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1 Caros colegas, Findo o desafio eleitoral, temos agora a árdua missão de enfrentar desafios grandes e diversos. Desafios que a Magistratura cearense, assim como a Magistratura nacional, tem enfrentado no seu dia a dia. Por si só, a atividade jurisdicional já é um grande desafio; principalmente quando temos de enfrentar demandas em quantidades cada vez maiores, motivadas por condições próprias de um Estado desigual. Para tanto, temos meios extremamente diminutos para atendê-las. Enquanto as demandas crescem em projeções geométricas, os meios postos à disposição da Justiça sequer crescem em projeções aritméticas, ensejando um congestionamento de processos, demanda reprimida e insatisfação da sociedade diante do Poder Judiciário. Algumas melhorias vêm sendo experimentadas no campo da tecnologia de informação. Assim como o aperfeiçoamento dos Magistrados e servidores do Poder Judiciário a cargo das escolas de magistratura espalhadas por todo o Brasil. Mas a quantidade de operadores da máquina judiciária é ínfima, a ponto de a busca por uma quantidade cada vez maior na solução dos conflitos ver comprometida a qualidade da prestação jurisdicional que deveria ser de excelência. Outra questão que vem afligindo a magistratura como um todo é a insegurança. Por se tratar de uma endemia nos dias atuais, ela reflete também nos operadores do Direito; e causa receio e constrangimento a muitos Magistrados que, sequer, têm segurança pessoal e institucional. Assim, não podem oferecer ao jurisdicionado uma prestação jurisdicional segura. Outro fator preponderante diz respeito à remuneração, posto que o sistema de subsídio implantado pela Emenda Constitucional nº 45 de 8 de dezembro de 2004 vem sistematicamente sofrendo desgaste em seu poder monetário, tendo atingido a cifra dos 34% de defasagem desde sua implementação. Faz-se urgente e necessário o realinhamento dos subsídios da magistratura nacional, para que os juízes e desembargadores possam ter situação econômica confortável e tranquilidade para realizarem suas tarefas. Não deve mais ser necessário que se busquem artifícios já por nós conhecidos, em não remota época em que os chamados penduricalhos, de natureza transitória, eram vistos como a salvação financeira dos juízes, entretanto, com a aposentadoria, tais vantagens desaparecem e o magistrado na inatividade, passa a conviver com dificuldades financeiras. É preciso que os Estados adotem política pública para o Poder Judiciário, dotando-o de cota orçamentária digna da sua importante atividade. Como um poder do Estado democrático de direito, é essencial que ele tenha acento em parcela significativa da dotação orçamentária. É imprescindível, também, que ele possa sair da mão apertada do Poder Executivo, que libera tais verbas a conta-gotas, como muitas vezes fosse o Poder Judiciário uma secretaria de Estado.

2 Somos sabedores que as soluções para o Poder Judiciário não estão restritas aos Estados membros da Federação, e sim em um plano nacional. Entendemos que a primeiríssima meta para o início da solução para as questões do Judiciário está na democratização interna do poder. Para isso, devemos desempenhar o maior dos nossos esforços na aprovação das propostas de Emenda Constitucional que hoje tramitam nas casas do Congresso da República e que instituem as eleições diretas para os órgãos diretivos dos nossos tribunais. Através dessa democratização, juízes de primeiro grau serão ouvidos pela cúpula do Poder Judiciário no tocante à distribuição e à locação de recursos. Também participarão do planejamento estratégico para o funcionamento do Poder Judiciário como um todo. Ressalto ainda: com a implementação da democratização interna do Poder Judiciário, a cúpula formada por ilustres membros do segundo grau inexoravelmente assumirão compromissos e terão que prestar contas com a justiça de base. É nesta em que estão os juízes que permanentemente mantém contato com a sociedade, sabem das suas maiores angústias e onde melhor empregar seus serviços para a pacificação da coletividade. É inconcebível que, nos dias atuais, o poder que tem por função precípua velar para a plenitude do estado democrático de direito não seja internamente democrático onde as decisões político-administrativas de maior relevância sejam adotadas por um universo de menos de 15% da totalidade dos membros que compõem o Judiciário nacional. Neste triênio que começa, esperamos seguir irmanados com a Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) cujo presidente, companheiro João Ricardo Costa, foi eleito com esmagadora maioria e apoiado por quase totalidade de representantes dos Estados da Federação. Queremos também poder avançar nesse tema e ver essa matéria aprovada e em vigor para felicidade do Poder Judiciário e da sociedade. Como consequência desse processo de democratização, outras questões importantes para a Magistratura nacional terão soluções mais rápidas e mais razoáveis, posto que devem ser encaminhadas pelo Poder Judiciário na sua integralidade, e não mais a critério de uma minoria, como ocorre em nossos dias. Mais um desafio que temos de enfrentar, e isso consta da nossa carta de intenção quando nos lançamos candidatos, é a manutenção rigorosa das prerrogativas da magistratura. Ao contrário do que pregam os desavisados, não se trata de privilégios pessoais dos juízes como um todo, mas sim salvaguardas do Estado Democrático de Direito que impõem para a manutenção da própria democracia que os membros do Judiciário sejam dotados de garantias como: inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos e vitaliciedade para que suas decisões não fiquem ao sabor do bom ou mau humor deste ou daquele governante de plantão.

3 Mitigar alguma dessas prerrogativas é militar contra o Estado Democrático de direito de forma plausível e inconteste, de forma que a sociedade merece e deve exigir que os membros do Poder Judiciário tenham suas prerrogativas asseguradas. Para o bem da própria sociedade e para o bem do Estado. Defendemos e lutaremos pelo reestabelecimento do adicional por tempo de serviço por entender que tal incentivo é uma das formas de manter nos quadros do Poder Judiciário profissionais preparados e devotados à causa da Justiça, além de compensar financeiramente aqueles que por mais tempo se dedicaram a essa árdua missão de julgar seus semelhantes. Somos totalmente contrários à Emenda Constitucional que pretende elevar a maioridade para efeito de aposentadoria para os 75 anos. Entendemos que, não obstante à perspectiva de vida do brasileiro cada vez aumente, tal medida aparece como um forte incentivo à estagnação na carreira. Junto à AMB, defenderemos a aprovação de nova lei orgânica da magistratura, compatível com os dias modernos. Hoje, após a Constituição de 88 e suas respectivas emendas, e o avançar da sociedade como um todo, já não se concebe que nós, aplicadores do Direito, sejamos regidos por uma lei editada no regime militar. Defendemos a manutenção e o fortalecimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desde que ele trate mais de questões administrativas do que o órgão sensor em que se transformou recentemente. E desde que, em seus planejamentos de gestão, passe a ver que o Brasil, país continental de desigualdades tamanhas, logo não pode adotar um mesmo disciplinamento para suas diversas regiões sob pena de em alguns rincões da nação suas medidas se tornarem completamente inexequíveis e venham a cair no descrédito total. Quanto ao meu Estado do Ceará, em que as estatísticas costumeiramente mostram como um dos mais deficitários no tocante à prestação jurisdicional como um todo, esperamos piamente o bom senso dos nossos gestores. Em parceria com a ACM por nós presidida, desejamos também que esses gestores possam, em breve espaço de tempo, sair da situação desconfortável em que estamos colocados a um bom tempo. Precisamos, com urgência, de nomeação através de concurso público para juízes e servidores, assim como também devemos ter condições de trabalho adequadas, onde o colega magistrado sinta-se bem e com toda segurança para que possa realmente bem atender àqueles que o procuram para solucionar suas aflições. Nossos magistrados estão em situação de limite com tarefas cada vez mais exorbitantes para executar, com o agravante de muitos deles não terem com quem contar em matérias de servidores auxiliares. Nossos juízes merecem, por parte do Estado,

4 tratamento condigno para que possam condignamente exercer suas atividades, sem atropelos, sem desconforto e com segurança. Não se concebe que em um fórum de uma cidade de médio porte onde deva ter uma razoável estrutura judiciária, trabalhem apenas um magistrado com um ou dois servidores do próprio tribunal, ficando os demais por conta das precárias cessões efetuadas pelos Municípios, compostas, em regra, por pessoas com baixo nível de qualificação técnico profissional. Para a Capital, defendemos a imediata instalação das Unidades Judiciárias criadas por lei há mais de três anos e que, até agora, não foram implementadas, embora haja programação. Manteremos com a OAB, Defensoria Pública, Ministério Público e demais entidades associativas, um relacionamento de cordialidade e interação, no intuito de melhor ver uma sociedade justa e pacificada. Não medirei pessoalmente esforços no sentido de manter a união entre Magistrados de primeiro e segundo grau, posto que a categoria é única, e como tal deve ser tratada. Manteremos com o Tribunal de Justiça o mais franco e cordial diálogo possível, sempre e principalmente, quando os interesses da classe e do TJ tiverem a mesma convergência, sem contudo olvidar que agiremos com a independência que nos é peculiar quando os interesses se conflitarem. Como representante da classe dos Magistrados, quero conclamar a todos os colegas a juntarmos esforços e de mãos dadas, defendermos os interesses da categoria e da entidade a que pertencemos, para tanto, de braços abertos espero a participação efetiva de todos, para juntos buscarmos sempre as melhores soluções para os problemas advindos. Espero ainda, poder atender as expectativas, e fazer jus ao honroso cargo que me foi confiado. Quero agradecer, nesse momento, primeiro a Deus por estar vivo e consciente da missão confiada. Agradeço carinhosamente à minha inseparável e amada companheira Imaculada e aos meus filhos Samuel e Ismael por terem comigo a paciência devida por me dedicar à nobre causa na magistratura. Agradeço ao presidente Ricardo Barreto que em mim confiou durante dois anos e que encampou minha candidatura para sucedê-lo, de modo que sou muito grato.

5 Agradeço também às grandes lideranças da magistratura cearense que em mim confiaram, a exemplo do desembargador José Maria de Melo, divisor de águas na nossa magistratura e que firmemente nos apoiou. Aos ex-presidentes Michel Pinheiro e Marcelo Roseno o meu muito obrigado por terem também em mim confiado. Minha gratidão aos colegas que de um modo geral estiveram comigo nesta caminhada (Joriza, Luzia, Lia Sâmia, Geritza, Natália, Flávio, Eli e etc). Agradeço penhoradamente aos membros do conselho executivo e fiscal que hora tomam posse comigo, Cláudia Valeska, Francisco Bezerril e aos jovens talentosos juízes Débora Cavalcante e Sérgio Augusto; bem como à grande liderança do Cariri, o amigo Mauro Feitosa; à Dona Liret,e que tão bem representa nossas pensionistas; desembargador Ademar, o sábio homem e pessoa generosa que conosco está nesta caminhada; Antônio Teixeira de Sousa, José Maria dos Santos Sales e à colega Francy, pelas intermináveis horas que caminhamos no fórum Clóvis Beviláqua e nas cidades da zona metropolitana visitando os colegas; desembargadora Lisete, cujo gabinete está sempre aberto para os colegas magistrados e que só perde em tamanho para o coração da sua titular; Henrique Lacerda, Roberto Viana, Daniel Carneiro e Ricardo Alexandre, quatro jovens lideranças que muito prometem para um futuro bem próximo. Quero, por último, agradecer de forma especialíssima aos amigos Irandes e Ana Cleyde, os quais sempre estiveram ao meu lado, principalmente nas horas intrincadas e de decisões mais difíceis: a vocês dois lhes sou eternamente devedor. Tantas vezes pensamos ter chegado, tantas vezes é preciso ir além. Com essa frase do escritor lusitano Fernando Pessoa, chego ao fim destas minhas palavras conclamando aos colegas: muito ainda é preciso seguir, e muito ainda se precisa fazer. Muito obrigado.

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