Workshop O novo modelo processual
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- Natália Caetano da Rocha
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1 Workshop O novo modelo processual 26 de Fevereiro de 2013 Com a colaboração:
2 26 de Fevereiro de 2013 Workshop O novo modelo processual PROGRAMA 15h00 Apresentação do Estudo Jorge Morais Carvalho [Professor Convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Diretor Executivo do Estudo Justiça Económica] Mariana França Gouveia [Professora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Coordenadora Científica do Estudo Justiça Económica] 15h45 Comentário Miguel Teixeira de Sousa [Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Membro da Comissão de Reforma do Código de Processo Civil] 16h15 Debate 17h00 Perspectivas sobre o modelo processual proposto António Pinto Leite [Advogado, MLGTS] Pedro Caetano Nunes [Juiz, Professor Convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa] 18h00 Debate 18h30 Encerramento José Lebre de Freitas [Professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa] Moderador: José Miguel Júdice (Vice-Presidente da Associação Comercial de Lisboa, Advogado, PLMJ] Relator: João Pedro Pinto-Ferreira [Membro da Equipa do Estudo Justiça Económica]
3 NOTAS SOLTAS E TEMAS PARA O DEBATE Crise e efeitos na procura Lentidão nas decisões judiciais Complexidade de taxas e impostos Incumprimento de prazos de pagamento Custo de apoio jurídico e litigância Legislação laboral vigente Tramitação de autorizações e licenças Funcionários que gerem autorizações e licenças Dificuldade em substituir pessoal redundante ou inadequado Atuação das entidades reguladoras Dificuldade em contratar pessoal Representação dos trabalhadores e sindicatos Incumprimento dos prazos de entrega ,3 3,1 2,9 4,0 3,9 4,5 4,4 4,3 4,9 4,7 De entre factores como a crise económica, a complexidade das taxas e impostos, a dificuldade no acesso ao crédito ou a legislação laboral vigente, as empresas elegem a lentidão das decisões dos tribunais como o segundo maior obstáculo à sua atividade. Duas em cada três empresas que fazem uma avaliação negativa da qualidade das decisões dos tribunais mencionam as regras processuais como a principal razão dessa má qualidade. A maioria dos operadores judiciários entrevistados considera que o modelo judiciário português é obsoleto. RAZÕES MENCIONADAS PARA MÁ QUALIDADE E LENTIDÃO DAS DECISÕES 0% 25% 50% 75% 100% Será possível uma verdadeira reforma do processo civil sem se romper radicalmente com o paradigma de 1939? Regras processuais Falta de meios Má gestão dos meios Expedientes de advogados Má qualidade dos juízes 25% 24% 23% 39% 21% 29% 20% 6% 62% 70% Assumindo-se a aprovação da recente proposta de revisão do Código de Processo Civil, será a presente discussão inútil? Ou, inversamente, poderá permitir a aplicação imediata das novas ideias, algumas delas compatíveis com a gestão processual e/ou adequação formal? Ou ainda preparar a alteração de mentalidades necessária a uma futura e verdadeira reforma? Enquadramento legal Falta de independência Outra 15% 7% 14% 5% 6% 2% Má qualidade Lentidão O artigo 20.º n.º 4 CRP consagra o direito a uma decisão em prazo razoável e mediante processo equitativo. Para além do direito de defesa e do contraditório, que outros princípios se incluem no due process?
4 Alegar Organizar Provar Decidir O que é um processo civil? Que fases deverá ter e como deverão elas relacionar-se? Dever-se-á privilegiar a oralidade ou os momentos escritos? A gestão processual não se confunde com o princípio do inquisitório e deve ser exercida em conjunto com as partes. Propôs-se que as decisões de gestão processual sejam recorríveis apenas com o fundamento na violação dos princípios do processo justo. Será isto sinónimo de insegurança ou arbítrio do juiz? Como se explicará o «dramático potencial do julgamento anglo-americano» por contraposição à «rotineira reunião de negócios» que caracteriza o processo civil alemão? Ação Decisão parcial Audiência oral Novas alegações escritas Sentença (oral no julgamento) Defesa Início imediato da prova, c/s temas de prova Conciliação /RAL Discussão de questão processual Esclarecimentos pontos específicos Fará hoje sentido um processo civil construído como um conjunto de «ciclos processuais rígidos, cada um com a sua finalidade própria e formando compartimentos estanques»? O modelo processual civil português caracteriza- -se por uma sequência rígida de atos que o juiz e as partes devem seguir, sob pena de nulidade. Esta sequência não é alterada pela recente proposta de revisão do Código de Processo Civil. Como deve ser o exercício da gestão processual? Deve o juiz tomar as decisões sozinho segundo a sua visão do processo ou deve ir negociando as possibilidades com as partes? E deve fazê-lo oralmente ou por escrito? A petição inicial tem, em média, 39 páginas e a contestação 20. Uma ação tem, em média, 278 páginas. Sugeriu-se a redução a apenas dois articulados obrigatórios, com a possibilidade de o juiz poder pedir mais alegações escritas às partes. Será esta proposta violadora do princípio do contraditório? Ou poderá o contraditório ser exercido oralmente? Petição inicial Citação Contestação Réplica Tréplica Despacho pré-saneador Audiência preliminar Despacho saneador Prova pericial Audiência de julgamento Resposta à matéria de facto Alegações de direito Sentença Apresenta-se, em alternativa, um modelo flexível, sem fases processuais estanques, com forte gestão processual através da previsão de alternativas de tramitação.
5 Articulados extensos (plenos de factos instrumentais) Selecção matéria de facto extensa e rígida Julgamento reduzido e avesso a surpresas Sentença longa e críptica Frequência Todos os processos consultados O princípio da estabilidade da instância e o princípio da concentração da defesa obrigam a que os factos essenciais (causa de pedir e exceções) sejam invocados até à réplica. Depois deste momento, apenas podem ser alegados ou tomados em consideração factos instrumentais. Estas regras ónus de preclusão da alegação dos factos são identificadas como causa de uma fase inicial desproporcionada e de injustiça a final, caso resultem do decurso do processo outros factos. Defendeu-se, assim, a eliminação deste ónus controlado pelo juiz, em linha com o direito processual civil alemão. Implicará esta proposta o caos processual? Ou permitirá um processo mais oral e mais justo? Tamanho da sentença Propôs-se a substituição de conceitos processuais complexos por critérios flexíveis de decisão. Por exemplo, sugere-se a eliminação da distinção entre litisconsórcio e coligação, entre incidentes de intervenção de terceiros, incompetência absoluta e relativa ou a utilização do conceito de exceção para admitir novo articulado. É possível e desejável esta eliminação? Será a inteligibilidade um valor alcançável no processo? A citação demora, em média, 49 por cento do processo. Propõe-se a citação em domicílio oficial e a eliminação da citação edital. Ficará em risco o direito de defesa do réu? Será recomendável uma audiência oral logo a seguir às alegações iniciais, para discussão entre juiz e partes sobre o que fazer, em seguida, no processo? Deve esta audiência ser apenas uma boa prática ou sempre obrigatória? O tamanho médio da sentença é de oito páginas. Há críticas consistentes à sua extensão e complexidade. Propôs-se uma alteração da sua estrutura de forma a permitir, verdadeiramente, a sentença oral (gravada). Será que esta opção põe em causa a necessária ponderação da decisão? O Commercial Court de Dublin julga apenas casos de valor superior a um milhão de euros, escolhidos pelo seu Presidente. Fará sentido a conversão de duas varas cíveis, uma em Lisboa e outra no Porto, em varas especializadas para a litigância complexa, com seleção de juízes especializados, onde este regime processual novo pudesse ser experimentado? Será o princípio do juiz natural inderrogável?
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