Saudações às autoridades e a todos os que prestigiam este evento do Poder Judiciário do Estado do Paraná.
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- Eliza Câmara de Miranda
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1 abandona. A árvore também voa no pássaro que a Saudações às autoridades e a todos os que prestigiam este evento do Poder Judiciário do Estado do Paraná. Iniciei minha manifestação citando frase de Eduardo Galeano que traduz a existência de vínculos que são verdadeiramente indissolúveis, capazes de fazer árvore alçar vôo junto ao pássaro que em seu ninho acolhera. Lembrei-me disso pela coincidência de que na história do Ministério Público do Estado do Paraná está o registro de honra referente ao Promotor Público Substituto Carlos Augusto Hoffmann, que ingressou em nossa Instituição na data de 06 de maio de 1965, nela permanecendo (inclusive após exercer o cargo de Corregedor Geral) até 06 de agosto de Também se encontra marcada nos nossos registros, igualmente com honra, a nomeação, em 16 de 1
2 outubro de 1930, do Adjunto de Promotor Público Nahor Ribeiro de Macedo, pai do ora empossado Celso Rotoli de Macedo e que no Ministério Público do Estado do Paraná permaneceu até a sua aposentadoria em 21 de maio de 1966 (aqui ainda devendo ser considerada a carreira no Ministério Público do agora Desembargador Lídio José Rotoli de Macedo de 08 de maio de 1975 a 15 de maio de 1995 filho do Procurador de Justiça Nahor e irmão do Desembargador Celso). Quando se fala na existência de um novo Ministério Público a partir da Constituição Federal de 1988, indispensável consignar que a sua transformação em instituição de primeira grandeza, que exerce parcela da soberania do Estado, não se dá por acaso (ou pela natureza das coisas), mas sim pela dedicação e competência dos que alcançaram significativa credibilidade perante a sociedade em que atuaram, valendo então tributos permanentes de agradecimentos a agentes políticos de transformação social como Nahor Ribeiro de Macedo e Carlos Augusto Hoffmann, significando, como quer o poeta, que o Ministério Público voou junto com o Desembargador Carlos Augusto Hoffmann e encontra-se presente na trajetória do Desembargador Celso 2
3 Rotoli de Macedo (aqui não se esquecendo que o recém empossado 2º Vice-Presidente, Desembargador Sérgio Arenhart, profissional que sempre elevou em dignidade a magistratura paranaense, é pai do Procurador da República Sérgio Cruz Arenhart). Nesse contexto de vinculações na mesma oportunidade de parabenizar os empossados Celso Rotoli de Macedo e Sérgio Arenhart é de se consignar o que o Ministério Público do Estado do Paraná espera da nova administração do Poder Judiciário. Em primeiro lugar, manifesto em nome de nossa Instituição o desejo de que a nova cúpula do Tribunal de Justiça venha a ampliar esforços no sentido de verdadeiramente franquear o acesso de todo cidadão paranaense à Justiça, contribuindo significativamente para o alcance do tão almejado Estado de Direito Democrático com a criação de mecanismos tendentes à materialização das promessas de cidadania contempladas no nosso ordenamento jurídico. 3
4 Alertada pela nossa realidade social (que ainda contempla milhões de brasileiros e paranaenses sem oportunidade de vida digna) e alentada pelo propósito de justiça (aqui com fina sintonia à idéia de que, para além de uma equação econômica, o verdadeiro desenvolvimento só pode se dar mediante a universalização dos direitos fundamentais da pessoa humana), a Assembléia Nacional Constituinte com emendas populares e participação decisiva de representantes de nossas forças progressistas produziu texto que acabou denominado, não por acaso, de Constituição Cidadã. No campo infraconstitucional, seguiram-se inúmeros diplomas legais que apresentaram caráter genuinamente democrático, tratando dos direitos das crianças e adolescentes, dos idosos, da proteção ao consumidor, ao meio ambiente, ao patrimônio público, entre outros. Então, no contraste entre os ditames legais e a realidade experimentada por milhões de brasileiros afastados da possibilidade do exercício de direitos elementares da cidadania, necessário Senhor Presidente Celso Rotoli de Macedo permanente e cívico esforço no sentido de impedir 4
5 que os direitos humanos consagrados no nosso ordenamento jurídico, porque tratados como meras declarações retóricas ou singelas exortações morais, acabem postergados em sua efetivação, quando não relegados totalmente ao abandono. Considerada a infeliz praxe forjada no sentido de que quando surgem leis para acudir os excluídos e marginalizados sociais ainda assim de nada servem, porquanto não são efetivadas (as leis que não pegam, segundo dizem), conveniente chamar à responsabilidade (funcional, política, social e ética) todos os operadores do direito a fim de fazermos da Justiça espaço permanente de luta. Darmos nossa verdadeira e efetiva contribuição para, pela via da superação das desigualdades sociais e erradicação da pobreza, atingirmos desejado progresso social. Impostergável assim, tendo como fundamento a dignidade da pessoa humana, assumirmos compromisso de busca da igualdade material e conseqüente opção 5
6 preferencial em favor daqueles que se encontram hoje sem oportunidade de vida. Nesse passo, a pretensão do Ministério Público do Estado do Paraná é de que a próxima e importante meta do Poder Judiciário, seu principal projeto estratégico, contemple o julgamento prioritário de todas as ações civis públicas propostas pela nossa Instituição (ou mesmo pelas entidades representativas da sociedade civil organizada), lembrando que todas elas dizem respeito a valores sociais significativos, que vão dos melhores interesses das crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, passando pela defesa do meio ambiente, saúde pública, educação, consumidores, até a preservação do patrimônio público. A meta um do Poder Judiciário do Paraná seria, dessa sorte, garantir cidadania e alcançar a paz social pela via da Justiça (conforme asseverou recente Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, a paz é fruto da Justiça ou, como bem lembra Norberto Bobbio, direitos humanos, democracia e paz social são três momentos necessários do mesmo movimento histórico: sem os direitos humanos reconhecidos e protegidos não se instala uma sociedade 6
7 genuinamente democrática e sem democracia não existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos sociais). A Justiça deve, especialmente, intervir para que o Estado cumpra com seu papel institucional e indelegável de promoção social, acudindo os paranaenses que se encontram a margem dos benefícios produzidos pela nossa sociedade, afastando-se a herege idolatria ao Estado Mínimo, assim como repelindo falsa idéia da hipocrisia neoliberal de que tudo poderia estar sob a responsabilidade da mão invisível do mercado que, sabemos, não possui olhos muito menos coração para compreender e participar de urgente movimento nacional de solidariedade e justiça, capaz de socorrer os que experimentam a subnutrição, morrem de fome e de doenças facilmente evitáveis, percebem salário insuficiente para atender às necessidades básicas, padecem da falta de educação e cultura, são impulsionados cotidianamente para o permanente campo da marginalização social. No que diz respeito ao ordenamento jurídico, repelir reiterados ataques a direitos sociais significativos, 7
8 contemplando a artimanha inicial da desconstitucionalização para, em seguida e mesmo que se trate de produto da civilização dos povos, impor-lhes a deslegalização, donde a imperiosa resistência daqueles que têm o dever de defesa do Estado de Direito Democrático. Se o objetivo era antes de impedir que regras jurídicas de maior alcance social, mesmo diante da agonia e sofrimento do povo, acabassem letras mortas, agora há que se acrescentar o propósito de evitar desapareçam elas de nosso ordenamento jurídico, implicando retrocesso na perspectiva da desejada construção de uma sociedade progressivamente melhor e mais justa. Na igualmente feliz coincidência da data de hoje vale dizer, comemoração dos vinte anos da sanção do Estatuto da Criança e do Adolescente convém lembrar que o Poder Judiciário está também submetido ao princípio constitucional da prioridade absoluta, que significa, no que mais importa, preferência na formulação e execução de sua política pública, determinando prioritário julgamento dos feitos relacionados à infância e juventude, assim como a obrigatoriedade da destinação preferencial de recursos, aqui, 8
9 notadamente, para a implantação das equipes interprofissionais, previstas expressamente nos arts. 150 e 151, do Estatuto da Criança e do Adolescente. É que, sem dúvida, não atingiremos almejado avanço social se continuarmos perdendo gerações e gerações de crianças e adolescentes para a subcidadania, para a exclusão social ou marginalização, comparecendo o espaço da Justiça da Infância e Juventude como fundamental à implementação das regras do Estatuto da Criança e do Adolescente, de molde a transformar a população infantojuvenil de meros objetos de intervenção em reais sujeitos de direito. obstinação. Ou seja, o momento é de persistência e Visão e paixão. A condução no sentido de interferência positiva e decisiva do Poder Judiciário nesse processo histórico é o que de melhor podemos aspirar dos novos dirigentes do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. 9
10 Caminhos, diga-se, que não irão trilhar sozinhos, senão em companhia e relacionando-se estreitamente com advogados e membros do Ministério Público. Da parte de nossa Instituição, como desde sempre, o inabalável propósito de se manter operante relacionamento leal e consistente. Afinal, Ministério Público e Poder Judiciário fazem parte do mesmo engenho. O que for prejudicial a um, também o será de alguma forma ao outro. E assim digo perfeitamente ciente das nossas características institucionais, das autonomias e independência de cada um dos organismos, mas antes voltado para o papel distinto e ao mesmo tempo coeso no Estado de Direito Democrático. Nessa batalha infinda que se trava por melhores dias para os milhões de brasileiros miseráveis sob todos os aspectos, bem sei que interessa ao Poder Judiciário um Ministério Público firme e cumpridor de suas atribuições constitucionais, capaz de internalizar no espaço da Justiça os 10
11 interesses sociais mais significativos, valorados especialmente pela ótica daqueles que se encontram distantes da cidadania. Somente um rasgo de insanidade cívica poderia contrapor essas Instituições. Afinal, a quem interessa um Ministério Público tíbio, desarvorado, alienado quanto à sua responsabilidade política, demitido de seus encargos constitucionais? Enfim senhor Presidente Celso Rotoli de Macedo, operador do direito forjado a partir dos ideais do Procurador de Justiça Nahor Ribeiro de Macedo, tenha certeza Vossa Excelência que nossa Instituição, sempre independente e em razão disso mesmo, estará ao lado do Poder Judiciário para o que der e vier, na esperança de que todos nós, Procuradores e Promotores de Justiça, Desembargadores e Juízes de Direito, possamos cumprir o papel de instrumentos à disposição do povo paranaense para que aqui, antes até dos demais Estados, reste alcançado o que é indicado como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil: o de construir uma sociedade livre, justa e solidária. 11
12 Encerro, ainda em comemoração os 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, dando vez e voz aos meninos de rua da Chácara de Quatro Pinheiros, fazendo a leitura de um poema de autoria deles, nascido sob o signo da igualdade, que também é bandeira do Ministério Público Paranaense. Diz o poema : Nós também queremos viver Nós também amamos a vida Para vocês, escola Para nós, pedir esmola Para vocês, vida bela Para nós, viver na favela Para vocês, academia Para nós, delegacia Para vocês, coca-cola Para nós, cheirar cola 12
13 Para vocês, muita emoção Para nós, catar papelão Para vocês, forró Para nós, mocó Para vocês, piscina Para nós, chacina Para vocês, televisão Para nós, valetão Para vocês, avião Para nós, camburão Para vocês, conhecer a lua Para nós, morar na rua Para vocês, está bom, felicidade Mas, para nós, igualdade Nós também queremos viver Nós também amamos a vida. 13
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