O SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL NUM CONTEXTO DE CONTENÇÃO E CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL
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- Tânia Sanches Garrau
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1 APIFARMA Ciclo de Conferências Financiamento dos Medicamentos e Impacto na Sustentabilidade dos Sistemas de Saúde O SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL NUM CONTEXTO DE CONTENÇÃO E CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL 17 de Outubro de 2013 José Félix Ribeiro
2 ESQUEMA PONTO DE PARTIDA: OS SISTEMAS DE SAÚDE COMO PARCERIAS 1. MACRO ENQUADRAMENTO - Evolução dos Padrões de Morbilidade 2. MACROENQUADRAMENTO Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 3. MACROENQUADRAMENTO Mudanças de Enfoque dos Financiadores 4. SISTEMAS DE SAÚDE: A VARIEDADE EUROPEIA Uma Breve análise Morfológica 5. SEIS QUESTÕES SOBRE O FUTURO DO SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL - (NUM PERÍODO DE CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL E MUDANÇAS SUBSTANCIAIS NO MACRO ENQUADRAMENTO)
3 PONTO DE PARTIDA
4 PONTO DE PARTIDA 1. OS GRANDES AVANÇOS VERIFICADOS AO NÍVEL DA SAÚDE NAS ECONOMIAS DESENVOLVIDAS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS RESULTARAM DE UMA PARCERIA ENTRE: OS INOVADORES INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, E INDÚSTRIA DOS EQUIPAMENTOS MÉDICOS OS FINANCIADORES DE SISTEMAS PÚBLICOS OU PRIVADOS - QUE PERMITIRAM ACOBERTURA ABRANGENTE DAS POPULAÇÕES COM SERVIÇOS DE SAÚDE
5 PONTO DE PARTIDA 2. PORTUGAL CHEGOU TARDE E ACTUOU COM DETERMINAÇÃO PARA, EM POUCO MAIS QUE DUAS DÉCADAS, DISPOR DE UM SISTEMA DE SAÚDE, DE ÂMBITO NACIONAL, DE RESPONSABILIDADE PÚBLICA, COMPARÁVEL COM OS MELHORES EXEMPLOS EUROPEUS MAS UMA DÉCADA DE CRESCIMENTO QUASE NULO, DE AUMENTO GENERALIZADO DAS DESPESAS SOCIAIS E DE ENDIVIDAMENTO EXTERNO COLOCARAM PORTUGAL FACE À EXIGÊNCIA DE CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL
6 PONTO DE PARTIDA 3. ESSA CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL VAI REALIZAR-SE NUM PERÍODO DE MUDANÇAS SUBSTANCIAIS NO MACROENQUADRAMENTO DOS SISTEMAS DE SAÚDE SERÁ QUE OS INOVADORES TERÃO DE MUDAR DE MODELOS DE NEGÓCIO? SERÁ QUE ALGUMS DOS SISTEMAS DE SAÚDE EXISTENTES TERÃO DE SER REFORMADOS EM PROFUNDIDADE?
7 1. MACRO ENQUADRAMENTO- Evolução dos padrões de morbilidade
8 MACROENQUADRAMENTO 2030 Evolução dos Padrões de Morbilidade 1. DEMOGRAFIA Nas economias desenvolvidas assiste-se a um fenómeno central na demografia- envelhecimento da população com uma dupla manifestação: Prolongamento do tempo de vida na população com 80 e mais anos, sujeita a doenças incapacitantes do foro neurológico - Parkinson, Alzheimer etc., - sem que as estruturas familiares estejam preparadas para acolher os pacientes Entrada na fase de maior consumo de medicamentos pela geração dos baby boomer s do pós 2ª guerra, que pode vir a ser obrigada a prolongar o seu tempo de vida ativa devido a insuficiente capacidade financeira dos sistemas de pensões
9 MACROENQUADRAMENTO 2030 Evolução dos Padrões de Morbilidade 2. ESTILOS DE VIDA A alimentação, o sedentarismo, o consumo de bebidas alcoólicas, o consumo de tabaco ou de drogas têm um impacto cada vez maior nos padrões de morbilidade, aos que se vêm acrescentar os impactos ambientais, traduzidos em alergias, doenças respiratórias etc. Os sistemas de saúde vão ser confrontados pelo acréscimo de doenças crónicas na população em idade ativa devido a doenças adquiridas em consequência de estilos de vida (ex obesidade) ou também a fatores ambientais (ex: alergias)
10 MACROENQUADRAMENTO 2030 Evolução dos Padrões de Morbilidade 3. MUDANÇA NOS PADRÕES DE MORBILIDADE NOS MERCADOS DESENVOLVIDOS QUE SE REFORÇARÁ As doenças oncológicas vão afirmar-se como principal causa de morte nos países desenvolvidos A diabetes e outras doenças associadas à obesidade, bem como doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide, vão afirmar-se como principais doenças crónicas na população em idade ativa O envelhecimento da população vai determinar maior frequência de doenças incapacitantes do foro neurológico nas fases pós ativas da população E podem vir a desenvolver-se doenças virais do foro imunológico
11 Já em 2016, prevê-se que, de entre as áreas terapêuticas com maior crescimento potencial de vendas, encontram-se áreas não tradicionais ou seja, que não foram cobertas pelas vagas de novos medicamentos da década de 90
12 AREAS TERAPÊUTICAS TRADICIONALMENTE EXPLORADAS PELA INDUSTRIA VERSUS ÁREAS TERAPÊUTICAS DE ESPECIALIDADES, COM FORTE CRESCIMENTO POTENCIAL
13 2. MACRO ENQUADRAMENTO - Tecnologias e Abordagens
14 MACROENQUADRAMENTO 2030 Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 1. DIFICULDADES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA As grandes empresas da Industria Farmacêutica vão defrontar-se com o fim da proteção por patente dos blockbusters surgidos nas duas últimas décadas correspondentes a fármacos para doenças de larga expressão - sem que tenham no pipeline muitos fármacos para outras doenças com essas características Entre as áreas terapêuticas com maior potencial de crescimento algumas são mais reduzidas na sua extensão e, essas e outras, provavelmente, irão necessitar mais de fármacos biológicos, muito mais complexos de produzir e com maiores exigências na acompanhamento do seu uso.
15 MACROENQUADRAMENTO 2030 Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 2. DESENVOLVIMENTOS CIENTÍFICOS DE DÉCADAS RECENTES COMO A GENÓMICA E A PROTEONÓMICA VÃO SER DETERMINANTES NA DESCOBERTA DE TERAPIAS NAS ÁREAS TERAPÊUTICAS COM MAIOR PROCURA Vão criar uma base para melhor compreender os mecanismos de doenças e os meios de diagnóstico precoces das mesmas que permitirão uma intervenção para as impedir; E a medicina preditiva vai a prazo determinar uma mudança no modo de abordar o risco de saúde individual e, através disso, inovar nos modos de financiar a cobertura diferenciada desse mesmo risco.
16 Já em 2020, espera-se que a Indústria Farmacêutica vá fornecer uma gama muito mais variada de produtos, assentes em três tipos de base tecnológica, atualmente em diferentes fases de desenvolvimento Fonte: Pharma 2020 :Supplying the Future Price Waterhouse Coopers
17 MACROENQUADRAMENTO 2030 Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 3. A CAPACIDADE DE COMPREENDER AS DOENÇAS QUE SE VÃO TORNAR MAIS AMEAÇADORAS E DE CONCEBER TRATAMENTOS AO NÍVEL MOLECULAR VAI ATRIBUIR UM PAPEL CADA VEZ MAIOR AO DIAGNÓSTICO, UTILIZANDO FERRAMENTAS MOLECULARES Seja ele um early diagnostic que alerte para o início de uma doença, seja um prospetive diagnostic em que se antecipa a possibilidade de ocorrência futura de uma doença, seja simplesmente um companion diagnostic que permita administrar um dado tratamento de maneira mais eficaz, tendo em conta as características especificas dos doentes. Contribuindo, eventualmente, para uma abordagem mais personalizada da medicina ao permitirem recolher informação sobre genes, proteínas e fatores ambientais para prevenir, diagnosticar e tratar doenças.
18 MACROENQUADRAMENTO 2030 Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 4. A Indústria Farmacêutica vai deparar-se com uma mudança nas abordagens tecnológicas utilizadas na produção de medicamentos As small molecules químicas continuarão a ocupar um lugar chave, mas o caminho aberto para novas firmas biotecnológicas, como a AMGEN, GENENTECH, BIOGEN etc. que assentaram a sua atividade nos avanços da genómica e proteanómica e para desenvolver moléculas muito maiores e mais complexas, que mais de perto mimetizam as moléculas que ocorrem no corpo humano - tendo centrado a sua atividade em proteias para cancros específicos, doenças imunológicas ou deficiências nos blood factors - vai difundir-se.
19 MACROENQUADRAMENTO 2030 Novas Tecnologias e Abordagens Clínicas 5. O desenvolvimento destes medicamentos de base biotecnológica é mais caro do que o das small molecules. E quando se dirige a populações muito mais pequenas do que as dos medicamentos para cuidados primários, o seu preço é muito superior.
20 3. MACRO ENQUADRAMENTO Mudanças de Enfoque dos Financiadores
21 MACROENQUADRAMENTO 2030 Mudanças de Enfoque dos Financiadores 6. A industria farmacêutica vai deparar-se nos países desenvolvidos com uma mudança nas preferências dos financiadores. A estratégia de transformar causas de morte em doenças crónicas, exigindo um uso continuado de medicamentos - que esteve em parte subjacente ao modelo dos blockbusters vai deparar-se com financiadores cada vez mais interessados: em reduzir a probabilidade de manifestação de doenças (prevenção); em poder contar com soluções de cura definitiva ou de formas de administração de medicamentos que aumentem substancialmente a eficácia dos mesmos no ataque ás causas das doenças: em poder recorrer a novas terapêuticas menos dependentes de medicamentos, em que se podem incluir vacinas para doenças não infeciosas ou novas abordagens como a regeneração de tecidos.
22 MACROENQUADRAMENTO 2030 Mudanças de Enfoque dos Financiadores 7. COMPORTAMENTOS DE FINANCIADORES E PRESTADORES DE CUIDADOS DE SAUDE NAS ECONOMIAS DESENVOLVIDAS, FACE A RESTRIÇÕES ORÇAMENTAIS GENERALIZADAS Os financiadores públicos e privados dos diversos tipos de sistemas de saúde, pressionados por um lado pelas restrições orçamentais e pela quebra de crescimento nas economias desenvolvidas, pelo crescimento da procura potencial e pela elevação dos custos dos tratamentos por outro, vão transmitir: aos prestadores muito maiores exigências de controlo de despesas (enquadrando a liberdade de prescrição dos médicos); à Indústria Farmacêutica uma prova do valor económico dos novos medicamentos
23 MACROENQUADRAMENTO 2030 Mudanças de Enfoque dos Financiadores 8. OS FINANCIADORES VÃO RECORRER A UMA PRESSÃO CADA VEZ MAIOR SOBRE AS MARGENS DE LUCRO DAS EMPRESAS FARMACÊUTICAS NA VENDA DE MEDICAMENTOS Reduzindo a capacidade de auto financiamento da I&D -se não houver pipelines suficientemente amplos e com várias moléculas nas fases finais (o que exige encurtamento nos prazos de desenvolvimento) e se não houver alteração do modelo de negócio que permita gerar receitas adicionais.
24 MACROENQUADRAMENTO 2030 Mudanças de Enfoque dos Financiadores
25 MACROENQUADRAMENTO 2030 DESAFIOS PARA OS INOVADORES
26 Os modelos de negócio e as cadeias de fornecimento da Industria Farmacêutica vão, pois, ter de se alterar. Uma hipótese de evolução incluiria os seguintes componentes: A abordagem da doença deverá ser feita ao longo do seu ciclo de vida com uma oferta adaptada a cada uma das fases desse ciclo e não apenas a produtos ou medicamentos para uma dessa fases (exemplo: a fase que se inicia quando uma doença é diagnosticada) As empresas que quiseram estar presentes em várias fases desse ciclo de vida, deverão ter uma oferta mais integrada de diagnósticos, medicamentos, sistemas de administração de medicamentos, e meios de monitorização automática dos resultados da medicação As empresas que queiram estar fortemente presentes em áreas terapêuticas de especialidade, deverão integrar uma forte componente de serviços para obter receitas adicionais para pagar o investimento realizado nos seus medicamentos não os sobrecarregando com a totalidade do retorno desse investimento. Deverão entrar no espaço da gestão de cuidados de saúde com uma oferta combinada que inclua serviços centrados nos pacientes.
27 4. OS SISTEMAS DE SAÚDE EUROPEUS E AS SUAS REFORMAS
28 Os Sistemas de Saúde que estão implantados nos países desenvolvidos apresentam uma assinalável diversidade que, encontrando raízes na história económica e social desses países, tem que ver com diferentes respostas a características ou problemas do sector de cuidados de saúde.
29 Modelos de Sistemas de Saúde: Breve visita Análise Morfológica - Um percurso decisional para analisar os diferentes sistemas Existem 3 grandes subconjuntos nas variáveis que permitem gerar a forma dos Sistemas de Saúde existentes na Europa: ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA PROCURA ARTICULAÇÃO NUCLEAR DO SISTEMA ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA OFERTA MODELOS DE FINANCIAMENTO COBERTURA DE RISCOS OUTRAS INTERVENÇÕES DO ESTADO ARTICULAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS REGULAÇÃO DO SISTEMA CONTROLO DAS ESCOLHAS DO UTILIZADOR NATUREZA DOS PRESTADORES IMPOSTO ABRANGENTE E UNIFORME REGULADOR E CERTIFICADOR CONTRATUALIZAÇÃO COORPO- RATIVO GENERALISTA (GATE KEEPER) MODELO PÚBLICO SEGURO SOCIAL COBERTURA DIFERENCIADA CO- FINANCIADOR, GARANTE EQUIDADE INTERMEDIAÇÃO ATOMISTICA/ CONCOR- RENCIAL LIBERDADE MODELO SOCIALIZADO SEGUROS PRIVADOS COBERTURA COM RESEGURO CO- FINANCIADOR DO CAPITAL HUMANO INTEGRAÇÃO COMANDO & CONTROLO HMO S MODELO PRIVADO
30 Modelo da Holanda: Uma reforma estrutural do sistema de saúde Modelos de Sistemas de Saúde: Breve ARTICULAÇÃO NUCLEAR DO SISTEMA visita PROCURA ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA OFERTA MODELOS DE FINANCIAMENTO COBERTURA DE RISCOS OUTRAS INTERVENÇÕES DO ESTADO ARTICULAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS REGULAÇÃO DO SISTEMA CONTROLO DAS ESCOLHAS DO UTILIZADOR NATUREZA DOS PRESTADORES IMPOSTO ABRANGENTE E UNIFORME REGULADOR E CERTIFICADOR CONTRATUALIZAÇÃO COORPO- RATIVO GENERALISTA (GATE KEEPER) MODELO PÚBLICO SEGURO SOCIAL COBERTURA DIFERENCIADA CO- FINANCIADOR, GARANTE EQUIDADE INTERMEDIAÇÃO ATOMISTICA/ CONCOR- RENCIAL LIBERDADE MODELO SOCIALIZADO SEGUROS PRIVADOS COBERTURA COM RESEGURO CO- FINANCIADOR DO CAPITAL HUMANO INTEGRAÇÃO COMANDO & CONTROLO HMO S MODELO PRIVADO Modificado em 2006, sistema passou a assentar no mercado de seguros privados, competitivo e determinado pela escolha dos pacientes; O Estado deixou de gerir a maioria dos fundos e de controlar volumes, preços ou capacidade instalada, centrando-se nas funções de regulador e financiador de última instância para garantir o acesso dos que não tenham condições financeiras para o assegurar; O sistema admite dois tipos de seguros um seguro básico e outro para cobrir o risco de doenças crónicas e incapacitantes; O Governo cobre integralmente os prémios das crianças e jovens até aos 18 anos e oferece créditos fiscais mensais a cidadãos adultos, nos casos em que o prémio nominal exceda 5% do seu rendimento familiar
31 Modelos de Sistemas de Saúde: Breve ARTICULAÇÃO NUCLEAR DO SISTEMA PROCURA visita ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA Modelo da Suécia ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA OFERTA MODELOS DE FINANCIAMENTO COBERTURA DE RISCOS OUTRAS INTERVENÇÕES DO ESTADO ARTICULAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS REGULAÇÃO DO SISTEMA CONTROLO DAS ESCOLHAS DO UTILIZADOR NATUREZA DOS PRESTADORES IMPOSTO ABRANGENTE E UNIFORME REGULADOR E CERTIFICADOR CONTRATUALIZAÇÃO COORPO- RATIVO GENERALISTA (GATE KEEPER) MODELO PÚBLICO SEGURO SOCIAL COBERTURA DIFERENCIADA CO- FINANCIADOR, GARANTE EQUIDADE INTERMEDIAÇÃO ATOMISTICA/ CONCOR- RENCIAL LIBERDADE MODELO SOCIALIZADO SEGUROS PRIVADOS COBERTURA COM RESEGURO CO- FINANCIADOR DO CAPITAL HUMANO INTEGRAÇÃO COMANDO & CONTROLO HMO S MODELO PRIVADO A Suécia tem sistema de saúde publico, descentralizado territorialmente na sua gestão, com cobertura universal e extensos benefícios, financiado pelos impostos - a nível central e regional. Em termos de prestação de cuidados de saúde existiam hospitais e centros de saúde para cuidados primários públicos, com os médicos trabalhando maioritariamente para o Estado e estando a autorização para o exercício clínico privado dependente de autorização regional. Ao longo dos anos 90 foram introduzidos um conjunto de reformas no sistema de saúde, que tiveram avanços no sentido da introdução de competição e de agentes privados na oferta de serviços,que foram seguidas por regressos á matriz pública do sistema
32 Modelos de Sistemas de Saúde: Breve visita ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA PROCURA Modelo da Irlanda: Antes e depois da Troika ARTICULAÇÃO NUCLEAR DO SISTEMA Antes da Troika Depois da Troika ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA OFERTA MODELOS DE FINANCIAMENTO COBERTURA DE RISCOS OUTRAS INTERVENÇÕES DO ESTADO ARTICULAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS REGULAÇÃO DO SISTEMA CONTROLO DAS ESCOLHAS DO UTILIZADOR NATUREZA DOS PRESTADORES IMPOSTO ABRANGENTE E UNIFORME REGULADOR E CERTIFICADOR CONTRATUALIZAÇÃO COORPO- RATIVO GENERALISTA (GATE KEEPER) MODELO PÚBLICO SEGURO SOCIAL COBERTURA DIFERENCIADA CO- FINANCIADOR, GARANTE EQUIDADE INTERMEDIAÇÃO ATOMISTICA/ CONCOR- RENCIAL LIBERDADE MODELO SOCIALIZADO SEGUROS PRIVADOS COBERTURA COM RESEGURO CO- FINANCIADOR DO CAPITAL HUMANO INTEGRAÇÃO COMANDO & CONTROLO HMO S MODELO PRIVADO Antes da intervenção da Troika o Sistema de Saúde da Irlanda era do tipo Sistema Nacional de Saúde financiado pelo imposto e com um a oferta pública de serviços de saúde predominante; A intervenção da Troika está a levar a Irlanda a realizar uma transformação pouco comum até hoje- evoluir de um sistema deste tipo para um sistema à holandesa.
33 Critérios de avaliação da qualidade e eficácia dos Sistemas de Saúde Os sistemas de saúde têm sido normalmente avaliados em função de três perspectivas principais: 1. EQUIDADE: A garantia de acesso pela totalidade dos cidadãos a um mínimo incompressível de cuidados de saúde, com o nível de tratamento a não ser exclusivamente determinado pelo rendimento dos indivíduos; A existência de uma forma qualquer de protecção contra os riscos associados à possibilidade de adoecer e pagamento para obtenção desta protecção mais baseada no nível de rendimento do que na situação de risco individual; 2. EFICIÊNCIA MICRO ECONÓMICA: Maximização da qualidade dos cuidados de saúde e da satisfação dos consumidores ao mínimo custo, decomponível nas duas vertentes de eficiência produtiva - capacidade de produzir um conjunto pré-fixado de serviços - e de eficácia - capacidade de maximizar os serviços prestados, a partir de um volume pré-fixado de inputs ou de maximizar o impacto em termos de grandes objectivos, como o da duração e qualidade de vida; 3. CONTROLO MACRO ECONÓMICO DOS CUSTOS: O sector da saúde deverá consumir o que for socialmente considerado um nível aceitável de recursos, tornando-se a redução das despesas especialmente necessária quando as políticas governamentais ou as falhas de mercado levam a uma oferta ou a procura excessiva de cuidados de saúde.
34 5. SEIS QUESTÕES SOBRE O FUTURO DO SISTEMA DE SAÚDE EM PORTUGAL
35 Modelos de Sistemas de Saúde: Breve visita Modelo atual de Portugal ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA PROCURA ARTICULAÇÃO NUCLEAR DO SISTEMA ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL DA OFERTA MODELOS DE FINANCIAMENTO COBERTURA DE RISCOS OUTRAS INTERVENÇÕES DO ESTADO ARTICULAÇÃO INTERNA DOS SISTEMAS REGULAÇÃO DO SISTEMA CONTROLO DAS ESCOLHAS DO UTILIZADOR NATUREZA DOS PRESTADORES IMPOSTO ABRANGENTE E UNIFORME REGULADOR E CERTIFICADOR CONTRATUALIZAÇÃO COORPO- RATIVO GENERALISTA (GATE KEEPER) MODELO PÚBLICO SEGURO SOCIAL COBERTURA DIFERENCIADA CO- FINANCIADOR, GARANTE EQUIDADE INTERMEDIAÇÃO ATOMISTICA/ CONCOR- RENCIAL LIBERDADE MODELO SOCIALIZADO SEGUROS PRIVADOS COBERTURA COM RESEGURO CO- FINANCIADOR DO CAPITAL HUMANO INTEGRAÇÃO COMANDO & CONTROLO HMO S MODELO PRIVADO Portugal têm um modelo universal, financiado pelo estado via impostos, com cobertura total
36 Modelos de Sistemas de Saúde: Tipos de Reforma TIPOS DE REFORMA DOS SISTEMAS DE SAÚDE Reformas que procuram introduzir aperfeiçoamentos nos modelos dominantes, por forma a reduzir disfuncionamentos mais gritantes e/ou a adaptá-los a evoluções nas necessidades de cuidados de saúde, explorando as margens de liberdade de que o modelo dispõe para evoluir, sem mudar de estrutura. Reformas que levam a uma alteração na importância relativa de modelos que coexistem, no sentido da eventual afirmação de um novo modelo dominante ou se traduzem em tentativas de hibridização de modelos dominantes para assegurar a sua sobrevivência- inclusive por evolução do modo de funcionamento de outros modelos, ou por mudança de estratégia de atores decisivos. Reformas que se traduzem na mudança na estrutura de base dos modelos, como aconteceu na Holanda.
37 Reformas dos dos Modelos de de Sistemas Sistemas de Saúde Saúde em em Portugal, Portugal, que Modelo que Modelo?? 1ªQuestão: No contexto do contrato social implícito nas atuais Políticas Públicas de índole social, que lugar ocupa a área da saúde? A área da saúde deve ser considerada como núcleo central desse contrato e, por isso, ser objeto de um tratamento preferencial no âmbito da consolidação orçamental?
38 Reformas dos Modelos de Sistemas de Saúde em Portugal, que Modelo? 2ªQuestão: O futuro financiamento da economia exige uma mudança no sistema financeiro e nos sistemas de proteção social? Um modelo de sistema financeiro assente na intermediação bancária & um sistema de protecção social assente no Estado e/ou com co-responsabilização de empregadores e empregados. Um modelo de sistema financeiro assente no mercado de capitais & um sistema de protecção social assente em investidores institucionais e supletivamente no Estado.
39 3ªQuestão: Caso se queira evoluir para um reforço do papel dos investidores institucionais e dos mercados de capitais no financiamento da economia, qual poderá ser a intervenção do Estado como co-financiador no Sistema de Saúde? Exemplos: Funcionar como ressegurador face a riscos de saúde resultantes de pandemias e catástrofes e face a ocorrência de doenças com custos de tratamento muito superiores à média. Funcionar como garante da prestação de serviços de saúde a faixas etárias especificas (ex.: crianças e jovens). Funcionar como co-financiador de grupos sociais de baixos rendimentos. Outros?
40 Reformas dos Modelos de de Sistemas de de Saúde Saúde em em Portugal, Portugal, que Modelo que? Modelo? 4ªQuestão: Caso se queira evoluir para um reforço do papel dos investidores institucionais, como avaliar as consequências para a actividade seguradora da evolução gradual para uma medicina preditiva?
41 Reformas dos Modelos de de Sistemas de de Saúde Saúde em em Portugal, Portugal, que Modelo que? Modelo? 5ªQuestão: Como enquadrar no futuro a evolução, eventual, para redes de prestação de cuidados de saúde organizadas ao longo do ciclo de vida das doenças, e funcionando em competição?
42 Reformas dos Modelos de de Sistemas de de Saúde Saúde em em Portugal, Portugal, que Modelo que? Modelo? 6ªQuestão: Como encarar, numa futura política do medicamento, os mecanismo de partilha de risco (Risk Sharing Arrangements)? Que modalidades poderiam ser mais adequadas ao caso de Portugal? Poderá a prioridade dada à introdução de medicamentos inovadores pôr em causa a aposta nos genéricos como instrumento central na gestão dos custos dos serviços de saúde?
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