Por trás dos muros do. Presídio Federal de MS. ato Grosso do Sul é terra de sertanejo? Reformulação na grade escolar

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1 - Campo Grande-MS Abril de 2008 Ano XI Edição 75 Tráfico de animais silvestres é um crime que, além de movimentar muito dinheiro ilegal, contribui para o desequilíbrio ambiental auna em perigo O tráfico de animais silvestres é a terceira maior atividade ilegal do mundo e só perde para o tráfico de armas e drogas. É rentável pela facilidade com que o traficante captura os animais, como se fossem pedaços inanimados que não sentem dor ou fome. Nesta edição do Unifolha, o leitor tem a oportunidade de conhecer detalhes sobre a atividade criminosa que movimenta milhões de dólares por ano. Muitos animais brasileiros, vários deles com origem no Pantanal de Mato Grosso do Sul, figuram na lista de produtos mais caros, mais cotados e traficados, levados para diversas partes do mundo. Conheça a definição completa do crime; o perfil das pessoas que traficam animais; como os órgãos de defesa trabalham na fiscalização; a legislação vigente; histórias de quem já combateu o tráfico de fauna, e, o mais importante: como os animais, entre aves, mamíferos e répteis, são transportados de forma tão precária, motivo pelo qual parte não sobrevive. PÁGINAS 13 IZABEL ESCOBAR Mato Grosso do Sul é um estado em que é comum a captura de espécies, principalmente aves, e que está na rota de comercialização, segundo informações da Polícia Ambiental e do Ibama Por trás dos muros do ERIC SACCO Presídio Federal de MS Marco Aurélio (esq.), que faz dupla com Paulo Sérgio: paixão pelo regional ato Grosso do Sul é terra de sertanejo? A cultura sul-mato-grossense mantém vínculos fortes com sua raiz rural, inclusive, no campo musical. Mas, será que, de fato, somos realmente a terra da música sertaneja? Confira uma cobertura completa sobre esse tema bastante conflitante em nosso estado. Veja qual é a visão dos músicos, das rádios e dos proprietários de bares da cidade, sobre o cenário musical de Mato Grosso do Sul que se mostra bastante eclético. PÁGINA 9 ELIS REGINA NOGUEIRA Falta de espaço é o que leva o Bando do Velho Jack para fora do estado Entrada do Presídio Federal, que é considerado inviolável. No dia 13 de abril, ação, ainda cercada de mistérios, teve por objetivo resgatar presos O Presídio Federal de Campo Grande, considerado inviolável, sofreu um ataque no dia 13 de abril, quando pessoas ainda não identificadas teriam disparado tiros contra o Aprenda a investir na Bolsa de Valores local, enquanto um helicóptero sobrevoava a área. Trata-se, provavelmente, segundo a própria diretoria, de uma tentativa de resgate de detentos. A equipe do Unifolha teve acesso ao interior do presídio e desvenda para o leitor o funcionamento da estrutura que mantém incomunicáveis, atualmente, 158 presos de alta periculosidade. Conheça o trabalho dos agentes penitenciários, em sua maioria (80%) com cursos universitários e a tecnologia para isolar criminosos,como Fernandinho Beira-Mar e o traficante colombiano Juan Carlos Abadia. PÁGINA 7 Reformulação na grade escolar O estudo da Filosofia e da Sociologia foi excluído do currículo escolar dos estudantes brasileiros, durante a ditadura militar. Hoje, essas ciências voltam a ser obrigatórias na grade dos alunos do ensino Médio. Confira como PÁGINA 5 alunos e professores estão lidando com essa obrigatoriedade. PÁGINA 6

2 2 CAMPO GRANDE-MS ABRIL OPINIÃO Unifolha EDITORIAL Quase exclusivamente mães 10 anos de prática ética O curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) está completando 10 anos de existência. Neste período, foi possível agrupar uma equipe de professores que conjuga a experiência profissional adquirida em anos de mercado de trabalho em suas respectivas áreas com a necessária formação em mestrado e doutorado. Assim, os docentes conseguem estimular nos acadêmicos a reflexão crítica aliada à prática profissional. Na sua história, um dos principais diferenciais do curso sempre foi o oferecimento de laboratórios modernos. Todos os acadêmicos são chamados a participar do site Unifolha On-Line, da TV Pantanal, do estúdio pedagógico de radiojornalismo e do laboratório de fotojornalismo, o que ajuda a preparar um futuro profissional alicerçado em um aprendizado prévio, devidamente acompanhado. Este também é um ano especial para os laboratórios. A TV Pantanal está completando 10 anos, mantendo no ar 12 novos programas, com participação ativa dos acadêmicos em todas as áreas de produção, inclusive especializados em cultura (.cult), mundo rural e meio ambiente (Agroambiente) e esportes (Uniesporte), transmitidos em horários variados no canal da 14 da Net. Também apaga velinhas em outubro de 2008, com a mesma idade, o jornal Unifolha impresso, produzido pelos acadêmicos do terceiro e quarto semestres. Outra novidade é o retorno do site que está completando cinco anos de existência, totalmente reformulado. O novo visual é resultado de um projeto de interatividade proposto pelos próprios acadêmicos, coordenados por uma ação interdisciplinar de professores de várias áreas. No novo site, o leitor tradicional da versão impressa vai encontrar matérias novas de segunda à sexta-feira, produzidas pelos próprios acadêmicos, que treinam formas diferenciadas de produção de notícias para internet, investindo no jornalismo literário e quebrando a obrigação de notas curtas e o postadas a cada minuto. Inclusive a versão em PDF do jornal que está em suas mãos também estará, em breve, disponível no mesmo site. Toda produção dos acadêmicos costuma ser coordenada de forma multidisciplinar e resulta em discussões posteriores em sala de aula. Para o curso de Jornalismo da Uniderp, a prática deve estar sempre acompanhada da reflexão ética. E que venham os próximos anos. LUCIENE FRATINI LETÍCIA WINCLER Na época da inquisição, a Medicina considerava que o corpo feminino era inferior ao masculino e que a sua síntese estava no útero: cheio ou vazio, era este que media a saúde da mulher. Esta perspectiva priorizava o papel de mãe à mulher. É o que relata a pesquisadora Silvana Colomballi Parra Sanches, na monografia Envelhecimento e Saúde das Profissionais de Sexo em Mato Grosso do Sul, apresentada em A pesquisadora lembra que o sangue menstrual era tido como o líquido mais infecto do corpo humano, pois saía de um útero sem feto e a mulher menstruada era associada à morte, à destruição e ao diabólico. Para Silvana Colomballi, a mulher costumava ser qualificada de duas formas: prostituta ou mãe. As mulheres prostitutas e mães, segundo demonstra a sua pesquisa, mostram para todos o grande sucesso com a maternidade, uma grande realização pessoal. Chegam a afirmar, também, que a dimensão de ser mãe CHARGE é a única que traz total felicidade para elas. Em algumas situações, a mãe deixa a identidade de lado e se sente obrigada a utilizar o lado mulher prostituta, para cuidar de seus filhos, poder garantir o sustento do lar, aponta a pesquisa. Sofre, com isso, até algum tipo de conseqüência negativa perante sua saúde. A mulher ainda continua na luta com o homem, para ter seu espaço, mas, mesmo assim, é colocada como mulher do lar, que tem de cuidar de seus filhos. Alguns até entendem o lado de mulher prostituta, da própria mãe, porque sabem que é para o seu bem, conforme relata a pesquisadora, mas, também, manifestam consciência de que isso seja errado. O fato de a mãe prostituta prestar serviços, como costumam classificar os filhos, é algo que estes fazem questão até de esconder da sociedade, para proteger a progenitora da descriminação, que, às vezes, vem muito forte até mesmo de forma agressiva, de acordo com a pesquisa. Segundo constatou a pesquisadora, as mães temem que seus filhos sofram perante os amigos deles, devido à sua profissão, que envolve a comercialização do sexo. GUILHERME DE ALMEIDA rostituição e vivência LYNNE GUEDES AFAELA ALVES º. SEMESTRE A história do sexo relaciona-se profundaente, com a experiência de todas as muheres e da sexualidade. Em sociedades antias, muitas mulheres eram sacerdotisas, que erviam a deusas, cujo ritual de purificação ra a relação sexual. A partir da revolução da écada de 1960, as mulheres passaram a ter utra relação com a sexualidade, se tornando ais independentes, e o conceito de prostiuição adulta foi se tornando mais complexo, nvolvendo, inclusive, homens. O estudo da sexualidade das prostitutas dultas comprova que as práticas homoerótias (relações com indivíduos do mesmo sexo) ão cada vez mais comuns. Prostitutas maioes de 18 anos dizem aos pesquisadores que xistem outras formas de relações sexuais ue não sejam calcadas apenas na heterosseualidade. Essa preferência pelo mesmo sexo, mesmo as relações de prostituição, justifica-se peo fato de as mulheres costumarem ser mais arinhosas que homens. Mas não quer dizer ue elas sintam prazer após a relação paga, esmo que tenha sido com outra mulher. ara elas, é fundamental a separação entre rabalho e lazer. Essas novas pesquisas fazem com que o anigo tabu de que garotas de programa adultas e relacionem somente, com homens, ou seja, predominância da heterossexualidade na a sexualidade Futuro trágico figura da prostituta, caia por terra. Atualmente, começamos, também, a conhecer melhor o mundo dos garotos de programa, ou michês. Temos a idéia de que as mulheres também estão procurando uma vida sexual mais fantasiosa, pelo mesmo motivo que os homens: falta de conversa no tradicional modelo de relacionamento, em que não costuma caber a realização de fetiches. Mas, como as mulheres, os garotos de programa adultos também estão manifestando uma preferência maior pelo mesmo sexo. Por causa de relacionamentos homossexuais frustrados, eles buscam, na nova vida sexual, um modo de extravagar essa ausência. Tanto o profissional do sexo, como o cliente. Até hoje, a prostituição é vista como alternativa momentânea à realização de fantasias, o território do prazer ilegítimo, onde homens têm um modelo de relacionamento em que não cabe o compartilhamento de fantasias sexuais, e nem a possibilidade de ousar. Um bom exemplo é a transformação cultural do fenômeno da iniciação sexual ao longo da história. As prostitutas passaram a ter um papel importante, a responsabilidade de ensinar ao jovem como ter prazer. É a oportunidade que eles têm de extravasar o desejo. Percebemos que as prostitutas adultas, a cada dia, desenvolvem uma vivência sexual, ao ensinarem os jovem a ter prazer e a ter relação sexual com pessoas de mesmo sexo, tanto garotos de programa, quanto prostitutas. BRUNA NÁSSER Dados, estatísticas e referências são elementos que não faltam quando o assunto é a prostituição infantil. O que falta, no entanto, é uma atitude que faça mudar, de verdade, essa triste realidade. Atualmente, em Mato Grosso do Sul, cidades como Coxim, Três Lagoas, Corumbá e Aquidauana são conhecidas nacionalmente, devido ao tráfico e exploração sexual de crianças e adolescentes. Festas tradicionais dessas cidades passaram a ser palco para negociações e abusos, recebendo turistas de todos os cantos do país. Muitos deles interessados somente no turismo sexual, em vez de aproveitarem os muitos atrativos da região. Segundo diversas pesquisas, os motivos que levam os jovens a se prostituírem têm como base a falta de dinheiro em casa e o desemprego dos pais, que gera, por tabela, o baixo nível de educação e a falta de oportunidade para os filhos. Os infantojuvenis vêem na prostituição uma chance de trazerem dinheiro para sustentar toda a família, cabendo a eles responsabilidades de gente grande. Em casos mais freqüentes, os pais preferem ficar cuidando dos afazeres domésticos, enquanto os filhos vão para as ruas. Fato que deveria ser condenado. Não é humano ver crianças de 11 ou 12 anos fazendo sexo por dinheiro. Tampouco, o é se conformar com essa situação. Lugar de criança é na escola. Convivendo com outras da mesma faixa etária, com os mesmos interesses. A educação é, realmente, capaz de mudar o mundo, alterar a realidade de jovens que já não acreditam mais em uma vida melhor. A escola faz com que eles ocupem a mente com coisas boas, adquiram conhecimento, troquem experiências e acreditem que nem tudo está perdido. O futuro dessas jovens não está nas ruas ou festas, em que a prostituição é algo banal (e lucrativo ), mas, sim, nas mãos de todos os cidadãos que se preocupam com as nossas crianças. Fato este, que não se limita, apenas, ao estado de Mato Grosso do Sul, mas que se estende a todo o país. A luta por uma pátria melhor e mais justa, principalmente, para as crianças, é uma atitude que depende de todos e de cada um. Faça sua parte em busca de um futuro brilhante para esses jovens. Para denunciar a exploração sexual em qualquer parte do Brasil, basta ligar, gratuitamente, para o número 100. Consciência é a base de tudo. Unifolha Jornal-Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) Ano XI - Nº 75- abril de Tiragem 5 mil exemplares. Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação foram produzidas pelos acadêmicos do 3ª semestre do curso de Jornalismo da Uniderp (N 30) Reitora: Profa. Ana Maria Costa de Sousa Vice-Reitora: Professora Leocádia Aglaé Petry Leme Pró-Reitor Administrativo: Professor Antonio Fonseca de Carvalho Pró-Reitora de Graduação: Professora Heloisa Helena Gianotti Pereira Pró-Reitor de Extensão: Professor Ivo Arcângelo V. Busato Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Professor Raimundo Martins Filho Coordenador do curso de Jornalismo: Professor Marcos Rezende Morandi DRT/MS 067 Jornalista responsável: Professor Alexandre Maciel (DRT/MS 172). Editores: Opinião: Bruna Nasser; Política: Aline Leque; Cidades: Rosália Prata; Economia: Roberto Belini; Educação: Tharyana Durigon; Segurança: Sérgio Pavão; Esporte: Renan Campos; Cultura: Gustavo de Deus; Ciências & Tecnologia: Wagner Jean; Saúde: Geysa Rodrigues; Rural: Ernandes Bazzano; Meio Ambiente: Daiane Líbero; Entrevista: Leonardo Macbeth; Comportamento: Giselle Ribeiro Revisão: Professor Mario Marcio Cabrera (DRT/MS 109) Edição de fotos: Professora Elis Regina Nogueira (DRT/MS 090) Projeto Gráfico, Diagramação e Tratamento de Imagens: Professor Carlos Kuntzel DRT/MS 041 Estagiário de Diagramação: Acadêmico Wagner Jean Projeto Gráfico 2005: Ana Paula Novaes - Andréa Roselle - Brasleif Adriano - Cândida Piesanti - Edilaine Maira - Élika Gonçalves - Emídio Denardi - Evllyn Rabelo - Flaviane Bueno - Gildo Araújo - Gizelli Xavier - Isabel Rodríguez - Janiel Chaves - Jucyllene da Silva Castilho - Juliano Salles - Laila Carriel - Marco Aurelio Ribeiro - Mariana Conte - Mario Daude - Marithê Côgo - Michelly de Alencar - Natália Souza - Paulo Donato - Pedrina Gomes - Priscila Evaristo Teixeira - Renato Lima - Reneide Casagrande - Rodrigo Gordin - Simone Prieto - Thiago Ferreira - Viviane Cunha - Viviany Gomes - Yvelaine Isabela e professor Carlos Kuntzel Criação da logomarca do caderno Cenário: Elton Tamiozzo, Ducely Reis, Franciele Caldart, Maurício Picarelli Jr, Nirley Peterossi Jr e José Cabad. (Acadêmicos de Publicidade e Propaganda) Impressão: Gráfica A Crítica Unifolha - Rua Ceará, 333, bairro Miguel Couto, Campo Grande-MS. Cep: Tel:(067) unifolhaonline@gmail.com

3 Unifolha JUVENTUDE-INICIATIVA POLÍTICA CAMPO GRANDE-MS ABRIL Índice do Tribunal Superior Eleitoral indica queda no número de novos eleitores Cai a participação dos jovens nas eleições DOUGLAS QUEIROZ LIANA FEITOSA Com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de jovens que retirou seu título de eleitor entre 16 e 17 anos está sendo menor no início desse ano, em relação ao mesmo período de Em março do ano passado, 6,2 mil jovens se alistaram. Foram em março de Tállisson Tauan, que só completa 18 anos no início de 2009, faz parte do grupo de jovens não-votantes. Ele não vê necessidade de iniciar sua vida eleitoral antes de ser obrigado a fazê-lo. Eu tomei a decisão de não votar agora, por vários motivos. Não acredito muito nessa coisa de que meu voto vai mudar a nação. Até porque, não acredito que exista político honesto pra votar. Também acho maçante ir lá votar, ficar em pé numa fila. O jovem Tállisson, assim como Mariana Fernandes, de 16 anos, vê nos maus políticos o principal impedimento para votar antes de completar a maioridade e acredita, ainda, que a maior parcela dos jovens pensa como eles. A maioria das pessoas da minha idade não estão nem aí pra política. Pra quê? Já que não é obrigado tirar (o título), vamos tirar só depois dos 18, afirma Mariana. Mas há os que pensam diferentemente, como Bárbara da Rosa Queiroz, 16 anos e que, em 2008, vota pela primeira vez. Bárbara crê que seu voto, somado ao de outras pessoas, pode ajudar o país. Os adolescentes estão vindo com uma nova consciência, querendo mudança, querendo ajudar o país, idealiza a estudante. Eu achei importante fazer meu título logo. No passado, minha mãe lutou pelo direito de votar, comenta Bárbara, ao mencionar a importância do seu voto em relação aos anos em que não existia o direito ao sufrágio direto no Brasil, período da ditadura militar. Muitos jovens são levados a uma consciência política diferenciada da maioria, alguns devido à influência familiar. Hélder Moehlecke, de 19 anos, acredita que muitos estão perdidos, sem saber o que fazer de suas vidas. A nova geração, assim como a minha, não tem consciência do que fazem, não freqüentam mais igrejas, não respeitam ninguém e, muito menos, querem saber da importância do voto. Sem generalizar, mas os jovens de hoje estão perdidos, enfatiza Moehlecke. Em muitos casos, são os pais que motivam, ou até determinam, que seus filhos participem da vida eleitoral, como, por exemplo, Élton Paim, 18 anos. Ele conta que resolveu fazer seu título quando ainda era menor de idade. Pra ficar livre da responsabilidade logo e, também, porque meu pai falou para eu tirar (o título), explica. Já os pais de Tállisson o deixaram livre para decidir. Eles acham que eu tenho que votar logo, quando posso; pois meu voto faz a diferença, e que nós, jovens, temos que saber de política e correr atrás dos nossos direitos. Minha mãe é geógrafa. Sempre está informada e me cobra um pouco disso também. Mas, eles me deixam livre pra decidir se devo votar ou não, relata. Fernando Kun, estudante, 18 anos, pensa ser melhor que os jovens que não querem votar, não vivam a experiência imediatamente. Se eles não querem votar, é porque não entendem o que esse ato significa. Isso é bom, porque não vão atrapalhar, escolhendo um político qualquer, acredita Fernando. RODRIGO OSTEMBERG Enquanto Bárbara da Rosa (esquerda) defende o primeiro voto antes da maioridade, Mariana Fernandes acredita que votar aos 16 anos não é uma necessidade Márcio Fernandes é o deputado estadual mais jovem entre os eleitos Política se renova com novos nomes DIANNA MALVES MAZZIO NANTES Os jovens sempre tiveram seu percentual de culpa nas grandes decisões do nosso país em relação à política. Estavam lá, contra a ditadura militar, em 1964, sendo rotulados de comunistas. Estavam no movimento das Diretas Já, em 1984, lutando pelo direito do voto livre e direto. Estavam na luta pelo impchemeant de Fernando Collor de Melo, os caras pintadas, mostrando que ainda existe amor pelas cores da nossa bandeira. Os jovens sempre mostraram interesse pelo futuro, utilizando toda a energia acumulada em assuntos até então dominados adultos. Hoje o jovem quer o poder, quer estar lá, decidindo o destino. A Constituição Federal de 1988, no artigo 14, determina a idade mínima para cada cargo, desde presidente da República até vereador e juiz de paz. Aos 18 anos, um jovem pode tomar posse do cargo de vereador. Deputado federal e estadual, prefeito e vice-prefeito, a partir dos 21 anos. Para governador e vice, após os 30 anos. A presidência da República, vice-presidência e senador somente aos 35 anos. Atualmente, cresce o número de jovens eleitos para mandatos executivos e legislativos. Em Mato Grosso do Sul, temos diversos exemplos, como os vereadores Edmar Neto, eleito em 2004, aos 19 anos, pelo PSDB; Thais Helena, atualmente com 22 anos, eleita vereadora pelo PT e Grazielle Machado, aos 28 anos, é vereadora eleita pelo PL. Deputado estadual, Marcio Fernandes, aos 27 anos, hoje atuante no PSDB. Que caminhos percorrer? Para se tornar um jovem candidato, o primeiro passo é estar filiado a algum partido. No período que vai de 10 a 30 de junho do ano eleitoral ocorrem as convenções partidárias em todo o país. As regras e o método como ela ocorre é definida segundo o estatuto de cada partido. Podem haver algumas regras estipuladas pela diretoria nacional das legendas. Assim que passa por todo este processo, o jovem se torna um candidato e irá concorrer a um cargo político, podendo vencer e trabalhar nas áreas executivas e legislativas do seu município e estado. Gritos pela liberdade Jovens participam ativamente da 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas da Juventude, na capital ALINE LEQUE Em 1984, ouviam-se os primeiros gritos de liberdade: Diretas já! Uma das maiores contribuições democráticas para o país. Cerca de 1,5 milhão de pessoas no vale do Anhangabaú, em São Paulo-SP, lutando pelo direito de votações diretas e limpas. Após 20 anos de repressão do regime militar, estudantes, civis, líderes sindicais saíam às ruas, exigindo cidadania. Hoje, 2008, no dia 29 de março, ouvem-se novos gritos e liberdade: Conferência de Políticas Públicas de Juventude. Jovens representantes de instituições de ensino, institutos sociais, Organizações Não-Governamentais (ONGs), projetos sociais e juventudes partidárias. Jovens reunidos em grupos de discussão, apresentando desafios para educação, transporte, saúde, entre outras necessidades da juventude. Uma grande jornada para o movimento estudantil, que estava adormecido após o movimento das Diretas Já, que agitou o Brasil em Com reuniões, projetos foram criados grupos fortes e com credibilidade para lutar em prol dos jovens. Há mais jovens reunidos e organizados hoje, do que nas décadas de 60, 70 e 80. Por que não se ouvem os gritos de liberdade? A juventude está mais organizada e política. O Movimento Estudantil divide-se em várias vertentes. Nos classistas, há sindicatos, executivas, conselhos, cada um cuidando de uma respectiva profissão. No Movimento Político, reúnem-se as juventudes partidárias, batalhando pelos ideais de um determinado partido. No Movimento Jovem, há as ONGs, os institutos, a ordem e os grupos universitários, religiosos ou idealistas, como a Ordem Demolay. E, no Movimento Estudantil, concentra-se a massa de estudantes secundaristas e universitários, em órgãos como a União Estadual dos Estudantes (UEE), os Centros Acadêmicos (CAs), Diretórios Centrais Estudantis (DCEs), grêmios estudantis, União Sul-Mato-Grossense de Estudantes, entre outros, integrados por jovens formadores de opinião. As novas batalhas são por igualdade, por cumprimento da lei. Reflexões, por exemplo, sobre o direito de todo jovem ter direito à educação, saúde transporte e lazer. Jovens que saem de suas rotinas em busca de projetos e soluções para sua sociedade. Guerras travadas com as impossibilidades diárias, em busca de um ideal: um país de todos.

4 04 CAMPO GRANDE-MS ABRIL CIDADES Unifolha Repórter investe R$ 2,10 para vivenciar uma experiência inesquecível, em um misto de algazarra e poesia Aventura no ônibus das crianças LUCAS JUNOT Foi um investimento de R$ 2,10 que me rendeu uma grande experiência. A proposta era viver, ao menos um dia, a rotina do transporte coletivo de Campo Grande e seus passageiros mais curiosos. Surpreendi-me! Percebi que, se quisesse entender como as coisas funcionavam ali, teria que ir onde tudo começa. Compareci no terminal General Osório e resolvi acompanhar a linha 070, uma das mais movimentadas de Campo Grande. A viagem estava para começar! O motorista e a cobradora fumavam um cigarro e olhavam para o ônibus sem trocar palavra. O olhar do motorista era quase que um protesto e sei que minha vivência de um dia não iria fazer-me compreender a grande aventura cotidiana que ele vivia. A cobradora carregava um broche de uma santinha da qual parecia gostar muito. Enquanto ainda estava em terra firme olhava e acariciava aquele objeto, talvez imaginando como seria o seu dia. EXPRESSÕES Mas já era hora de partir. Adentrei o ônibus por volta das 6h30 e acompanhei o itinerário até às 7h30. As pessoas invadiam o veículo como se suas vidas dependessem daquilo e procuravam sedentas por lugares vagos a fim de se acomodar. A euforia durara pouco e logo o carro gigante começou a andar. Nesse momento as pessoas abaixaram suas cabeças e demonstraram um grande vazio. Porém, havia uma senhora de aparentes 70 anos de idade que entoava uma música de uma bonita melodia e parecia estar se divertindo à beça. Apesar de ainda ser cedo, o sol já castigava as pessoas dentro da caixa ambulante. O local era apertado, quente e as pessoas sentadas pareciam ver em suas poltronas uma extensão tosca de sua confortável cama. De modo que se deixavam levar, como um bebê embalado nos braços de sua mãe, por aquele balanço insistente. Os que estavam de pé tinham uma expressão séria e o desconforto era notório através das gotas de suor que escorriam em seus rostos. Observei muito as fisionomias e espantei-me com a variedade delas. Elas possibilitavam quase que uma leitura do pensamento de seus donos. Olhei no relógio, eram 7h45. O vermelhão, como muitos chamavam, parou para apanhar mais gente apesar de não haver mais espaço nem para uma mosca! Foi então que o silêncio foi quebrado por um barulho ensurdecedor! Aquela música melódica que a senhora cantava já não se ouvia mais. CRIANÇAS Repentinamente, pequenos seres foram adentrando o grande veículo e tratando de conquistar seu espaço. Eram pequenos, mas MICHELE NAKAZATO Crianças invadem o ônibus, empurrando como gente grande, falando em voz alta sobre vários assuntos e tratando de conquistar o seu espaço empurravam como gente grande, tamanha a habilidade que tinham e propriedade no conhecimento da situação. Os pequeninos falavam demasiadamente alto e sobre os mais variados assuntos. Então, percebi que tinha que apurar meus ouvidos para compreender o universo deles, até que ouvi um garotinho moreno dizer ao seu colega: Rodrigo! Sabe a Ana Clara da 3ª? Ela agora é minha namorada!. O amigo Rodrigo respondeu-lhe dizendo que se ele quisesse também a namorava, mas não gostava dela. Fiquei pensando no conceito que os pequenos tinham do assunto e lembrei-me com saudade de como era boa aquela idade. O ônibus fez uma curva bem acentuada e involuntariamente houve um forçado remanejamento de lugares e fui parar do outro lado do veículo, quase no colo de uma senhora que estava pendurada nos ferros acima de sua cabeça. Chamou-me a atenção uma pequena criatura que estava sentada em uma espécie de degrau no chão do grande liquidificador. Resolvi, com muito custo, me aproximar e vi um garoto ruivo, com não mais que oito anos, empunhando um livro. Lutei um pouco mais e cheguei mais perto para ver o que ele lia. Quase perdi os sentidos ao perceber que se tratava de um livro de poesias. No entanto, não eram poemas inocentes de criança. Tentei acompanhar ao menos um verso e constatei que falavam de amor, dor e solidão. Fiquei imaginando como aquilo surtia efeito na mente daquele pequeno garoto ruivo, de comportamento diferente dos demais e, confesso, invejei não ter despertado tão cedo quanto ele. Vivência Novos terminais na capital Expresso leva profissionais do lar ANAHI ZURUTUZA Faço um singelo sinal com o polegar, e o motorista do Expresso 072 logo entende. Com as portas arreganhadas, a lotação pára. Meu trajeto começa no Cachoeira, bairro nobre da cidade, onde muitas empregadas domésticas tiram seu sustento. Assim que entro no ônibus lotado, posso escutar o burburinho das inúmeras vozes femininas matraqueando dentro da abafada caixa metálica. Isabel! Tudo bem?!, grita uma voz aguda no fundo da lata de sardinhas. As profissionais do lar, são, literalmente, a esmagadora maioria na condução. Tento encontra um lugar para me acomodar. Desejo impossível de se realizar. E a essa altura já estou na avenida Eduardo Elias Zahran. Ao lado de uma mulher morena que tenta, com muito esforço, se concentrar na leitura de uma revista. Ela, curiosamente, traz um terço enrolado nas mãos e outro na bolsa. Em seu rosto marcado por algumas poucas rugas, vê-se, claramente, que é a fé que a faz encarar a vida, dia após dia. Enquanto isso, uma outra figura de calças apertadas e umbigo para fora, me distrai a atenção com sua fala em alto e bom tom. Rose desabafa críticas ferrenhas a uma colega, por ela cobrar pouco por suas faxinas, e duras queixas que faz sobre sua patroa. Você ta louca! Só isso pra trabalha o dia todo?! Nem pensar. Os assuntos são variados, os comentários são muitos, e o cansaço das trabalhadoras é visível. Algumas cochilam, depois do dia exaustivo, em qualquer canto do berço automotivo, sem se incomodar com o barulho, nem com o sol que bate em seus rostos. Chego ao Terminal Morenão. Tchau Márcia!. São muitos os gritos de despedida. A massa vai se ajeitando para sair do aperto. E, finalmente o coletivo esvazia como se fosse o estouro de uma boiada. Daí por diante o trajeto é mais tranqüilo, o calor humano já não castiga tanto e o silêncio toma conta. Aos poucos, o ônibus vai parando em determinados pontos, e pessoas, das mais variadas, vão tomando conta do espaço novamente. Mas a agitação já não é a mesma. Aquela grande família por mais um dia se desmembrou. Já são 17 horas. Fim da linha. CHARLINE PRESTES ROSÁLIA PRATA Pesquisa realizada pela Logística Engenharia e Transportes (Logitrans) constatou a necessidade da construção imediata de dois novos terminais, São Francisco e Tiradentes, o que completaria o sistema de integração entre os demais já existentes. O transporte coletivo realizado em Campo Grande é denominado de Sistema Integrado de Transporte (SIT), que proporciona ao usuário a comodidade de deslocamento em vários terminais de transbordo, com o pagamento de uma única tarifa. O diretor-geral da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Carlos Alfredo Lanteri informou que o primeiro terminal a ser construído será o Tiradentes, em frente ao colégio Hércules Maymone. Já o terminal São Francisco ficará na rua Tamandaré com a Euler de Azevedo. A diferença destes dois novos projetos, explica o diretorgeral é que não serão fechados, como os demais e, sim, abertos. Plano que terá característica de um grande ponto de ônibus, onde o embarque acontecerá pela porta dianteira e não pela traseira, como é organizada nos terminais fechados. Carlos Lanteri ressalta que este projeto também conta com a parceria da iniciativa privada, que, em troca do local para comercio, contribuirá para a conservação dos ambientes, zelando pela limpeza, segurança e manutenção dos banheiros, entre outros ANDRÉ MESSIAS Investimento para a construção de um dos novos terminais, o Tiradentes, gira em torno de R$ 2 milhões aspectos. Em principio, segundo Lanteri, será apenas uma nova experiência, com o intuito de ser verificada a adaptação dos usuários da região e das imediações. Para o terminal Tiradentes, está previsto o início das obras no primeiro semestre do ano. Com um investimento de R$ 2 milhões, o projeto deve ser concluído em setembro, próximo à Semana Nacional do Trânsito. Já o terminal São Francisco será construído em uma outra etapa, pois existe o projeto, embora a obra ainda não tenha sido licitada, conforme explicou Carlos Lanteri. A minuta já foi aprovada em Brasília em outubro do ano passado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já sinalizou positivamente. O diretor-geral da Agetran esclarece que apenas se aguarda a liberação dos recursos, que, tudo indica, deverá acontecer ainda neste ano. Com as construções destes dois novos terminais de transbordo, teremos a dinâmica na distribuição, maior efetividade e uma considerável redução no tempo das viagens, prevê Carlos Lanteri. Por estes terminais estarem localizados próximos a locais de grande fluxo de pessoas, como universidades, escolas e, no caso do terminal Tiradentes, o Shopping Campo Grande, haverá uma melhoria no tempo de espera e lotação dos ônibus, acrescenta. Estes terminais funcionarão como troncos alimentadores que trazem usuários dos bairros e do centro, proporcionando a eles, na opinião do diretor-geral, uma quantidade maior de desejos de viagens, e diminuindo a concentração de ônibus na região central.

5 Unifolha ECONOMIA CAMPO GRANDE-MS ABRIL MERCADO - AÇÕES Especialista no mercado de Bolsa de Valores, Adriano Neres, afirma que está aumentando a procura por qualificação na área Entenda as ações e ganhe dinheiro ROBERTO BELINI Investir seu dinheiro na bolsa de valores é vantajoso, por gerar boa rentabilidade. O Brasil possui uma das mais rígidas formas de regular a contabilidade nessa área. Esse serviço é feito pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É o órgão responsável por proteger o mercado, impondo critérios para aceitar as empresas que desejam vender suas ações. A firma que abre seu capital na Bolsa de Valores vende seus papéis e pode trabalhar com esse dinheiro, sem ficar com dívidas. A empresa só pode vender cada ação uma vez, sendo que, nas outras ocasiões, os negócios são feitos entre investidores. Para a firma, é vantagem ter ações em alta, pois, quando ela quiser vender mais papéis, estes darão mais lucro. O Unifolha consultou um especialista que veio de São Paulo. Adriano Neres Rodrigues é analista de mercado, administrador de empresas, investidor há dez anos e, desde 2006, viaja pelo Brasil, com cursos e palestras sobre o assunto. Ele disse que, em Campo Grande-MS, a procura por capacitação no mercado financeiro é alta. Isso acontece porque aqui, assim como em outras regiões afastadas do centro econômico do país, a disponibilidade desse tipo de treinamento é pequena. QUALIFICAÇÃO A base para quem tem vontade de se tornar um investidor é procurar orientação especializada. Neres afirma que existem mitos sobre o mercado. Um deles é que seria preciso muito dinheiro para aplicar. Outro, que se deve acompanhar as oscilações minuto a minuto. E, ainda, a crença de que só podemos contar com a sorte para ter bons ganhos. Para o especialista, alguns veículos de comunicação contribuem para reforçar estas falsas idéias. Todas as decisões a serem tomadas dentro desse negócio dependem da estratégia adotada pelo investidor. Por exemplo: caso a pessoa só tenha tempo de fazer consultas semanais em sua carteira, é possível obter lucro e operar com segurança se souber as técnicas de análise que se enquadrem no seu perfil. Quem pensa em rendimentos de longo prazo também pode comprar alguns tipos de ações, destaca Neres. O fator emocional é o que exerce mais influência em uma atitude, e quanto mais disciplina tiver no controle, melhor. Sabendo fazer as corretas leituras das tendências, Adriano garante que é possível reduzir em até 90% a exposição ao risco de grandes prejuízos. PERFIL JOVEM Nos treinamentos de Neres, a maioria dos alunos são homens entre 20 e 40 anos de idade. A juventude tem fatores positivos, na sua opinião, pois ela faz o investidor ter interesse em aprender e ganhar experiência no mercado. Mas é preciso atenção para não ir com muita sede ao pote, como SLIDE DA TDS INVESTIMENTOS, ANALISTA DE SISTEMAS, ADRIANO NERES RODRIGUES Termo Stop, na Bolsa de Valores, é um mecanismo que compra ou vende as ações automaticamente, de acordo com o plano de ação do investidor diz Adriano. Isso significa que não se deve achar que, por ser jovem, pode comprometer todo seu patrimônio, porque dará tempo de recuperá-lo. O esperado é que se forme um capital de risco e procure empresas com liquidez. Existem universitários que já investem em ações. A maioria deles o faz pensando na aposentadoria. O especialista também argumenta que as pessoas tendem a acreditar que, ficar um tempo sem investir é prejudicial, pois deixa seu dinheiro parado. Adriano dá um exemplo, dizendo que, quando o mercado está com muita oscilação, compensa você apenas ficar de fora e observar o que vai acontecer, evitando, assim, um prejuízo maior. Se você compra mil reais em ações e, com uma baixa acentuada, perde R$ 250. Caso não tivesse entrado, continuaria com seu valor inicial. Mas, é preciso lembrar que há até forma correta de perder. Os grandes investidores adotam a teoria de que, para cada três, perdas há um ganho. Vale lembrar que esse lucro deve ser superior às três perdas. E, se, mesmo depois de todas as análises, você realizar duas perdas consecutivas e crescentes, é recomendável a venda das ações e redefinição do seu plano de ação. Investimentos na bolsa de valores merecem cautela EVELYN IBRAHIM GUILHERME DE ALMEIDA Estando lá dentro, você vê o dinheiro passando para lá e para cá. E você vai aprendendo os macetes de dentro da Bolsa de Valores. Tem muita coisa que as pessoas que estão de fora, não conhecem. Só quem está lá dentro é que sabe. Mas, se você começa, acaba entrando na onda e investindo. O ex-operador de ações da Bolsa de Valores de São Paulo, Nilson Narezi descreve, desta forma, a rotina dos novos investidores. Paulista, ele trabalhou 22 anos na Bolsa de Valores de São Paulo, a princípio, como auxiliar e, logo após, como operador. Hoje, lida com serviço administrativo em uma clínica fisioterápica. Olha, Bolsa é um vício, quanto mais você põe, mais você investe, essa história de Ah, vamos investir um pouquinho, vamos perder um pouquinho, a gente limita... Não tem limite!, considera. Narezi relata que, se um investidor, novo ou mais experiente, está lidando com o pregão em um dia fatídico como o ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Manhattan, no dia 11 de setembro de 2001, em movimento de compra de ações, com o limite de baixa todos os dias, é praticamente impossível limitar as suas perdas. É bem arriscado. Bom ou ruim, não é mil maravi- ADRIANO HANNY Para Nilson, Bolsa é um vício, pois, um dia você está rico e, no outro, está pobre lhas igual a gente acha, não, alerta o ex-investidor. No entanto, a experiência com as diversas situações só vem com o tempo, conforme relata Narezi. Isso vem de escola de Bolsa mesmo, do Pregão. Dia-a-dia, você vai fazendo conta. Toma uma HP na sua mão e se vira. Daí, você aprende as coisas na marra e, assim, vamos indo, ensina. Ele conta que adquiriu alguns bens no período e que não perdeu tudo antes de deixar o mundo dos investidores. Eu consegui segurar os rumos bem. E, assim, me ajudou a crescer. Conheci o lado rico e o pobre. CONSELHOS Narezi afirma, ainda, que aqueles que pretendem se arriscar, trabalhando nesta área do mercado financeiro devem estar alerta com relação a questões como análises de tendências de mercado, apostas em altas quantias de dinheiro e, mesmo, ter noções exatas sobre os reflexos da estabilização econômica. Acontece o seguinte: um dia está rico, no outro está pobre. Esse é o nosso dia-adia, a gente está acostumado. Agora, esse pobre você tem que limitar para não quebrar de uma vez.... Após trabalhar tantos anos no mercado financeiro, Nilson Narezi também conseguiu verificar situações de corrupção. O mercado e o sistema financeiro são podres de verdade. Vaza muita informação, tem muita lavagem de dinheiro. Tudo é um ninho de cobra. Saí por puro estresse. O ex-investidor revela que um funcionário por mês tem síndrome do pânico e que muitas questões problemáticas não vêm à público, pois é preciso transmitir uma imagem de segurança. Então, se você divulgar no jornal isso que estou falando para você, por exemplo, o que eles vão fazer? Se, no caso, eu fosse operador, eles iriam me expulsar. Eles iriam mandar a corretora mandar me tirar do pregão. Não tenho nada a perder, pois não tenho mais vínculo nenhum com a Bolsa, sem problemas. Para finalizar, Nilson Narezi aconselha os caminhos para um novo investidor. A bolsa é um ótimo investimento. Mas, que tenha alguém de confiança, mas confiança de verdade, sabe? Não é chegar, vou investir, acabou. É uma boa, mas conheça primeiro, alerta. Nilson diz que não bastam esses cursos de três dias que fazem nas universidades, pois só a experiência vai trazer o conhecimento necessário. E compara o mundo da Bolsa de Valores a um reality show. O pessoal que adora o Big Brother, pode trabalhar no pregão, pois tem 94 câmeras. Tem zoom também. Se você cochichar na orelha de alguém, a Bolsa consegue ouvir o que aconteceu, tudo o que você faz. Porque, qualquer coisa em falso, os telefones são todos grampeados. E, então, para quem gosta, está beleza. Dicionário de termos técnicos KLÍCIA MAGALHÃES Carteira: Lista de empresas em que se tem ações; Mercado: Conjunto das empresas que abrem seu capital na Bolsa de Valores. Quando dizemos que o mercado está em baixa, é porque a maioria dessas empresas está com papéis desvalorizados; Liquidez: Quantidade de gente negociando ações daquela empresa. Se a firma não tem liquidez, quando for preciso vender suas ações, corre-se o risco de não haver ninguém interessado em comprá-las; Capital de risco: Dinheiro para investir. E que, se você o perder, não comprometerá suas economias. Sociedade Anônima: É como são classificadas as empresas que desejam captar recursos repartindo a empresa em pequenos lotes que são chamados de ações ou papéis. Cada pessoa que compra ações torna-se uma pequena sócia da firma. Como nem todos os sócios se conhecem, chama-se Sociedade Anônima. Os negócios que são sociedade anônima têm a sigla S/A em seu nome. Livros sobre educação financeira BRUNA GALINA O autor americano Robert T. Kiyosaki, famoso por seu best-seller Pai Rico, Pai Pobre, afirma que investir em ações é um dos componentes da riqueza. E que você sabe que está rico quando acumulou um patrimônio que lhe permita viver sem precisar trabalhar. Outro autor do gênero, também estrangeiro, é T. Harv Ecker de Os segredos da mente milionária. Pendendo para o lado da autoajuda, Ecker tem outro argumento sobre riqueza. Ele diz que sabemos que estamos ricos quando não podemos medir com exatidão a quantidade de dinheiro que temos. Os livros sobre educação financeira estão se popularizando e ganhando autores exclusivos. Uma famosa obra também é Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de Gustavo Cerbasi.

6 Unifolha EDUCAÇÃO CAMPO GRANDE-MS ABRIL Filosofia e Sociologia no ensino Médio ISABELA FERREIRA THARYANA DURIGON THAYANA FREITAS A Filosofia e a Sociologia, disciplinas que foram excluídas da grade escolar na época da ditadura no Brasil ( ) por militares que não queriam que a população despertasse o pensamento crítico quanto à realidade social brasileira daquele momento, voltam às salas de aula dos estudantes brasileiros que cursam atualmente o ensino Médio. Conforme o Parecer Federal nº 38/2006 e a Resolução nº 04/2006, e a Lei Estadual n 2787/2003 (que dispõe sobre o Sistema Estadual de ensino de Mato Grosso do Sul), as Instituições de Ensino públicas e privadas obrigatoriamente devem incluir as matérias de Filosofia e Sociologia no currículo escolar do ensino Médio. Segundo as leis citadas, é importante incluir essas matérias no currículo escolar, pois, elas despertam o pensamento crítico dos alunos quanto às transformações da sociedade, formando, assim, alunos cidadãos e éticos. A técnica pedagógica da disciplina de Sociologia da Secretária Estadual de Educação, Fátima de Carvalho, informa que todas as escolas públicas de Mato Grosso do Sul já incluíram essas matérias em suas grades curriculares, ao contrário das particulares. A reportagem apurou que, ainda, existem escolas privadas que desconhecem tal obrigatoriedade. REGRAS Fátima disse, ainda, que fica a critério dos estabelecimentos de ensino a escolha de em qual série aplicar as duas matérias. Mas, ela acredita que é importante implantar a Filosofia no 1 e 2 ano do Ensino Médio porque essa disciplina introduz o estudo da Sociologia, que é uma matéria abstrata. Como a implantação dessas leis é recente, o número de profissionais ligados à área ainda é pequeno. Diante disso, professores de História, Geografia e até mesmo de Química, conforme esclareceu Fátima de Carvalho, vêm assumindo o cargo de docentes de Sociologia e de Filosofia. Em Mato Grosso do Sul, é mais difícil encontrar um professor de Sociologia do que um de Filosofia, pois, nenhuma universidade do estado oferece o primeiro curso em Licenciatura plena. Somente a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul possibilita o acesso ao curso de Ciências Sociais porém, com habilitação em bacharelado. Com a introdução destas diciplinas, as pessoas que se interessam pela Sociologia voltada para a área de Educação, deverão exigir das universidades cursos nesta área, com habilitação em licenciatura plena. É importante ressaltar que todas as unidades da federação já se adaptaram a essa nova inserção. Somente o estado de São Paulo, ao contrário, através da indicação 62/2006 decidiu pela não obrigatoriedade das disciplinas no currículo escolar das escolas paulistas, tanto públicas quanto privadas. O Conselho Estadual de Educação (CEE) alegou que esta medida interfere na autonomia das unidades escolares e tem implicações não desprezíveis quanto aos recursos humanos e financeiros. Professores aprovam inclusão na grade escolar ISABELA FERREIRA VANESSA MENDONÇA THAYANA FREITAS Com a inclusão da Sociologia e da Filosofia no currículo do ensino Médio, os profissionais ligados à área estão sendo mais valorizados. Diante dessa situação, entrevistamos professores de escolas públicas e privadas, para saber a opinião destes mestres quanto a esta inserção obrigatória. Ministrando aulas em uma escola particular de Campo Grande, o professor de Filosofia, Kelly Lúcio Queiroz Pereira, gostou da implantação dessas duas matérias na grade curricular. Porém, ele critica a maneira pela qual a prática de ensino vem sendo recomendada pelos órgãos responsáveis, pois acredita que não é só o estudo desta disciplina que levará os alunos a pensarem. Afinal, na sua opinião, as outras matérias, como Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, também despertam o raciocínio crítico do educando. Além disso, para Kelly Queiroz, aula somente uma vez por semana é muito pouco para o estudo desta disciplina. O professor de Sociologia, Fortunato Lopes Bennett, que trabalha neste mesmo colégio particular da capital, também apreciou a inclusão das disciplinas na grade curricular. Ele pensa que com o estudo da Sociologia os educandos desenvolvem melhor a capacidade de interpretar os fatos históricos, as transformações políticas e até as científicas que foram modificando os modelos da sociedade ao longo do tempo. A partir de debates, eleições de líderes e questionamentos com base em exibição de filmes, o professor Fortunato procura chamar a atenção dos seus alunos. Contudo, há certos temas em que os estudantes já têm um pensamento formado. Nestes casos ele sente dificuldades para demonstrar aos adolescentes as variações de interpretação do tema em questão. REDE PÚBLICA As escolas públicas vêm abordando nas aulas de Sociologia e Filosofia, a questão ética de sua cidadania. Oficinas, peças de teatros e exibição de filmes didáticos são os métodos que os docentes utilizam com o objetivo de incentivar a aprendizagem. O professor de Filosofia do ensino Médio de uma escola pública Marcelo Winckler, afirma que já era em tempo a implantação das matérias. Ele ressalta que a sociedade tem uma extrema preguiça de pensar. Ninguém quer queimar a pestana para resolver problema nenhum. Isso porque somos filhos da ditadura, que abraçou uma ideologia. Quando o governo ditatorial resolveu excluir dos currículos o estudo dessas disciplinas, foi para impossibilitar a sociedade de refletir por si mesma, conforme acredita Marcelo Winckler. Quanto a esse aspecto, o professor cita a música Admirável Gado Novo de Zé Ramalho, que compara ao gado um povo que deixa que os outros pensem por ele. Realidade ainda presente, pela falta de interesse e de concentração. Para tentar amenizar este problema, o professor organiza, dentro de sala de aula, seminários de leitura, com o intuito de auxiliar os alunos que tem dificuldades na interpretação de textos. Tanto a técnica pedagógica da disciplina de Sociologia da Secretaria Estadual de Educação Fátima Aparecida, quanto o professor Marcelo Winckler acreditam que, dentro de quatro a cinco anos essas disciplinas avaliativas serão incluídas nos processos seletivos, como ocorre em vestibulares de IZABEL ESCOBAR Professor Marcelo Winckler utiliza metodos diferenciados para prender a atenção dos alunos da escola pública outros estados. Afinal, como diz Marcelo: Já que outras matérias estão inseridas nos processos seletivos, porque não ter a Filosofia e Sociologia, que auxiliam o aluno ao discursar sobre um problema como o aquecimento global, que reflete problemas ideológicos e econômicos? Ele acredita que o estudo da causa destes problemas podem ser buscadas via discussão de ambas disciplinas. Alunos discutem a nova lei ISABELA FERREIRA GISLAINE GIRONDE THAYANA FREITAS Foi com o intuito de enriquecer a bagagem cultural dos estudantes brasileiros, que a Filosofia e Sociologia foram inseridas na grade. Mas o que será que eles pensam quanto a esta obrigatoriedade? Os alunos Letícia Santos de Oliveira e Cláudio Douglas Veiga, do 1 ano do ensino Médio de uma escola pública de Campo Grande, dizem que o estudo da Filosofia vem se enquadrando de forma interessante na grade escolar. Eles afirmam que a disciplina os ajuda na maneira de proceder no dia-a-dia, tornando-os mais críticos. Além disso, eles acreditam que a matéria é importante para expandir o conhecimento. Letícia e Cláudio dizem, ainda, que não enfrentam dificuldades quanto à matéria e que o método utilizado pelo seu professor vêm chamando a atenção dos alunos. Já os estudantes Gustavo IZABEL ESCOLBAR Alunos da disciplina de Sociologia participam de oficina com um diretor. A idéia é enriquecer a bagagem cultural e estimular o pensamento crítico Henrique da Silva e Mayara Corrêa Moura, alunos do 3 ano do Ensino Médio desta mesma instituição pública, afirmam que, apesar de acreditarem que a matéria de Sociologia é importante para a sua interação social, as aulas são monótonas, o que dificulta a aprendizagem e o interesse deles por essa disciplina. Mayara pensa também, que antes de incluir essas disciplinas na grade escolar, os órgãos responsáveis pela implantação desta lei, deveriam ter buscado a opinião dos estudantes sobre a importância ou não da implantação destas matérias. É importante estudar a Filosofia e a Sociologia, pois essas matérias desenvolvem o espírito crítico do jovem, que hoje se preocupa mais em como ganhar em um jogo de computador do que se ligar nos assuntos que assolam o nosso país e a nossa cidade, comenta a aluna do 3 ano do ensino Médio de uma escola particular da capital, Ana Karine Vilela. Ana, que aprova a nova Lei, acredita que, sem essas matérias, no futuro ela se tornaria uma profissional que só olha para o seu próprio campo de trabalho. Pois, segundo a jovem, a Filosofia e a Sociologia trabalham com o seu consciente, fazendo-a entender a sociedade e desenvolver críticas quanto aos assuntos que hoje são prioridade. Eduardo Cândido Ogusuku de Oliveira, do 1 ano do ensino Médio da mesma escola particular, (apesar de ter somente a matéria de Filosofia), acha válida a implantação destas matérias na grande curricular, pois elas acrescentam em seu conhecimento. É importante estudar Filosofia, pois esta matéria instiga você a pensar e procurar respostas para determinados assuntos que no dia-a-dia passam despercebidos por nós.

7 Unifolha SEGURANÇA CAMPO GRANDE-MS ABRIL MODELO - ANTI-FUGA Estrutura de saúde, alimentação e equipamentos de segurança custa aos cofres públicos cerca de R$ 4 mil/mês por detento Presídio Federal isola elite do crime SÉRGIO PAVÃO Todos temiam. Os criminosos e a população. Mas o modelo de presídio antifugas, o Presídio Federal de Campo Grande foi instalado na capital e inaugurado em dezembro de O modelo de presídio construído para combater as principais lideranças do crime, fez as organizações criminosas sofrerem um duro golpe. Para o delegado da Polícia Federal e atual diretor do Presídio Federal de Campo Grande, Arcelino Damasceno, este modelo eficaz e seguro, surge como um grande auxílio para os presídios estaduais, pois o atual sistema carcerário brasileiro perdeu o controle sobre os criminosos detidos e amontoados nos presídios do país. Com o objetivo de isolar e enfraquecer o crime organizado, o Presídio Federal de Campo Grande é apenas um dos modelos implantados no país e que estão localizados em pontos estratégicos. Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Porto Velho(RO) e Brasília(DF), além de Campo Grande são as cidades que receberam ou irão receber a elite do crime. ESTRUTURA O hóspede de um presídio federal tem que possuir um vasto currículo criminal. O detento, na sua chegada, passa por uma triagem. Posteriormente será avaliado por uma equipe de psicólogos e médicos para poder ter o seu perfil traçado. A partir desta avaliação, o preso é encaminhado ao setor determinado setor para o cumprimento da sua pena. O Sistema de custódia federal destes presos faz com que, em cada ala, com capacidade para 13 presos, não apresentem detentos com o Campo Grande é uma das quatro cidades do Brasil que recebeu a estrutura modelo do Presídio de Segurança Máxima Federal, ainda considerada inviolável mesmo ramo de atividade. Ou seja, um traficante não pode estar na mesma ala que outro envolvido com drogas. Cada detento fica em uma cela individual, com cinco refeições diárias, livros à disposição (cinco por semana, previamente escolhidos pela administração que não contenham nenhuma conotação com o crime). Alguns dos nomes mais famosos da criminalidade estão detidos em Campo Grande. Fernandinho Beira- Mar, o traficante colombiano Juan Carlos Abadia e o comendador Arcanjo são os mais conhecidos pela mídia, infelizmente pelas ações no crime. Atualmente estão detidos em Campo Grande 158 presos, mas este número é muito rotativo, pois depende da solicitação da justiça e da movimentação de algumas lideranças do crime pelas penitenciárias do país. O total de vagas que dispõe Campo Grande é de 206 presos. Toda esta estrutura para os atendimentos aos detentos custa aos cofres públicos em média, R$ 4 mil mensais, por preso. É um preço que compensa, pois tiramos de circulação um indivíduo que nas ruas causa mortes, extorsões e onera o estado com atendimentos nos hospitais públicos. Se fizermos a conta deste custo ao estado, um preso isolado custa menos, pondera o agente Napoleão, responsável pela escolta dos presos. Agentes penitenciários descrevem estrutura SÉRGIO PAVÃO Todos os direitos e a condição humana dos detentos são preservados, o que implica em um sistema de atendimento médico exemplar, com alguns médicos disponíveis 24 horas por dia em caso de necessidade, garante o agente Arruda, que cuida do setor médico do Presídio Federal de Campo Grande. O contato com os presos é feito sempre por uma dupla de agentes penitenciários federais, que na sua maioria (80%), possuem curso superior. Este atendimento e o forte esquema de segurança, aliado ao bom salário, torna o agente um servidor quase incorruptível, na opinião do delegado Damasceno, diretor do Presídio Federal de Campo Grande. Se houver qualquer tentativa de corromper um funcionário, agentes da central de Brasília, que monitoram o presídio com 240 câmeras estão atentos 24 horas por dia e podem frustrar qualquer tentativa de fuga. Todas as celas e grades são controladas por esta central. Uma passagem só será aberta quando uma outra estiver fechada. Não seria um exagero comparar o presídio federal a um reality show, mas este programa não oferece um prêmio ao vencedor. O prêmio maior será o seu cumprimento da pena e provável volta à sociedade para novamente colaborar com ela. Toda esta estrutura à disposição dos detentos não os exime de algumas obrigações. Todos conhecem e devem cumprir os regulamentos internos, sob pena de sofrerem sanções punitivas. O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) é o castigo para aqueles detentos que não se enquadram nas normas do presídio. Cabe ao juiz federal impor e determinar esta punição e, a partir disso, o preso não tomará o seu banho de sol, não receberá visita íntima ou não irá ler um livro. O detento que está a mais tempo cumprindo o RDD é o traficante Fernandinho Beira-Mar, pois continuava a comandar a sua organização criminosa através da sua esposa (recentemente presa também) e de seus advogados. Cela-padrão, que atende as necessidades mínimas exigidas pelas organizações que lutam pelos direitos humanos Tentativa de libertar presos permanece um mistério LUANA D ARK PRISCILA BARBIÉRI THALITA RODRIGUES YURI RODRIGUES No dia 13 de abril, domingo, ocorreu, por volta das 22 horas, um ataque ao Presídio Federal. Pessoas ainda não identificadas teriam disparado tiros contra o local enquanto um helicóptero sobrevoava a área. As informações continuavam sigilosas até o fechamento desta edição. Mas o objetivo da ação, segundo o diretor Arcelino Damasceno, que não quis prestar mais explicações, seria para libertar detentos. Como conseqüência, os prisioneiros foram proibidos de receber visitas, incluindo os advogados. O presidente do Centro de Documentação de Movimentos Populares (Cedampo), Haroldo Borralho, reforça que, pelo fato de o presídio ser mantido sob segurança 24 horas por dia, os autores do ataque não obtiveram êxito em tal ação. É a primeira vez que acontece e vai acontecer novamente. Porém, os detentos são cidadãos e tem atividades a realizar, inclusive sexual, não podendo ficar sem visitas. Borralho lembrou, ainda, de uma polêmica histórica envolvendo o presídio, antes mesmo de sua construção. Na época em que estava sendo construído o Presídio Federal, o Ministério Público Federal embargou a obra por três meses. Hoje, ela está lá, ao lado do lixão e não dá para mudar, afinal foram investidos para tamanho hotel, R$ 31 milhões. A Cedampo lida, entre outras questões, com temas ligados ao meio ambiente. Não é recomendado construir próximo ao lixão, por ser considerado um local insalubre, que põe em risco, no caso, a saúde dos detentos, ressaltou Borralho. Ele revelou, ainda, que todos os dias o Cedampo recebe reclamações de que há brigas no presídio, mas fez questão de reforçar que não pode desenvolver trabalho junto aos detentos, já que esta é uma função da Pastoral Carcerária. Quando questionado sobre o privilégio dos hóspedes do presídio em questão, Haroldo expõe: Acredito que não pode se considerar privilégio, uma vez que eles estão presos. Agora, pelo lado da ociosidade, realmente. Levando em conta o alto valor que eles custam, eu acho que eles tinham que produzir, seja em uma colônia agrícola, seja como sociedade. É claro que com bastante segurança e sem corrupção, com uma vigilância rigorosa e reforçada. VIZINHO RARO Ao pesquisar nas proximidades do Presídio Federal, em um raio de 500 metros são localizadas chácaras e propriedades particulares. Diante do caminho que dá acesso às chácaras, em frente da sua propriedade, próximo ao órgão federal, a reportagem encontreou um senhor que preferiu não se identificar e buscou saber quais eram as suas opiniões diante da construção do presídio perto de sua propriedade. O senhor, aparentemente com seus 70 anos, aproximadamente, disse que, antes, em questões de ponto de referência, a região era conhecida como próxima ao lixão, o que denegria um pouco a imagem da localidade. Hoje, em sua opinião, tudo mudou. A região agora leva a informação de que é situada próximo ao Presídio Federal, eximindo a imagem ruim que o lixão transmitia às proximidades. Interessante destacar que, ao conversar com o mesmo senhor, sentado em um pedaço de tronco de arvore caído na entrada de sua humilde moradia, o velhinho calmamente, ao fumar seu cigarro de palha disse: Essa prisão nos trouxe segurança, ao embalo de longas gargalhadas naquele rosto marcado com o tempo. A valorização foi um fator de importância também na região, antes esquecida, e que agora está sendo visada, para a aquisição de terras para o uso particular

8 08 CAMPO GRANDE-MS ABRIL ESPORTE Unifolha ESTRUTURA - DIFICULDADES Federações precisam de apoio RENAN CAMPOS Mato Grosso do Sul sedia 40 federações de esportes. Um número grande para uma estrutura mediana. A estrutura para o esporte da região vem crescendo, mas mesmo assim, ainda é muito inferior aos grande pólos do Brasil. Em Campo Grande são raros os esportes que conseguem atrair eventos de nível internacional, e até nacional, a grande maioria são regionais. O presidente da Federação de Tênis, Valdemar Scacalossi, afirmou que a prefeitura e o governo diminuíram o apoio dado ao esporte e que isso tem atrapalhado a realização dos torneios. Valdemar também comentou que a estrutura do tênis em Campo Grande é boa, mas que falta mais capacitação para os treinadores. Questionado sobre o apoio oferecido aos atletas, o presidente destacou que há um torneio nacional realizado anualmente em Brasília e que a federação cobre os gastos, mas admite que, apesar da iniciativa, isso ainda é muito pouco. RECONHECIMENTO O atleta de futsal, Rodrigo Teixeira, de 28 anos é hoje ala/armador da equipe Modugno Calcio a 5, da série A2, da Itália. Revelado em Campo Grande, já atuou em times do Paraná e conquistou até o titulo da série A italiana. Ele mensurou a diferença do esporte em Campo Grande com o Paraná e a Itália. Na opinião de Rodrigo Teixeira, no Paraná há um maior senso de profissionalismo, a federação apresenta projetos que atraem o patrocínio de indústrias para o esporte e, com a participação de empresas, fica mais fácil estruturar uma equipe e montar competições fortes. No Paraná existem três divisões no futsal: Ouro, Prata e Bronze, sendo que a última conta com a participação de 40 equipes. Ainda, segundo relata Rodrigo Teixeira, a federação paranaense apóia o comparecimento do publico nos ginásios e isso chama atenção dos meios de comunicação e valoriza o clube e os atletas. De acordo com Tex, como Rodrigo é chamado pela imprensa italiana, a principal diferença é que no Paraná os clubes dão a condição do atleta mostrar seu valor e trabalhar apenas com o esporte. O jogador já conseguiu a cidadania italiana e comenta que a Itália, apesar de não ser grande, é muito organizada e apóia muito os atletas. Lá se um time acaba, a federação dá apoio para que ele não fique sem jogar. Questionado sobre como mudar este cenário no Mato Grosso do Sul, o jogador respondeu que não é fácil mas, que tudo deveria começar do zero. Campeonatos organizados, times fortes e interessados na competição, apoio da imprensa e de empresas e órgãos públicos, projetos sociais em conjunto com entidades esportivas para apoiar as modalidades em todos os locais e, principalmente, campanhas para conscientizar as pessoas de que o esporte é saudável Federações de MS LIGA SUL-MATO-GROSSENSSE DE FUTEBOL FEMININO - LIGA SUL- MATO-GROSSENSSE DE FUT-VOLEI - LIGA SUL-MATO-GROSSENSSE DE BIRIBOL - LIGA INDEPENDENTE DE PROFISSIONAIS DA ÁREA AQUÁTICA DE MS - FEDERAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE ESPORTE DE MS - FEDERAÇÃO SUL-MATOGROSSENSSE DE GINÁSTICA - FEDERAÇÃO SUL-MATO-GROSSENSSE DE XADREZ - FEDERAÇÃO SUL-MATO- GROSSENSSE DE SINUCA E BILHAR - FEDERAÇÃO SUL-MATO- GROSSENSSE DE FULL CONTACT E KICK BOXING - FEDERAÇÃO DE VOLEIBOL DE MS - FEDERAÇÃO DE TRUCO DE MS - FEDERAÇÃO DE TIRO ESPORTIVO DE MS - FEDERAÇÃO DE TÊNIS DE MS - FEDERAÇÃO DE TÊNIS DE MESA DE MS - FEDERAÇÃO DE TAE KWON- DO DE MS - FEDERAÇÃO DE PUGILISMO DE MS - FEDERAÇÃO DE PARAQUEDISMO DE MS - FEDERAÇÃO DE MOTONÁUTICA DE MS - FEDERAÇÃO DE MOTOCICLISMO DE MS - FEDERAÇÃO DE MALHA DE MS - FEDERAÇÃO DE LUTA DE BRAÇO DE MS - FEDERAÇÃO DE KUNG- FU E KUO SHU DE MS - FEDERAÇÃO DE KARATE DE MS - FEDERAÇÃO DE JUDÔ DE MS - FEDERAÇÃO DE HANDEBOL DE MS - FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DE SALÃO DE MS - FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DE MS - FEDERAÇÃO DE DESPORTO DE MS - FEDERAÇÃO DE DESPORTO AQUÁTICO DE MS - FEDERAÇÃO DE DAMA DE MS - FEDERAÇÃO DE CICLISMO DE MS - FEDERAÇÃO DE CAPOEIRA DE MS - FEDERAÇÃO DE CANOAGEM DE MS - FEDERAÇÃO DE BOLICHE DE MS FEDERAÇÃO DE BOCHA DE MS - FEDERAÇÃO DE BICICROSS DE MS - FEDERAÇÃO DE BEISEBOL E SOFTBOL DE MS - FEDERAÇÃO DE BASQUETEBOL DE MS - FEDERAÇÃO DE AUTOMOBILISMO DE MS - CLUBE VÔO LIVRE TUIUIU Atleta sonha com futuro ANDRÉ MESSIAS enata Pinheiro, de 11 anos, já conquistou o 3º lugar no Campeonato Brasileiro e obteve 1º lugar nos Jogos Abertos LUIS COPPOLA VINÍCIUS PEREIRA Renata Tereza do Santos Pinheiro, 11 anos, é um fruto do projeto Atleta do Futuro, realizado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, juntamente com a Fundação Municipal do Esporte (Funesp). Desta iniciativa participam cerca de 350 crianças de 5 a 14 anos de idade. Renata faz ginástica olímpica e divide o seu tempo entre treinamento e escola. Está cursando o sétimo ano do Ensino Fundamental. Treina diariamente, quatro horas por dia. Questionada se o treinamento atrapalha o seu rendimento na escola, ela responde que não e garante que tira ótimas notas. Essa paixão pela ginástica olímpica começou desde cedo. Renata sempre gostou de ginástica e decidiu, com a ajuda de seus pais, a praticar este esporte. A ginástica olímpica já rendeu vários títulos, mas os principais foram: Campeonato Brasileiro de Ginástica Olímpica, onde conseguiu o 3 lugar e os Jogos Abertos, onde conquistou o 1º lugar. Atualmente, o seu local de treino passou por uma grande reforma, com a ajuda dos pais das crianças, que participam do projeto, e com um apoio da própria prefeitura. Conta com novos aparelhos de ginástica olímpica, mas ainda encontramos aparelhos com até 11 anos de uso, segundo informa o seu treinador, Alexandre Carvalho. Ele já foi atleta profissional, disputou dois campeonatos brasileiros, quatro mundiais, campeonatos carioca e paulista. Hoje a estrutura do esporte olímpico está muito melhor se formos comparar com algum tempo atrás, acredita Carvalho. Ele relatou, também, que falta muita coisa para se igualar aos grandes centros esportivos como São Paulo e Rio de Janeiro, mas vê uma grande melhora e incentivo dos governantes e principalmente da prefeitura de Campo Grande. Uns dos grandes obstáculos que ainda existem na ginástica olímpica ainda é a própria cultura da nossa região, opina. Segundo Alexandre Carvalho, alguns pais de crianças questionam o horário de treinamento. Para esses pais, pode forçar muito a criança. Mas, na escola do Flamengo do Rio de Janeiro, na qual ele já treinou como atleta, as crianças treinam de manhã, vão para a escola no período da tarde e de noite ainda participam do treinamento. Diante disso, o treinador não vê problema nenhum nessa rotina. Claro que a ginasta não tem a mesma vida de uma criança da mesma idade, e comparada com a de outras cidades na qual a estrutura é adequada. Porém, brinca, estuda, apenas tem um esporte que ocupa o seu tempo de forma sadia. PROJETO Criado em 1987, o projeto Atleta do Futuro é dividido em 2 partes: rendimento e projeto social. No primeiro caso, são organizadas as seletivas das atletas que possuem um biotipo especifico para o esporte, e são realizadas duas vezes ao ano. A outra etapa é o projeto social, que visa propiciar lazer e atividade física relacionada a ginástica olímpica para aquelas pessoas que não visam um futuro profissional na ginástica olímpica. Os professores são capacitados e ex-atletas e também são divididos duas equipes para atuarem no projeto social onde se tem menos cobrança e oito para o rendimento.eles buscam o desenvolvimento, coordenação, elasticidade, prática e aprendizagem. O centro de treinamento é composto por: cama elástica, barra assimétrica, trave de equilíbrio, pista de tumbling (solo), espaldares, argolas, barra fixa (masculino), paralela (masculino),mesa de salto e cavalos. unesp reclama da falta de investimentos PEDRO ZIMMERMANN RAFAEL GORDO O Chefe de Divisão de Apoio ao Esporte e Rendimento da Fundação Municipal de Esportes (Funesp), Jairo Ricardes Rodrigues deixou claro a falta de apoio existente por parte da iniciativa privada e mesmo dos governos federal e estadual e reivindica a constituição de uma lei de incentivo aos esportes. Relatou, também, que a principal causa para a deficiência de estrutura do esporte em Campo Grande é a falta de financiamento para que os atletas possam viajar, benefícios médicos e investimento na área. Segundo Jairo Rodrigues, a da não suporta grandes eventos devido à falta de estrutura quanto a meio de transporte rodoviário, de rede hoteleira, locais projetados para esporte e de infra-estrutura adequada. Contudo, ele esclarece que há projetos na Caixa Econômica Federal para construírem pistas e locais adequados para treinamentos e realizações de eventos esportivos. O orçamento deste projeto é de R$ 3 milhões, visando melhor estrutura esportiva. Muitos eventos são retirados do calendário devido à retenção de gastos, e o esporte é obrigado a sobreviver à migalhas, na opinião do representante da Funesp. Jairo Rodrigues informa que a Fu- Futuro que, há quatro anos, mantém 47 escolinhas de futebol, quatro de handball, quatro de basquete, além de outros projetos sociais. Rodrigues ressalta que, a partir destas iniciativas, surgem talentos, porém, estes são prejudicados pela falta de orçamento. No futuro terá início o Projeto Geração de Campeões, que é parceiro de universidades, Unimed, Plaenge e Comper. Todavia, as empresas que investem visam retorno. Para canalizar melhor esses investimentos, segundo Rodrigues, seria necessário criar uma lei de incentivo aos esportes. Um exemplo citado pelo entrevistado é a cidade de São Caetano do Sul (SP), que cumpre bem este papel, ANDRÉ MESSIAS Ex-judoca Jairo Rodrigues afirma que o esporte em Mato Grosso do Sul é obrigado a viver de migalhas

9 Mais informação, muito mais entretenimento CAMPO GRANDE-MS ABRIL JOSÉ RAUL VALÉRIO RURAL IZABEL ESCOBAR ENTREVISTA SAÚDE Rastreabilidade bovina: como a tecnologia vem ajudando a vida no campo e o combate contra as pragas na pastagem. Aleixo Paraguassu fala em entrevista sobre racismo e o papel do negro na sociedade brasileira. Conquistas na luta contra o câncer. História de pessoas que estão vivendo com a doença que mais mata no Brasil. Página 12 Página 15 Página 16 Estado do Sertanejo? ELIS REGINA NOGUEIRA Corvo diz que pessoas buscam movimento GUSTAVO DE DEUS Mato Grosso do Sul é mais conhecido pelas criações de gado, pelas plantações de soja e pelo turismo. Temos a nossa cultura profundamente ligada aos costumes rurais, inclusive no gosto musical. Mas será que realmente somos a terra da música sertaneja? Há anos que músicos sul-matogrossenses empunham suas guitarras, baixos e baterias, em busca de espaço para mostrar suas músicas. Em um estado onde praticamente toda a população gosta de música sertaneja, o espaço para shows de rock sempre foi muito limitado, assim como é restrito o interesse do público. Até que ponto essa supremacia da música sertaneja atrapalha a cena roqueira? Para o guitarrista do Bando do Velho Jack, Fábio Terra, esse rótulo de que aqui é a terra da música sertaneja dificulta o trabalho da banda. Se em dois bares bem próximos, um estiver tocando rock, e o outro sertanejo, o cara que sai à toa de casa para azarar, passa na frente e vê que o rock está devagar e o sertanejo está mais cheio, com certeza ele vai para o sertanejo. Já para um dos integrantes do Filho dos Livres, Guilherme Cruz, o rótulo não atrapalha, pelo contrário, ajuda. A nossa música atinge o público sertanejo, que é muito grande, é o maior do estado. Tudo bem que eles nem imaginam quem somos nós. As baladas mais concorridas de Campo Grande no momento são as Violadas. Uma multidão de jovens estudantes se reúne para paquerar, se divertir e é claro, ouvir música sertaneja. Se a respeito do rótulo sertanejo, Fábio e Guilherme têm opiniões diferentes, sobre a violada, o pensamento dos dois músicos é semelhante. A moda agora é violada, todo mundo vai, não são todos que gostam, mas o cara pensa: se todo mundo vai, eu também vou...essa moda vai passar, assim como o pagode passou, afirma Fábio. Guilherme salienta um outro aspecto. Para mim, sinceramente, é um termo puramente mercadológico. É legal, você vai lá, vê um bando de show, mas não é uma coisa presa à viola. Se fosse a viola do Aurélio Miranda, por exemplo, aí é outra coisa. M e s m o c o m t o d o e s s e cenário contrário, o movimento rock n roll vem se solidificando, principalmente em Campo Grande, onde algumas bandas já têm um público fiel, que lota os poucos bares abertos ao estilo. Aliás, a falta de espaço, continua sendo uma grande dificuldade para as bandas de rock. Não podemos culpar os donos de bar. Não podemos esquecer que tem o lado financeiro, mas seria demais se existisse um lugar onde dez bandas pudessem tocar no mesmo dia, considera Guilherme. Ao mesmo tempo em que buscam maior reconhecimento na sua terra, algumas bandas da capital tocam com certa freqüência em outros estados. É o caso do Bando do Velho Jack, que já fez inúmeros shows no Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso. Quando não tem um lugar para tocar, a gente busca uma vazante, procura outros lugares. Se nós tivéssemos mais lugares para tocar aqui, não estaríamos preocupados em ir tocar em São Paulo, desabafa Fábio. O Filho dos Livres não toca tanto fora do estado, mas Guilherme tem uma situação interessante para contar: Quando a gente foi para Porto Alegre, um dono de bar nos convidou para tocar. A gente falou que o nosso repertório era autoral e ele disse que lá só rolavam bandas autorais. Já em Presidente Prudente nos convidaram, mas pediram para a gente colocar dez músicas sertanejas meio rock, no nosso repertório. Eu não vou tocar lá assim! Se eu fizer eu mato o meu trabalho. Viola atropela a guitarra que ALINE CIQUEIRA ELZA RECALDES 3 SEMESTRE Violada é o lugar onde se encontra pessoas de todos os estilos e classes, dos que preferem camiseta listrada e calça jeans até o típico cow-boy. Local definido pelo técnico em comunicações, Diego Navarro, 24 anos, como ambiente com um povo muito bonito e com as músicas que nos fazem remeter ao passado. Assim, entramos no universo do sertanejo, para entendermos melhor esse movimento que pretende ser a cara de Mato Grosso do Sul. Tendência do momento, as violadas são um sucesso de público, espaço onde rola um ritmo que cativa e envolve principalmente os universitários, conforme classifica Vitor, da dupla Vitor e Vinicius. Os cantores lembram que a parceria com promoters e empresários do ramo garantem maior divulgação. Mato Grosso do Sul é um estado bem eclético, no entanto o favoritismo está no sertanejo, relata o locutor da rádio FM Capital, Jhonny Love. Com toda a sua experiência, tanto na área de radialista quanto de apresentador de festas, ele garante que o sertanejo é recorde de público em Mato Grosso do Sul. Porém, existem aqueles que preferem o rock. Jhonny aproveita a oportunidade para manifestar seu descontentamento em relação às poucas opções de casas de rock e à desvalorização destes músicos. Marco Aurélio, que faz dupla com Paulo Sergio, confessa: Sou sertanejo mesmo, sou apaixonado pela música regional. Ele revela que é uma música de ritmo simples e contagiante, que ao longo dos anos evoluiu e vem sofrendo mudanças para se adaptar ao gosto da moçada Também é um estilo musical movimenta financeiramente todo o país, com shows, apresentações e feiras agropecuárias, como a Expogrande, por exemplo. Como STUDIO GALVÃO Victor e Vinícius: sertanejo cativa universitários compositor, Marco Aurélio diz apreciar a boa música, faz menção aos músicos do rock e pede união de classe para divulgar canções de qualidade e garantir seu meio de sobrevivência. Existe uma polêmica sobre o fato dos músicos não tocarem o estilo que gostam e, sim, nas duplas sertanejas, sendo esta mais rentável. É o que confirma o integrante do grupo Batidão e músico de apoio de vários cantores sertanejos, Heber Sorria. Criticado por uns, idolatrado por outros, assim é a música sertaneja em nosso estado, onde o sucesso obtido por esse tipo de evento é evidente, apresentando público recorde nas noites sulmato-grossense. Rádios e bares colaboram para sucesso DANIELA DAMAZIO FABIANO PASCHOALOTTO Se para chegar ao estrelato fosse necessário apenas ter força de vontade e talento, estaria tudo muito fácil para os artistas regionais do estilo pop/rock. Contudo, não bastam somente esses requisitos, o apoio e a divulgação das rádios são de fundamental importância para o reconhecimento desses músicos. A linha da rádio Uniderp FM 103,7 é categórica: não toca música sertaneja e nem pagode. Visa um público variante entre as classes A, B e C, que tenham de 18 a 45 anos, e a sua programação não é dividida de acordo com o gênero musical, o espaço é igual para todos. Toca-se de tudo, a todo momento, no fluxo de programação. Divulgamos e apoiamos os eventos dos nossos artistas regionais, principalmente os que tenham um trabalho próprio, ressalta o programador da rádio Uniderp, Marcelo Pettengill,. Ele ressalta, ainda, que não dá para atender todos os pedidos dos ouvintes. As solicitações são filtradas para se encaixar no perfil da programação. Na Rádio Mega FM 94,3, os pedidos de músicas regionais do estilo sertanejo com certeza são muitos, porém, o pop/rock vem ganhando cada vez mais preferência. Tanto que os responsáveis procuram encaixar na programação da rádio alguns repertórios de bandas como Olho de Gato, Filho dos Livres, Casa4, entre outros. Nossos ouvintes tem entre 10 e 35 anos, e pertencem a todas as classes. Nós ouvimos todos os pedidos musicais feitos por eles, pois precisamos saber selecionar e atender o gosto do nosso público, afirma Evandro Gasparetto, programador da rádio, que ainda alega ser fundamental haver um programador musical bem qualificado e informado, para que busque e toque o que é sucesso no mundo da música nacional e internacional. Evandro também acha que é preciso saber encaixar esses hits no padrão de programação da rádio, uma vez que a TV contribui, lançando uma trilha sonora do ator principal da novela. Lucas Lima, radialista da FM Cidade 97,9, relata que a rádio tem ouvintes de todas as idades, e que os mesmos pertencem principalmente às classes B, C e D. Destinam 80% da programação ao estilo sertanejo, que é campeão de pedidos e de audiência. Comenta ainda que, praticamente nenhum espaço é destinado às musicas regionais, e que para a música tocar, tem que ser de muito sucesso mesmo. Já os pedidos dos ouvintes são selecionados de acordo com o padrão de qualidade e o estilo da rádio. Hoje, em Campo Grande, todas as rádios têm programadores, diretores artísticos, pessoas que cuidam da programação. Acho que a TV estabelece o que é sucesso em nível nacional. A internet também colabora muito. BARES Campo Grande tem várias opções de baladas durante os finais de semana, não necessariamente sertanejos. Muitos desses lugares são freqüentados, em sua maioria, por estudantes universitários em busca de ritmos diversos. É o que informam dois proprietários de bares com este perfil de público. Elbio Soares, atualmente responsável pelo Vinte e Um Bar, comentou que os universitários buscam as chamadas baladas alternativas. No Vinte e um, como seus freqüentadores mesmo falam, os estilos musicais mais tocados são o rock, o reggae, o pop, forró e até mesmo blues, informou Elbio Soares. Para ele, a casa não tem nenhum preconceito musical, mas também procura algum que mais o identifique. Além do Vinte e um, existem outras opções de lazer noturno na capital, o Bar Toca por exemplo. O responsável, Eduardo Afonso Cruzetta, afirma que o local sempre contou com um público diversificado, mas os estudantes universitários sempre são maioria nos eventos de maior porte. Nas quintas-feiras, o pop/rock lidera o espaço, que tem um público composto por jovens, profissionais liberais, estudantes e boêmios. Nas sextas-feiras, o forró toma conta da casa, atraindo outro público. Já aos sábados, os estudantes universitários são maioria. Segundo Eduardo Cruzetta, o bar está sempre aberto a todas as manifestações culturais e ritmos musicais. Mas, atualmente, o sertanejo é a sua atração principal.

10 10 CAMPO GRANDE-MS ABRIL CIÊNCIAS & TECNOLOGIA Unifolha MUDANÇAS FAMÍLIA Educadores utilizam MSN para manter contato com seus alunos no ambiente fora das salas de aula Tecnologias fazem professores se adaptarem WAGNER JEAN Diante do uso constante de novos recursos em salas de aula e com esses meios sendo agregados na educação dos jovens, os professores tiveram que se adaptar a essa nova realidade. As mudanças já ocorrem e continuarão ocorrendo, e todos devemos estar antenados com elas a fim de não ficarmos para trás, afirma a professora Ausdy dos Santos, mestra em Educação e professora da rede particular e em uma universidade. Com a popularização de sites de relacionamento e o MSN, cada vez mais os jovens navegam na internet apenas por diversão. Em 2007, esse número cresceu 53% com relação ao ano anterior. A solução encontrada pelos professores de escola pública, Valter Marques e particular, Ausdy dos Santos, é a de utilizar esses meios como uma forma de complementar o seu contato com os alunos no ambiente fora da escola. Quando perguntada sobre o assunto dessas conversas com os alunos, a professora explica que a pluralidade dos temas varia desde os relacionados às aulas até as festas que estão acontecendo na cidade. A professora diz, manter, em média, 200 amigos virtuais e informa que a maioria são alunos. Ela ainda possui diversas comunidades no Orkut, criadas por ela ou por alunos e que seu endereço virtual fica a disposição para manter o contato. É tanta a relação de parceria via internet que, às vezes, me obrigo a aparecer off-line, principalmente quando estou trabalhando, pois não consigo responder a todos os pedidos para uma conversinha, afirma. Com o professor Valter Marques, os assuntos abordados com os alunos no ambiente virtual são pare- cidos. Porém, ele ainda declara que às vezes o MSN se transforma em uma espécie de consultório psicológico. Quanto ao comportamento dessa geração que convive diariamente com essas tecnologias, a professora Ausdy diz acreditar que tudo em demasia é prejudicial, de todas as maneiras e em todos os casos. RICARDO CAMPOS Professor Válter Marques afirma que convidar alunos para ler livros não é tão divertido para eles quanto o Orkut Nos dias de hoje a leitura de obras literárias por parte dos alunos é um assunto delicado a ser tratado nas salas de aula. Garanto que não é algo tão bem visto como convida-lo a ir à sala de informática e acessar o orkut, afirma, ironicamente, o professor Valter. No século passado a televisão era vista como a grande vilã para os jovens que acompanhavam a programação de forma contínua. Hoje a internet está sendo o centro das discussões dos educadores, deixando um pouco de lado o real papel de outros veículos, tais como a televisão, na formação educacional dos estudantes. Valter Marques ressalta a importância das escolas utilizarem a internet como um recurso a mais no aprendizado, explorando os conteúdos dos sites e ainda discutindo com os alunos a credibilidade do que a escola está oferecendo. PAIS X FILHOS Inovações ajudam no comportamento familiar VANESSA MENEZES WÁGNER JEAN A convivência familiar é o ponto- chave para determinar como pais e filhos devem lidar com a tecnologia no cotidiano. Novos recursos estão sendo acoplados no dia-a-dia dos jovens, para fins de estudos, ou lazer. Em contrapartida, os pais estão redobrando sua atenção para ver como os filhos ocupam seu tempo. Muitas vezes, os pais estipulam limites, dizendo de que forma e quando o filho pode utilizar determinados recursos tecnológicos. Acho que isso acontece por medo ou falta de conhecimento dos pais sobre os recursos que os jovens usam, opina o acadêmico de engenharia da computação, Anderson Coimbra. A rigidez nessa relação é desnecessária quando se estimula o controle do tempo para cada atividade, acredita o acadêmico. Ele afirma, ainda, nunca ter tido esse tipo de problema com seus pais. Tema bastante conflitante no âmbito familiar é o uso dos novos recursos nos estudos. Para alguns pais, a utilização dessas tecnologias, tais como a internet, pode desviar facilmente a atenção das crianças e dos adolescentes. Enquanto isso, na visão de alguns jovens, essa se faz necessária. Eu, particularmente, me concentro melhor quando estou estudando na internet e ouvindo música, informa Anderson. Porém, essa visão não é compartilhada por todos os jovens. A estudante do segundo ano do ensino Médio, Michelly Rodrigues, acredita que, devido à diversidade apresentada pela internet, é mais fácil os jovens se distraírem durante os estudos. Quanto a essa proteção, que costuma acontecer de uma forma maior que antigamente, os jovens concordam que a nova visão lançada pelos pais está certa. Com tantas tentações que a internet, hoje em dia, oferece, os filhos se tornam uma presa fácil para pedófilos e outras pessoas mal intencionadas que navegam na grande rede, afirma Michelly. PAIS Diante de um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico, muitas famílias optam por adquirir novos aparelhos como o computador, que, hoje, é uma ferramenta essencial para realizar trabalhos, conversar e conhecer pessoas. A empresária Micheline Soares de Freitas Cardoso, mãe de um casal de adolescentes, costuma impor algumas regras e proporcionar certas liberdades aos filhos. Esta é uma maneira que os pais encontram de fazer com que aqueles tenham uma visão de mundo diferente da qual estão acostumados: na internet, TV digital e videogame, por exemplo. Temos que fazer com que os filhos descubram por si mesmos o certo e o errado, sem proibir. É muito importante acompanhá-los, procurar saber quem são seus amigos; enfim, estar sempre pronto a aprender coisas novas, para poder ser procurado para conversar. E, dessa maneira, ganhar a confiança deles, analisa Micheline. Todas essas novidades tecnológicas acabam prendendo, de alguma maneira, a atenção dos jovens. Muitas vezes, a situação acaba fugindo do controle da própria pessoa e, sem que ela perceba, o seu mundo se torna virtual. Mesmo com todos esses avanços, a família ainda é a base de qualquer pessoa, e conciliar o trabalho com a família é fundamental. Com isso, é possível impor respeito, limites e valores. Desta forma, tornase fácil conseguir a atenção dos filhos e fazer com que estes participem das atividades familiares que são simples e fundamentais para um bom crescimento, diz Micheline. Ela acredita que é preciso ensinar aos filhos que a realidade do mundo não é uma tarefa fácil, pois requer muita disposição e habilidade. Hoje, o que vemos é que os jovens querem ter direitos de adultos, mas, não, deveres de adultos. Leis regulamentam uso de cybers e lan houses MARI GARCIA WILL SOARES Com a importância que a internet assumiu na sociedade atual, as pesquisas e os trabalhos escolares são, em sua maioria, feitos por meio do computador. Os cybers e as lan houses são responsáveis por boa parte dessas atividades, já que parcela considerável da população não possui essa máquina em casa, restando como alternativa esses locais. Os estabelecimentos são obrigados, pela Lei número 3.103/05, a efetuar o cadastro dos usuários - que, independentemente da idade - deve conter o número do RG, CPF e telefone. Todos esses dados devem ser arquivados por um período de cinco anos. Esse cadastro serve para ter controle sobre nossos clientes. E, se acontecer alguma coisa, logo conseguimos identificar o infrator, afirma o dono (Charles Camargo) de um cyber café localizado no centro da capital. Ele ressalta, também, que é proibida a venda de bebidas alcoólicas nesses estabelecimentos, sendo que a maior parte dos freqüentadores são crianças ou jovens que devem vir acompanhados de um responsável ou com autorização contendo os dados do usuário. O documento não precisa ser reconhecido em cartório. Proprietário de lan house em um dos bairros de Campo Grande, Valério Araújo afirma que, se o cadastro for de alguém que necessite de autorização do responsável para permanecer no espaço, deve ser informado o horário em que estuda. Por lei, é proibida a permanência em horário de aula. A respeito dos jogos, Valério Araújo diz que, no local de sua propriedade, as crianças e os adolescentes comparecem para fazer pesquisas; só jogam, se forem autorizados pelos pais, que os acompanham até o término do jogo. Em sua lan house, não é permitido a menores de 18 anos o acesso a sites de pornografia. O acompanhamento é feito por monitores, nos horários de maior movimento. A maioria que acessa esse tipo de sites são maiores de idade, fica mais fácil controlar, explica Valério. CONFIANÇA Para o proprietário, a confiança dos pais no ambiente que os filhos freqüentam é muito importante. Os pais, na maioria das vezes, deixam seus filhos aqui e vêm buscar depois. Reconhece que é uma grande responsabilidade, mas nunca teve problemas em relação a isso. Tenho o telefone de todos os freqüentadores. Então, ligo para os pais, que deixam os filhos para virem buscar quando a hora estipulada por eles acaba. A preocupação com o estabelecimento é freqüente. Quando sai alguma reportagem sobre problemas em lan houses, o movimento logo cai. E os pais proíbem os filhos de virem até o meu estabelecimento. No mês de março, esses pontos comerciais passaram por uma fiscalização rigorosa, operação conjunta da Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG), Conselho Tutelar, Delegacia Especializa- Para preservar os principais freqüentadores, que são crianças e jovens, cybers devem seguir várias determinações da de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) e Delegacia Especializada de Ordem Política e Social (DEOPS), com o objetivo de identificar locais que não atuam dentro das regras e leis estabelecidas. Dentre elas, a permanência de menores de 18 anos sem a presença do responsável ou a autorização. A fiscalização é precária, raramente acontece. Ainda não existe um sindicato constituído, o que dificulta a defesa dos estabelecimentos, contesta Charles. As lan houses e cybers localizados no centro da capital são mais freqüentados por trabalhadores da região. Acessam a internet para enviar s e para navegar em sites que são proibidos, em seu local de trabalho. Os jovens freqüentam aqueles localizados nos bairros, pela proximidade de suas residências, o que facilita a vigilância dos pais. O fato é que esses pontos comerciais se multiplicam pelo fato de poucos ainda possuírem essa tecnologia em casa. Algo que já vem mudando com as facilidades de créditos nas lojas que vendem os equipamentos. Para Valério, o uso com responsabilidade só traz benefícios. Meu filho só joga nos fins de semana.

11 Unifolha SAÚDE CAMPO GRANDE-MS ABRIL Hospital Alfredo Abrão atende todo o Mato Grosso do Sul CATARINA CABRAL GEYSA RODRIGUES Desde 1996, o Hospital do Câncer Dr. Alfredo Abrão (HCAA) oferece atendimento diferenciado e especializado aos pacientes com câncer. Considerando a dedicação dos profissionais, que possibilita vitórias, a prestação de serviços é oferecida à população de Mato Grosso do Sul e aos estados vizinhos. Após dois anos de fundação, o HCAA foi credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), para o atendimento de quimioterapia e radioterapia. O HCAA, hoje, conta quase que, em sua totalidade, com auxílio das doações da comunidade e de parceiros. Quem não vem pelo amor, vem pela dor, argumenta Marlene de Carvalho Ganica, voluntária do hospital desde Ela foi secretária do seu esposo na Associação Comercial Representante de Firmas e, atualmente, é presidente da Rede Feminina, criada em 1956, por Sarah Abussaf Figueiró. A Rede Feminina se estruturou com uma equipe de mulheres voluntárias, na capital e em algumas cidades do interior. Durante 12 anos, foi o único meio de prevenção e esclarecimento do trabalho prestado. As dificuldades que a rede tem é encontrar voluntárias disponíveis para dar apoio aos pacientes. O número de voluntários é de 30 pessoas, mas os atuantes são em média 20, somente na capital. No interior, cada rede tem seu número específico de voluntários. Marlene diz ter mudado sua vida. Decidiu se dedicar, inteiramente, aos pacientes, junto com a Rede Feminina. Eu digo que o dia eu tiver que abandonar, vai ser difícil confessa, emocionada. No Hospital do Câncer, segundo Marlene de Carvalho, a notícia da doença ocorre com os acompanhamentos psicoterapêuticos. Durante o tratamento, o diagnóstico do tumor é transmitido pelo médico. Se a doença causar danos à saúde, principalmente mental, o paciente é encaminhado para o setor de Psicologia, pra passar por um acompanhamento posterior. TRATAMENTO Com hierarquia do SUS, o hospital é terceirizado. O paciente já teria que vir com o diagnóstico definido e ser encaminhado pelo médico generalista ou pelo médico de especialidade. Mas, pela falta de condições do paciente, isso não acontece na maioria das vezes. A situação ocorre com maior freqüência, principalmente, no interior do estado e, em algumas vezes, na capital. A cura impossível existe para alguns pacientes; pois, hoje, na Medicina, tudo está baseado em evidência. Não existe mais o médico que faz o que ele acha e o que está certo, afirma o vice-diretor clínico do Hospital do Câncer, Jeferson Bagio Cavalcanti. O médico explica que o quimioterapêutico deve analisar as seguintes situações: deve ver o perfil do indivíduo e da doença, e o estadiamento clínico do indivíduo. É o paciente que suporta bem, ou seja ele deve ter um estado clínico bom. Apesar de ter um câncer e nutrido a doença, deve responder bem à quimioterapia. Tudo, em sua opinião, funciona na base de estatísticas. Jeferson Bagio Cavalcanti conta que o Hospital do Câncer atendeu um jovem de 16 anos, da capital, há quatro anos. Ele teve um osso sarcoma (tipo comum de tumor ósseo canceroso primário). Naquela situação, segundo o médico, o procedimento cogitado foi fazer uma amputação de membro. Neste caso, ele iria perder a perna, pois só tinha o tumor naquele local. Começaram a fazer a quimioterapia neodisiovante, que é um tratamento antes da cirurgia. Com esta ação, o tumor regrediu de 80 a 90 por cento, surpreendendo a todos. Como o tumor ficou pequeno, a cirurgia foi curativa. Então, não houve amputação, explica. Atualmente, o adolescente é jogador de vôlei e acadêmico de Educação Física. Para manter o atendimento, o Hospital Alfredo Abrão conta, principalmente, com o Sistema Único de Saúde (SUS) e as doações realizadas pelos voluntários Vitória e luta no combate ao câncer Aparelho comum no tratamento do câncer: pacientes costumam relatar histórias de angústia, dor e superação DANIELE RAMOS Os pacientes de câncer costumam ter histórias de dor e superação para compartilhar. Francimar Tadeu da Silva, 24 anos, se internou no dia 4 de abril, no Hospital do Câncer Dr. Alfredo Abrão (HCAA), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para mais uma cirurgia no reto. Já tendo sido operado de outro câncer maligno, no rim, ele diz contar com a sua fé e com o apoio da sua família. Francimar da Silva mora na saída para Sidrolândia, é casado e tem um filho de dois anos, nascido em Campo Grande-MS. A primeira cirurgia do reto aconteceu no dia 29 de julho de 2007, e a segunda foi a do rim, no dia 20 de fevereiro de Só que os dois cânceres eram malignos, e Francimar não se curou totalmente, com a retirada dos tumores. Agora, surgiram novamente os mesmos sintomas, e ele terá que ser operado novamente. Atualmente, ele diz sentir dores nas pernas e só fica deitado na maca. Não consegue se mover muito, sente muita febre também. Francimar da Silva está usando sonda, pois o rim não está funcionando como antes. No entanto, em nenhum momento da entrevista, ele mostrou desânimo ou medo. Tem que se apegar muito a Deus e acreditar que pode vencer. Levantar a cabeça e estar sempre sorrindo, conclui, como forma de auto-estima para quem está sofrendo dessa doença chamada câncer. Zenilde, 57 anos, de Bauru, interior de São Paulo, já há cinco anos se curou de um câncer de mama maligno. Após todo o tratamento, está curada. Por um momento, achei que fosse morrer. Estava internada e muito fraca, quando vi Jesus e, na hora, prometi que, se me curasse e me desse mais um tempo de vida, eu serviria a Ele, conta, emocionada. Desde então, organiza trabalhos sociais, na igreja e em hospitais, levando fé, apoio para o paciente e sua família. Nesse dia, Zenilde estava aguardando a chegada do padre para sua irmã de 72 anos, internada há 11 dias, com tumor maligno no fígado. Zenilde, que é católica, insistiu para levar o padre, mesmo sabendo que sua irmã era espírita. Sua irmã concordou e permitiu a presença do representante católico. Um tempo depois, sua irmã havia falecido. A comoção era inevitável naquele momento. Não deu tempo de o padre dar a última bênção. AACC: dez anos pela vida DANIELE RAMOS CAROLINE QUEIROZ Com 10 anos de existência, a Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC) é uma organização sem fins lucrativos, que serve como abrigo para as famílias que se deslocam do interior do estado, para fazer seu tratamento na capital. Segundo a coordenadora de Comunicação e Marketing da Casa de Apoio, Alessandra de Almeida, a instituição auxilia no tratamento de crianças de 0 a 18 anos de idade. As famílias ficam no abrigo, por tempo indeterminado e recebem todo tipo de assistência necessária. Os pacientes atendidos pela AACC fazem seu tratamento no Hospital Regional, que possui uma ala responsável só para as crianças, o Centro de Tratamento Onco-Hematológico Infantil (Cethoi). As famílias recebem alimentação, participam de palestras e orientações de como higienizar e reaproveitar alimentos. Além das conferências, a instituição oferece salas de aulas para as crianças, e o programa Educação para Jovens e Adultos (EJA), para as mães. Durante os 10 anos de atuação, a instituição já atendeu 750 crianças. Hoje, composta por um grupo de 20 funcionários, e com a disposição de 411 voluntários, a AACC atende 314 crianças. O abrigo possui dez apartamentos que comportam duas crianças e dois acompanhantes do sexo feminino. Cada um deles é duplo. A Casa de Apoio vive de doação de pessoas físicas e jurídicas e do auxílio dos voluntários. Todo tipo de colaboração é aproveitada pela instituição. O que não tem serventia direta para as casas é comercializado nas feiras e nos bazares realizados no Hospital Regional e na própria AACC.

12 12 CAMPO GRANDE-MS ABRIL RURAL Unifolha PRODUÇÃO-TECNOLOGIA Rastreabilidade é a norma RAQUEL RODRIGUES Segurança, qualidade e satisfação são o desejo de todo consumidor ao comprar um produto. E a principal ferramenta para garantir tais atributos, no mundo rural, é a rastreabilidade. Segundo definição da ISO 8402, do Ministério da Ciência e Tecnologia, rastreabilidade é a habilidade de descrever a história, aplicação, os processos ou eventos e a localização de um produto, a uma determinada organização, por meio de registros e identificações. Em Mato Grosso do Sul, o sistema de rastreamento atualmente vigente é o Sisbov Eras. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão cadastrados no Banco Nacional de Dados do sistema 6.958,950 de cabeças e propriedades rurais. O Sistema Brasileiro de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) foi originalmente criado em 2002 e tem como objetivo regular ações, normas e procedimentos adequados ao registro dos bovinos e bubalinos brasileiros. Pelo sistema, exige-se o registro do animal na Base Nacional de Dados (BND), sendo o animal identificado com um brinco auricular padrão Sisbov em uma das orelhas e um bottom. Este rastreamento era realizado por lotes, ou seja, não era a totalidade do rebanho que era identificada. Para melhorar o rastreamento brasileiro, o Mapa instituiu em 2006 a Instrução Normativa Nº. 17, um novo sistema, de adesão voluntária, que preconiza basicamente a identificação individual dos animais e de todos os insumos utilizados na propriedade durante a produção. Para a médica veterinária, Gládis Rachel, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produ- JOSIMAR LIMA DO NASCIMENTO Custo dos brincos e bottons ainda desperta reclamações por parte dos pecuaristas ção, da Indústria, do Comércio e do Turismo, o sistema é de extrema importância para garantir a qualidade dos alimentos, tanto da carne, como de seus derivados. Tendo controle absoluto do rebanho, você controla a gestão de toda a propriedade. CONTROVÉRSIA No entanto, produtores rurais de Mato Grosso do Sul têm encontrado dificuldades ao implementar o sistema. Chico, que prefere não se identificar, alega que o custo onera a produção. Temos muitos entraves para realizar o sistema, posso enumerar as dificuldades. Em primeiro lugar, a falta de assistência técnica. Em segundo, não há política de subsídios aos produtores. Em terceiro, há muitos papéis de cadastro e guias de controle. Em quarto, o uso de brinco e bottom não segue uma seqüência lógica de produtores, e por aí vai, comenta. Ele também acredita ser importante acrescentar que 80% das fazendas não têm tronco de contenção. A produtora rural Gisele, que prefere não mencionar o sobrenome, também compartilha a opinião de Chico. O rastreamento que o governo quer, só funcionará quando houver incentivo para os fazendeiros. Acabamos sem lucro na hora do abate. O mesmo alegou o produtor Carlos, que, além de reclamar do custo com os brincos e bottons, revela sua preocupação com o preço das vistorias a serem realizadas na propriedade. Já Daniela Maciel, zootecnista e auditora, rebate as queixas dos produtores, afirmando que a nova instrução normativa, apesar de ser mais exigente, só tem a contribuir para a visão do mercado externo diante da carne brasileira. O fato é que apesar dos avanços da pecuária de corte, o sistema ainda não é o adequado. Percebe-se que, além do descontentamento dos produtores, há a omissão dos mesmos. Ou seja, além do sistema de rastreamento enfrentar fortes queixas de omissão e apontar desajustes, há uma certa pressão sobre os fazendeiros, ao falarem do assunto. Quem elaborou a Normativa 17 não conhece a realidade do campo. É muito difícil rastrear individualmente, em propriedades grandes e com um rebanho como o nosso. Na Europa, dá certo, porque as propriedades são em média seis vezes menores, concluiu Lucas Monteiro, proprietário de uma fazenda na região do Pantanal. Mecanização melhora vida no campo ERNANDES BAZZANO A mecanização do campo tem como objetivo principal o conforto e a segurança daqueles que ali vivem. Nos últimos anos, o Brasil tem presenciado um aumento considerável nas vendas de ELIS REGINA NOGUEIRA Produtores afirmam que investimentos em equipamentos modernos têm retorno produtos e máquinas agrícolas. Não que os agricultores estejam esbanjando capital. É que o comércio está mais viável em relação a financiamentos, sem contar os juros, que diminuíram. A expansão dessa nova fase agrícola nem sempre foi assim. Entre 1995 e 1997, agricultores passaram pela pior crise, segundo eles. Por isso, comemoram tanto em relação às novas tecnologias introduzidas na área dos equipamentos agrícolas. O foco principal são os tratores, as plantadeiras, os caminhões e, principalmente, as colheitadeiras. Vendedor de máquinas agrícolas que preferiu não se identificar, afirma que o alto valor não assusta, pois a não necessidade de uma mecânica rigorosa compensa. Uma máquina nova faz serviço de três. Sem contar que o prejuízo é mínimo, complementa. Carlos Suko, fazendeiro na região de Sidrolândia, afirma que a produção melhorou em 30%, mesmo pagando mais caro pela máquina e, conseqüentemente, pelo trabalho do operador. No entanto, em atividades que exigiam três empregados, agora, com a mecanização do campo, basta um trabalhador. Estou apenas seguindo a tendência de mercado. Ninguém quer ficar no prejuízo. Para o desenvolvimento, seja ele em que proporção for, o mercado consumidor tem seus pós e contras. A vida no campo deixa de ser pacata e a concorrência e desconfiança tornam-se mais comuns. Fábio Nunes, funcionário de uma grande fazenda de Mato Grosso do Sul, afirma que para trabalhar com uma nova máquina, o patrão escolhe o melhor subordinado, pois a confiança tem que ser recíproca. Ele acrescenta que, ao comprar a máquina, um curso de manuseio vem incluso. Assim, a concorrência entre os agricultores acaba sendo comparada à existente entre grandes empresas. Quem não tiver qualificação, até no campo, será excluído. Agora, quem manda é o jeito, e não a força, explica Fábio Nunes. MODERNIDADE Por anos, no Brasil, segundo lembra Nunes, muitos trabalhadores não usavam proteção, mesmo contra simples fenômenos naturais. Hoje, as modernas máquinas presentes no campo são comparadas a carros de passeio, com ar condicionado, direção hidráulica e freios sofisticados. Assim, a perda do produto torna-se menor, na opinião dos produtores. Logo, segundo Nunes, a função de funcionário agrícola é competitiva para pessoas de ambos os sexos. Basta lembrar o passado remoto, em que, muitos funcionários, sem equipamentos de segurança, tinham membros amputados ou, até mesmo, morriam. No entanto, para alguns, como Anderson Caçarola, as máquinas não são tão fáceis de manusear. Ele afirma que, se o colocassem em cima de uma máquina nova, não saberia nem ligar. Tudo é digital. Botão para todo canto. E, se der uma pane, o que fazer? Tenho experiência de muitos anos, pouco importa. Anderson Caçarola dá como exemplo a colheitadeira moderna. Tem um computador que prova o local onde precisa de maior atenção. Retira-se o cartão, e coloca-se no trator. O que precisar, a máquina resolve, seja maior ou menor a quantidade de calcário, comenta. Tecnologia ajuda no combate às pragas de pastagens BRUNO NASCIMENTO RICARDO CAVALHEIRO Como qualquer outra cultura, as pastagens também estão sujeitas a ataques de pragas. Preocupados com as condições das pastagens, pesquisadores e pecuaristas procuram solucionar este problema, sem prejudicar o meio ambiente e, mantendo o gado saudável com sua alimentação. Os insetos-praga-de- pastagens mais conhecidos são as cigarrinhas-das-pastagens, o percevejo-castanho, lagartas, cupins, formigas cortadeiras, gafanhotos, cochonilha-dos-capins, percevejo-das-gramíneas e larvas de besouros, conhecidas como corós. Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doutor José Raul Valério, PhD em entomologia, dentre as diversas pragas de pastagens, as mais importantes são as cigarrinhas. Sua maior importância se dá em função da ocorrência generalizada, pelos altos níveis populacionais e pelos severos danos que causam. São insetos sugadores que afetam o crescimento e, portanto, a produção da forrageira, bem como a sua qualidade. Segundo José Valério, o produtor se vê sem pasto para alimentar todo seu rebanho, justamente, no período em que os animais deveriam adquirir condições para a reprodução e o abate. Conforme o José Valério, as pastagens são culturas consideradas de baixo valor por unidade de área. Isso limita a adoção de medidas curativas, como, por exemplo, a simples aplicação de um inseticida químico, prática comum na maioria das outras culturas, explica. No caso das pastagens, o controle recomendado pelo especialista para essas pragas deve ter um enfoque preventivo. A melhor alternativa para se minimizar os danos causados pelas pragas é através do uso de gramíneas resistentes a esses insetos; a diversificação de pastagens e, também, o controle cultural, através do mane- JOSÉ RAUL VALÉRIO Cigarrinhas são uma das muitas pragas que podem atingir as pastagens, gerando perdas significativas para o produtor rural jo das pastagens, ensina. Há, também, o controle biológico, com inimigos naturais, como predadores, fungos, bactérias e vírus. São recomendadas, ainda, iniciativas por meio de feromônios, assim como na área de resistência de plantas, onde se avaliam coleções de plantas, objetivando-se a identificação daquelas naturalmente mais resistentes aos insetos-praga em estudo, de acordo com o pesquisador. Entre os meios de maior eficiência de combate às pragas desenvolvidos pela Embrapa, o doutor José Valério cita o controle biológico. Neste campo, destaca-se o Baculovirus anticarsia, desenvolvido na Embrapa Soja, visando ao controle da lagarta da soja Anticarsia gemmatalis. Outro exemplo de cultivar resistente, lançamento da Embrapa Gado de Corte, é o da Brachiaria brizantha (cultivar Marandu), altamente resistente a várias espécies de cigarrinhas-daspastagens.

13 nifolha MEIO AMBIENTE CRIME-ANIMAIS CAMPO GRANDE-MS ABRIL ei de 1995 determina que o traficante da fauna silvestre cumpra de seis meses a um ano de prisão ou pena alternativa ontrole do tráfico se torna mais complicado RUNO CHAVES AUSTER MONTEIRO SEMESTRE Traficar animais silvestres ão é crime inafiançável. as já foi. A Lei Federal.º7.653, de 1988, tornava rime grave caçar e trafiar animais e a pena era de ois a cinco anos de prisão, em direito a fiança. Porém, nos mais tarde, de acordo om Lei 9.099, de 1995, ela e tornou menos rígida e o rime deixou de ser inafianável, podendo o traficante er pena de reclusão de seis eses a um ano em juizado special ou pena alternatia, como por exemplo, o paamento de cestas básicas. De acordo com a legislaão brasileira, o tráfico de nimais é todo comércio legal de espécies que vivem ora do cativeiro, formando fauna silvestre. A fiscaliação da Polícia Ambiental e Mato Grosso do Sul ocore de maneira difícil, e as ondições de trabalho são liitadas. Segundo o capitão dnílson Queiroz, responável pelo setor de comuniação da Polícia Ambiental, Tráfico de animais silvestres, terceira maior economia ilegal do mundo, visa, principalmente, o comércio de aves o traficante é sempre reincidente, pois a penalidade para o crime de tráfico de animais silvestres é amena. O que ocorre com freqüência são as multas aplicadas ao infrator, podendo chegar a R$ 500, por exemplar do animal em extinção. A multa é alta; porém, não chega a intimidar quem comete esse tipo de infração. ANDRÉ MESSIAS Conforme relatório elaborado pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) a comercialização em pet shops é o fator que mais incentiva o tráfico de animais silvestres no Brasil. De acordo com esse estudo, são 38 milhões de espécimes retirados de seus hábitats por ano. Desses, apenas 10% chegam ao seu destino com vida, pois a maior parte morre de fome, sede, calor, asfixia ou outras condições estressantes. REABILITAÇÃO Financiado pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) tem por base o tratamento de animais apreendidos pela Polícia Ambiental e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os animais, em sua maioria, são encontrados doentes; porém, nem todos são produto do tráfico. A maior parte deles é proveniente de apreensões, capturas na cidade e devolução feita por particulares. O CRAS é o primeiro centro de triagem de animais selvagens, criado há 20 anos, no Brasil e, hoje, é modelo para outros estados brasileiros. Chegando ao centro, o animal é atendido por uma equipe de profissionais composta por três veterinários, três biólogos e um zootecnista. Os bichos recebem um número de registro, e as informações são armazenadas em um banco de dados específico. Depois, seguem para um setor isolado, onde permanecem por um período de 40 dias. Os que não têm condições de retorno à natureza são encaminhados a instituições de pesquisas e zoológicos. Os animais reabilitados são levados para uma das 130 fazendas sul-mato-grossenses que são cadastradas no CRAS. As aves, grande parte proveniente do tráfico, são os animais em maior quantidade no centro. Algumas, como arara, tucano e papagaio chegam ao local com asas, patas e bicos parcialmente mutilados, sendo o papagaio brasileiro mais visado para o tráfico. Conforme disse o coordenador do CRAS, Vinícius Andrade Lopes, o financiamento do governo não é o suficiente, e a verba destinada à manutenção é pequena. Um papagaio, por exemplo, custa em média, para o estado, cerca de R$ 1,5 mil ao ano. tividade ilegal rejudica a fauna AIANE LÍBERO MANUEL CAIRES SEMESTRE Um animal, quase sempre ilhote, é tirado de seu habiat e transportado para outro ugar, onde será vendido coo um simples objeto. Essa uma descrição superficial a terceira maior atividade legal e comercial do muno, que perde apenas para tráfico de drogas e de aras e que é também a que ossui a lei mais branda. O roblema não está apenas a ilegalidade desta prátia, mas, também, nas suas onseqüências que são os aus-tratos aos animais, depredação da natureza a ameaça às espécies em xtinção. O mercado de tráfico de auna se movimenta como ualquer outro, com altos baixos, produtos mais rocurados e mais caros, emessas, matéria-prima. ato Grosso do Sul é caacterizado, segundo a anaista ambiental Renata Varas, do Instituto Brasileiro e Meio Ambiente e Recuros Naturais Renováveis Ibama), como um estado e rota. Por aqui, passam uitos animais destinados suprir o mercado interacional ou do sudeste do aís. Porém, quem são as essoas que traficam? Existem dois tipos de riminosos: os traficantes, ue operam de maneira rganizada; e as pessoas e baixa renda, que partiipam eventualmente do ráfico de animais silvesres, diz Inácio de Mattos antos, analista ambiental agente de fiscalização do bama. Ainda segundo ele, ssa população de baixa enda, que reside em lugaes onde é comum os aniais viverem, acaba capurando, como forma de umentar a renda familiar, tuando como fornecedoes. Segundo o capitão Ednílon Queiroz, há 11 anos, o 15º. Batalhão da Polícia Ambiental de Mato Grosso do Sul, existem também os chamados atravessadores, pessoas que levam os animais por estradas e até por aeroportos. O consumidor final geralmente é uma pessoa instruída e de alto poder aquisitivo, que gosta de ter os animais para demonstrar ostentação e luxo. Outra constatação dos órgãos que fiscalizam e apreendem esses animais, é que existe um mercado para canários, inclusive de outros países, com a finalidade de fazer rinhas. Isso é bastante comum em regiões como o Nordeste e, também, em Minas Gerais. O capitão Ednílson conta que já ouviu falar de uma pessoa que, com uma cruza de um canário peruano com o canário-da-terra (bastante traficado), conseguiu ganhar uma camionete numa rinha de canários. Entre os animais traficados, 70% são aves. Segundo o relatório da Organização Não-Governamental Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), essa preferência não é só pela facilidade de captura e domesticação de uma ave, mas, também, pelo alto valor comercial, transporte fácil, além da comercialização de ovos e penas. É relativamente fácil transportar centenas de filhotes de arara ou papagaio em uma mala ou gaiola adaptada por estradas, que são as principais vias de escoamento do produto do tráfico. Com isso, o crime torna-se mais viável e comum, a despeito do sofrimento dos animais que, muitas vezes, são colocados em fundos falsos de porta-malas ou bancos. A maioria não sobrevive. RELATO Polícia Ambiental já foi tão respeitada quanto a Federal WESLEY ANTONIO DAIANE LÍBERO O crime de traficar animais data de séculos passados, com a entrada clandestina dos primeiros contrabandistas no Brasil que vinham em busca de riquezas e levavam animais nativos também e parece nunca ter solução, como outras atividades criminosas, tais quais o tráfico de drogas e armas. Porém, a diferença entre esses tipos de crimes é simples, mas extremamente importante: não são objetos sem vida, sem feição ou que não sentem dor. São animais. Apesar de pouco se falar sobre a crueldade com que é cometido este tipo de crime, existem pessoas que já viram de perto o que os traficantes fazem com os animais que capturam em matas e cerrados. Uma dessas testemunhas é o policial reformado do Batalhão da Polícia Ambiental de Mato Grosso do Sul, Marcos Vinicius Rodrigues da Silva, de 44 anos, que trabalhou durante 22 anos, antes de se aposentar, em Marcos relata que, nas décadas de 80 e 90, a Polícia Ambiental era tão respeitada quanto a Federal, porque eles viviam sempre em confrontos intensos com contrabandistas de fauna e flora, cujo principal alvo no tráfico de animais eram (e ainda são) aves. Elas são justamente as mais cotados no mercado, com maior facilidade de captura e transporte, porém, maior vulnerabilidade à viagem. Tanto, que os criminosos tentam capturar o máximo possível de filhotes, justamente porque a maioria não sobrevive. Porém, segundo relata Marcos Vinicius, mesmo assim, ainda é um mercado rentável, já que o traficante não tem quase nenhum gasto para obter aquele produto. A caça aos criminosos era tamanha que os integrantes da equipe do expolicial ambiental eram obrigados a passar até 20 dias por mês fora de casa. A fronteira do estado, principalmente Paraguai e Bolívia, por sua vez, eram rotas comuns de comboios com animais escondidos, geralmente em direção ao sudoeste do Brasil. Marcos Vinicius ainda relata que, para prender os contrabandistas, em muitos casos ele e sua equipe tinham que passar várias horas escondidos dentro de um rio com metade do corpo submerso na água. O armamento utilizado pela polícia era pesado, e ele lembra-se de casos de tráfico bastante absurdos, como o caminhão de carvão que certa vez eles pararam em uma estrada. Em meio de inúmeras pilhas de carvão amontoado coberto por lona, por onde não entrava luz, tampouco ar, havia várias gaiolas com aves, pássaros e até felinos. Muitos tinham asas, unhas e bicos cortados, para não fazerem barulho. Isso sem falar nas gaiolas pequenas e apertadas, onde mais de um animal era colocado. O trabalho dos órgãos responsáveis pela proteção da fauna e flora brasileira é minucioso e complexo, principalmente em regiões como o Pantanal ou a Amazônia, onde existem relatos de animais como ariranhas e macacos selvagens sendo criados como bichos domésticos. É como pegar fumaça com as mãos. CONSCIENTIZAÇÃO Não ter um papagaio ou outro bicho silvestre em casa já é uma forma direta de contribuição para que esse mercado paralelo e IZABEL ESCOBAR Transporte de animais geralmente é feito em gaiolas disfarçadas, nas quais os animais dificilmente sobrevivem ilegal definhe, e essa cultura de não-conservação de espécies e da natureza acabe de uma vez por todas, acredita o ex-policial. Para que isso aconteça, na opinião de Marcos Vinicius, precisamos nos conscientizar de algo que é dita há anos: os animais devem ficar em seus meios naturais de vida, e não sofrendo maus-tratos nas mãos de seres humanos. As provas cabais do sofrimento impingido aos animais contrabandeados é facilmente exemplificada: O 15º Batalhão de Polícia Ambiental de Campo Grande possui um acervo com diversas gaiolas de transporte de animais para educação ambiental. Uma delas é uma mala apreendida no aeroporto de Campo Grande que possui diversos buracos pequenos, onde os pássaros eram colocados, sem ar, água, comida ou luz. Somente em companhia da morte.

14 14 CAMPO GRANDE - MS - ABRIL UNIVERSIDADE Unifolha O evento reunirá participantes do Brasil, Reino Unido, África do Sul e Índia e discutirá educação, eqüidade e justiça social MS sedia Simpósio Internacional SCOM - UNIDERP De 23 a 27 de abril, Mao Grosso do Sul sedia o 2º impósio Internacional e órum Público sobre Eduação, Eqüidade e Justiça ocial. O evento deve reunir ais de 190 pessoas entre esquisadores, professores, ecretários de educação, deutados, senadores, goveradores, representantes de inistérios e governos do rasil, Reino Unido, África o Sul e Índia. O evento é realizado or meio de parceria enre a Anhanguera/Uniderp, nstituto de Educação da niversidade de Londres IOE), Conselho Britânico, inistério da Educação e overno Federal. O tema entral das discussões é uso das tecnologias na ducação e a promoção da nclusão social. A programação começa m Brasília, DF, no dia 22 e abril, no auditório Petrôio Portela do Senado Fedeal. Às 9h30min, acontece a olenidade de abertura com presença do presidente do Senado Garibaldi Alves, do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, do presidente da Comissão de Educação do Senado Federal Cristóvam Buarque, do presidente da Câmara dos Deputados Arlindo Chinaglia e do presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados João Matos. Em seguida, falará o ministro da Educação do Brasil Fernando Haddad, o embaixador do Reino Unido no Brasil Peter Collecott, o ministro para o Desenvolvimento de Recursos Humanos na Índia Arjun Singh e a ministra da Educação da África do Sul Naledi Grace Mandisa Pandor. Como presidente da mesa de trabalhos estará o senador Cristóvam Buarque. No dia 23 de abril, as atividades acontecem no auditório Germano Barros de Souza, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande, MS. Às 18h30, o chanceler da Anhanguera/Uniderp Pedro Chaves dos Santos Filho dá as boas-vindas. Em seguida, ministram palestras o ministro da Educação do Brasil Fernando Haddad, a diretora geral do Departament For Children, Schools and Families do Ministério da Educação Britânico Dra. Lesley Longstone, o ministro para o Desenvolvimento de Recursos Humanos na Índia Arjun Singh e a ministra da Educação da África do Sul Naledi Grace Mandisa Pandor. O encerramento deve ser feito pelo governador de MS André Puccinelli. Os trabalhos serão coordenados pelo secretário de Educação Superior do MEC Ronaldo Mota. Já no dia 24 de abril, as atividades acontecem no audi- tório do bloco 7, no campus I da Anhanguera/Uniderp. Serão realizados debates acadêmicos em grupos de representantes de governo e de universidades dos quatro países. Às 8h30, a reitora da Uniderp Ana Maria Costa de Sousa inicia as discussões. Das 8h40 às 12h, serão realizadas palestras sobre o uso das tecnologias para a educação e a inclusão social em cada um dos países participantes. Pelo Brasil fala Paulo Speller, pela Índia fala Ved Prakash, pela África do Sul fala Peliwe Lolwana e pelo Reino Unido fala Neil Selwin. Às 14h, acontecem seminários e às 17h30 está programado plenário. O encerramento será feito pelo chanceler da Uniderp Pedro Chaves dos Santos Filho, às 18h30. Nos dias 25 e 26, os participantes do Simpósio realizarão viagem ao Pantanal Sul-mato-grossense para conhecer o Instituto de Pesquisas do Pantanal (Ippan) mantido pela Anhanguera/ Uniderp na região do Pantanal do Rio Negro, no local serão apresentadas as principais pesquisas desenvolvidas pela Universidade. Grupos de dança e música da Anhanguera/Uniderp se preparam para representar MS em evento nacional ASCOM - UNIDERP A Cia de Artes e Quarteto de Cordas da Anhanguera/ Uniderp ensaiam em ritmo acelerado para a apresentação que irão realizar no Salão Nacional de Turismo de São Paulo, que acontece de 18 a 22 de junho, no Centro de Eventos São Luís. Os grupos de dança e música da Universidade estão entre as atrações selecionadas para representar o Estado de Mato Grosso do Sul no evento nacional. Com as músicas Trem do Pantanal, Sonhos Guaranis, Cunhataiporã, Recuerdos de Iparacary e Mercedita, a Cia de Artes e Quarteto de Cordas ilustrarão o cenário musical de MS. Realizamos ensaios três vezes por semana, informou a diretora da Cia de Artes Anhanguera/Uniderp Maria Helena Pettengil, lembrando que a expectativa para o evento é grande, uma vez que estarão representando Mato Grosso do Sul e mostrando um pouco do trabalho dos grupos artísticos da Instituição. Não é a primeira vez que a Cia se une ao Quarteto de Cordas. A parceria teve início com o espetáculo Corpos e Cordas, dentro do Projeto Cena Som, realizado em Campo Grande, MS, em agosto do ano passado. A novidade é a participação do cantor Gilson Espíndola nas músicas Cunhataiporã, Sonhos Guaranis e Recuerdos de Iparacary, revelou Maria Helena. Para a apresentação em São Paulo, o figurino foi cuidadosamente escolhido. Na coreografia de Mercedita os bailarinos estarão com vestidos exclusivos pintados em tinta silk nos tons verde, roxo e lilás, representando os camalotes do Pantanal. Já para apresentar Cunhataiporã e Sonhos Guaranis será utilizada como base a cor terra, com calças em musseline de seda e cocares indígenas. Os músicos estarão vestindo túnicas em tons bege, com estampas exclusivas do Pantanal, cedidas pelo artista plástico Cid Vallim. As demais músicas serão tocadas pelo Quarteto de Cordas, explicou Segundo a diretora da Cia de Artes, a participação no Salão Nacional de Turismo de São Paulo vem como reconhecimento do trabalho realizado com tanta dedicação. Isso nos orgulha muito. É também uma responsabilidade, já que estaremos representando a dança e a classe artística do nosso Estado, observou. Ela disse ainda que valorizar a cultura regional sempre foi o objetivo principal da Cia de Artes e a oportunidade de poder mostrar em São Paulo o nosso trabalho nos deixa muito feliz. SELEÇÃO Nos dias 22 e 23 de março, por meio do projeto Arte, Cultura e Turismo, artistas do Estado fizeram suas apresentações no Teatro de Arena da Concha Acústica Helena Meireles, em Campo Grande. Filho do Livres (229 votos), Cia de Artes e Quarteto de Cordas da Anhanguera/Uniderp (185 votos) e Tostão e Guarany (123 votos) foram os grandes vencedores na votação do público. O projeto Arte, Cultura e Turismo foi realizado pela Fundação de Turismo, Seprotur, Fundação de Cultura e Governo de MS. WAGNER GUIMARÃES línica de Psicologia da Anhanguera/Uniderp esenvolve projeto de atendimento à população ASCOM - UNIDERP Desde o mês de fevereiro, a Clínica de Psicologia da Anhanguera/Uniderp possui um núcleo de atendimento voltado à população em situação de violência. Segundo a coordenadora do projeto, psicóloga e psicanalista Marlene Ingold, pessoas de todas as faixas etárias e sexo podem ter acesso ao atendimento. A proposta surgiu a partir de outros trabalhos já desenvolvidos com vítimas de violência. Eu era a supervisora dos alunos de Psicologia em um trabalho que envolvia mulheres vítimas de violência, com atendimento emergencial no Instituto Médico Legal. Depois, realizamos o mesmo tipo de atuação junto às delegacias especializadas. A partir dessas ações, sentimos a necessidade de dar continuidade a este serviço. Surgiu assim, a idéia de criar o núcleo, oportunizando plantão semanal e atendimentos individuais e em grupo, explicou. De acordo com a psicóloga Maristela Lemes de Souza, que também participa das atividades do núcleo, o plantão está disponível à comunidade no período das 13h30 às 17h, sempre às quartas-feiras. Ela lembrou sobre a necessidade de apoio àqueles que passam por uma situação de violência. Como a violência deixa a pessoa muito fragilizada, ela precisa de um acolhimento imediato, lembrou Maristela. Se for ficar na fila de espera, pode acabar desistindo, reforça Marlene. Segundo as psicólogas, a prevenção é um dos principais objetivos do projeto. A partir do momento que você atende alguém em situação de violência, se previne novos episódios. Há um ciclo e é importante fazer com que ele deixe de existir, comentam. Elas ressaltaram ainda que estudos revelam a possibilidade de crianças em situação de violência tornaremse pessoas violentas. Os acadêmicos do último ano de Psicologia participam dos atendimentos, sob a supervisão das profissionais. Esses alunos já passaram por várias experiências. Não é a primeira vez que estão em contato com atendimento, até pelo próprio método de ensino do curso. Eles já atenderam crianças, adolescentes e adultos. Agora, especificamente, pessoas em situação de violência, comentou a coordenadora do projeto, ressaltando que o sigilo faz parte da ética dos estudantes e profissionais que prestam os atendimentos. Serviço A Clínica de Psicologia da UNIDERP está localizada a Av. Ricardo Brandão, 900. Mais informações pelo telefone (67)

15 Unifolha CAMPO GRANDE-MS ABRIL ENTREVISTA IZABEL ESCOBAR "Há como que no nosso imaginário, uma concepção de que o lugar do negro é o pior lugar. E não dá para mudar isso. É assim mesmo, desse jeito, e as pessoas fazem isso. Alguns, conscientemente. E outros, inconscientemente," "A iniciativa da Universidade dos Palmares é elogiável e corajosa. Foi como dizer assim: já que vocês não nos dão oportunidades nas universidades de modo geral, nós vamos criar nosso próprio espaço, como o negro americano criou universidades." "Não falta quem vai dizer: racistas são eles" Aleixo Paraguassu Neto - Fundador do Instituto Luther King Juiz aposentado, presidente e fundador do Instituto Luther King de Pesquisas e Ações Afirmativas, Aleixo Paraguassu Neto, depois de ter sido secretário de Estado em três governos, é disputado por diversos partidos políticos. Bem como também é cotado para ser um dos próximos integrantes do Grupo de Trabalho Interministerial para Valorização da População Negra (GTI), em Brasília-DF. Com um histórico de luta em favor das minorias sociais, doutor Aleixo, como costuma ser chamado, comenta, nesta entrevista ao Unifolha, questões polêmicas, como o racismo no Brasil, as cotas para negros nas universidades, além de se dispor a comentar o estágio atual das denominadas ações afirmativas. Gabriel Neris Leonardo Macbeth Odil Santana Vicenzzo Mandeta 3º semestre O Brasil é a segunda nação negra do mundo, mas as pesquisas demonstram histórica desigualdade entre negros e brancos. Os negros compõem 46% da população, mas, quando chegam ao âmbito acadêmico, são apenas 2%. O Brasil tem o Índice de Desenvolvimento Humano comparável aos países mais desiguais. Há divergências com relação aos índices, mas os afrodescendentes são, no mínimo, 45% da população. Há quem sustente que somos 60%, se levados em conta outros critérios, mas ficamos no índice mínimo fixado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e acolhido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), um órgão governamental ligado ao Ministério do Planejamento, que recepciona o índice de 45%. Já a sua pergunta traz a informação da desigualdade do que diz respeito ao item escolaridade, especificamente ao acesso do mundo acadêmico. De fato, se você considerar negros propriamente ditos, o percentual é de 2%. O que fazer para mudar esse cenário? Com relação ao acesso às universidades, prefiro um outro percentual, mais abrangente que o citado, e que leva em conta negros e afrodescendentes, de um modo geral. Segundo dados estatísticos do IPEA, tomando por base o ano de 2002, o índice de afrodescendentes nas universidades públicas é de 17,06%. E o recorte para negros, de fato, era de 2%. Eu espero, porque não conheço pesquisas recentes, que esses números desfavoráveis tenham sido revertidos, a partir de uma série de iniciativas, que, ainda bem, apesar das resistências, têm sido postas em prática no Brasil. Por exemplo: sistema de cotas estabelecido em algumas universidades públicas, a partir da iniciativa pioneira na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e o Pró-Uni, agora, mais recentemente, são iniciativas que, por certo, resultaram em um maior ingresso de negros ou afrodescendentes na universidade pública. Não está um pouco paralisada a discussão sobre cotas para negros no mercado de trabalho? Nos Estados Unidos, há cotas em cargos de prestígio, mando e poder. As iniciativas aqui são, ainda, muito pálidas neste sentido. Cotas para emprego aqui nós temos com relação à melhoria social, os chamados portadores de deficiência. O artigo 37.26/8 da Constituição da República prevê a possibilidade de um percentual para portadores de deficiência para ingresso no serviço público. Lei de 1990, que é a 8.112, do Estatuto do Funcionário Civil Público Federal, estabeleceu que esta cota para portadores de deficiência pode ser de até 20%. Faço essa menção para dizer assim: com relação aos portadores de deficiência, já há esse avanço de cotas. Para os negros, as cotas encontram uma fortíssima resistência da sociedade. Uma curiosidade fácil de a gente decifrar. Vou dar um exemplo: Existe uma lei - além dessa que eu citei, para os portadores de deficiência - existe a Lei 9.504, de 1997, que estabelece cota para as mulheres para serem escolhidas nas convenções partidárias, como candidatas. A Lei estabeleceu a cota de, no mínimo, de 30% e, no máximo, de 70%. E veja bem: ninguém, absolutamente ninguém, neste país, fez qualquer resistência a este tipo de cota. Aqui, no Brasil, a gente quase não ouve falar uma discussão nesse sentido. O Banco de Boston, por exemplo, tem cotas para negros no emprego. Mas, por que tem estas cotas? São multinacionais que trazem essa influência, sobretudo das suas sedes nos Estados Unidos, onde mantêm uma política mais ou menos tranqüila com relação às cotas no emprego e trazem isso na sua cultura, a Johnson & Johnson, por exemplo. Mas no Brasil há uma grande resistência. Não conseguimos emplacar, ainda, na mentalidade do mundo empresarial brasileiro, que a necessidade de estabelecimento de cotas dá emprego para o fim de compensar desigualdades. É pena que os empresários brasileiros não tenham visão. Não, por razões humanitárias só, nem apenas políticas ou filosóficas. Deveriam ter esta visão pelo menos, por razões mercadológicas. Eu explico isso, dando outro exemplo. Os norte-americanos têm 12% de negros em seu contingente populacional. Ao passo que o Brasil tem 45%, no mínimo. Os norte-americanos, que gostam muito de estatísticas, e assim acontece com os países mais adiantados do mundo, a despeito dos negros serem apenas 12% da população, eles consumiam 35% do refrigerante produzido. O que fizeram? Passaram a adotar os quadros diretivos da empresa, diretores, coordenadores negros, e mostraram na sua publicidade negros como diretores. O que aconteceu? O consumo de refrigerante pelos negros saltou de 35% para 43% da produção. Isso é uma razão mercadológica e econômica. Aqui, a gente torce para que o mundo empresarial, pelo menos, por razões de interesse econômico, faça política de inclusão. O senhor acredita, então, que há uma cultura no Brasil de que a boa aparência que se exige hoje nos empregos é você ser branco? Estamos próximos de uma possibilidade de ter um negro na presidência da nação que há 40 anos praticava segregação racial, o pré-candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama. Não é curioso isso? Que o Brasil, que nunca teve segregação, no sentido formal da palavra, que diz que aboliu a escravatura em 1888, diz que é um país de democracia racial, seja impensável que o negro seja escolhido na convenção de qualquer partido para disputar a presidência brasileira? Veja esse dado comparativo, para saber como uma nação, que é tida como racista, trata esta questão, e como tratava antes. E como uma nação dita democraticamente racial, como o Brasil, trata os seus filhos. Há uma diferença muito grande. Bom, este quadro se reflete em todos os segmentos da sociedade, e, portanto, no segmento empresarial. Se você perguntar para qualquer um que aponte, num estado como o nosso, de vocação agrícola, parte da agricultura, você não encontra um negro fazendeiro. Você não encontra um negro participando dessa cadeia produtiva. Você não encontra um negro no mundo empresarial, de empresas significativas. Se você perguntar de empresas médias, eu vou ter dificuldades para te apontar um. Quer dizer, aquilo que já é trivial numa nação, antes segregacionista; aqui, é uma coisa raríssima. Aqui, se aponta um Joaquim Barbosa como ministro do Supremo Tribunal Federal, que o presidente Lula nomeou como primeiro negro a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. E, nos Estados Unidos, um negro já ocupa uma cadeira do Supremo, desde o tempo de Lyndon Johnson. O programa do SBT Realidade, que foi ao ar no dia 19 de março, falou sobre o preconceito contra os negros. E mostrou a primeira turma de formandos da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. O senhor acha que a divulgação destas atividades ajuda a diminuir o preconceito? Quero dizer, em primeiro lugar, que a iniciativa da Universidade dos Palmares é elogiável e corajosa. Foi como dizer assim: já que vocês não nos dão oportunidades nas universidades de modo geral, nós vamos criar nosso próprio espaço, como o negro americano criou universidades. Mas eu tenho dúvidas com relação a este tipo de iniciativa, porque você acaba fornecendo munição para o inimigo. O que quer dizer isso? Não falta quem vai dizer Está vendo? Racistas são eles. Criaram a universidade deles. Quer dizer, negam-nos espaços democráticos para a nossa realização pessoal. Estudo, emprego, sobrevivência digna e, quando a gente cria o espaço próprio, Racistas são vocês. Então, eu tenho dúvida desta estratégia, prefiro que a nossa luta seja centrada numa intenção de integrarmos todos IZABEL ESCOBAR "Aqui, a gente torce para que o mundo empresarial, pelo menos, por razões de interesse econômico, faça política de inclusão." os espaços disponíveis. Eu penso assim. Tenho dúvidas com relação a esta estratégia, mas ela tem um efeito político. Ela serve para provocar um debate. E fazer com que a sociedade reflita sobre essa questão. Pegando um gancho nessa questão da Universidade Zumbi dos Palmares; ela, por si só, não vai constituir a panacéia que vai resolver todos os males da discriminação racial do Brasil. Não vai constituir, mas ela está prestando um serviço que, às vezes, as pessoas não percebem, um serviço enorme, a conscientização da sociedade para o problema em si. ONGs, como a Uni Palmares, têm patrocínios de grandes empresas, como Bradesco e Itaú. São essas Organizações Não-Governamentais ferramentas melhores do que os órgãos políticos na construção de uma ponte entre o negro e os cargos de prestigio, mando e poder? Desde que elas tenham o compromisso decorrente do seu objetivo institucional. Tenham isso na sua missão, na sua filosofia, no seu estatuto. É evidente que ela tem a sua ação, permanentemente, voltada para isso. Eu dou o exemplo aqui, com o Instituto Luther King. Nós somos uma instituição plural. Nascemos como um curso pré-vestibular. Não temos cotas para mulher, até porque, nem precisa. Em todas as turmas, aqui, as mulheres são majoritárias. Essa é uma inclusão que se dá naturalmente. (De repente, um silêncio. Uma lágrima rola no rosto do Juiz. Ele a enxuga e retoma a entrevista após quase um minuto, pedindo desculpas por não conter a emoção). Então, somos uma instituição plural, mas com forte compromisso, até porque, nosso patrono se chama Martin Luther King. Um forte compromisso com a inclusão de pessoas excluídas da sociedade. O movimento negro luta para que haja instrumentos jurídicos que assegurem políticas de Estado. Quer dizer, tanto faz um conservador na direção do governo quanto um progressista. Então, eu acho que essas ONGs têm uma vantagem sobre o ponto de vista de compromisso. Apesar de atitudes como a do Banco de Boston e o Pró- Uni, ainda não são poucas as decisões tomadas? Sem dúvida. Isso é uma cultura do Brasil. Está impregnada no nosso imaginário, vamos dizer assim. Que lugar de negro é realmente, na periferia da sociedade e na periferia, não só das cidades em si, mas na sociedade como um todo. Você vê que os espaços habitacionais ocupados pelos negros são espaços na periferia destinados às palafitas e, também, à periferia como um todo. No subemprego, no desemprego, no analfabetismo. Em matéria de empregados domésticos, a mulher negra é majoritária com 76% ocupando este espaço. Há, como que no nosso imaginário, uma concepção de que o lugar do negro é o pior lugar. E não dá para mudar isso. É assim mesmo, desse jeito, e as pessoas fazem isso. Alguns, conscientemente. E outros, inconscientemente, nem percebem. Não fazem até por mal. Porque isso se banalizou. Tornou-se hábito e as pessoas, então, aceitam isso como uma coisa, se acomodaram. Ao mesmo tempo, a grande parcela dos negros não tem uma posição ideológica quanto a essas questões. E isso se explica pela baixa escolaridade, porque, na medida em que as pessoas excluídas sejam brancas, negras, índios, mulheres, ou portadores de deficiência e adquirem maior grau de escolaridade e compreensão, elas aguçam seu senso critico. Isso lhes permite perceber a dimensão dos seus direitos e, portanto, lutar por eles. "Segundo dados estatísticos do IPEA, tomando por base o ano de 2002, o índice de afro-descendentes nas universidades públicas é de 17,06%."

16 16 CAMPO GRANDE-MS ABRIL COMPORTAMENTO Unifolha HISTÓRIAS-VIDAS Consegui dar a volta por cima ISELLE RIBEIRO UGO CRIPPA º. SEMESTRE Há 29 anos, Antônio Carlos eal trabalha com um Siea, carro que já o fez passar or muitos momentos bons ruins. Ele é taxista. Após rês tentativas de entrevista om outros taxistas, um deles ponta para Toninho, dizeno esse gosta de falar. Foi assim que Carlos, 49 nos, casado, pai de 11 filhos ex-policial militar nos conou um pouco mais sobre o ue já viveu, porque escolheu ma vida de aventuras e, muias vezes, perigosa. Jeito tranüilo e confiante de ser, nos assou muito orgulho de sua rofissão, que exige dele 24 oras por dia. Já teve muitas mulheres. as foi no táxi que conheeu a sua atual esposa. Muito ompanheira, ela entende seu rabalho e aceita que ele esteja m casa dia sim e não. Eu e inha mulher, a gente é igual sol e a lua. Eu tô chegando m casa, e ela tá saindo para rabalhar. Ex-alcoólatra, passou por uitos desafios na vida. Eu escobri uma frase e coloquei m prática. Foi com o Zé Raalho, que dizia assim: Eu sou veneno pra mim, eu sou o reédio pra mim. É um orgulho orque eu consegui dar a volta or cima de muita coisa. Hoje, além de todo taxista evar e buscar as mais diveras e esquisitas pessoas, eles ambém exercem um papel mportante para a sociedade. Logo que vemos um acidente, cionamos o Serviço de Atenimento Móvel de Urgência Samu) e, se precisar, a polícia ambém. Histórias curiosas não fal- tam, como, por exemplo, não pagar no fim da corrida. Isso Carlos já se acostumou, pois acredita que foi amadurecendo e aprendendo a lidar com a vida. Comenta que já foi muito valente, bravo, mas, com o tempo, passou a relevar esse tipo de acontecimento. A gente carrega pessoas de diferentes classes sociais, e o importante é entrar no carro. Eu levo ela pro destino e, depois, ela acerta comigo. Perigo e Medo. Toninho se lembra do pior momento que já passou. Há três anos, ele foi assaltado por três homens, e um deles estava armado. Um amigo desconfiou dos passageiros e solicitou a Central. Os homens forçaram o taxista a entrar no porta-malas do carro, onde ele permaneceu durante 15 minutos. Para Antônio, no entanto, foi tudo muito rápido. Sorte não acontecer nada com ele. Mais entusiasmado, relatou um momento marcante, mostrando que, realmente, o destino é capaz de unir as pessoas. Em março de 1980, na avenida Calógeras, passou por um momento de muita adrenalina. Levou para o hospital uma mulher em pleno trabalho de parto e, no caminho, a bolsa estourou. Antônio, naquela hora se tornou médico e acabou auxiliando no parto ali mesmo. O taxista lembra, ainda, da camisa preta de bolinhas brancas em que embrulhou o recém-nascido. Tenho guardada ela até hoje. Para sua surpresa, após 28 anos, o destino o reencontrou. Dessa vez, levava em seu táxi um homem. O mesmo que trouxe ao mundo, em São coisas assim que, de repente, acontecem e fazem nosso dia-a-dia. JEANNE MATTOS Histórias, como a de um parto durante uma corrida de taxi, um assalto, no qual foi carregado no porta-malas e, até mesmo, o encontro com sua atual esposa, quebraram a rotina de Toninho DETERMINAÇÃO Enfermeiro enfrenta difícil rotina pelo amor aos pacientes GISELLE RIBEIRO HUGO CRIPPA O local é escuro. As portas têm grades. As janelas são minúsculas e a sensação é de frio. Do fundo do corredor, surge em nossa direção um homem de roupas brancas, trazendo em suas mãos algo que faz barulho. Com seu jaleco branco, traz escrito no seu crachá: Carlos Henrique, enfermeiro. Carrega apenas algumas chaves que, supostamente, abrem a porta com grades, que dificultam nossa visão. Carlos Henrique Veranézio, 29 anos, formado na Faculdade Associadas de Ensino (FAE), em Presidente Prudente-SP, mudou-se para Campo Grande-MS, em 2004, para trabalhar. Após uma experiência no Serviço Social do Comércio (SESC), começou no Hospital Nosso Lar, antigo Sanatório Mato Grosso. Desde então, trabalha em noites alternadas. Sua função é coordenar, atender medicações e supervisionar os cerca de 180 pacientes. Entre eles, dependentes químicos, alcoólatras, depressivos e esquizofrênicos. Gosto de trabalhar à noite, diz Carlos. Trabalhar neste turno lhe deu a oportunidade de conciliar dois empregos, já que, no período matutino, também atua na área de primeiros socorros, no Hospital Miguel Couto. Muito serviço para pouco tempo. Carlos chega ao hospital Nosso Lar às 18 horas e sai às 6 horas. Logo em seguida, às 6h30, entra no Miguel Couto, saindo só às 16 horas. Com essa correria, todo o corpo cria uma resistência maior e se acostuma fácil. Nos dias em que não trabalha, conta que é um pouco difícil dormir cedo, pois o organismo já acostumou. Carlos está casado há um ano e dez meses. Nas poucas horas vagas, fica em casa com a mulher e, sempre que dá tempo, pratica futebol. Apesar da correria ainda dá tempo de passar em casa, dar um beijo na mulher e ir pro trabalho. Houve momentos em que até pensou em sair do Hospital Nosso Lar, mas afirma que não pode desistir no primeiro obstáculo. Relata que, em seu terceiro dia de trabalho, ao convencer um paciente a não suicidar-se, acabou sendo agredido, ficando muito machucado. É necessário um psicológico muito forte para acompanhar os acontecimentos noturnos do hospital. Carlos lembra que já passou por momentos marcantes e presenciou vários motins, várias tentativas de suicídio e relata que houve, inclusive, fugas de pacientes. Os dependentes de drogas são os mais difíceis de lidar, eles não aceitam regras e são mais manipuladores. Confessa que nunca pensou em trabalhar nesta área, mas, hoje, gosta do que faz. Já recebeu propostas para largar o trabalho noturno, que não tem uma remuneração muito boa; porém, mesmo assim, preferiu continuar. Um de seus planos é permanecer no Hospital Nosso Lar. Carlos afirma que o tempo o fez ter muito afeto e muita consideração por todos que passam por lá. Lembranças que abalam e perturbam DIOGO RIBEIRO MARIANA BIANCHI Aí, galera! Enquanto vocês tão aqui dentro, os PMs tão lá fora com... sua mulher.. Vô jogá sangue de AIDS em você, filho da p... Esse é um exemplo do que Antônio Carlos Dias ouvia durante o antigo trabalho no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima (EPSM). Hoje, com 45 anos, trabalha como segurança de uma farmácia na avenida Ceará. Relata que foi agente penitenciário por 12 anos e trabalhou em vários presídios, como os de Ponta Porã, Dourados e Corumbá. Conta que alguns agentes sabem quem fornece as drogas na cadeia. Mas, acredita que era melhor que as drogas circulassem e o presídio ficasse sossegado, do que os detentos organizarem rebeliões. Antônio afirma que, antes, os presos tinham certo medo dos agentes. Em sua opinião, esse temor diminuiu atualmente, pois existem as grandes organizações, como o Primeiro Comando de Mato Grosso do Sul, facção do PCC e grupos muito fortes que conseguem tudo. Ao invés de judiarem dos agentes, eles dão o troco em nossas famílias. Bastante abalado e com muitos detalhes, conta uma das situações por que passou. Na Colônia Penal, para onde foi remanejado, sofreu ataque de um detento ou, como diz, reeducando, com uma enchada, o que fez com que ele perdesse alguns dentes. Por causa disso, já passou por três cirurgias e foi afastado com licença médica. Na cadeia, não tem santo não. Depois do que passou, mudou para uma pequena chácara, onde criava galinhas e pescava todos os dias. Ele relata, ainda, como os estupradores são recepcionados na cadeia. Já chega arregaçado e é chamado de duque 13, que é o artigo do Código Penal: 213. Carlos denuncia que, quando os detentos ficam sabendo que está chegando um duque 13, alguns pedem para o agente deixá-lo cerca de 20 minutos na cela para fazê ele. A expressão quer dizer depilar o cara todo, até as sobrancelhas e mandar vestir calcinha para virar mulherzinha. Depois, o estuprador também sofre estupro em sua própria cela. Existem os xerifes. São eles que estipulam o que o duque 13 tem que fazer. O xerife co... ele, manda ele ch... todos da cela, e também limpar o boi, que significa banheiro. Carlos não quis voltar a ser agente e seu maior motivo foi sua família. Todos são contra e têm medo. Era um dinheiro bom. Mas o que você sofre lá dentro... Às vezes, você não volta nem a ser o mesmo, pois o psicológico fica muito abalado. Ele ainda lembra que seu irmão, homossexual, faleceu no mês de março, na avenida Zahran, com um tiro no pescoço, que atravessou a jugular, levando à morte instantânea. O segurança afirma que não gosta muito do serviço atual, pois também acha muito perigoso, trabalha à noite, apenas por necessidade.

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