Violência Física no Namoro em Jovens Universitários

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1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Violência Física no Namoro em Jovens Universitários Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica Ana Isabel Gonçalves Sousa Teixeira Professor Doutor Ricardo Barroso Professora Doutora Elisete Correia Vila Real, janeiro 2015

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3 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Violência Física no Namoro em Jovens Universitários Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica Ana Isabel Gonçalves Sousa Teixeira Professor Doutor Ricardo Barroso Professora Doutora Elisete Correia Composição do Júri: Professora Doutora Carla Teixeira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Professora Doutora Carla Antunes (Universidade Lusófona do Porto) Professor Doutor Ricardo Barroso (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) Vila Real, janeiro 2015

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5 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS v Agradecimentos A conclusão desta investigação representa um marco importante na minha vida e a realização de um sonho. É resultado de um empenho individual, mas também do esforço, apoio e colaboração de pessoas maravilhosas às quais não podia deixar de agradecer. Ao Professor Doutor Ricardo Barroso pela orientação e disponibilidade desde logo demonstrada. Obrigada por todas as palavras de incentivo e em especial por nunca ter duvidado das minhas capacidades. À Professora Doutora Elisete Correia por toda a ajuda e orientação, pela constante presença e disponibilidade. À Professora Doutora Margarida Simões, obrigada pelo apoio, por estimular a minha produtividade e o meu empenho na fase inicial deste longo percurso. Agradeço também, a todos os alunos universitários que de forma voluntária colaboraram para concretização desta investigação. Aos meus pais pelo verdadeiro significado de amor incondicional, principais responsáveis pelo meu trajeto académico e de vida. E ao meu irmão, força da natureza, modelo e orgulho de vida. Ao Tó pelas palavras de incentivo nos momentos mais difíceis, por ter acreditado sempre no meu esforço e empenho tornando o meu sonho, o nosso sonho! À de sempre e para sempre grande amiga, Cristiana Gonçalves. Obrigada por me transmitires confiança e força em todos os momentos da minha vida. A elas, à Ana Silveira, à Claudia Silva, à Filipa Silva, à Márcia Martins e à Rita Soares, obrigada pela vossa amizade, carinho, ajuda e companheirismo. Obrigada por tudo o que partilhámos nestes últimos anos. A nossa amizade permanecerá para sempre! A todos, a minha enorme gratidão!

6 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS vi

7 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS vii Índice Agradecimentos... v Lista de Tabelas....x Lista de Siglas e Acrónimos... xi Introdução... xii I PARTE Violência Física no Namoro: Revisão teórica I Parte Artigo Teórico... 1 Resumo... 5 Abstract... 6 Violência Física no Namoro em Jovens Universitários... 7 Definição de Violência... 7 Violência no Namoro... 8 Prevalência da Violência no Namoro Fatores de Risco para a Violência no Namoro Crenças e Atitudes Legitimadoras da Violência no Namoro Conclusão Referências Bibliográficas.. 23 II PARTE Violência Física no Namoro em Jovens Universitários II Parte Artigo Empírico Resumo Abstract Violência Física no Namoro em Jovens Universitários.. 32 Método Participantes... 35

8 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS viii Instrumentos Questionário Sociodemográfico Escala de Atitudes acerca da Violência no Namoro (EAVN) Inventário de Comportamentos de Violência nas Relações Íntimas (IVC-2) Procedimentos 38 Resultados Atitudes acerca da violência física nas relações de namoro.. 39 Comportamentos de violência física nas relações íntimas Relação entre as atitudes legitimadoras da violência física e os comportamentos agressivos nas relações de namoro Discussão 43 Referências Bibliográficas.. 48

9 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS ix

10 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS x Lista de Tabelas Tabela 1 Estatística descritiva das atitudes legitimadoras sobre a violência física nas relações amorosas nas duas subescalas VFM e VFF Tabela 2 Estatística descritiva de comportamentos de violência física nas relações íntimas Tabela 3 Estatística Descritiva de perpetradores de violência física e valores do teste de Mann-Whitney Tabela 4 A associação entre as atitudes legitimadoras da violência física e os comportamentos nas relações de namoro

11 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS xi Lista de Siglas e Acrónimos APAV EAVN IVC-2 OMS SPSS VFF VFM Associação de Apoio à Vitima Escala de Atitudes acerca da Violência no Namoro Inventário de Comportamentos de Violência nas relações íntimas Organização Mundial de Saúde Statistical Package for Social Science Violência Física Feminina Violência Física Masculina

12 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS xii Introdução A violência nas relações de intimidade foi um tema ignorado durante muito tempo, começando a ter maior visibilidade social e interesse científico a nível internacional a partir dos anos 60. Em Portugal a consciencialização social para este fenómeno surgiu a partir da década de 90, centrando-se a investigação sobretudo na manifestação de violência marital e doméstica. Desde há alguns anos que é notório o alargamento do interesse científico a outros grupos sociais e entre estes, a violência entre jovens tornou-se foco de atenção por parte de políticos e investigadores. As investigações entretanto realizadas sugerem que alguns jovens, apesar de reprovarem a violência, possuem um conjunto de crenças e atitudes legitimadoras da violência nas relações de namoro. Posto isto, a pertinência deste estudo deve-se à prevalência alarmante destacada pelas investigações científicas e pelos meios de comunicação, bem como pelas consequências para a saúde física e mental das vítimas. Tornou-se preponderante desenvolver a investigação em jovens uma vez que as condutas violentas são produzidas na fase em que as relações de intimidade se iniciam e os vínculos afetivos se estabelecem. Nesta faixa etária e no contexto universitário as relações íntimas têm uma duração prolongada, podendo conduzir ao casamento. Assim, com esta investigação pretende-se contribuir para identificar e procurar compreender as atitudes legitimadoras e condutas violentas praticadas por um grupo de jovens estudantes universitários. Conhecer este fenómeno é essencial para auxiliar em eventuais intervenções e programas preventivos. No que se refere à estrutura, a dissertação de mestrado aqui apresentada é composta por duas partes: a primeira parte corresponde ao enquadramento teórico sobre a temática e dinâmicas inerentes da violência física no namoro em jovens universitários, com vista a uma adequada compreensão do fenómeno. Foram analisados estudos levados a cabo nacional e internacionalmente, a fim de sintetizar os dados relativos à prevalência, os fatores de risco primordiais na prática de condutas violentas, bem como compreender quais as crenças e atitudes adjacentes a esta problemática. A segunda parte, diz respeito a um estudo empírico

13 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS xii que teve como principais objetivos obter dados referentes ao uso de condutas violentas nas relações de namoro, identificar o grau de legitimação da violência física, bem como, analisar a possível relação entre as atitudes e os comportamentos violentos nas relações íntimas entre os jovens. A finalizar são apresentadas as conclusões e reflexões dos resultados obtidos, os contributos e as limitações da investigação.

14 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 1 I PARTE ARTIGO TEÓRICO

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16 Running Head: VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 3 Violência Física no Namoro: Revisão teórica Ana Teixeira, Ricardo Barroso, & Elisete Correia Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Nota do autor Ana Teixeira, Ricardo Barroso e Elisete Correia, Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Correspondência acerca deste artigo deve ser endereçada para Ana Isabel Teixeira, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, Quinta de Prados, Edifício Complexo Pedagógico - Apartado 1013, Vila Real. psi.anateixeira@gmail.com

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18 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 5 Resumo A revisão da literatura aqui apresentada pretende focar-se, essencialmente, nas circunstâncias associadas à ocorrência de violência física no namoro em estudantes universitários. A violência física nas relações de namoro é uma realidade que alguns estudos têm vindo a demonstrar desde há alguns anos, alguns deles com valores percentuais muito elevados. Nestas situações e à medida que a longevidade da relação aumenta, a violência tem também tendência a aumentar, podendo conduzir, mais tarde, à violência conjugal. A violência no namoro compreende maioritariamente atos menos severos, como por exemplo insultar, difamar, gritar, ameaçar, entre outros. No entanto comportamentos mais agressivos de natureza física, nomeadamente murros, pontapés e sovas, também se denotam nos diversos estudos sobre o fenómeno. O presente artigo objetiva ser uma revisão de literatura científica sobre a problemática social da violência física no namoro em estudantes universitários com vista a uma adequada compreensão do fenómeno. Foram analisados estudos levados a cabo nacional e internacionalmente, a fim de sintetizar os dados relativos à prevalência, os fatores preditores, bem como descrever quais as crenças e atitudes legitimadoras da violência nas relações íntimas. Palavras-chave: violência; namoro; estudantes

19 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 6 Abstract The literature review presented here is meant to focus mainly on the circumstances surrounding the occurrence of physical dating violence on college students. Physical violence in dating relationships is a reality that some studies have demonstrated a number of years, some of them with very high percentages. In these situations and as the longevity of the relationship increases, the violence also tends to increase, which may lead later to marital violence. The dating violence mainly comprises less severe acts, such as insult, defame, scream, threaten, among others. However more aggressive behavior of a physical nature, including punches, kicks and beatings, also denote the various studies on the phenomenon. This article aims to be a scientific literature review on the social problem of physical dating violence in university students with a view to a proper understanding of the phenomenon. Studies were analyzed led to national cable and internationally in order to synthesize data on the prevalence, predictors, and to describe what beliefs and attitudes legitimizing violence in intimate relationships. Keywords: violence; dating; students

20 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 7 Violência Física no Namoro em Jovens Universitários: Revisão Teórica Tem-se vindo a assistir a uma crescente consciencialização da sociedade em geral e também da comunidade científica sobre a gravidade dos atos de violência nas relações amorosas. Quer seja entre pessoas casadas, a viver em união de facto ou em relações de intimidade (Caridade & Machado, 2010). O aumento da divulgação feita através dos média, bem como o aumento das denúncias por parte das vítimas, tem permitido que a violência física não fique oculta entre o perpetrador e a vítima, aumentando, assim, progressivamente, a sensibilização social para esta temática. O presente artigo teve o propósito de analisar a prevalência da violência nas relações de namoro da população jovem universitária, mas também contribuir para a prevenção deste fenómeno através da identificação dos fatores de risco do/a agressor/a, bem como das atitudes que legitimam a prática de condutas violentas. Para tal foi elaborada a revisão da literatura, procurando sintetizar os vários artigos teóricos e empíricos acerca da temática, abordando o fenómeno genérico da violência, as suas circunstâncias e características, terminando nas especificidades da violência nas relações de namoro e respetivas atitudes legitimadoras da violência no namoro. Definição de Violência De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) a violência pode ser definida como a ameaça ou a prática do uso intencional de força física ou poder contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, que implica risco de lesão, morte ou dano psicológico, perturbações do desenvolvimento ou privação. Segundo Ribeiro e Sani (2008) a violência pode significar ainda a qualidade daquele que atua com força aplicando a ação violenta, opressão ou tirania, contra a vontade de outrem, exercendo constrangimento físico ou moral. Violento é assim um

21 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 8 adjetivo que designa algo que ocorre com força ou intensidade extrema. A OMS (2002) divulgou através do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, que em todo o mundo a violência tem vindo a tornar-se num dos mais graves problemas sociais e de saúde pública. A violência presente nas relações interpessoais constitui uma violação dos direitos humanos, prejudicando significativamente a saúde ísica e mental, podendo mesmo por em causa a própria vida da vítima (Lima & Werlang, 2011). Violência no Namoro A violência nas relações de namoro deve ser vista como indiciador de algo grave de cariz preditivo de relações de conjugalidade violentas (Machado, Macieira, & Carreiras, 2010). Segundo a APAV (2014) a violência no namoro pode ser caraterizada por qualquer ato de violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de proximidade e intimidade, com o objetivo de controlar e/ou magoar, dominar e ter mais poder. Machado et al. (2010) definem a violência íntima como a ameaça, o uso de força ou qualquer ato (físico ou psicológico) infligido com a intenção de ferir, magoar ou causar dor no/a parceiro/a amoroso/a. Os termos violência doméstica, violência conjugal e violência nas relações de intimidade são muitas vezes utilizados com significados próximos uma vez que todos englobam atos de violência física, psicológica e sexual, cometidos por pessoas do outro ou do mesmo sexo com quem a vítima manteve ou mantem uma relação, com ou sem coabitação (Ventura, Frederico-Ferreira, & Magalhães, 2013). Para além das mesmas dinâmicas de violência estes termos partilham entre si o mesmo ciclo de violência. De acordo com Moore e Wesa (1997) o ciclo da violência é composto por três fases. A primeira é a do aumento da tensão no contexto da relação, caracterizando-se por agressões verbais, críticas e hostilidade expressa pelo agressor. Na segunda fase, designada de ataque violento, a tensão aumenta e a vítima sofre agressões físicas e verbais. A terceira e última fase, denominada de

22 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 9 lua-de-mel, o agressor mostra-se arrependido e garante à vítima que as agressões não voltam a acontecer. Como as agressões tendem a não se extinguir, esta última fase é normalmente abreviada, onde agressor adquire um maior controlo da vítima e, consecutivamente, a primeira fase, durará mais tempo e a violência tornar-se-á ainda potencialmente mais grave. O/a parceiro/a agressor/a impõe o isolamento da vítima, muitas vezes através de alguns comportamentos de stalking (e.g., condutas persecutórias) (Matos et al., 2006), por consequência a rede de apoio diminui e a possibilidade de pedir ajuda ou de enfrentar a situação também diminui, mantendo-se cada vez mais próxima do agressor, mais frágil e dependente (Souto & Braga, 2009). O abuso no relacionamento íntimo pelo/a parceiro/a pode ser considerado como um fator de risco para a ocorrência de um vasto número de perturbações psicológicas e físicas, que deterioram a qualidade de vida das vítimas (Paiva & Figueiredo, 2003). Em 2013, a violência no namoro passou a ser punível por lei dada a incorporação no Código Penal do crime de violência doméstica, sendo assim considerado um crime público (Lei n.º 19/2013 de 21 de fevereiro de 2013). Para além da responsabilização do agressor e proteção da vítima este recente acrescento procurou, também, consciencializar a sociedade para este crime que nem sempre é notório. A Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV) (2011) refere que existem diferentes tipos de violência possíveis de ocorrer dentro das relações de namoro, nomeadamente a violência verbal, psicológica, relacional, sexual e física. Os comportamentos verbalmente violentos são caracterizados pela utilização da comunicação verbal a fim de ferir e/ou causar sofrimento psicológico ao outro. No que concerne aos comportamentos psicologicamente violentos, estes referem-se ao uso da comunicação verbal e não-verbal com a intenção de causar sofrimento psicológico e/ou medo ao outro (APAV, 2011). Os comportamentos relacionalmente violentos são caracterizados pela intenção do/a parceiro/a em danificar ou impossibilitar o contacto com as pessoas mais próximas e significativas da

23 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 10 rede social, diminuindo assim a qualidade e a quantidade das relações sociais a fim de causar dor e/ou sofrimento psicológico (APAV, 2011). Relativamente aos comportamentos sexualmente violentos destaca-se a intimidação, ameaça e/ou força física com a finalidade de forçar o outro a interagir sexualmente sem o seu consentimento (APAV, 2011). Por último, a violência física pode ser entendida pelo uso intencional da ameaça, da intimidação e/ou da força física com o objetivo de causar dor e/ou sofrimento físico e/ou psicológico (APAV, 2011). O abuso físico pode ser definido como o uso de ameaça, força física ou restrição praticada no sentido de provocar sofrimento ou ofensa a outrem. Os atos fisicamente violentos, variam no grau de severidade, tais como: esbofetear; esmurrar; pontapear; empurrar; abanar; beliscar; arranhar; ferir com objetos ou armas brancas; asfixiar; torturar; partir membros; amarrar; bater com objetos ou com as mãos; queimar; arrastar; morder; ameaçar com facas ou com outros objetos de corte; ameaçar usando a força física (Sugarman & Hotaling, 1989, cit. por Paiva & Figueiredo, 2004). Em suma, a violência nas relações de namoro, vista de modo global, envolve múltiplas e variadas formas, para o presente artigo o abuso físico deterá maior destaque. Prevalência da Violência no Namoro De acordo com Caridade e Machado (2006) a violência nas relações de intimidade foi objeto de forte e crescente atenção social e científica internacionalmente em meados do séc.xx, mais especificamente a partir da década de 60. Em Portugal a consciencialização social para esta problemática surgiu, sobretudo, a partir do início da década de 90 (Caridade & Machado, 2006). Inicialmente a investigação desta temática centrou-se primordialmente no âmbito da violência marital e, mais recentemente, a investigação propagou-se ao estudo da violência nas relações juvenis, mencionada na literatura internacional como dating violence. As investigações realizadas nos últimos anos tem demonstrado que a violência no

24 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 11 namoro é um fenómeno frequente e habitual. Não é apenas um problema social, mas também um problema de saúde pública devido aos efeitos crónicos na saúde da vítima (Caridade & Machado, 2006). Em 1981, James Makepeace levou a cabo uma investigação pioneira na área da violência física da intimidade juvenil, tendo assim divulgado os primeiros dados empíricos sobre a violência no namoro, onde um em cada cinco estudantes universitários experienciaram ou perpetraram um ou mais atos de agressão física nas suas relações amorosas. Cerca de 61% da amostra revelou conhecer alguém com relacionamentos amorosos violentos. Desde de então a violência no namoro assumiu de forma progressiva destaque na investigação científica internacional (Caridade & Machado, 2010). A investigação realizada por Gover, Kaukinen e Fox (2008), cuja amostra foi constituída por 2500 estudantes universitários, revelaram que as mulheres relatam com mais frequência a perpetração de violência física nas relações de namoro sendo, também, mais propensas a relatar a vitimação. De igual modo, os resultados decorrentes da investigação de Luthra e Gidycz (2006), com uma amostra de 200 estudantes universitários, denotam que 83% das mulheres admitiram perpetrar violência e apenas 30% dos homens relataram ser agressores. Um estudo que conjugou dados de inquéritos a estudantes universitários, concebido por Kaura e Allen (2004) verificou que não existiam diferenças significativas relativas ao sexo do agressor. A violência parental emerge como um forte preditor da perpetração da violência no namoro, ou seja, a violência vivida por ambos os sexos parece estar relacionada com níveis mais elevados de violência no namoro. Numa investigação mais recente (Miller, 2011) composta por 1530 estudantes universitários com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, constatou que um em cada quatro estudantes universitários estavam envolvidos em relações de namoro violentas, experienciando assim pelo menos uma ato abusivo. As investigações realizadas com estudantes universitários em Portugal têm demonstrado percentagens significativas de comportamentos violentos nas relações de

25 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 12 namoro, quer em termos de perpetração como de vitimização. Paiva e Figueiredo (2004) desenvolveram uma investigação sobre a problemática do abuso no relacionamento íntimo em 318 jovens adultos portugueses cujos resultados demonstram que a violência psicológica é a mais frequente (entre 53,8 e 50,8%), seguindo-se a agressão sexual (entre 18,9 e 25,6%). Com menos frequência surge o abuso físico sem sequelas (entre 16,7 e 15,4%) e o abuso físico com sequelas (entre 3,8% e 38%) contra o/a seu/sua parceiro/a íntimo/a. Nas relações de namoro, cerca de 28% dos homens e mulheres, em algum momento das suas vidas, terão estado ou estarão inseridos numa relação que envolve atos de violência, sendo que a ocorrência destes atos abusivos é mais provável nas relações afetivas mais duradouras e em que existe coabitação (Caridade & Machado, 2006). Machado, Matos e Moreira (2003) conduziram uma investigação composta por 526 estudantes universitários os resultados demonstraram que 15,5% dos jovens envolvidos em relações amorosas já teriam sido vítimas de pelo menos, um ato abusivo e 21,7% da amostra admitiram ter adotado atos abusivos em relação aos seus parceiros íntimos. Ainda no mesmo estudo é possível verificar que os atos mais usualmente recebidos/perpetrados pelos jovens inquiridos são as formas aparentemente menos graves de violência, como insultar, difamar ou fazer afirmações graves para humilhar ou ferir; gritar ou ameaçar com a intenção de meter medo; partir ou danificar objetos intencionalmente e dar uma bofetada. Caridade (2011), num estudo pioneiro no contexto português, cuja amostra foi constituída por 4667 jovens de diferentes níveis de formação (estudantes do ensino profissional, secundário e universitário) e jovens que abandonaram a escolaridade, oriundos de diferentes áreas geográficas, cujas idades variavam entre os 13 e os 29 anos. Os resultados obtidos sugeriram que 19,5% dos jovens inquiridos sofreram violência emocional, 13,4% de violência física e 6,7% de agressões mais severas. Em relação aos agressores (30,6%), verificou-se que 22,4% admitiram ter recorrido à violência emocional, 18,1% à violência física e 7,3% a agressões mais severa.

26 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 13 Podemos assim verificar que a generalidade das investigações desenvolvidas revelam que a violência entre parceiros amorosos se caracteriza por trocas mútuas de agressões (Caridade & Machado, 2006; Machado, Matos, & Moreira, 2003; Paiva & Figueiredo, 2004). A violência não parece ser perpetrada unicamente por homens, no entanto o sexo masculino tende a manifestar violência mais severa comparativamente ao sexo feminino que apresenta atos abusivos menores. Um ponto que nos parece particularmente importante é o facto de se desconhecer a percentagem de agressões que ocorrem por autodefesa (Machado et al., 2010). Caridade, Machado e Vaz (2007), afirmaram que os rapazes apresentam comportamentos mais agressivos de natureza física, como por exemplo sovas, murros e pontapés. Porém, outras investigações sugerem que os abusos referidos como menores (e.g. insultar, difamar ou fazer afirmações graves para humilhar ou ferir o/a parceiro/a) parecem prevalecer à violência mais severa (e.g. dar pontapés ou cabeçadas) (Machado et al., 2003; Machado et al., 2010; Paiva e Figueiredo, 2004;). Neste sentido, também Molidor e Folman s (1998, cit. por Caridade & Machado, 2006) afirmaram não parecer existir diferenças de género no que diz respeito à perpetração de comportamentos violentos, ainda que as raparigas tendam a experienciar níveis mais elevados de violência severa e apresentem reações emocionais e mais acentuadas que os rapazes. Aldrighi (2004) verificou na sua investigação, constituída por uma amostra de 455 casais de jovens estudantes universitários, que há uma grande incidência de abuso físico, sendo a mulher a maior vítima deste tipo de agressão. No entanto, foi possível constatar percentagens significativas de agressão perpetrada por ambos, agressões praticadas somente pelo homem (13.2%) e somente pela mulher (14.5%). Salientase que 72.4% dos inquiridos mencionaram atos de agressão mútua. No que refere à idade, de uma forma geral, os resultados das investigações indicam que a violência nas relações de intimidade vai desde a pré-adolescência até à idade adulta (Caridade & Machado, 2006).Tanto os agressores como as vítimas tendem a desvalorizar e

27 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 14 legitimar tais condutas abusivas (Machado et al., 2003), sugerindo estes dados que esta minimização dos atos pode contribuir para um processo de escalada camuflada que, algumas vezes, termina com a morte da vítima. É importante ainda salientar que apesar de os dados das investigações indicarem que a violência menor é mais predominante, também é possível no contexto de namoro reconhecer formas de abuso mais severas, tanto ao nível físico, psicológico ou sexual (Caridade & Machado, 2006). A violência no namoro junto de populações juvenis é um fenómeno que apresenta um impacto significativo para as vítimas, originando diversos danos a curto e a longo prazo e por este motivo é fundamental fortalecer a prevenção (Matos et al., 2006). Fatores de Risco para a Violência no Namoro Como para outras formas de violência, também para o caso específico da violência no namoro, não existe um perfil universal aplicável a todos os agressores e que os possa descrever ou caracterizar. Contudo, podem enunciar-se algumas características presentes nos jovens que agridem os seus parceiros amorosos. Tais características são, assim, fatores que aumentam a probabilidade ou o risco da prática de atos violentos contra o/a parceiro/a íntimo/a. A caracterização do/a agressor/a e respetivos fatores de risco podem ser organizados com base no modelo ecológico para a explicação da violência defendido pela Organização Mundial de Saúde (2002), ou seja, agrupados por fatores de risco individuais, relacionais, comunitários e sociais. No que diz respeito aos fatores de risco individuais, as circunstâncias associadas ao género são destacadas em várias investigações como um fator predisponente para a ocorrência de violência. Ao contrário do que ocorre nas relações maritais, o risco de perpetração de violência no namoro parece ser maior no sexo feminino (APAV, 2011; Foshee et al, 2010; Luthra & Gidycz, 2006). Este facto poderá estar relacionado com a facilidade por parte das raparigas em admitir a prática de atos violentos contra o/a seu/sua parceiro/a íntimo/a (Gover et al., 2008). Os rapazes através da aceitação,

28 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 15 interiorização e normalização cultural da violência no seu sexo, admitem com menor facilidade a prática de tais atos violentos (APAV, 2011). Parece existir assim uma diferença de género no que se refere à representação social efetuada acerca da violência (APAV, 2011; Kaura & Allen 2004). Outra possível explicação para o maior risco de perpetração de violência no namoro pelo sexo feminino prende-se ao facto de esta representar, em muitos casos, uma resposta de autodefesa às formas de abuso sobre si perpetrada inicialmente (Gover et al.,2008; Luthra & Gidycz, 2006; Paiva & Figueiredo, 2004). As mulheres tendem a ser mais propensas que os homens a serem vítimas de violência física nas relações de namoro (Gover et al.,2008). Os homens em comparação com as mulheres relatam o uso de violência mais severa (Foshee et al., 2010). Analogamente, os jovens com maior idade apresentam maior risco de se envolverem na prática de atos violentos contra o/a seu/sua parceiro/a, uma vez que a maior idade do jovem implica, com maior probabilidade, uma relação amorosa mais longa (APAV, 2011; Gover et al., 2008). Também os problemas de comportamento podem aumentar a probabilidade de atos violentos nas relações amorosas. Neste fator de risco pode destacar-se por um lado a manifestação de problemas de internalização como a depressão, a ansiedade, somatização (Kaura & Lohman, 2007), o isolamento (Matos et al., 2006), os comportamentos suicidas, entre outros (APAV, 2011). Outros fatores de risco individuais relativos ao comportamento aumentam as probabilidades de cometer violência física no namoro, nomeadamente o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas (Caridade & Machado, 2013; Foshee et al., 2010; Gover et al., 2008; Shorey, Stuart, & Cornelius, 2011).Um possível preditor da prática de atos violentos nas relações amorosas é também a apresentação de um padrão de agressividade, impulsividade e violência generalizado, exercido por exemplo contra os pares, os pais, os professores, entre outros (APAV, 2011; Foshee et al, 2010).O fator de risco mais relevante para o presente artigo consiste da presença de crenças sustentadoras da violência nas relações de namoro. A concordância com atitudes

29 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 16 legitimadoras e de desvalorização da violência nas relações amorosas é igualmente um fator de risco, encontrando-se associada à uma maior prática de comportamentos agressivos e violentos (APAV, 2011). Caridade e Machado (2013) apontam a existência de uma contradição entre a elevada prevalência das condutas abusivas adotadas pelos jovens e a aparente reprovação, dos mesmos, de tais atitudes violentas. Parece assim existir uma discrepância entre os comportamentos e as crenças dos jovens. Também os fatores de risco individuais, relativos ao funcionamento psicológico do jovem, como a baixa autoestima e tolerância à frustração, a falta de competência a regular as emoções ou de resolução de problemas, assim como a presença de perturbações psicopatológicas, são preditores da prática de atos considerados violentos (APAV, 2011). Dentro dos fatores de risco relacionais pode-se salientar as próprias características da relação amorosa como a longevidade, o grau de compromisso, a instabilidade da relação, os divergências entre o casal e a insatisfação face ao relacionamento, podem aumentar o risco da prática de atos abusivos contra o/a namorado(a) (APAV, 2011). A longevidade da relação aumenta a probabilidade de ocorrerem conflitos que poderão originar o recurso a práticas abusivas. A violência no namoro é linearmente proporcional à longevidade da relação, ou seja, a agressão física aumenta á medida que a duração do relacionamento amoroso aumenta (Gover et al., 2008; Luthra & Gidycz, 2006). Este facto pode ser explicado pelo crescente conhecimento acerca da personalidade e hábitos do/a parceiro/a, assim como o aumento da confiança. A confiança alentada ao longo da relação, permite ao agressor sentir-se mais à vontade não só para criticar o/a parceiro/a, mas também para o punir. Gover et al. (2008) explica que a natureza de algumas relações íntimas, por exemplo as marcadas pela ausência de compromisso, ou comummente designadas de amizades coloridas, podem suscitar sentimentos de ciúme e frustração no sexo feminino ampliando o risco de perpetração de comportamentos controladores e opressivos. Geralmente, as relações conjugais abusivas são

30 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 17 precedidas de relacionamentos amorosos já violentos, pautadas por estratégias de controlo e restrição da autonomia, provocando o afastamento das relações sociais (Matos, 2000). No entanto os jovens entendem este tipo de comportamento como a demostração de amor ou ciúme e não como uma forma de violência (Caridade & Machado, 2006). Ainda relativamente à dinâmica relacional, um forte preditor da violência no namoro é a assimetria de poder entre os parceiros íntimos (Kaura & Allen, 2004). A inexperiência relacional e a imaturidade são fatores de risco associados à violência no namoro. Também a procura pela independência e emancipação relacional, faz com que os jovens nas suas diversas experiências, apresentem dificuldade em identificar facilmente sinais de risco para a violência (Matos et al., 2006). A perpetração de violência exercida em relacionamentos amorosos anteriores contra o/a namorado/a é um importante fator de risco a ter em conta, uma vez que se apresenta como um forte preditor para a manutenção e/ou reincidência do padrão de abuso, ou para o agravamento da violência exercida numa próxima relação (APAV, 2011). Também a relação com o grupo de pares pode aumentar o risco para a manifestação de violência no namoro. Assim, a convivência com pares desviantes que apresentem condutas delinquentes e de violação das normas sociais, bem como o contacto com envolvidos na perpetração de comportamentos agressivos e violentos, quer seja contra os pares, quer seja nas suas relações amorosas podem precipitar o recurso à violência nos seus relacionamentos de namoro (APAV, 2011; Foshee et al., 2010). Alguns estudos assinalam a violência interparental como um possível preditor da violência no namoro (Caridade & Machado, 2013; Gover, et al., 2008; Kaura & Allen, 2004; Oliveira & Sani, 2009). A exposição a ambientes familiares violentos, no qual a criança ou o jovem experienciou diferentes formas de violência no seio da família de origem (testemunhar a violência interparental ou sofrer de abuso perpetrado parentalmente) contribuem para aumentar a probabilidade de no futuro este se envolver em relações de namoro violentas e/ou

31 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 18 desvalorizar este tipo de práticas abusivas (Aldrighi, 2004; Caridade & Machado, 2013; Gover et al., 2008). Os comportamentos não terão de ser necessariamente iguais às condutas observadas, no futuro os jovens podem reproduzir quer idênticas, quer diferentes formas e atitudes violentas. Estes poderão vir a ser agressores ou vítimas, perpetuando assim a transmissão intergeracional da violência (Gover et al., 2008; Matos et al., 2006; Oliveira & Sani, 2009). Relativamente aos fatores de risco sociais e comunitários, é importante destacar a inexistência de normas sociais claras, ou seja, a escassez da nitidez das condutas socialmente aceitáveis e de comportamentos reprováveis. Também a adoção de práticas abusivos contra o/a parceiro/a, a desvalorização e falta de consciencialização do impacto da violência, a ausência de informação relativa à manifestação de violência nos relacionamentos contribuem para o aumento da ocorrência de violência nas relações amorosas (APAV, 2011). Crenças e Atitudes Legitimadoras da Violência no Namoro A análise das condutas violentas deve ser realizada num contexto social, histórico e económico, onde ambos os sexos desempenham diferentes papéis, oportunidades e posições sociais (Caridade & Machado, 2006). O fenómeno da violência está ligado às representações sociais e à categorização do que é considerado violento ou não-violento feito por cada pessoa e de acordo com às mais diversas situações (Ventura et al., 2013). As crenças que legitimam a violência nas relações amorosas podem ser vistas como formas estereotipadas que geram a problemática, negando-a ou justificando-a (Matos et al., 2006). Este tipo de crenças aumenta o risco de responsabilização da vítima pelas ocorrências, promovem a desculpabilização do agressor, privatizam o problema dos maus-tratos, banalizam a experiência da vítima, negam a gravidade dos maus-tratos, não reconhecem a sua dimensão criminal e podem conduzir a posturas de não denúncia e de não intervenção (Matos et al., 2006, p. 69). A violência é olhada de forma discrepante entre o sexo masculino e o sexo feminino, no sentido em que a violência nas raparigas aparece como forma de intimidação e para os rapazes a violência

32 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 19 surge como resposta às provocações efetuadas pelo sexo oposto (Caridade & Machado, 2006). Os jovens que registam uma maior adesão às crenças legitimadores da violência íntima tem maior probabilidade de se envolverem em relações abusivas, quer como vítimas, quer como agressores (Matos et al., 2006). Similarmente, Saavedra e Machado (2012) afirmam que as crenças erradas acerca da violência tendem a promover a culpabilização da vítima, a desresponsabilização do agressor e são importantes preditores do envolvimento em relacionamentos abusivos. De acordo com Machado et al. (2003), o sexo masculino, em comparação com o sexo feminino, apresenta valores superiores de aceitação e/ou tolerância da violência. Estes tendem a considerar a violência como aceitável dependendo da situação e dos comportamentos das mulheres, acham mais importante preservar a privacidade familiar e admitem que a violência pode ser atribuída a causas externas, fora do controlo do agressor como a existência de situações de pobreza e de dependência de álcool. Os mesmos autores referem ainda que muitas vezes os jovens tendem a confundir ciúme com amor, considerando a violência como um ato de revolta justificável pelo ciúme (Caridade & Machado, 2006; Machado et al., 2003). A APAV (2012) é perentória ao afirmar que a violência nunca é a forma de manifestar amor ou paixão por outra pessoa, assim como os ciúmes não servem como justificação para a prática de comportamentos violentos. Também a investigação realizada por Ribeiro e Sani (2008) menciona as razões atribuídas pelos jovens estudantes para legitimar a violência entre parceiros íntimos nomeadamente: as caraterísticas da vítima (e.g., a vítima provocar ou confiar no agressor), razões externas ao agressor (e.g., abuso de álcool ou perturbações mentais) e ainda a ausência de ligação entre o perpetrador e a vítima. O estudo desenvolvido por Ventura et. al. (2013) expõe que a maioria dos jovens inquiridos (68,9%) discordam das crenças legitimadoras da violência, no entanto surgem também respostas de concordância (11,8%). A fim de desculpabilizar o agressor, os inquiridos justificam as condutas violentas apontando causas externas (e.g., álcool e desemprego).

33 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 20 Os resultados da investigação levada a cabo por Machado et al. (2010) garantem uma relação positiva e estatisticamente significativa entre a legitimação da violência e o comportamento violento. Os dados confirmam as tendências reportadas noutros estudos: os alunos do sexo masculino aceitam mais a crença de que a violência nas relações íntimas pode ser justificada, no entanto desaprovam as condutas violentas (Ventura et al., 2013). Ainda que os jovens afirmem desaprovar a violência, os estudos mostram taxas de prevalência superiores aos casais maritais (Caridade & Machado, 2013). Assim sendo, constata-se que a violência considerada menos severa é minimizada no contexto das relações íntimas (Caridade & Machado, 2006). A família desempenha um papel preponderante na interiorização de valores que legitimam a utilização da agressividade, no sentido em que pode funcionar como a entidade que viabiliza os comportamentos violentos (Gover et al., 2008; Matos et al., 2006; Oliveira & Sani, 2009). O poder económico masculino, o isolamento social da mulher e os padrões culturais valorizam a submissão e a castidade do sexo feminino, desempenhando assim um papel importante na promoção da violência (Caridade & Machado, 2013). As conceções mais tradicionais de socialização do sexo masculino, como a resistência a atitudes mais afetivos e emotivas e a integração de papéis ligados à força física e a conflitos verbais para mostrar que é forte, legitimam atitudes de controlo e de agressão nos relacionamentos íntimos (Ventura et al., 2013).

34 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 21 Conclusão A análise da literatura permite concluir que a violência nas relações íntimas em jovens universitários é um fenómeno frequente. Na atualidade esta problemática tem vindo a adquirir dimensões preocupantes, apontado como um problema de saúde pública devido aos efeitos crónicos na saúde física e mental da vítima. As investigações científicas a nível nacional e internacional expõem percentagens significativas de evidência de comportamentos violentos nas relações de namoro, quer em termos de perpetração como de vitimação. A generalidade das investigações revelam que a violência entre os parceiros amorosos se tende a caracterizar por trocas mútuas de agressões. As formas menores de violência como insultar, difamar, gritar ou ameaçar, prevalecem às formas mais severas como por exemplo dar pontapés ou cabeçadas. O sexo feminino relata com mais frequência a perpetração de violência física nas relações de namoro. No entanto também é o sexo feminino o mais propenso a relatar a vitimação. O sexo masculino perpetra comportamentos mais agressivos de natureza física. Em relação aos fatores de risco apontados pelos diversos estudos para a perpetração da violência nas relações íntimas é de salientar a violência interparental como um preditor direto da violência no namoro. A exposição a ambientes familiares violentos parece contribuir para o aumento da probabilidade dos jovens se envolverem em relações de namoro violentas e/ou desvalorizarem as práticas abusivas. Os fatores de risco individuais relativos aos comportamentos desviantes, como o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas, são também identificados como um fator preditor de violência nas relações amorosas. Os estudos referem que os jovens inquiridos discordam das crenças legitimadoras da violência, no entanto são encontradas ainda respostas de concordância. Como respostas justificativas os jovens apontam: as características da vítima, a violência devida a causas externas, como o álcool ou o desemprego e a preservação da privacidade familiar. Pode

35 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 22 concluir-se que existe assim uma discrepância entre a elevada prevalência das condutas abusivas adotadas pelos jovens e a reprovação de tais atitudes. As crenças erradas acerca da violência tendem a promover a culpabilização da vítima, a desculpabilização do agressor e são importantes preditores do envolvimento em relacionamentos abusivos. A violência no namoro é dirigida tanto para o sexo feminino, como para o sexo masculino, não só para a população privilegiada nesta investigação, mas para a população no geral, é um problema complexo e multidimensional, que pode ter um impacto significativo para a vitima, resultando em danos diversos a curto e longo-prazo. Urge continuar a apostar na investigação e na implementação de programas de sensibilização acerca da violência nas relações de intimidade junto da população universitária a fim de surgirem mudanças nas crenças socioculturais e aumento de competências para gerir as situações de violência permitindo assim, no futuro, construir relações mais saudáveis.

36 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 23 Referências Bibliográficas Aldrighi, T. (2004). Prevalência e cronicidade da violência física no namoro entre jovens universitários do estado de São Paulo Brasil. Psicologia: Teoria e Prática, 6, Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (2011). Manual Crianças e Jovens vítimas de violência: compreender, intervir e prevenir. In APAV (Ed.), Violência no Namoro (pp ). Lisboa: APAV Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (2012). Tipos de Violência. Disponível em Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (2014). Violência no Namoro. Disponível em Caridade, S. (2011). Vivências Íntimas Violentas, Uma Abordagem Científica. Coimbra: Edições Almedina. Caridade, S. & Machado, C. (2006). Violência na intimidade juvenil: Da vitimação à perpetração. Análise Psicológica, 24(4), Caridade, S. & Machado, C. (2010). Violência na intimidade juvenil: prevalência, factores de risco e atitudes. In C. Machado (Ed.), Novas formas de vitimação criminal (pp ). Braga: Psiquilibrios Edições. Caridade, S. & Machado, C. (2013). Violência nas relações juvenis de intimidade: uma revisão da teoria, da investigação e da prática. Psicologia, XXVII(1),

37 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 24 Caridade, S., Machado, C., & Vaz, F. (2007). Violência no namoro: Estudo exploratório com jovens estudantes. Psychologica, 46, Foshee et al. (2010). Risk and protective factors distinguishing profiles of adolescente peer and dating violence perpetration. Journal of adolescent health, 48, doi: /j.jadohealth Gover, A., Kaukinen, C., & Fox, K., (2008). The relationship between violence in the family of origin and dating violence among college students. Journal of Interpersonal Violence, 23(12), doi: / Kaura, S. & Allen, C. (2004). Dissatisfaction with relationship power and dating violence perpetration by men and women. Journal of Interpersonal Violence, 19, doi: / Lima, G. & Werlang, B. (2011). Mulheres que sofrem violência doméstica: contribuições da psicanalise. Psicologia em Estudo, 16(4), Luthra, R. & Gidycz, C. (2006). Dating violence among college men and women: Evaluation of a theoretical model. Journal Interpers Violence, 21, doi: / Machado, C., Matos, M., & Moreira, A. (2003). Violência nas relações amorosas: comportamentos e atitudes na população universitária. Psychologica, 33, Machado, T., Macieira, I., & Carreiras, M. (2010). Violência nas relações de namoro: influência de crenças e área de formação. Psicologia Educação e Cultura, XIV(2),

38 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 25 Makepeace, J. (1981). Courtship violence among college students. Family Relations, 30, Matos, M. (2000). Violência conjugal: o processo de construção da identidade da mulher. Dissertação de candidatura ao grau de mestre em Psicologia, na especialidade de Psicologia da Justiça. Braga: Universidade do Minho. Matos, M., Machado, C., Caridade, S., & Silva M. (2006). Prevenção da violência nas relações de namoro: intervenção com jovens em contexto escolar. Psicologia: Teoria e Prática, 8(1), Moore, L. & Wesa, K. (1997). Domestic violence. Primary Care Update for Ob-Gyns, 4(6), doi: /S X(97) Miller, L. (2011). Physical abuse in a college setting: a study of perceptions and participation in abusive dating relationships. Journal of Family Violence, 26, doi: /s Oliveira, S. & Sani, I. (2009). Intergeracionalidade da violência nas relações de namoro. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, 6, Organização Mundial de Saúde (2002). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: OMS. Paiva, C. & Figueiredo, B. (2003). Abuso no Contexto do Relacionamento Íntimo Com o Companheiro: Definição, Prevalência, Causas e Efeitos. Psicologia, Saúde & Doenças, 4, Paiva, C. & Figueiredo, B. (2004). Abuso no relacionamento íntimo: estudo de prevalência em jovens adultos portugueses. Psychologica, 36,

39 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 26 Ribeiro, M. & Sani A. (2008). Crenças de adolescentes sobre a violência interpessoal. Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa. Saavedra, R. & Machado, C. (2012). Violência nas relações de namoro entre adolescentes: Avaliação do impacto de um programa de sensibilização e informação em contexto escolar. Análise Psicológica, 30, Shorey, R., Stuart, G., & Cornelius, T. (2011). Dating violence and substance use in college students: A review of the literature. Aggression and Violent Behavior, 16, doi: /j.avb Souto, C. & Braga, V. (2009). Vivências da vida conjugal: posicionamento das mulheres. Revista Brasileira de Enfermagem, 62(5), Ventura, M., Frederico-Ferreira, M., & Magalhães, M. (2013). Violência nas relações de intimidade: crenças e atitudes de estudantes do ensino secundário. Revista de Enfermagem Referência, 11,

40 VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 27 II PARTE ARTIGO EMPÍRICO

41 Running Head: VIOLÊNCIA FÍSICA NO NAMORO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS 28 Violência Física no Namoro em Jovens Universitários Ana Teixeira; Ricardo Barroso, & Elisete Correia Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Nota do autor Ana Teixeira, Ricardo Barroso e Elisete Correia, Departamento de Educação e Psicologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Correspondência acerca deste artigo deve ser endereçada para Ana Isabel Teixeira, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, Quinta de Prados, Edifício Complexo Pedagógico - Apartado 1013, Vila Real.

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