Connections with Leading Thinkers

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1 Instituto de Alta Performance Connections with Leading Thinkers O executivo Rafael Navarro discute a inovação do ponto de vista de uma grande empresa brasileira altamente inovadora.

2 Rafael Navarro é o executivo responsável pela gestão da inovação na Braskem, gigante petroquímica entusiasta da inovação colaborativa. Eduardo Plastino, do Instituto de Alta Performance da Accenture, o entrevistou como parte de uma pesquisa sobre inovação na economia brasileira. 2 Instituto de Alta Performance da Accenture Copyright 2015 Accenture. Todos os direitos reservados.

3 IAPA: A Braskem tem um grande portfólio de produtos. Como a empresa escolhe o foco de seus esforços de inovação? NAVARRO: Nosso objetivo é desenvolver novas tecnologias que atendam às necessidades específicas da Braskem, que, por sua vez, estão alinhadas com a estratégia da empresa. É assim que definimos onde procuraremos inovar. Um exemplo é o desenvolvimento de produtos químicos com matérias-primas renováveis. Até agora, conquistamos um grande sucesso nessa área: o desenvolvimento do nosso polietileno verde. Estamos trabalhando em novos projetos nela. De toda forma, o principal objetivo da Braskem é produzir, e não desenvolver novas tecnologias. Desenvolvemos tecnologia porque precisamos dela para a produção. Se a tecnologia de que precisamos existe fora da empresa, nós preferimos obter a licença para usá-la. Por que entraríamos no arriscado e dispendioso processo que é o desenvolvimento de uma tecnologia? Tecnologia é o meio para produzir algo, não um fim em si. IAPA: A Braskem é conhecida como fervorosa defensora da inovação colaborativa, uma abordagem ainda relativamente rara no Brasil. Como a empresa concluiu que esta era a melhor opção para a inovação? NAVARRO: Para nós, é uma consequência natural da percepção de que nós não sabemos tudo, e nem poderíamos saber. Trabalhamos com pessoas de fora da empresa quando percebemos que não temos as competências necessárias internamente. Por exemplo, as competências na área das biotecnologias necessárias para transformar matériasprimas renováveis em produtos químicos são muito restritas no Brasil. Estamos desenvolvendo estas competências, Trabalhamos com pessoas de fora da empresa quando percebemos que não temos as competências específicas necessárias internamente mas continuamos muito atrás de outros países. Então, a Braskem fez parcerias com a Genomatica e a Amyris, empresas americanas de biotecnologia, para desenvolver butadieno e isopreno verdes. IAPA: Como se constrói uma relação de colaboração com um parceiro de inovação? NAVARRO: Ter um objetivo comum é absolutamente fundamental. Você define o seu objetivo, e depois procura organizações que tenham os recursos necessários para alcançá-lo. Claro, isso significa que cada caso é diferente, então você tem que realizar uma nova análise da situação em cada caso. IAPA: A Braskem prefere colaborar com outras empresas ou com universidades? NAVARRO: Realmente não importa. A mesma lógica se aplica a ambas. Se você não tem todas as competências de que precisa, você precisa buscá-las fora da empresa. E essas competências podem estar em universidades ou em outras empresas. Então, em primeiro lugar, você precisa identificar quem as tem; em seguida, apresentar seu objetivo a essas pessoas; para, finalmente, discutir como você pode colaborar com elas. Também não é um problema para nós se os nossos parceiros estão no Brasil no exterior. Novamente, a mesma lógica se aplica: o que precisamos encontrar é uma empresa ou universidade que tenha as capacidades e competências necessárias para o que queremos fazer. IAPA: Isso faz sentido, mas como funciona esse processo na prática? Que tipo de situação dá início a uma colaboração? NAVARRO: Depende do caso. Vou dar um exemplo. Nós entramos no mercado de telhas de PVC. Esta não foi uma invenção brasileira; a tecnologia para construir essas telhas já estava disponível em outros países. Mas, por diversas razões, nosso cliente não conseguia usá-la no Brasil. Então, nós trouxemos nossa experiência mais ampla e trabalhamos com o cliente e com fornecedores de aditivos, porque as telhas são 50% PVC e 50% outros insumos. Assim, desenvolvemos uma solução para atender às necessidades do mercado brasileiro. Como você pode ter um polímero específico para um mercado nacional? É um exemplo simples, mas importante. No Brasil, os balões de São João, mesmo sendo ilegais, são muito comuns na época das festas juninas. Por isso, é especialmente importante que as telhas retardem a propagação da chama. Esta era uma solução que estávamos em condições de fornecer. 3 Instituto de Alta Performance da Accenture Copyright 2015 Accenture. Todos os direitos reservados.

4 A regra número um é ter flexibilidade para trabalhar com diferentes parceiros e se adaptar às constantes mudanças das circunstâncias conjunto específico de parceiros será, pelo menos, um pouco diferente de participar do mesmo projeto com outro parceiro ou conjunto de parceiros. Você precisa ser flexível e se adaptar aos interesses de todos os envolvidos, mantendo-se focado no objetivo central, que é comum. Além disso, as circunstâncias sempre mudam conforme os projetos se desenvolvem, e você precisa se adaptar a essas mudanças. Assim, você começa seu trabalho com um plano e o termina com um plano diferente. O único que não muda é o objetivo. IAPA: Então pode-se dizer que, nesse caso particular, o cliente aprendeu muito com vocês? NAVARRO: Todo mundo aprendeu muito com a experiência. É muito improvável que as pessoas pudessem aprender tanto com, por exemplo, algum programa de treinamento que oferecêssemos. Só a colaboração permite este tipo de aprendizado. Na verdade, nossa experiência indica que desenvolver algo sozinho é muito difícil. A colaboração alavanca o processo de inovação. Podemos extrapolar nossa experiência para a economia brasileira como um todo, porque o país precisa descobrir como promover esse ambiente colaborativo. IAPA: Neste caso, seus esforços de inovação originaram-se de uma demanda específica do mercado. É sempre assim? NAVARRO: Nossas inovações surgem a partir da estratégia das diferentes unidades de negócio da Braskem. Elas identificam as oportunidades de mercado e definem suas estratégias. A partir das estratégias, são desenhados e definidos os projetos e são esses projetos que levam a inovações. IAPA: Você poderia nos contar um pouco sobre como é a experiência de colaborar com a universidade brasileira para inovar? NAVARRO: No fim das contas, o que importa são as pessoas. Infelizmente, não é muito fácil de encontrar no meio acadêmico brasileiro pessoas com interesses em comum com você. Muitas vezes os acadêmicos têm objetivos diferentes, especialmente publicar. Na verdade, este é um bom exemplo de como diferentes objetivos tornam a colaboração difícil. É claro que também não temos aqui o espírito colaborativo encontrado em lugares como o Vale do Silício, onde as pessoas muitas vezes primeiro ajudam para só depois ver se sua colaboração vai levar a algo relevante. Mas há exceções. Por exemplo, temos tido excelentes experiências de colaboração com a UNICAMP, USP, UFRJ e UFRGS, além de outras universidades importantes no país. IAPA: Como vocês se preparam para colaborações na área de inovação? Vocês têm procedimentos estabelecidos? NAVARRO: É difícil criar um modelo rígido a seguir, porque cada caso é diferente. Como eu mencionei, os diferentes participantes precisam ter o mesmo objetivo. Mas eles certamente também terão interesses diferentes. Então, participar de projetos similares com um parceiro ou IAPA: É preciso ter regras internas de inovação - coisas que precisam ser feitas, independentemente de quaisquer outras considerações? NAVARRO: Temos regras para inovar, assim como as temos em todas as atividades corporativas. Elas existem porque acreditamos que elas são úteis. E para que sejam úteis, é fundamental lembrar que cada caso é diferente. Por isso, a regra número um é ter flexibilidade para trabalhar com diferentes parceiros e se adaptar às constantes mudanças das circunstâncias. Por exemplo, uma regra essencial é ter um contrato com seus parceiros. Esse contrato estabelece, entre outras coisas, como cada parte irá se beneficiar dos direitos de propriedade intelectual que resultem do esforço conjunto. Mas nem todos os nossos contratos de colaboração têm exatamente os mesmos termos. Nós temos um modelo, algo que poderíamos chamar uma ferramenta legal relativamente bem definida. No entanto, o formato final de cada contrato pode variar, dependendo de uma série de questões, como as opiniões expressadas pelo departamento jurídico do nosso parceiro e as especificações de cada projeto. IAPA: Muito obrigado. Nossa conversa foi muito interessante e útil. NAVARRO: Foi um prazer; obrigado. 4 Instituto de Alta Performance da Accenture Copyright 2015 Accenture. Todos os direitos reservados.

5 Como parte da missão do Instituto de Alta Performance da Accenture de desenvolver ideias e insights de ponta, seus pesquisadores conversam com frequência com líderes acadêmicos, executivos de empresas e analistas setoriais. A série Connections with Leading Thinkers inclui algumas dessas entrevistas, mostrando os bastidores das interações entre os pesquisadores e alguns dos experts mais renomados do mundo. Para mais informações, favor entrar em contato com: armen.ovanessoff@accenture.com e.plastino@accenture.com Sobre a Accenture A Accenture é uma empresa líder global em serviços profissionais, com ampla atuação e oferta de soluções em estratégia de negócios, consultoria, digital, tecnologia e operações. Combinando experiência ímpar e competências especializadas em mais de 40 indústrias e todas as funções corporativas - e fortalecida pela maior rede de prestação de serviços no mundo -, a Accenture trabalha na interseção de negócio e tecnologia para ajudar companhias a melhorar seu desempenho e criar valor sustentável para seus stakeholders. Com mais de profissionais atendendo a clientes em mais de 120 países, a Accenture impulsiona a inovação para aprimorar a maneira como o mundo vive e trabalha. Visite Sobre o Instituto de Alta Performance da Accenture O Instituto de Alta Performance da Accenture desenvolve insights estratégicos acerca de questões essenciais de gestão e tendências macroeconômicas e políticas por meio de pesquisa e análise originais. Seus pesquisadores conjugam reputação global com a vasta experiência da Accenture em consultoria, tecnologia e outsourcing para produzir pesquisas e análises inovadoras sobre como as empresas alcançam e mantêm o alto desempenho. Visite-nos em Copyright 2015 Accenture Todos os direitos reservados. Accenture, seu logotipo e High Performance Delivered são marcas registradas da Accenture.