Processo RP n'

Transcrição

1 Vistos etc. TRIBUNAL REGIONAL ELElTORAL Processo RP n' O Ministerio Publico Eleitoral ajuizou, em 19/5/2010, representasao, com pedido de liminar, contra Ana Amelia de Lemos e o Partido Progressista - PP, alegando a realizacao de propaganda partidaria irregular e eleitoral extemporanea (fis ). Alegou que os representados veicularam propaganda eleitoral extemporanea nas inserc6es estaduais de propaganda partidaria de radio e televisao do PP, transmitidas nos dias 19, 21, 23 e 26 de abril, em prol da candidatura ao Senado de Ana Amelia Lemos (como tambem e conhecida), nestes termos: 1* lnsercso em radio: "Aquj e a Ana Ame!ia Lemos, a jornalista que voces conht Muitas pessoas me perguntam 'Ana Amelia, por que voce esta deixindo uma carreira s6tida na comunicapao para entrar na politica que andavtao desacreditada?.' Essa pergunta ja e a minha resposta: eu entrei na politnca exatamente porque eu quero que ela melhore em muitos aspectos. Depois de tantos anos acompanhando a politica atraves do jornalismo, agora chegou a hora de entrar em campo e de fazer a minha parte." (Grifos do requerente) 2* lnserc3o em radio: "Ola, aqui e a Ana Am6lia Lemos que voc6 ja conhece, afinal, sao mais de 30 anos fazendo cobertura jornalistica em Brasilia. Eu vi de perto os defeitos e as virtudes da politica. Agora, decidi ser protagonista e fazer a minha parte. Se voc& tambem este indignado com as coisas erradas que estao acontecendo, nao tem outro jeito, s6 com participagao e que n6s vamos melhorar a politica.' {Grifos do requerente) lnsergao em televisao: "Ola, com mais de 30 anos fazendo cobertura jornalistica em Brasilia, eu vi de perto os defeitos, mas tambem as virtudes da politica. Agora, eu decidi ser protagonista e fazer a minha parte. Se voce tambem est3 indignado com as coisas erradas que estao acontecendo, nao tem outro jeito, s6 com participacao e que nos vamos melhorar a politica."

2 TRlBUNAL REGIONAL ELEITORAL Processo RP n' (Grifos do requerente) Salientou que a insercao televisiva foi veiculada tres vezes em 19/4, uma vez em 21/4 e outra em 23/4, conforme midias acostadas (fl. 9). Sustentou que, assim agindo, os representados violaram o disposto nos arts. 36, capuf e 5 3', da Lei n /97 e 45, $ 1<>, ll, da Lei n /95, cujas sanc6es, em seu entender, podem ser cumulativamente aphcadas, consoante entendimento jurisprudencial assente. Ressaltou que compete ao Corregedor Regional Eleitoral processar e julgar o feito, conforme recente jurisprudencia do TSE e desta Corte, tendo ern vista que a propaganda ora atacada, de carater eleitoral, foi veiculada durante as insercoes estaduais de propaganda partidaria. Aduziu que a confirmagao da candidatura de Ana Amelia ao cargo de senadora e fato not6rio, amplamente divulgado na imprensa. Entende presente o previo conhecimento da candidata e do partido, uma vez que Ana Amelia protagoniza a propaganda, e esta e veiculada no espapo reservado a propaganda do partido, este, solidariamente responsavel, a teor do art. 241 do CE. Requereu, liminarmente, a proibicao da veiculagao do conteudo da aludida insercao televisiva, objeto da presente representagao, por quaisquer meios de comunicacao, inclusive a internet, da qual tem noticia da disponibilizacao da propaganda combatida no site do partido e no Youtube, porquanto vislumbra perigo de dano irreparavel, uma vez que pode ser acessada por varios outros eleitores. Postulou, ainda, a procedencia do pedido para declarar a ilegalidade de ambas as propagandas impugnadas (insergoes de radio e televisao), com a condenacao dos representados tres vezes na sancao do $ 3", capuf, do art. 36 da Lei das Eleic6es e na sancao do g 2^ do art. 45 da Lei n /95, a implicar cessao do direito as inserpoes do PP no semestre seguinte. E o relat6rio.

3 Decido. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL No que tange a competencia para julgar esta representacao, nao obstante tratar-se de realizagao de propaganda eleitoral extemporanea, inicialmente a cargo, nas eleic6es gerais, dos juizes auxiliares, uma vez que foi veiculada em inserc6es estaduais de propaganda partidaria, cujo exame de eventuais representag6es dela advindas compete ao Corregedor Regional Eleitoral (Resotucao TSE n /97, art. 13 e Regimento lnterno do TRE/RS, art. 21, Vlll, e), entendo ser este competente tambem para a apreciag<ao do presente feito. Nesse sentido, recente jurisprudencia do TSE, mormente a RP n Distrito Federal, de relatoria do Ministro Jose Delgado^, e a RP n. 997 Belem/PA, de relatoria do mesmo Ministro, alem da jurisprudencia desta Caj representada na RP 40, de relatoria do Des. Sylvio Baptista Neto. Assim, por superada a questao. Quanto ao pedido liminar, nojuizo perfunct6rio que este mdnnento processual permite, tenho que assiste razao ao representante. Conforme o disposto no art. 45 da Let n /95, vedada a utilizacao do espaco da propaganda partidaria para divulgagao de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais, ou de outros partidos. Na especie, tenho que o conteudo das inserc6es veiculadas em radio e televisao fere o aludido dispositivo, porquanto de carater nitidamente eleitoral, uma vez que protagonizado pela requerida Ana Amelia Lemos, cuja candidatura ao cargo de senadora e fato not6rio. As inserg6es, da forma como veiculadas, encontranvse em desacordo com o art. 45 da Lei 9.096/95. Em grande parte, destinam-se ^ promocao da imagem da pre-candidata, como grande conhecedora de politica, o que se atribui aos anos de jornalismo nesse ramo. Vejamos. OS dizqres "COm mais de trinta anos fazendo cobertura jornalistica em Brasilia, eu vi de perto os defeitos e as virtudes da politica", situa a DJ, l/2/2008- fl.35.

4 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIOGRANDEDOSUL jornalista como "expert" no assunto, sugerindo que teria vantagem sobre seus concorrentes, em face de sua experiencia. "Agora decidi ser protagonista, fazer a minha parte" deixa clara a intencao de eleger-se e "eu entrei na polftica exatamente porque eu quero que ela melhore em muitos aspectos" insinua os planos da pre-candidata para um possfvel mandato. Os meios de comunicacao utilizados, quais sejam, radio e televisao, garantem grande repercussao para a propaganda, que, mesmo dissimulada, como pr6prio da propaganda eleitoral irregular, apela aos eleitores de forma a desequilibrar a igualdade de oportunidades entre os candidatos para o pleito que se avizinha. Outrossim, configuram vantagem a precandidata, que se antecipa aos demais na difusao de suas propostas de governo, em flagrante burla a vedagao do art. 36 da Lei n /97. material de divulgagao. Assim, presente o fumus bonijuris, considerando o conteudo do Tambem configurado o pericuium in mora, dado que ainda subsiste reprodugao da insercao televisiva na internet, no site do partido e, 'segundo noticia no mesmo, no site de reprodugao de videos Youtube. A veiculagao de campanha antecipada, nesses moldes, pode causar danos irreversiveis, dada a facilidade de sua divulgacao. A Lei /09, que atualizou diversos diplomas, entre eles a Lei 9.504/97, preencheu a!acuna existente quanto a propaganda na internet, ao dispor o que segue (reproduzido na Resolucao TSE n /09, art. 19): Art. 57-A, ^ permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, ap6s o dia 5 de ju!ho do ano da eleicao. Assim, entendo por extemporanea a propaganda ora exposta no site do PP e no Youtube. Por todo o exposto, defiro a liminar pretendida, para que seja proibida a veiculagao de propaganda em quaisquer meios de comunicacao,

5 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIOGRANDE DOSUL inclusive a intemet, com o mesmo conteudo transcrito no re!at6rio desta decisao, fulcro no art. 273, inciso l, do CPC. lntimem-se da decisao as emissoras de radio e televisao sediadas na Capita!, bem como de-se ciencia a Associasao Gaucha de Radio e Televisao. Notifiquem-se os representados para que promovam a retirada do material dos aludidos sites e para que apresentem defesa. Cumpra-se. Porto AlfeqwT 20We ^aio de Des. Luiz Relator. Difini,