CORTE ESPECIAL. Gabinete do Desembargador Carlos Alberto França

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1 CORTE ESPECIAL Mandado de Segurança nº ( ) Comarca de Goiânia Impetrante Impetrado Litpas. Relator : Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás - SINDIPÚBLICO : Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás : Estado de Goiás : Desembargador Carlos Alberto França EMENTA: Mandado de segurança. Anulação do Projeto de Lei n /2015 convertido na Lei Estadual n /2015. Prorrogação de reajustes aos servidores públicos. Alegação de vício formal ocorrido quando da aprovação projeto de lei. Indeferimento da inicial. Artigo 10 da Lei n /2009. I - Não é possível a impetração de mandado de segurança para anulação do Projeto de Lei n /2015, convertido na Lei Estadual n /2015, que alterou diversos diplomas legais vigentes, culminando na prorrogação, por 12 (doze) meses, dos reajustes salarias dos servidores públicos do Poder Executivo do Estado de Goiás, por eventual vício de formalidade ocorrido quando da Mandado de Segurança nº ( ) 1

2 aprovação do Projeto de Lei pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Incidência do óbice contido na Súmula 266 do STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. II - Não sendo cabível o mandado de segurança, o indeferimento da inicial se impõe, consoante previsão do artigo 10 da Lei n /09. Petição inicial indeferida. D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A Trata-se de mandado de segurança com pedido liminar impetrado por Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás - SINDIPÚBLICO, contra ato ilegal praticado pelo Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, com fulcro no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal e Lei nº /09. Inicialmente, tece o impetrante considerações sobre a legitimidade ativa do Sindicato para impetração do presente mandamus, com fulcro no artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal, ressaltando, ainda, com base no artigo 2º, inciso I, do Estatuto Social do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás, estar dentre as suas finalidades a de representação e defesa dos direitos e interesses profissionais, coletivos e individuais de todos os trabalhadores do Poder Público Estadual, ativos e inativo. Mandado de Segurança nº ( ) 2

3 Alega que em sessão Extraordinária realizada no dia 02/12/2015, a autoridade coatora impetrada submeteu à discussão e votação Projeto de Lei de autoria do Governador do Estado de Goiás, para alteração das seguintes Leis , de 08 de abril de 2014; , de 08 de abril de 2014; , de 08 de abril de 2014; , de 13 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014, , de 16 de junho de 2014; , de 30 de julho de 2014; , de 30 de julho de 2014; , de 30 de junho de 2014; e , de 02 de julho de 2014 (Processo nº /2015). (fl. 04), o que culminou na prorrogação, por 12 (doze) meses, dos reajustes salariais concedidos aos servidores públicos do Poder Executivo do Estado de Goiás. Acrescenta que tais fatos se deram em razão do não crescimento real da receita corrente líquida e da necessidade de manutenção do equilíbrio fiscal, conforme consta do Ofício Mensagem n. 134/2015, anexado à presente exordial. (fl. 04) Aduz que o Projeto de Lei foi aprovado em 03/12/2015, quando sancionada a Lei n /2015, porém o presente mandamus não tem a intenção de atacar a legislação supramencionada, mas, sim, o ato coator praticado pelo impetrado que culminou na aprovação do Projeto de Lei na Sessão Extraordinária e consequente edição da Lei n /2015. Defende que a promulgação da referida lei não tem o condão de causar a perda do objeto do presente writ, nem tampouco inadequação da via eleita ou ausência de interesse de agir do Sindicato impetrante, pois os vícios constantes no procedimento legislativo não se confundem com a lei propriamente dita, o que afasta a incidência do verbete sumular n. 266 do Supremo Tribunal Federal. Explana que no dia 02/12/2015 a Sessão Extraordinária realizada pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás foi transferida do Mandado de Segurança nº ( ) 3

4 Plenário Oficial para o Auditório Solon Amaral, de forma legítima, porém, o impetrado proibiu o acesso da imprensa no local, dos líderes classistas e população em geral, o que implica em clara afronta ao Regimento Interno da Casa Legislativa e princípio da publicidade. Traz a justificativa apresentada pelo impetrado, tendo afirmado naquela oportunidade que a Sessão seria transmitida ao vivo na TV Assembleia. Alega que solicitou a gravação ou transcrição das sessão, o que não foi disponibilizado até o presente momento, ocasião em que transcreve trechos de manifestações de alguns Deputados questionado a manutenção da realização das sessões no Auditório Solon Amaral e não no Plenário Oficial. Brada que o ato coator atacado afronta o regramento constante no artigo 145 da Resolução n /2007 que Institui o Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, por ter sido realizado as escuras sem participação da população. Acrescenta ter havido violação também à garantia da publicidade dos dados, ações e votações realizadas pela Assembleia Legislativa, norma insculpida no artigo 73, 1º, da Resolução n /2007 do Regimento Interno da Casa Legislativa. Defende estar cabalmente comprovado o direito líquido e certo dos servidores aqui representados pelo impetrante, devendo ser anulada a votação do Projeto de Lei n /2015, em razão da evidente afronta ao artigo 73, 1º, do Regimento Interno da Casa Legislativa e princípio da publicidade que norteia o processo legislativo. Discorre sobre o processo legislativo, enfatizando que Mandado de Segurança nº ( ) 4

5 durante o seu trâmite impõe-se a observância do princípio da publicidade e regramento constante nos comandos normativos dos artigos 5º, inciso XVI e XXXIII e 37, ambos da Constituição Federal. Verbera que, por força do princípio da publicidade, devem todas as deliberações das Casas Legislativas serem públicas, o que inclui a possibilidade efetiva de participação de qualquer do povo para assistir as deliberações; disponibilidade posterior das atas das sessões e reuniões aprovadas pela Casa ou suas Comissões; e, por fim, publicação dos atos na imprensa. Frisa que o referido princípio não é absoluto, comportando, portanto, exceções, artigos 80 a 83 do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, quando a sessão será realizada de forma secreta, cujas atas são guardadas em sigilo, o que inocorreu no caso em comento. Pondera que, com a anulação do Projeto de Lei n /2015, devem ser anulados, igualmente, todos os atos normativos subsequentes, os quais originaram a Lei Estadual n /2015. Tece considerações sobre a competência do Poder Judiciário para julgamento do presente mandamus, ressaltando que o caso em comento não implica em interferência em matérias interna corporis da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Colaciona entendimento doutrinário e jurisprudencial sobre o tema, salientando a imprescindibilidade de observância do princípio da legalidade. Advoga estarem devidamente preenchidos os requisitos para concessão do provimento liminar, quais sejam, fumus boni iuris e Mandado de Segurança nº ( ) 5

6 periculum in mora, o primeiro por estar comprovada a evidente violação aos princípios da legalidade e publicidade quando da realização da Sessão Secreta que culminou na aprovação do Projeto de Lei n /2015, convertido na Lei Estadual n /2015, que prorrogou por 12 (doze) meses os reajustes salarias concedidos aos servidores públicos do Poder Executivo do Estado de Goiás, além da clara afronta ao regramento constante no artigo 73, 1º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás. Já o perigo da demora resta comprovado em razão da clara possibilidade de se causar prejuízos aos servidores ora substituídos. Por fim, pugna pela concessão do provimento liminar alvejado, ante a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora, para que seja anulada a votação do Projeto de Lei n /2015, aprovado na Sessão Extraordinária realizada no dia 02/12/2015 e consequente invalidação da Lei Estadual n /2015, nele convertida. Junta documentos em fls. 20/235. Preparo satisfeito à f É o relatório. Decido. Como visto, trata-se de mandado de segurança impetrado impetrado por Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás - SINDIPÚBLICO, contra ato ilegal praticado pelo Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, com fulcro no artigo 5º, incisos LXIX, da Constituição Federal e Lei nº /09. O cerne da controvérsia cinge-se em certificar se possuem os servidores substituídos direito líquido e certo à anulação do Projeto de Mandado de Segurança nº ( ) 6

7 Lei n /2015, aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás em Sessão Extraordinária realizada no dia 02 de dezembro de 2015 e, por conseguinte, seja invalidada a Lei Estadual n /2015, nele convertida. Segundo alega o Sindicato impetrante a Sessão Extraordinária do dia 02 de dezembro de 2015 foi realizada em total afronta ao regramento constante no artigo 73, 1º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e princípio da publicidade, por ter sido transferida do Plenário Oficial para o Auditório Solon Amaral, de forma legítima, porém, com proibição de acesso da imprensa no local, dos líderes classistas e população em geral. Argumenta o impetrante ser imprescindível a anulação do Projeto de Lei n /2015, bem como de todos os atos normativos subsequentes, os quais originaram a Lei Estadual n /2015, por inexistir qualquer norma constitucional que autoriza votação secreta de projeto de lei, o que alcança as votações realizadas pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, por força do princípio da simetria. Desde já, verifico que o presente mandado de segurança não reúne condições para receber provimento judicial meritório, devendo ser extinto por carência de ação. A parte impetrante busca combater em caráter genérico, impessoal e abstrato vício formal ocorrido no processo legislativo que culminou na aprovação do Projeto de Lei n /2015, posteriormente, convertido na Lei Estadual n /2015, o que é vedado na via estreita do mandado de segurança. Nesse particular, merece destaque a Súmula 266 do Supremo Tribunal Federal que, embora vetusta, não foi revogada: Mandado de Segurança nº ( ) 7

8 Súmula nº 266 do STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. O mandado de segurança não é instrumento hábil para combater lei em tese, entendendo-se como tal os atos legislativos, as normas regulamentares, as instruções normativas, dentre outros. No nosso sistema constitucional, este objetivo só pode ser validamente alcançado por meio de ação de inconstitucionalidade (artigos 102 e 103 da CF). O enunciado da súmula n. 266 do STF decorre do fato de que a ação de mandado de segurança somente é idônea para impugnar atos administrativos que causem efeitos concretos, ou seja, utilizada para afastar a aplicação da lei no caso específico do titular da impetração. A lei continuará a ser aplicada à generalidade, pois a decisão, no caso, só produz efeitos inter partes. No caso, verifica-se que a pretensão do Sindicato impetrante tem como objetivo anular o Projeto de Lei n /2015 e, consequentemente, invalidar a Lei Estadual n /2015, convertida quando da sua aprovação em Sessão Extraordinária realizada pela Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, na qual o impetrante alega existência de ilegalidade, por ter sido realizada de forma secreta, ou seja, sem participação da população, imprensa e dos líderes classistas, quando a aprovação de projeto de lei não se encontra elencada entre as exceções previstas nos artigos 80 a 83 do Regimento Interno da Casa Legislativa. Frise-se, por oportuno, que o Projeto de Lei n /2015 e a Lei Estadual n /2015, que altera as Leis , de 08 de abril de 2014; , de 08 de abril de 2014; , de 08 de abril de 2014; Mandado de Segurança nº ( ) 8

9 18.464, de 13 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014; , de 19 de maio de 2014, , de 16 de junho de 2014; , de 30 de julho de 2014; , de 30 de julho de 2014; , de 30 de junho de 2014; e , de 02 de julho de 2014 (Processo nº /2015), constituem ato normativo de caráter abstrato, pois culminou na prorrogação, por 12 (doze) meses, dos reajustes salarias dos servidores públicos do Poder Executivo do Estado de Goiás. Quanto à impossibilidade de utilização do writ para atacar lei em tese, já decidiu esta Corte de Justiça, em casos análogos: AGRAVO EM APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO CONTRA LEI EM TESE. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. Embora seja possível a impetração de mandado de segurança preventivo, inviável, por outro lado, a utilização do mandamus contra lei em tese (súmula 266 do STF). AGRAVO IMPROVIDO. (TJGO, APELACAO CIVEL EM MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DES. CARLOS ESCHER, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 19/11/2015, DJe 1919 de 27/11/2015). MANDADO DE SEGURANÇA. SÚMULA 266 DO STF. AUSÊNCIA DE ATO COATOR E PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. I - De acordo com a Súmula 266, do STF, Não cabe mandado de segurança contra lei em tese, inserindo-se nesse contexto, as resoluções administrativas com feição normativa. II - O mandado de segurança exige prova préconstituída e não permite dilação probatória, devendo ser denegado, sem resolução do mérito, quando a pretensão inicial não se encontra Mandado de Segurança nº ( ) 9

10 suficientemente instruída com a prova da existência do ato coator e do direito vindicado. MANDADO DE SEGURANÇA EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. SEGURANÇA DENEGADA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DR(A). EUDELCIO MACHADO FAGUNDES, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 29/07/2014, DJe 1600 de 06/08/2014). MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. DIREITO AO EXERCÍCIO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS. DECRETO ESTADUAL Nº 7.964/2013. IMPETRAÇÃO DO MANDAMUS CONTRA LEI EM TESE. INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 266 DO STF. PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE DE JUSTIÇA. CARÊNCIA DE AÇÃO RECONHECIDA. I - Não é possível a impetração de mandado de segurança para combater em caráter genérico, impessoal e abstrato disposições contidas no Decreto Estatual nº 7.964/2013 que estabelece medidas administrativas a serem adotadas, no âmbito do Poder Executivo, em razão de greves, paralisações ou operação de retardamento administrativo, promovidas por servidores públicos estaduais, na prestação de atividades ou serviços públicos. II -Omissis. III - Incidência do óbice contido na Súmula 266 do STF: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. IV - Em razão da inadequação da via eleita, o mandado de segurança deve ser extinto sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, VI, do CPC. Mandado de segurança extinto sem resolução do mérito. Segurança denegada. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , DE MINHA RELATORIA, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 23/09/2014, DJe 1640 de 01/10/2014). Acerca do tema, diferente não é o entendimento exarado Mandado de Segurança nº ( ) 10

11 pelo Supremo Tribunal Federal: MANDADO DE SEGURANÇA. Pedido de declaração de inconstitucionalidade de dispositivos da Lei nº 9.099/95. Inadmissibilidade. Pedido contra lei em tese. Dedução como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade. Agravo improvido. Aplicação da Súmula nº 266. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese, nem como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade. (STF, Tribunal Pleno, AgRg no MS nº 25473/SF, Rel. Ministro Cezar Peluso, DJ 29/06/2007, g.). AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO NORMATIVO DO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PORTARIA N NÃO CABIMENTO DO WRIT. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Não cabe mandado de segurança contra ato do Presidente do Supremo Tribunal Federal dotado de caráter normativo, ato que disciplina situações gerais e abstratas. 2. A portaria impugnada neste writ produz efeitos análogos ao de uma "lei em tese", contra a qual não cabe mandado de segurança [Súmula n. 266 desta Corte]. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF, Tribunal Pleno, AgRg no MS nº 28250/DF, Rel. Ministro Eros Grau, Julgado em 25/02/2010, g.). MANDADO DE SEGURANÇA. LEI EM TESE. INADMISSIBILIDADE. IMPETRAÇÃO CONTRA MEDIDA PROVISÓRIA. CRIAÇÃO DO PROUNI. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NECESSIDADE DE ADESÃO AO PROGRAMA PARA OBTENÇÃO DA ISENÇÃO OU IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. EFEITO CONCRETO DEPENDENTE DE CADEIA DE ATOS ADMINISTRATIVOS POR PRATICAR EM DIVERSAR Mandado de Segurança nº ( ) 11

12 ESFERAS DE COMPETÊNCIA. JUSTO RECEIO INEXISTENTE. CARÁTER PREVENTIVO NÃO CARACTERIZADO. ( ) APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 266. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese, nem sequer sob alegação de caráter preventivo, quando não tenha sido praticado nenhum ato suscetível de induzir receio fundado de lesão a direito subjetivo. (STF, 2ª Turma, AgRg no RMS nº 25473/DF, Rel. Ministro Cezar Peluzo, DJ 29/06/2007). Entendo, portanto, que o ato normativo questionado, Projeto de Lei n /2015, convertido na Lei Estadual n /2015, dispôs sobre situações gerais e impessoais, de alcance genérico, logo, por não consubstanciar atos de efeitos concretos, não autoriza o manejo do writ neste ponto, mesmo para atacar procedimentos conduzidos pelo impetrado que culminaram na aprovação da referida lei. Aliás, vícios de formalidade no processo legislativo podem ser atacados em ações visando questionar a respectiva constitucionalidade. Assim, em que pese as ponderações deduzidas pelo impetrante, verifico que o manejo da presente ação mandamental não pode ultrapassar a fase de conhecimento, ressaindo a necessidade de indeferir a inicial, nos termos da previsão do caput do artigo 10 da Lei n /09, que assim dispõe: Art. 10 A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração. Mandado de Segurança nº ( ) 12

13 Sobre o tema já se pronunciou este Sodalício: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR. SENTENÇA DE MÉRITO. SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. VIA INADEQUADA. NECESSIDADE DE AJUIZAMENTO DE MEDIDADE CAUTELAR DIRETAMENTE NESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. 1. A pretensão de suspensão dos efeitos da decisão judicial, contra a qual já foi interposto recurso de apelação cível, é possível através do ajuizamento de medida cautelar, diretamente, neste Tribunal de Justiça, e não, por meio de mandado de segurança, que não pode ser usado como sucedâneo de qualquer outra ação, ou recurso. 2. Neste caso, impetrado o mandado de segurança, em detrimento da medida acautelatória, o indeferimento da petição inicial, bem como a extinção do processo, sem resolução do mérito são medidas inafastáveis, vez que a impetração não preenche os requisitos de admissibilidade, incidindo as normas do artigo 267, inciso I, do Código de Processo Civil, artigo 10 da Lei /09 e artigo 175, inciso II, do Regimento Interno deste Tribunal. INDEFERIMENTO DA INICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA EXTINTO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SEGURANÇA DENEGADA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DES. FRANCISCO VILDON JOSE VALENTE, 2A SECAO CIVEL, julgado em 03/06/2015, DJe 1804 de 15/06/2015). MANDADO DE SEGURANÇA. ARTIGO 5º, INCISO II E ARTIGO 10 DA LEI /2009. SÚMULA 267 DO STF. VIA INADEQUADA. INDEFERIMENTO DA INICIAL. I. Tratando-se de decisão judicial sujeita a recurso próprio é incomportável o mandado de segurança, Mandado de Segurança nº ( ) 13

14 consoante o disposto no art. 5º, II e artigo 10 da Lei /2009 e Súmula 267 do STF. II. Inicial indeferida de plano. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DR(A). SEBASTIAO LUIZ FLEURY, 2A SECAO CIVEL, julgado em 05/06/2013, DJe 1327 de 21/06/2013). Desta forma, impõe-se o indeferimento da inicial, nos termos do artigo 10 da Lei n /09, por estar a parte impetrante utilizando-se da via processual inadequada, pois pretende anular o Projeto de Lei n /2015, convertido na Lei Estadual n /2015, quando não é autorizado o manejo do writ contra lei em tese. Ao teor do exposto, indefiro a petição inicial do presente mandado de segurança, nos termos do artigo 10 da Lei n /09. Intime-se. Goiânia, 14 de janeiro de /C30 Des. CARLOS ALBERTO FRANÇA R E L A T O R Mandado de Segurança nº ( ) 14

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