou levou a pior: três presos da galeria B foram mortos. Melara, da galeria B, assistiu a tudo de sua cela. Jorginho da Cruz, que estava no pátio, saiu ileso. Os dois tinham segurança, feita por presos de suas facções. Topo Gigio Melara e Jorginho tinham até quem provasse seus alimentos para ver se não estavam envenenados. O medo de que a comida fosse envenenada provocou um crime em novembro de Foi morto, com um tiro de trabuco (espingarda artesanal), o preso Leandro Araújo dos Santos, o Zé Galinha, 37 anos, que trabalhava na cozinha da Pec. O autor do crime foi Francisco dos Reis Cavalheiro, o Chico Cavalheiro, do grupo da galeria B. Alegou que Zé Galinha, a serviço de Jorginho da Cruz, pretendia matar os rivais por envenenamento. Topo Gigio Agentes e PMs contiveram tumulto na Pec No Presídio Central, em 10 de dezembro de 1991, João Clóvis de Oliveira Vieira, o Topo Gigio, 37 anos, braço direito de Melara, amanheceu morto na cela de triagem, com escoriações e hematomas pelo corpo. Topo Gigio era conhecido por ter sido libertado por Melara e Celestino Linn num ônibus da Empresa Caxiense, em 1985, num episódio em que foram mortos dois agentes penitenciários. Topo Gigio estava na cela com Jorge Luiz Devitz, o Piá, um dos líderes do motim da Penitenciária Estadual do Jacuí, em janeiro de A morte de Topo Gigio provocou reações contrárias nos pavilhões B (ocupado por aliados de Melara) e C (do grupo liderado por Jorginho da Cruz). No pátio, presos do C comemoravam. Indignada, a turma do B se armou de trabucos e, pelas janelas das celas, começou a alvejar os rivais. Houve revide. Um preso fi cou ferido na perna. Piá, a principal testemunha do massacre de Topo Gigio, resolveu abrir a boca. Ao secretário de Justiça, Geraldo Gama, ele disse que havia sido espancado por agentes penitenciários, juntamente com Topo Gigio, na cela de triagem. Trabucos 7 de janeiro de 1992: era dia de visitas para o Pavilhão C, e, às 10h, os presos aguardavam seus familiares no pátio. Do Pavilhão B partiram tiros de trabuco. Piá Piá Quatro presos que estavam no pátio fi caram feridos. Outros três, entre os quais, Chico Cavalheiro, que estavam no pavilhão B e efetuaram os disparos, foram gravemente feridos no rosto por tiros que, literalmente, saíram pela culatra. No dia 31 de janeiro de 1992, circulou entre os presos a informação de que Piá seria morto. A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) determinou sua remoção para a recém-ativada Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Porém, ele não aceitou. Mulher tentou levar maconha e pólvora para a Pec Dois dias depois, Piá foi enforcado em uma cela do pavilhão B do Presídio Central. Era a única testemunha da morte de Topo Gigio. Pistola e pólvora Em maio de 1992, a segurança da Pec recebeu a informação de que pólvora, espoleta e uma pistola entrariam na prisão, para que fossem mortos quatro presos: Jorginho da Cruz, Nego Pinto, Mamadeira e Luizinho. Dias depois, na revista a visitantes, foram descobertas num fundo falso de um pote de comida, levado por uma mulher, pólvora, espoleta e maconha. Incêndio Em 13 de agosto de 1992, o grupo de Melara tentou matar 140 rivais, incendiando um pavilhão da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej). Provocaram um curto-circuito e atearam fogo em colchões. Mas os presos foram retirados a tempo para o pátio. Leia no próximo final de semana: cresce o poder de Melara

11 34 Melara, o eleito Depois da morte de importantes líderes da Falange Gaúcha criada por bandidos para comandar o crime em prisões e favelas gaúchas, como Vico, Professor e Carioca, começou a ser travada uma guerra pelo controle da organização criminosa. De um lado, o grupo de Melara. De outro, a facção de Jorginho da Cruz. Nessa guerra, aos poucos, Melara ganhava terreno, e sua fama e seu poder iam crescendo no mundo do crime. Paralelamente, uma nova geração de bandidos começava a surgir e a engrossar as fileiras da Falange Gaúcha. O capítulo anterior 4 e 5/8/2007 O preso tratado como cidadão O secretário Geraldo Gama (E) reuniu-se com Melara (D) Na disputa pelo comando da Falange Gaúcha, Dilonei Francisco Melara começava a levar vantagem sobre o arquirival Jorge Queirós Ventura, o Jorginho da Cruz. Por determinação de Melara, 600 presos do Presídio Central e das penitenciárias Estadual de Charqueadas (Pec), Estadual do Jacuí (Pej) e de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) decretaram greve de fome em fevereiro de O secretário de Justiça, do Trabalho e da Cidadania, Geraldo Gama, reuniu-se durante três horas com Melara, no refeitório da Pasc. O presidiário levou, como assessor, Celestino Linn. Geraldo Gama deixou a Pasc elogiando Melara: É uma pessoa simples e um bom negociador. Detém uma liderança forte, mas não é intransigente. Adotamos uma nova política prisional: a de manter uma maior aproximação com o apenado. Dessa política, nasceu o slogan O preso tratado como cidadão. E como todo o cidadão que se preze, os presos foram convocados a irem às urnas para elegerem seus líderes, aqueles que seriam seus porta-vozes nas reuniões com os representantes do governo. Na Pasc, Melara foi eleito com cerca de 30% dos votos. Roubos começaram em táxis e ônibus Presos elegeram seus representantes O eleito na Pasc para ser representante dos presos, Dilonei Francisco Melara, não admitia qualquer comando ou infl uência sobre a massa carcerária e negava a existência de uma falange nos presídios gaúchos. Com 1,85m de altura e cabelos grisalhos, aos 33 anos, naquele ano de 1992, Melara mais do que nunca se esforçava para passar a idéia de um bandido social, fruto de um sistema injusto, e tentava impressionar com frases fortes. Dizia que o gerador de confl itos nas prisões era o próprio sistema penitenciário precário e falido. Fugiu duas vezes da Pec Seu ingresso no mundo do crime ocorrera na década de 70, com assaltos a táxi e ônibus em Caxias do Sul. No início dos anos 80, foi condenado por assalto a banco. Em 1985, fi cou marcado ao liderar a operação que libertou seu parceiro João Clóvis de Oliveira Vieira, o Topo Gigio. Na ação, Melara e Celestino Linn mataram dois agentes penitenciários. Melara também foi o responsável pela primeira e pela segunda fugas ocorridas na Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec), na época, de segurança máxima.

12 34 Melara, o eleito Depois da morte de importantes líderes da Falange Gaúcha criada por bandidos para comandar o crime em prisões e favelas gaúchas, como Vico, Professor e Carioca, começou a ser travada uma guerra pelo controle da organização criminosa. De um lado, o grupo de Melara. De outro, a facção de Jorginho da Cruz. Nessa guerra, aos poucos, Melara ganhava terreno, e sua fama e seu poder iam crescendo no mundo do crime. Paralelamente, uma nova geração de bandidos começava a surgir e a engrossar as fileiras da Falange Gaúcha. O capítulo anterior 4 e 5/8/2007 O preso tratado como cidadão O secretário Geraldo Gama (E) reuniu-se com Melara (D) Na disputa pelo comando da Falange Gaúcha, Dilonei Francisco Melara começava a levar vantagem sobre o arquirival Jorge Queirós Ventura, o Jorginho da Cruz. Por determinação de Melara, 600 presos do Presídio Central e das penitenciárias Estadual de Charqueadas (Pec), Estadual do Jacuí (Pej) e de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) decretaram greve de fome em fevereiro de O secretário de Justiça, do Trabalho e da Cidadania, Geraldo Gama, reuniu-se durante três horas com Melara, no refeitório da Pasc. O presidiário levou, como assessor, Celestino Linn. Geraldo Gama deixou a Pasc elogiando Melara: É uma pessoa simples e um bom negociador. Detém uma liderança forte, mas não é intransigente. Adotamos uma nova política prisional: a de manter uma maior aproximação com o apenado. Dessa política, nasceu o slogan O preso tratado como cidadão. E como todo o cidadão que se preze, os presos foram convocados a irem às urnas para elegerem seus líderes, aqueles que seriam seus porta-vozes nas reuniões com os representantes do governo. Na Pasc, Melara foi eleito com cerca de 30% dos votos. Roubos começaram em táxis e ônibus Presos elegeram seus representantes O eleito na Pasc para ser representante dos presos, Dilonei Francisco Melara, não admitia qualquer comando ou infl uência sobre a massa carcerária e negava a existência de uma falange nos presídios gaúchos. Com 1,85m de altura e cabelos grisalhos, aos 33 anos, naquele ano de 1992, Melara mais do que nunca se esforçava para passar a idéia de um bandido social, fruto de um sistema injusto, e tentava impressionar com frases fortes. Dizia que o gerador de confl itos nas prisões era o próprio sistema penitenciário precário e falido. Fugiu duas vezes da Pec Seu ingresso no mundo do crime ocorrera na década de 70, com assaltos a táxi e ônibus em Caxias do Sul. No início dos anos 80, foi condenado por assalto a banco. Em 1985, fi cou marcado ao liderar a operação que libertou seu parceiro João Clóvis de Oliveira Vieira, o Topo Gigio. Na ação, Melara e Celestino Linn mataram dois agentes penitenciários. Melara também foi o responsável pela primeira e pela segunda fugas ocorridas na Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec), na época, de segurança máxima.

13 34 Melara, o eleito Depois da morte de importantes líderes da Falange Gaúcha criada por bandidos para comandar o crime em prisões e favelas gaúchas, como Vico, Professor e Carioca, começou a ser travada uma guerra pelo controle da organização criminosa. De um lado, o grupo de Melara. De outro, a facção de Jorginho da Cruz. Nessa guerra, aos poucos, Melara ganhava terreno, e sua fama e seu poder iam crescendo no mundo do crime. Paralelamente, uma nova geração de bandidos começava a surgir e a engrossar as fileiras da Falange Gaúcha. O capítulo anterior 4 e 5/8/2007 O preso tratado como cidadão O secretário Geraldo Gama (E) reuniu-se com Melara (D) Na disputa pelo comando da Falange Gaúcha, Dilonei Francisco Melara começava a levar vantagem sobre o arquirival Jorge Queirós Ventura, o Jorginho da Cruz. Por determinação de Melara, 600 presos do Presídio Central e das penitenciárias Estadual de Charqueadas (Pec), Estadual do Jacuí (Pej) e de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) decretaram greve de fome em fevereiro de O secretário de Justiça, do Trabalho e da Cidadania, Geraldo Gama, reuniu-se durante três horas com Melara, no refeitório da Pasc. O presidiário levou, como assessor, Celestino Linn. Geraldo Gama deixou a Pasc elogiando Melara: É uma pessoa simples e um bom negociador. Detém uma liderança forte, mas não é intransigente. Adotamos uma nova política prisional: a de manter uma maior aproximação com o apenado. Dessa política, nasceu o slogan O preso tratado como cidadão. E como todo o cidadão que se preze, os presos foram convocados a irem às urnas para elegerem seus líderes, aqueles que seriam seus porta-vozes nas reuniões com os representantes do governo. Na Pasc, Melara foi eleito com cerca de 30% dos votos. Roubos começaram em táxis e ônibus Presos elegeram seus representantes O eleito na Pasc para ser representante dos presos, Dilonei Francisco Melara, não admitia qualquer comando ou infl uência sobre a massa carcerária e negava a existência de uma falange nos presídios gaúchos. Com 1,85m de altura e cabelos grisalhos, aos 33 anos, naquele ano de 1992, Melara mais do que nunca se esforçava para passar a idéia de um bandido social, fruto de um sistema injusto, e tentava impressionar com frases fortes. Dizia que o gerador de confl itos nas prisões era o próprio sistema penitenciário precário e falido. Fugiu duas vezes da Pec Seu ingresso no mundo do crime ocorrera na década de 70, com assaltos a táxi e ônibus em Caxias do Sul. No início dos anos 80, foi condenado por assalto a banco. Em 1985, fi cou marcado ao liderar a operação que libertou seu parceiro João Clóvis de Oliveira Vieira, o Topo Gigio. Na ação, Melara e Celestino Linn mataram dois agentes penitenciários. Melara também foi o responsável pela primeira e pela segunda fugas ocorridas na Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec), na época, de segurança máxima.

14 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 11/8/2007, E DOMINGO, 12/8/ Pensamentos de Melara Seguindo o exemplo dos ídolos Assaltante de peruca loira Outro integrante da nova geração era Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho, um exintegrante de gangues juvenis, alto, magro, branco, frio e calculista, que passou a assaltar bancos com uma peculiaridade: usava uma peruca loira. Foi assim que Fernandinho e outros três homens atacaram o posto bancário localizado no bloco dos consultórios médicos do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, numa sextafeira 13, de agosto, em Fernandinho, vestindo um sobretudo e com a sua tradicional peruca, misturouse aos clientes do posto. De surpresa, sacou uma pistola automática e rendeu dez pessoas. Depois, agarrou quatro malotes com dinheiro e saiu correndo. Dois outros assaltantes o aguardavam no saguão e um quarto ao volante de um Voyage, já com o motor ligado. Os ladrões já se preparavam para fugir, quando o PM que patrulhava aquela área da cidade surgiu na entrada do prédio. Ao perceber que ocorria um assalto, o policial militar se entrincheirou atrás de fl oreiras. Como havia grande movimento no local, resolveu não atirar. Fernandinho não teve a mesma preocupação. Com sua pistola, disparou uma saraivada de tiros contra o policial militar, acertando dois. Enquato o PM era socorrido, Fernandinho e seus companheiros fugiam no Voyage, em alta velocidade. Dois meses depois, Fernandinho foi preso em Caxias do Sul e transferido para o Presídio Central, em Porto Alegre. Fernandinho foi preso em Caxias Bicudo manteve jovem sob mira de sua arma Policiais na frente da casa assaltada No dia 6 de outubro de 1993, outro assaltante ganhava as manchetes: Eram 8h15min, quando um estudante de 18 anos, atrasado, deixava sua casa, no Bairro Boa Vista, em Porto Alegre, para ir à aula, no Colégio Anchieta. Ao entrar em seu carro, ouviu uma voz estranha, em tom de deboche: Pô, cara. Tu demorou, e a gente já tava indo embora. O rapaz foi dominado por dois homens e forçado a retornar à residência, onde estavam seus pais, sua irmã, uma cozinheira e uma copeira. Encapuzados, os dois assaltantes reuniram todos A guerra entre presos parecia interminável. No interior do Estado, passaram quase despercebidas as mortes de Alemão Frida, Paulinho Escort, participantes do motim de 1987 no Presídio Central, e Toco, que afi rmara ter matado Vico. Os três foram assassinados dentro de prisões. Por outro lado, uma nova geração de assaltantes começou a preocupar a polícia e a ganhar destaque no noticiário policial. Um deles era Carlos Jefferson dos Santos, o Bicudo, o mesmo jovem que, aos 16 anos, em 1987, havia sido preso por arrombamentos em Canoas e confessara ser fã de Vico, Professor e Melara. O mesmo Bicudo, em 1988, aos 17 anos incompletos, na suíte do casal para formalizar o assalto: Queremos 200 mil dólares foram enfáticos. Um dos assaltantes era Luiz Paulo Chardozin Pereira, o Chardozinho, indiciado em cinco inquéritos: três por roubo, um por homicídio e outro por furto. Quando o dono da casa entrou em contato com amigos a fi m de arrecadar a quantia solicitada, um deles desconfi ou e chamou a polícia. A casa foi cercada por policiais militares e civis, e o caso virou um assalto com reféns. Foram mais de nove participara da morte de um professor de Educação Física para roubar o seu carro, na Rua José Bonifácio, em Porto Alegre. No mesmo ano, assaltara uma videolocadora e, diante da chegada da polícia, mantivera uma funcionária do estabelecimento como refém, com uma arma apontada para a sua cabeça. Depois, liderara um motim na antiga Fundação Estadual do Menor Febem (atual Fundação de Assistência Sócio-Educativa). Bicudo, agora, tinha mais de 18 anos e estava condenado por assaltos e estupros. Preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde tever a chance de realizara o sonho de conhecer e se juntar ao bando de Melara. Bicudo Invasão na Boa Vista Chardozin horas de negociações. Para se entregar, os bandidos pediam para serem levados para presídios do Interior. Chardozinho considerava essencial essa exigência. Ele estava comprometido com a facção da Falange Gaúcha liderada por Melara e, dessa forma, obrigado a mandar dinheiro para dentro das penitenciárias. Havia falhado, e isso poderia custar-lhe a vida, caso fosse levado para o Presídio Central ou para o complexo de Charqueadas. Quando os policiais foram autorizados a entrar na casa, os dois assaltantes foram algemados e presos. Chardozinho, contra sua vontade, foi levado ao Presídio Central. Leia no próximo final de semana: a invasão do Plaza São Rafael

15 30 s Terror nas ruas O gelado dia 8 de julho de 1994 ficou na história de Porto Alegre. Pela manhã, carros, telhados e calçadas foram momentaneamente cobertos por fragmentos de gelo, classificados pelos especialistas como neve granular. À noite, a seqüência de um motim promovido pela facção da Falange Gaúcha liderada por Melara no Hospital Penitenciário, ganhou as ruas com cenas típicas de cinema e parou uma amedrontada Capital. O desfecho se daria no principal hotel da cidade, na época, não sem antes deixar um saldo de cinco mortos. O capítulo anterior 11 e 12/8/2007 O começo No dia 7 de julho, uma quintafeira, à tarde, seis presos-pacientes Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho, Francisco dos Reis Cavalheiro, o Chico Cavaheiro, Pedro Ronaldo Inácio, o Bugigão, José Carlos Pureza, Vladimir Santana, o Sarará da Vó, e Nauro Pereira, o Boró armados renderam 27 funcionários do Hospital Penitenciário, em prédio anexo ao Presídio Central, e começaram o motim. Melara deixa a Pasc pela porta da frente. Atrás (D), Celestino Linn A fuga Às 21h40min do dia 8, terminou a rebelião no Hospital Penitenciário. Divididos em três Gol cedidos a eles, dez amotinados deixaram o pátio do Presídio Central, com três reféns em cada carro. Começava uma longa, cinematográfi ca, dramática e sangrenta caçada pelas ruas de Porto Alegre. Dezenas de automóveis, com centenas de policiais, seguiram os carros dos bandidos. Enrolados em cobertores, bandidos se preparam para a fuga Bicudo (E) com o refém Claudinei O líder Na madrugada do dia 8, avançaram as negociações entre os presos e uma comissão formada por representantes dos três poderes, da Polícia Civil e da Brigada Militar. Uma nova exigência foi atendida: foram As exigências Já no início das negociações, os amotinados exigiram que a eles se juntassem Carlos Jéfferson Souza dos Santos, o Bicudo, e Luiz Paulo Schardozin Pereira, o Chardozinho, que estavam no Pavilhão B do Presídio Central, dominado pelo grupo de Melara. Os negociadores cederam em troca uma telefonista que havia passado mal. Bicudo assumiu o comando do motim. Claudinei, baleado, fica caído ao lado do Gol removidos da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) para o local do motim os presos Dilonei Francisco Melara e Celestino Linn, que saíram pela porta da frente e sem algemas. Tiroteio Bicudo, que dirigia o Gol no qual estavam também Melara, Fernandinho e Linn, abandonou o volante na Rua Ivo Corseul, no Bairro Petrópolis, e fugiu a pé. Um dos reféns, o diretor do Hospital Penitenciário, Claudinei Santos, assumiu a direção. Porém, pouco tempo depois, houve tiroteio na rua. Claudinei foi atingido nas costas e, a seu pedido, retirado do carro. Na rua, o inspetor João Bento Freitas Nunes também foi baleado e morreu.

16 30 Motim sem fim A rebelião iniciada no Hospital Penitenciário no dia 7 de julho de 1994, que ganhou as ruas da cidade no dia 8, e foi ter um desfecho no hotel Plaza São Rafael, no dia 9 (tema do capítulo anterior), continuou repercutindo e produzindo conseqüências. A morte de Linn No pós-motim, depois da rendição de Melara e Fernandinho, outros destinos foram sendo traçados. Um deles foi o de Celestino Linn, que chegara a invadir o Plaza São Rafael, na noite de 8 de julho, mas que fora dominado em seguida. Ele deixou o local caminhando. Linn foi levado por policiais ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). Porém, temendo que outros bandidos tentassem resgatá-lo, médicos lhe deram alta. O bandido foi conduzido, então, ao Hospital Penitenciário, no dia 9. No dia 10, um médico prescreveu seu estado como estável. À noite, o atendimento fi cou por conta da equipe de segurança, pois, ainda traumatizados com o motim, os auxiliares de enfermagem não O capítulo anterior 18 e 19/8/2007 Investigações revelaram que o motim demonstrou o poder de Melara, líder da Falange Gaúcha, no interior dos principais presídios. No pós-motim, continuaram as mortes e, para alguns, as conseqüências foram definitivas. O bandido saiu do Plaza caminhando haviam ido trabalhar. No dia seguinte, por volta das 7h, um agente penitenciário foi ao quarto de Linn para lhe servir café e o encontrou morto. Pelo laudo de necropsia, o assaltante morreu com quatro ferimentos por projéteis de arma de fogo (tiros). Um líder à distância A mais longa e sangrenta rebelião da história do sistema prisional gaúcho não começou no momento em que foram feitos reféns no Hospital Penitenciário, no dia 7 de julho de 1994, e não terminou na tarde de 9 de julho, com a rendição de Dilonei Francisco Melara e Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho que haviam invadido o hotel Plaza São Rafael. Havia pelo menos dois meses que Melara começara a planejar a ação. Recolhido a uma cela individual na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e vendo como quase nulas suas chances de fugir daquela prisão, arquitetou um motim para o Hospital Penitenciário anexo ao Presídio Central (PC). Como parte do plano, Melara conseguiu com que Carlos Jéfferson Souza dos Santos, o Bicudo, que também estava na Pasc, fosse transferido por via administrativa, à revelia de qualquer decisão judicial, para o PC, menos de um mês antes da realização do motim. Dois dias antes da rebelião, Fernandinho, que estava no PC, procurara atendimento no Hospital Penitenciário, mas fora encaminhado de volta ao presídio. Porém, sob a pressão de líderes do Pavilhão B (como Bicudo) e com a alegação de que pretendia evitar tumultos, a direção do PC convenceu os diretores do hospital a aceitarem a baixa do bandido. Em uma época em que os telefones celulares eram raros entre a população e não chegavam aos presos, Melara transmitia recados e orientava ações nas principais prisões (cerca de 600 apenados eram fi éis a ele) usando visitantes como pombos-correio. Conseqüências para toda a vida Entre os reféns, dois de uma mesma família sofreram as piores consequências: Claudinei Carlos dos Santos (na época diretor do Hospital Penitenciário) foi levado como refém no carro em que estavam Melara, Bicudo, Fernandinho e Linn. Ele levou um tiro que garante ter sido disparado de fora do carro. A bala perfurou seus pulmões, cortou sua medula espinhal e lhe deixou preso a uma cadeira de rodas. Seu fi lho, Edilei, também funcionário do hospital, foi levado no carro que foi crivado de balas pela polícia, na Lomba do Pinheiro. Os três bandidos que estavam no veículo Boró, Pureza e Sarará da Vó morreram. Melara, na Pasc, arquitetou o motim Edilei sobreviveu, mas, com os 12 tiros que levou, perdeu parte de um rim e do intestino, teve a bexiga furada e fi cou com um braço paralisado. Além do trauma psicológico. Tiro mudou a vida de Claudinei

17 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 25/8/2007, E DOMINGO, 26/8/ Recapturados O assaltante Pedro Ronaldo Ignácio, o Bugigão, um dos foragidos do Presídio Central depois do motim do Hospital Penitenciário, foi preso na madrugada do dia 24 de julho de 1994 (duas semanas depois da rebelião), no Bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. Com graves problemas de saúde, foi indultado (recebeu perdão judicial) em Dois dias depois da captura de Bugigão, a polícia terminou a caçada aos fugitivos prendendo Francisco dos Reis Cavalheiro, o Chico Cavalheiro, encontrado em um barraco da Vila Divinéia, também na Capital. Chico Cavalheiro foi assassinado com 12 facadas, na Pasc, em outubro de A curta vida de um bandido Preso por assaltos (8/12/87) Preso por latrocínio (10/5/88) No dia 19 de julho de 1994, o motim do Hospital Penitenciário nem havia deixado as manchetes quando um assalto a banco movimentou a Região Metropolitana. Por volta das 11h30min, o participante da rebelião Carlos Jefferson Souza dos Santos, o Bicudo, 23 anos, e outros dois homens, a pé, aproximaram-se de uma agência bancária na Vila Líder de uma Fernandes, em Canoas. quadrilha de Enquanto isso, um outro menores (E) estacionava um Kadett (28/8/87) na frente do banco. Antes de entrar na agência, Bicudo deu um tiro no vigilante, acertando-o na barriga. Depois, numa ação rápida, ele e seus parceiros roubaram cerca de R$ 70 mil e fugiram, no Kadett. Em Esteio, a quadrilha passou a ser perseguida por uma guarnição da Brigada Militar. Em seguida, surgiram outras viaturas e houve troca de tiros. Na Vila Vargas, junto à RS-118, entre Sapucaia do Sul e Viamão, os assaltantes abandonaram o automóvel e fugiram a pé, em meio a um conjunto de casebres. Morte ainda na juventude Os quatro começaram a jogar dinheiro para o alto, tentando fazer com que os moradores atrapalhassem a perseguição da polícia. Incansáveis, os criminosos pulavam cercas, corriam pelos terrenos, sem, no entanto, conseguir abrir vantagem em relação aos PMs. Uma doméstica apavorou-se quando viu Bicudo invadir sua propriedade. Foi ela quem primeiro percebeu que, além de uma pistola, o Na fuga, após o motim (8/7/94) bandido carregava uma granada. A doméstica entrou rapidamente em casa e ouviu tiros. Em seguida, olhou pela janela e viu Bicudo caindo. O assaltante havia recebido um balaço no lado esquerdo da cabeça. Os policiais colocaram Bicudo em uma ambulância e o levaram para o Hospital Getúlio Vargas. Pouco tempo depois, ele morreria com hemorragia grave. Chegava ao fi m a carreira do bandido que crescera se espelhando em criminosos como Vico (morto em 1987), que sonhara fazer parte da Falange Gaúcha e que morrera muito jovem, como seu ídolo. Preso por estupro (18/5/90) Depois de um assalto com reféns a uma videolocadora (7/6/88) Recapturado após liderar motim na Febem (23/6/88) Queriam matar Melara, mas quem morre é Jorginho da Cruz Passados os efeitos imediatos do maior motim da história do sistema prisional gaúcho, a guerra no interior dos presídios continuou. Em novembro de 1995, a fi delidade a Melara provocou uma rebelião. O líder da Falange Gaúcha havia sido punido e proibido de receber visitas na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Por conta disso, eclodiu uma revolta na vizinha Penitenciária Estadual de Charqueadas (Pec): 106 dos 206 presidiários decidiram não retornar a suas celas depois das visitas. A revolta resultou em batalha: de um lado, presos ateando fogo em colchões e atirando pedras retiradas de um muro. De outro, cerca de 200 homens do Batalhão de Choque da Brigada Militar com bombas de efeito moral. A rebelião só foi controlada uma hora e meia depois. Enquanto na Pec Melara recebia solidariedade, na Pasc tentavam matá-lo. No mesmo dia em que eclodia a rebelião, era descoberta com um preso uma pistola Browning, calibre 6.35, de fabricação belga. Disse ele que recebeu a arma de um agente penitenciário, em sua cela, com a Jorginho missão de matar Melara. A pistola foi entregue à Justiça. O luto voltou ao Morro da Cruz A morte tramada foi a de Melara, mas quem acabou morrendo foi Jorginho Luiz Ventura, o Jorginho da Cruz, seu principal rival na disputa pelo comando da Falange Gaúcha. Aos 33 anos, ele foi enforcado na cela 2 da 4ª galeria da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej), em Charqueadas, no dia 5 de fevereiro de Foi uma morte semelhante à de seu antecessor no comando do tráfi co de drogas no Morro da Cruz, Luciano Brás de Souza, o Carioca, assassinado em Os outros oito presos que dividiam a cela com ele estavam no pátio no momento em que o corpo foi encontrado. Ao serem interrogados, cumpriram a lei do silêncio, uma das regras mais conhecidas no cárcere. Jorginho foi velado na sede da Associação dos Moradores da Vila Vargas, atrás do Morro da Cruz. O luto voltou ao local, inclusive com bandeiras pretas em algumas casas. Leia no próximo final de semana: a guerra entre Os Manos e Os Brasas.

18 34 Manos X Brasas Com a morte de seu principal rival, o traficante Jorge Luís Ventura, o Jorginho da Cruz (tema do capítulo anterior), Dilonei Francisco Melara acreditava que finalmente reinaria absoluto no comando da Falange Gaúcha (organização criada por bandidos para comandar o crime em presídios e favelas). Porém, logo surgiriam outros nomes para disputar o posto. Entre os novos concorrentes de Melara despontava Valmir Benini Pires, o Brasa. Fiéis a ele, centenas de presos criaram o grupo Os Brasas, que passaram a rivalizar com Os Manos, como se autodenominou, a partir de então, a facção da Falange Gaúcha liderada por Melara. O capítulo anterior 25 e 26/8/2007 Na última virada de século, uma nova geração de bandidos começava a fazer sombra a Dilonei Francisco Melara, dentro e fora das prisões. Um deles era o assaltante Cláudio Adriano Ribeiro, o Outro que fez sombra à fama de Dilonei Francisco Melara nas prisões gaúchas foi Marcos William Herbas Camacho, o Marcola. O atual número 1 na hierarquia do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, chegou ao Rio Grande de Sul numa operação especial das polícias paulista e gaúcha. Atendendo a um pedido do governo paulista, autoridades da área prisional gaúcha aceitaram a transferência de Marcola para prisões do Estado. A alegação era de que a situação nos presídios de São Paulo começava a fi car crítica e, para contorná-la, era necessário que Marcola fosse transferido. Marcola chegou ao Estado e foi Papagaio driblou vigilância da Pasc Papagaio, líder de uma quadrilha responsável por assaltos milionários a bancos e carros-fortes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Além dos assaltos, Papagaio ganhou notoriedade Papagaio foi recapturado em Santa Catarina Até Marcola passou por aqui levado para a Penitenciária Modulada de Ijuí, na Região Noroeste, no dia 16 de fevereiro de Dois dias depois, como represália pela transferência, o PCC promoveu uma Marcola (cabeça encoberta) passou temporada em Ijuí por sua misteriosa fuga da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), em 5 de junho de Para tanto, ele e outro preso teriam, durante a madrugada, arrancado grades de suas celas e passado por um muro de oito metros para chegar ao pátio interno da penitenciária. Depois, teriam passado sob duas cercas de seis metros de altura. Papagaio ainda teria vencido um muro de dois metros, última barreira que o separava das ruas. Seu companheiro foi recapturado antes de ultrapassar a muralha. Tudo isso teria ocorrido durante uma falta de energia elétrica. Em 6 de janeiro do ano seguinte, Papagaio foi recapturado no Litoral catarinense. megarrebelião: em 29 prisões paulistas, em 22 cidades, 28,3 mil presidiários transformaram 13 mil pessoas em reféns. Marcola fi cou no Estado até as primeiras semanas de março daquele ano.

19 PORTO ALEGRE, SÁBADO, 1º/9/2007, E DOMINGO, 2/9/ A disputa no início do Século Três grupos lutavam pela hegemonia dentro das principas cadeias gaúchas: Os Manos, Os Brasas e Os Abertos. Estimativas ofi ciais apontavam que 2,5 mil detentos integravam os três bandos. Os Manos eram hegemônicos na Pasc. Os Brasas tinham maior poder no Presídio Central. Os Abertos eram maioria na Colônia Penal Agrícola Daltro Filho. Confrontos violentos Compositor de pagode Mas nem Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, nem Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, conseguiram fazer concorrência a Dilonei Francisco Melara no comando do crime organizado no interior de presídios gaúchos. Quem despontou nesse sentido foi Valmir Benini Pires, o Brasa. Com Melara e Brasa como respectivos líderes, surgiram como principais facções da Falange Gaúcha, na virada do século, Os Manos e Os Brasas. Havia ainda um terceiro grupo, formado por dissidentes dos outros Brasa dois: Os Abertos. As disputas entre grupos provocavam tensão, como no dia 26 de março de 2002, no Presídio Central. Integrantes de Os Brasas que estavam na 2ª e na 3ª galerias do Pavilhão D revoltaram-se com a descoberta de um plano de fuga e com a suspensão das visitas. Tumulto durou cinco horas no Central Os Brasas decidiram, então, que Os Manos, que estavam na 1ª galeria, pagariam o pato. Tentaram invadi-la, mas os fi éis a Melara colocaram fogo em colchões. Houve um grande tumulto, só contido cinco horas depois pela Brigada Militar. No dia 6 de outubro de 2004, um furgão da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) partiu da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) levando Dilonei Francisco Melara para a Colônia Penal Agrícola (CPA) Daltro Filho, a poucos metros de distância. Pela lei, no regime semiaberto os presos só podem sair da área da prisão com ordem judicial. Porém, a frágil vigilância permitia a apenados darem escapadinhas e retornarem sem que o desrespeito à norma fosse notado. Melara, pelas regras de sua facção criminosa, deveria mandar dinheiro para os Enquanto alguns presos pediam paz e outros ameaçavam Melara conquista o semi-aberto apenados que continuavam no regime fechado. Até seu sono era vigiado Como ele facilmente seria reconhecido nas ruas, passou a comandar, entre outros apenados de Os Manos na CPA, assaltos e furtos em Charqueadas, durante o dia. Como conseqüência, o registro de crimes contra o patrimônio triplicou no município, passando de dez para 30 diários, em média. No interior da CPA, a rotina também foi alterada. Melara passou a andar cercado por até seis seguranças quando acordado. Enquanto dormia, subordinados se revezavam no zelo de seu sono.... alguns criavam pânico... Devido ao clima tenso na colônia penal e nas ruas, a segurança decidiu realizar uma revista no alojamento ocupado pelo Manos. Foram encontrados dois revólveres, duas pistolas, uma espingarda, 76 projéteis de pistola, 21 de revólver, três carregadores de pistola, oito celulares, 66 pedras de crack e vários estoques. Pelo lado dos rivais Os Abertos, foi encontrada até uma granada. As freqüentes ameaças de morte a Melara, o risco de um grande enfrentamento na CPA e os assaltos em Charqueadas pautaram uma reunião de autoridades das A disputa entre Os Manos e os Brasas não impedia que Dilonei Francisco Melara voltasse seu pensamento para outras coisas. E, em 2004, até como compositor ele conseguiu chamar a atenção. No dia 23 de agosto daquele ano, uma rádio da Capital executou a música Casinha Na Colina, apresentada como pagode, com letra e melodia fracas, gravada num CD de demonstração (demo) por uma banda que nem nome tinha. Casinha na Colina seria uma das 25 letras já compostas pelo apenado que, segundo sua defesa, pretendia assinar contrato com alguma gravadora Casinha Na Colina Autor: D. F. Melara No começo da noite conheci você Que noite linda Que interessante, cheia de prazer Tudo o que rolou, Foi pra lá de loucura, Flutuei nas alturas fazendo amor com você Garota linda estou apaixonado Aceite o meu pedido, Deixa eu ser seu namorado, Vou fazer uma casinha Pra nós dois lá na colina, áreas penitenciária e de segurança. Transferência em operação sigilosa Entre as decisões estava a de transferir o líder de Os Manos da CPA para a ala de para passar a viver de direitos autorais, algo só possível no país a compositores consagrados. Enquanto compunha em em sua cela na Pasc, Melara fazia planos de trocar de regime prisional, do fechado para o semiaberto, no qual o preso pode sair da cela e circular livremente dentro dos limites da cadeia. Houve uma longa batalha judicial, que tinha de um lado o Ministério Público e a Secretaria da Justiça e da Segurança, contrárias à mudança, e de outro a defesa do apenado. A disputa chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, onde Melara conseguiu a mudança de regime. Vou te dar muito carinho Muito amor, linda menina. E o que virá depois, Só Deus mesmo pra saber, Sonho com bastante Vida e Bem pouquinho sofrer... E o que virá depois, Só Deus mesmo pra saber, Sonho com bastante Vida e Bem pouquinho sofrer... Furgão levou Melara da Pasc para a CPA regime semiaberto da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej). No dia 25 de novembro daquele ano, numa operação praticamente sigilosa, o Melara foi transferido de prisão. Leia no próximo final de semana: a morte do mito e o fim da Falange

20 30 A morte do mito A guerra no interior dos presídios continuava, agora com os grupos Os Manos (principal faccão da Falange Gaúcha), Os Brasas e Os Abertos como protagonistas (tema do capítulo anterior). Líder de Os Manos, Dilonei Francisco Melara, depois de uma batalha judicial, conquistou o direito de mudar do regime fechado, na Penitenciária de Alta O capítulo anterior 25 e 26/8/2007 Segurança de Charqueadas (Pasc), para o semi-aberto, na Colônia Penal Agrícola Daltro Filho. Porém, o temor de que ocorresse um grande conflito motivou sua transferência para a ala do regime semi-aberto da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej). Foi um passo para a fuga e outro, para a morte. Alerta em todo o Sul do país Às 20h do dia 29 de novembro de 2004, depois de mais um dia de trabalho na ala do regime semi-aberto da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej), como era rotina, os agentes começaram a conferência dos presos. Dos 38 alojados no local, um não respondeu à chamada. O alerta foi dado e, em poucos minutos, soava nos rádios de viaturas da Brigada Militar, da Polícia Civil e das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual: Atenção para alerta de fuga. Melara fugiu. Desde que chegara à Pej, transferido da Colônia Penal Agrícola Daltro Filho, havia uma semana, Melara trabalhava na cozinha e tinha livre acesso ao Barreiras tentavam conter a fuga do bandido pátio, que não era cercado. Logo, só sua consicência poderia impedi-lo de fugir. No Norte do Estado, imediatamente, a Polícia Rodoviária Federal montou barreiras na rodovia Erechim- Concórdia (SC), a BR-153, e no acesso à BR-480, que leva a Chapecó (SC). No município de Espumoso, a Polícia Rodoviária Estadual fez barreira na RS-332, que leva a Passo Fundo. Em Tupanci do Sul, onde moravam familiares de Melara, foi realizada uma operação de buscas. Barreiras foram montadas também durante a madrugada seguinte nas fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Caçada mobilizou grande número de policiais Foto de Melara foi espalhada pelas estradas A notícia da fuga de Melara espalhou-se rapidamente e chegou a Santa Catarina. Todas as delegacias daquele Estado foram avisadas e receberam uma foto do foragido. A polícia catarinense montou barreiras na divisa com o Rio Grande do Sul. A caçada a Melara mobilizou um grande número de policiais que, nos dias seguintes, passaram a percorrer endereços de possíveis amigos e familiares do bandido, na Região Metropolitana. O telefone do serviço Disque-Denúncia, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e o 190 da Brigada Militar passaram a tocar insistentemente com informações de pessoas que acreditavam ter visto o criminoso. Por sinal, Melara era visto em vários locais, a centenas de quilômetros uns dos outros, em frações de minutos, segundo os telefonemas. Uma das dicas provocou uma mobilização de 200 policiais no Norte do Estado. Um ex-taxista da Capital, que virara vendedor ambulante em Planalto, jurou ter visto o bandido a bordo de um Vectra bordô na RS-406, que liga o município de Nonoai a Santa Catarina. Apesar do forte aparato policial, nem uma pista do criminoso foi encontrada. Além disso, não eram raros os boatos sobre uma suposta morte do criminoso. Entre outras coisas, circulavam informações de que ele teria sido executado e enterrado nas proximidades da Pej.

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