- Estabelecimento de um concurso de remoção periódico (como por exemplo uma vez por ano) e outro extraordinário, que se realizaria
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- Esther de Sintra Coradelli
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1 SUMÁRIO Esta tese visa propor ações para recuperar a autonomia e autoridade do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, na defesa do interesse público. INTRODUÇÃO Inicialmente vale esclarecer a diferença entre os dois conceitos, que apesar guardarem semelhanças entre si, são distintos. Autonomia pode ser definida como poder do auditor de realizar ação fiscal ou outro procedimento fiscal sempre que achar necessário independentemente de qualquer autorização para tanto. Já autoridade esta relacionada ao poder de, uma vez iniciada a ação fiscal, praticar todos os atos legais cabíveis, a despeito de qualquer outra norma infralegal que exija permissão da chefia para tanto. Vale lembrar que a principal beneficiada com o resgate da independência da atuação dos auditores não é a própria categoria, e sim a sociedade. A qual tem interesse em: ver um estado dotado de uma maior arrecadação para fazer frente aos serviços que lhe são próprios; em ter uma arrecadação mais justa, ou seja, proporcional à capacidade contributiva de cada um; em ter um mercado interno protegido da concorrência externa ilegal e, finalmente, em que a lei seja para todos. DESENVOLVIMENTO Nesse sentido, proponho aqui sete ações: - Estabelecimento de um concurso de remoção periódico (como por exemplo uma vez por ano) e outro extraordinário, que se realizaria
2 toda vez que algum setor ficasse, por motivo de aposentadoria, licença, exoneração ou outro qualquer, desprovido repentinamente de auditores. Ambos os concursos seguiriam os mesmos critérios hoje existentes, antiguidade e peso da lotação, e participariam apenas voluntários. Desta forma acabar-se-iam com as remoções de cunho pessoal, em que auditores que contrariam interesses pessoais de chefes, muitas vezes interesses ilegais, são simplesmente removidos. E nessa situação, o maior prejuízo é ao interesse público, à aplicação da lei indistintamente a qualquer contribuinte. Alega a administração, nesses casos, a questão do perfil do servidor. Entretanto acredito fielmente que todos os AFRFB já provaram, por ocasião do concurso público de admissão, que tém perfil para trabalhar em qualquer setor da instituição. Além disso, o funcionário lotado no setor de sua preferência tem uma probabilidade muito maior de eficiência. - Obrigatoriedade legal de realização de concurso externo no Maximo a cada dois anos, para possibilitar a movimentação dos servidores entre os setores. Afinal de contas, o quadro esta sempre sendo diminuído, pois auditores falecem, se aposentam, se exoneram e sao demitidos. Então por que não repor o quadro com uma freqüência mínima, para a manutenção da qualidade dos serviços prestados pela instituição. - Fim da diferença de qualidade de função na área de tributos internos, Ocorre hoje em dia que um percentual muito reduzido de auditores trabalha efetivamente na função de fiscalização tributária (função principal do auditor fiscal e essencial para a defesa dos interesses do país, interesse em ter uma arrecadação maior e mais justa). A maioria encontra-se em setores internos, como DERAT e muitas vezes em setores administrativo como SAPOL, DIGEP, DITEC e outros, que nada tem a ver com a função do auditor. Diante disso, proponho que:
3 -Seja retirada de nossas atribuições as competências gerais da instituição e que passemos a deter somente atribuições específicas do cargo. Pois a manutenção dessas competências além de ser um mecanismo de manipulação dos servidores (uma vez que permite a remoção para tais setores o auditor indesejado pela administração nas funções fins) caracteriza também desperdício de dinheiro publico, já que apesar da remuneração da categoria não estar no patamar devido, ainda assim é maior do que a recebida por outros servidores capazes de realizar essas tarefas. -Seja dividido entre todos os servidores fiscais o trabalho de análise e decisão de processos e o de auditoria, ao invés de somente uns poucos privilegiados, muitas vezes por critérios políticos ou pessoais, trabalharem com a função nobre da carreira e outros executarem serviços menos desejados. Sendo que todos como Auditores fiscais deveriam realizar auditoria fiscal! Destaco que esse sistema é utilizado em algumas secretarias de fazendas municipais ou estaduais, como por exemplo na secretaria de fazenda municipal de Niterói. Sendo assim cada auditor teria um numero x de processos e um numero y de ações fiscais a realizar mensalmente ou anualmente. Esse sistema teria a grande vantagem de impedir que o servidor que contrariasse interesse do chefe ou outro qualquer, seja simplesmente retirado da fiscalização, e que assim o cumprimento da lei fique a mercê da vontade subjetiva da administração. Poderiam ficar lotados exclusivamente nos setores internos quem assim desejasse. Mas o que não pode acontecer é um auditor não poder fazer auditoria fiscal, e a administração escolher simplesmente ao seu bel prazer quem vai fazer fiscalização. Devemos lembrar que todo juiz julga, todo promotor de justiça oferece denuncia e todo delegado de polícia presidi inquérito etc. Por que em nosso caso tem que ser diferente!?
4 - Extinção imediata do MPF ou qualquer outro tipo de autorização para a realização de ação fiscal. Podendo nesse caso ser instituída algum tipo de mera comunicação, para que a administração apenas saiba quem está sendo fiscalizado por quem, mas sem poder de ingerência algum. E no caso de desconfiança de alguma irregularidade por parte do servidor, que sejam tomadas as providências legais cabíveis. - Instituição de procedimento padrão a ser adotado por qualquer auditor que flagrar alguma infração a legislação, mesmo estando fora da sua região. Importante dizer que tal procedimento não tem o condão de realizar a ação fiscal, apenas de registrar o ilícito, para que esse não passe eternamente desapercebido pela fiscalização, e depois encaminhar o mesmo para o setor competente tomar as providencias que achar devidas. Pois muitas vezes o auditor se depara com situações de flagrantes infrações tributarias (como por exemplo quando solicita um documento fiscal e o prestador do serviço ou produto simplesmente não o tem), a qual tem o dever legal de combater, mas nada pode fazer. E novamente o maior prejudicado é o interesse publico, já que devido a essa omissão, a irregularidade pode ficar eternamente impune. Deve-se ter algum tipo de procedimento padrão a ser adotado também na área aduaneira. Pois, por mais que se aperfeiçoe a segurança dos despachos, estes nunca serão suficientes para reprimir totalmente a entrada de mercadorias indevidas nos pais. Deveria existir algum tipo de plantão das DIREPs para esse tipo de demanda. Pois afinal, as infrações não têm hora marcada para acontecerem, e devem ser reprimida a hora que for.
5 CONCLUSÃO Por fim, precisamos ter em mente que não somos empregados da administração, como parece acreditarem alguns administradores, e sim servidores públicos, em outras palavras, do povo, regidos apenas pelos ditames legais. Por isso, devemos lutar sempre vigorosamente pela recuperação de nossa autonomia e autoridade em prol de uma sociedade com maior justiça fiscal e um mercado interno forte, e assim, conseqüentemente, maior justiça social. Atenciosamente, Paulo Bernardo S. de Souza AFRFB Alfândega do Aeroporto internacional do Rio de Janeiro TEl:
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