SONDAGEM INDUSTRIAL RIO GRANDE DO SUL

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1 SONDAGEM INDUSTRIAL RIO GRANDE DO SUL MARÇO E 1º TRIMESTRE DE 2014

2 Março e I trimestre de Atividade segue fraca e otimismo é cada vez menor A Sondagem Industrial de março e primeiro trimestre de 2014 mostrou que os sinais de desaquecimento da atividade seguem presentes. Durante todo o trimestre, o indicador de produção ficou abaixo do padrão histórico e a utilização da capacidade instalada continuou abaixo do usual. O cenário adverso deteriorou as condições financeiras do setor e as expectativas. Em março, o indicador de produção, com 52,2 pontos, registrou o valor mais baixo para o mês em cinco anos, revelando que o crescimento (indicador acima dos 50,0 pontos) foi o menos abrangente do período. Na mesma direção, o indicador de evolução do emprego foi de 52,7 pontos, denotando expansão. Esse foi o segundo incremento seguido do emprego, após nove meses consecutivos de desaceleração. A utilização da capacidade instalada (UCI) também demonstra o arrefecimento da atividade industrial no mês. Contrariando a sazonalidade do período, o nível de UCI caiu de 75% em fevereiro para 74% em março, percentual abaixo da média do período de 75,4%, mantendo-se assim, em patamar inferior ao usual pelo 11º mês consecutivo. Em março, o indicador de UCI em relação ao usual caiu para 44,6 pontos. Os estoques de produtos finais da indústria de transformação gaúcha continuaram crescendo em março, levando-os a se afastar do planejado pelas empresas. O indicador de evolução de estoques recuou de 52,4 pontos em fevereiro para 51,5 pontos em março e o indicador em relação ao planejado pelas empresas aumentou de 51,0 pontos para 52,1 pontos no mesmo período. No primeiro trimestre, os principais problemas apontados pelas empresas seguem localizados, sobretudo, na elevada carga tributária e na competição acirrada do mercado, itens assinalados por 57,5% e 39,7% das empresas. A falta de demanda ganhou relevância e, mesmo com a atividade desaquecida, a obtenção de mão de obra qualificada continuou sendo um grande entrave. Os dois fatores foram assinalados por 33,6% das empresas. A contínua desaceleração da atividade repercutiu negativamente nos indicadores de condições financeiras das empresas, mostrando aumento da insatisfação com as margens de lucro (42,3 pontos), aceleração dos custos com matérias-primas (68,6 pontos) bem como Sondagem industrial Abril de Unidade de Estudos Econômicos 1

3 maiores dificuldades de acesso ao crédito (40,8 pontos), que não eram tão difíceis desde o segundo trimestre de Nesse cenário, as perspectivas futuras, ainda otimistas, estão cada vez mais contidas. O otimismo é o menor em cinco anos para o mês. Em abril, o indicador de demanda registrou 54,3 pontos, 4,0 pontos menor em relação a março, bem abaixo da média de 59,4 pontos para o mês nos últimos cinco anos. Como reflexo, os indicadores de expectativas para o emprego, para as compras de matérias-primas e para as exportações refletiram menor otimismo. Os resultados da Sondagem Industrial demonstram que o ano de 2014 começa com uma configuração pouco favorável para o setor e sem grandes expectativas de mudanças. Atividade desaquecida associada a margens de lucro insatisfatórias, alta dos custos de produção, dificuldades cada vez maiores de acesso ao crédito e baixa confiança no futuro dificulta a retomada do investimento e, por consequência, do crescimento sustentado. A persistência desse cenário adverso demonstra que setor não enfrenta apenas um problema conjuntural, mas estrutural, de falta de competitividade. Nível de atividade no mês de março de 2014 Produção cresce abaixo do esperado O indicador de produção registrou 52,2 pontos em março, denotando expansão em relação ao mês anterior. A expansão, todavia, foi bem menos abrangente que em anos anteriores, conforme demonstra a média de 58,8 pontos dos últimos cinco anos para o mês. A ocorrência pouco habitual do carnaval no mês deve ter impactado o indicador. O comportamento da produção em março foi distinto entre os portes de empresas. Cresceu nas pequenas (53,3 pontos) e grandes empresas (54,4 pontos) e caiu nas médias (47,6 pontos). O emprego industrial cresceu dentro do esperado para o mês, com indicador de 52,7 pontos. Vale destacar, contudo, que esse foi o maior valor desde maio de 2013, denotando a consolidação do aumento do emprego, que havia voltado a crescer em fevereiro depois de nove meses. A expansão do emprego foi maior entre as grandes (54,4 pontos) e pequenas empresas (52,4 pontos). Nas médias (50,0 pontos), houve estabilidade. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria gaúcha ficou em 74,0% em março, número que representou um recuo de 1 ponto percentual em relação ao mês de

4 fevereiro. Para as grandes empresas, o percentual apurado foi de 78,0% e para as pequenas e médias, 70,0%. A atividade industrial continuou abaixo do usual em março, que foi o 11º mês consecutivo em que a indústria utilizou sua capacidade produtiva abaixo do usual para o período. O indicador de UCI em relação ao usual situou-se em 44,6 pontos em março, recuando 2,8 pontos em relação a fevereiro. Todos os portes de empresas registraram a mesma situação. Volume de produção no mês Número de empregados no mês AUMENTO AUMENTO QUEDA QUEDA Utilização da capacidade instalada (%) UCI em relação ao usual no mês ACIMA DO USUAL ABAIXO DO USUAL fev/12 abr/12 jun/12 ago/12 out/12 dez/12 fev/13 abr/13 jun/13 ago/13 out/13 dez/13 fev/14

5 Estoques no mês de março de 2014 Estoques aumentaram e se afastaram do planejado pelas empresas Os estoques de produtos finais da indústria de transformação gaúcha continuaram crescendo em março, embora em ritmo menor do que o verificado no mês anterior. O indicador de evolução de estoques foi de 51,5 pontos com alguma diferença entre os portes de empresas: forte crescimento para as pequenas (54,7 pontos) e estabilidade para as médias (50,0 pontos) e grandes empresas (50,9 pontos). O ajuste de estoques aos níveis planejados pelas empresas, que começou em janeiro de 2014 e esteve muito próximo do fim em fevereiro, voltou a recuar. O volume de estoques excessivos ficou maior que o registrado no mês de fevereiro, pois o indicador cresceu de 51,0 pontos para 52,1 pontos. Nas pequenas (54,7 pontos) empresas, o problema dos estoques foi mais intenso. Nas grandes (51,2 pontos) e médias (51,4 pontos), os estoques estavam mais próximos do planejado em março. Estoques de produto final no mês Estoques de produtos finais Planejado AUMENTO ACIMA DO PLANEJADO QUEDA ABAIXO DO PLANEJADO Primeiro trimestre de 2014 Principais problemas Elevada carga tributária e competição acirrada de mercado mantém liderança no ranking A elevada carga tributária continuou sendo o maior problema para a atividade industrial gaúcha no primeiro trimestre de A avaliação foi compartilhada por 57,5% das empresas, sendo mais intensa ente as pequenas (64,5%) e médias (61,5%).

6 A competição acirrada de mercado também manteve o posto de segundo maior problema para as empresas, assinalada por 39,7% dos respondentes, visão compartilhada por todos os portes de empresas. A falta de demanda voltou a ganhar importância em relação ao trimestre anterior e foi um entrave tão sério quanto a falta de trabalhador qualificado, que perdeu relevância, ambos com 33,6% das respostas. A falta de trabalhador qualidade é um problema maior para as grandes empresas (38,1%) e menor para as médias (26,9%). A falta de demanda, por sua vez, atinge com mais intensidade as médias empresas (36,5%). O alto custo da matéria-prima perdeu importância relativa, mas manteve-se entre os cinco entraves mais importantes enfrentados pela indústria gaúcha no primeiro trimestre. O item obteve 32,9% das assinalações, 1,1 pontos percentuais a menos que no último trimestre de 2013, sendo particularmente, importante para as pequenas empresas (38,7%). Principais problemas enfrentados no trimestre Porte Total Pequeno Médio Grande Elevada carga tributária 57,5% 64,5% 61,5% 50,8% Competição acirrada de mercado 39,7% 38,7% 38,5% 41,3% Falta de demanda 33,6% 25,8% 36,5% 34,9% Falta de trabalhador qualificado 33,6% 35,5% 26,9% 38,1% Alto custo da matéria-prima 32,9% 38,7% 32,7% 30,2% Taxas de juros elevadas 21,9% 16,1% 21,2% 25,4% Falta de capital de giro 20,5% 16,1% 30,8% 14,3% Taxa de câmbio 13,0% 3,2% 17,3% 14,3% Inadimplência dos clientes 11,6% 16,1% 9,6% 11,1% Falta de financiamento de longo prazo 11,0% 12,9% 13,5% 7,9% Falta de matéria-prima 7,5% 6,5% 7,7% 7,9% Capacidade produtiva 6,8% 0,0% 1,9% 14,3% Distribuição do produto 4,8% 9,7% 3,8% 3,2% Outros 3,4% 6,5% 3,8% 1,6% Situação financeira no primeiro trimestre de 2014 Aumenta a insatisfação com a situação financeira No primeiro trimestre de 2014, piorou o nível de satisfação dos empresários gaúchos com a margem de lucro. O indicador situou-se em 42,3 pontos, 3,2 pontos abaixo do mês anterior, apresentando a segunda queda consecutiva. O índice se afastou da linha divisória de

7 50 pontos, indicando maior insatisfação do empresário industrial de todos os portes de empresa. A situação financeira também foi considerada insatisfatória para os empresários gaúchos em março. O indicador caiu 1,4 pontos com relação a fevereiro, alcançando os 48,2 pontos. Esse cenário não foi consensual entre os portes de empresa: há insatisfação entre as pequenas (42,7 pontos) e médias (48,5 pontos), enquanto as grandes se mostraram satisfeitas (50,8 pontos). O índice de condições de acesso ao crédito em março caiu 3,8 pontos em relação a fevereiro e alcançou 40,8 pontos, mostrando que as condições de acesso ao crédito ficaram ainda mais difíceis para a indústria gaúcha. O resultado por portes evidencia que a dificuldade foi comum a todas empresas. O indicador de evolução dos preços das matérias-primas utilizadas pelas indústrias gaúchas mostrou um aumento na intensidade do crescimento. O índice foi de 68,6 pontos, mostrando que o aumento de preços é disseminado, sobretudo, nas pequenas empresas (75,0 pontos). Margens de lucro operacional Situação Financeira BOA BOA RUIM RUIM 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2013/4 2014/1 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2013/4 2014/1 Acesso ao crédito Preços das matérias primas

8 FÁCIL DIFÍCIL AUMENTO QUEDA 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2013/4 2014/1 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2013/4 2014/1 Expectativas em abril de 2014 para os próximos seis meses O otimismo é cada vez menos disseminado Os indicadores de expectativas para os próximos seis meses revelaram o menor otimismo em cinco anos. Em abril, o índice para a demanda registrou 54,3 pontos, o que revela projeção de crescimento. Porém, houve um recuo de 4,0 pontos em relação à percepção vigente em março e 5,1 pontos abaixo da média para o mês nos últimos cinco anos (59,4 pontos). A avaliação pouco otimista é compartilhada por todos os portes da indústria. Em sintonia com a demanda projetada, a geração de emprego deverá desacelerar nos próximos meses. O índice de evolução do emprego caiu 1,6 pontos e alcançou 50,8 pontos em abril, o que denota, pela proximidade com a marca divisória dos 50 pontos, um ligeiro crescimento, que deverá ser um pouco mais intenso nas grandes empresas (52,0 pontos). As expectativas para as compras de matérias-primas revelam um crescimento menos intenso que o esperado em março. O índice passou de 57,3 em março para 54,1 pontos em abril, o mais baixo em cinco anos para o mês, refletindo a projeção com relação ao comportamento futuro da demanda. A avaliação é compartilhada por todos os portes de empresas. As exportações industriais também deverão apresentar um fôlego menor nos próximos seis meses. Após bater o recorde histórico no mês passado, o indicador de evolução das exportações voltou a cair 6,4 pontos e registrou 53,3 pontos, ainda indicando crescimento. A desaceleração deverá ser ainda maior entre as grandes empresas (51,4 pontos).

9 Expectativas de demanda Expectativas de emprego DE AUMENTO DE AUMENTO DE QUEDA DE QUEDA Expectativas de compra de insumos e matérias-primas Expectativas de quantidade exportada EXPECTATVA DE AUMENTO DE AUMENTO DE QUEDA DE QUEDA Perfil da amostra: 146 empresas sendo 31 pequenas, 52 médias e 63 grandes. Período de coleta: De 1 a 10 de abril de 2014.

10 GLOSSÁRIO Como é feita a pesquisa? Realizada mensalmente. Trimestralmente, um conjunto adicional de questões é avaliado. Deve ser avaliada a partir de pontos situados entre seus limites: 0 (zero) : avaliação negativa, estoque abaixo do planejado ou UCI abaixo do usual. 50 (cinquenta): indiferente, estoque dentro do planejado ou UCI dentro do usual. 100 (cem): avaliação positiva, estoque acima do planejado ou UCI acima do usual. NOTA A Sondagem industrial é elaborada pela unidade de Política Econômica da CNI em conjunto com as Federações de Indústria de 23 estados do Brasil (no caso do RS Unidade de Estudos Econômicos - FIERGS), embora sejam consultadas empresas de todo o território nacional. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas freqüências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos indicadores dos grupos de empresas Pequenas (entre 10 a 49 empregados), Médias (entre 50 e 249 empregados) e Grandes (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a CEE/TEM competência 2009.