Trote solidário: gincana educativa como método para recepção de calouros
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- Edite Carneiro de Mendonça
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1 Trote solidário: gincana educativa como método para recepção de calouros Aline Torino Borges¹; Danyllo Denner de Almeida Costa¹; Jeferson Carlos de Oliveira Silva ¹; Lázaro Macedo Machado¹; Onésio Francisco da Silva Neto¹; Priscila Pereira Cavalcanti¹; Márcio José de Santana². ¹ Graduando do Curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal do Triângulo Mineiro Campus Uberaba membro do PET Agronomia ITTM ² Tutor do PET-Agronomia IFTM Introdução O trote universitário é considerado como um ritual de passagem da vida estudantil para a universidade e, na maioria das vezes, é conhecido por ser repleto de atos de zombaria, violência e humilhação. No Brasil, os trotes apareceram mais tarde em relação aos países europeus. As brincadeiras tiveram os seus primeiros registros após a chegada da Família Real, em 1808, época em que surgiram as universidades no país (UNIVERSITÁRIO, 2010). Durante a Idade Média, na Europa, ações violentas como queimar as roupas e raspar os cabelos eram uma maneira de evitar a transmissão de doenças. Entretanto, estes atos não configuravam o mesmo intuito no Brasil. Segundo STRAZZI, (2014) em 1831, ocorreu a primeira morte ocasionada pelo trote, tendo como vítima o estudante Francisco Cunha e Menese da Faculdade de Direito do Recife. A partir de então são muitas as histórias trágicas ligadas a trotes violentos praticados nas universidades brasileiras, a ponto de jovens desistirem do ingresso na universidade. Alguns exemplos recentes desses atos são: o caso do calouro de medicina Edson Tsung Chi Hsueh, da Universidade de São Paulo, que morreu afogado durante a realização de um trote em 1999; um aluno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro que também morreu afogado em 2009; em 2010, estudantes da Unicastelo, em Fernandópolis, foram obrigados a fumar, tirar as roupas íntimas, pedir dinheiro em semáforos e a beber álcool combustível; como também, em 2010, na Escola Superior de Propaganda e Marketing, também em São Paulo, um estudante foi agredido e teve ossos do nariz e do rosto quebrados (STRAZZI, 2014).
2 Em contraposição a estes trotes violentos, os trotes educativos foram a resposta para manter a tradição de recepção aos calouros sem atos de violência. Segundo Universitário (2010), a partir de 2000, as brincadeiras educativas ganharam espaço nas principais universidades brasileiras. Tendo em vista esta ação social, os integrantes PET Engenharia Agronômica, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro-Campus Uberaba, buscaram soluções alternativas para desenvolver o trote solidário como forma de recepção dos calouros. Com isso, em 2011 e 2012 iniciaram com plantio de árvores em toda Instituição. Mas foi a partir de 2013 que teve início a Gincana Educativa, que propôs evidenciar e conscientizar sobre a importância do trote solidário, a interação dos calouros na Instituição como um todo e possibilitar o contato com algumas áreas do curso de Engenharia Agronômica. Objetivos O objetivo deste trabalho é evidenciar e propor uma nova forma de recepção aos estudantes calouros do curso de Engenharia Agronômica com os integrantes do grupo PET para conhecer as atividades desenvolvidas pelo programa tutorial e conscientizar sobre a importância do trote solidário. Além de apresentar aos calouros a estrutura e os setores da Instituição, promover o contato com os professores, auxiliar na interação entre os próprios calouros e também conhecer as áreas de abrangência do curso. Metodologia Esta atividade foi organizada pelos próprios petianos juntamente com o apoio da coordenação do curso e ocorreu no final de março de Baseou-se em uma gincana de cunho educativo representada por uma sequência de provas com pontuações específicas sendo que os calouros foram divididos em duas equipes indicadas com cores diferentes de bandana de punho (verde e laranja). Primeiramente, houve uma apresentação aos calouros em sala de aula pelo tutor do PET Engenharia Agronômica, cuja o qual abordou uma visão sobre a importância do curso de Engenharia Agronômica; sobre a dinâmica de funcionamento do Instituto e seus pontos peculiares em relação à outras instituições; apresentou-se também as atividades que o grupo PET desenvolve nos âmbitos de ensino, pesquisa e extensão, além das apresentações pessoais
3 de cada petiano (nome, período e área de pesquisa) e depoimentos sobre a oportunidade e benefícios de participar do programa. Logo em seguida, conduziu-se os calouros para o setor de Solos da Instituição onde realizouse a primeira prova no valor de cinco pontos que consistiu na coleta de solo com trado holandês nas profundidades de 0-10 cm, cm, cm e cm. Era necessário colocar as amostras em saquinhos de plástico e identifica-los com caneta de retroprojetor conforme profundidade coletada, para isto foram selecionados três participantes de cada equipe. O grupo vencedor seria o que fizesse em menor tempo. Ainda no mesmo setor, a segunda prova foi um quiz e contou com a participação de todos calouros das equipes, onde fez-se uma série de perguntas básicas relacionadas a área de Agronomia e as disciplinas do curso, contemplando perguntas de verdadeiro ou falso e de múltipla escolha. Foram 10 questões elaboradas pelos petianos e quando o grau de dificuldade era maior havia prendas à serem cumpridas para a equipe que respondesse errado. As prendas foram: Corrida de Carrinho-de-Mão, pulverização de 15 litros de água com pulverizador costal em percurso pré-determinado com obstáculos e também coleta de cinco minhocas no minhocário. A equipe que acertasse mais questões teria 10 pontos. A terceira prova foi realizada no setor de Viveiricultura e era necessário fazer a semeadura em bandeja de isopor em menor tempo. Para isto, utilizou-se substrato, sementes peletizadas de alface (Lactuca sativa), marcador de furos e cronômetro, participaram dois calouros de cada equipe. O grupo vencedor da prova teria 15 pontos somados ao placar. Em seguida, no setor de Horticultura, cinco calouros de cada equipe tiveram que capinar uma área, levantar um canteiro e incorporar esterco no mesmo, o grupo vencedor seria o que fizesse o canteiro melhor elaborado em cinco minutos e teria 30 pontos. A limpeza da área foi realizada com enxada, posteriormente levantou-se o canteiro com auxílio de enxada e enxadão, e para delinear a área de 3 m² foram utilizadas estacas. O esterco estava localizado em uma porção distante da área do canteiro, para coletá-lo utilizou-se pá e carrinho-de-mão, e para incorporação e nivelamento do terreno fez-se uso do rastelo. O tempo foi marcado com auxílio de cronômetro. A quinta e última prova constituiu-se em colheita de três espécies frutíferas no setor de Fruticultura do Instituto e foi realizada em três momentos: colher aproximadamente três quilos de goiaba (Psidium guajava) sendo que, a equipe deveria conseguir um valor mais próximo do peso estipulado; em seguida, comer maior número de uvaia (Eugenia uvalha); e por fim, coleta mais rapidamente de um fruto do coqueiro (Cocos nucifera). Cada momento valeu um ponto e a equipe que acumulasse mais pontos ganharia a prova que valeria um total
4 de 40 pontos. Todos os calouros das equipes participaram e para realizar a prova foram necessários baldes, balança e cronômetro. Ao final da gincana, a equipe que somasse mais pontos seria a vencedora. Todos os calouros participantes uma premiação simbólica da Instituição. Resultados e discussão A equipe laranja acumulou o maior número de pontos ao decorrer das atividades, no entanto os principais resultados foram conseguidos na interação entre os envolvidos e no conhecimento adquirido pelos calouros, tanto dos assuntos técnicos (tarefas práticas realizadas) quanto dos temas teóricos, objeto de estudo durante o curso de engenharia agronômica (abordados principalmente durante a atividade do quiz). Essa afirmação se justifica em entrevistas que foram realizadas com os calouros, nas quais foram observadas opiniões como: achei muito importante o apoio que o grupo PET nos deu, pois mostrou que todos estão interessados em receber bem os ingressantes no curso, acho que o PET realizou um bom trabalho com os alunos ingressantes, porque gerou uma maior integração e acrescentou em conhecimento com as tarefas realizadas. A gincana foi uma forma boa de mostrar o que iremos aprender durante o curso e foi uma forma de trote solidário e achei interessante a recepção, as brincadeiras, o entrosamento maior inclusive entre a própria classe e o conhecimento de tudo o que será o curso. As atividades práticas se mostraram muito eficientes e, da mesma forma, os calouros se apresentaram eficientes em realizá-las. Isso se justifica no interesse dos mesmos pela realização das tarefas, pois uma das opiniões observadas através das entrevistas, conforme já citado anteriormente, foi a importância em se conhecer melhor, antecipadamente, sobre algumas atividades que são realizadas apenas em períodos mais avançados do curso de engenharia agronômica. Em pesquisa sobre a atividade da qual os alunos mais gostaram, a maioria respondeu que todas foram ótimas, portanto não saberiam classificá-las, no entanto alguns deram destaque as atividades realizadas no setor de olericultura, colocando em segundo plano as tarefas no setor de fruticultura, o que funcionou como uma crítica sobre os pontos negativos que podem ser melhorados. Conclusão
5 Fica evidente que o aprendizado recíproco entre alunos de vários períodos do curso de Engenharia Agronômica do IFTM, ou seja, com os alunos calouros por meio de gincanas, brincadeiras, práticas e essencialmente pelo diálogo livre e aberto entre eles, evidencia a importância de atividades educativas. Os novos alunos demonstraram interesse, curiosidade sobre o curso e empolgação pelos alunos formandos presentes e os alunos de outros períodos fizeram observação pessoal da evolução em que se encontram, praticando a humildade em repassar o que sabe. Assim, formando um cidadão consciente da sua carreira e que a possam defender depois de formado, utilizando um conhecimento lógico concreto e produtivo entre os alunos. Com isso, foi possível perceber a importância dessa atividade, de recepção dos calouros, para ocorrer a interação entre os alunos e destacar que é possível fazer o trote de forma educativa e sem violência. Referências STRAZZI, A. P. Trote universitário- Responsabilidade dos agressores Disponível em: Acesso em: 16 mai UNIVERSITÁRIO. História do trote Disponível em: Acesso em: 16 mai. 2014
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