Introdução ao pensamento filosófico de Henrique C. de Lima Vaz. O problema da intersubjetividade na antropologia vazeana 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Introdução ao pensamento filosófico de Henrique C. de Lima Vaz. O problema da intersubjetividade na antropologia vazeana 1"

Transcrição

1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PUC Minas Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa Curso de Filosofia 6º Período Disciplina: Filosofia Contemporânea II (Filosofia no Brasil) Prof. Ismar Dias de Matos Introdução ao pensamento filosófico de Henrique C. de Lima Vaz O problema da intersubjetividade na antropologia vazeana 1 1. A importância de H. C. de Lima Vaz e seu pensamento Ao estudarmos a história da Filosofia no Brasil, mesmo que panoramicamente, deparamo-nos com um pensador de singular importância, como o jesuíta Henrique Cláudio de Lima Vaz 2, cuja produção filosófica foi marcada por uma trajetória através da qual se tem acesso ao desenvolvimento dos marcos principais do pensamento filosófico. Conhecedor das fontes clássicas, medievais, modernas e contemporâneas, seu pensamento ficou marcado pelo rigor e pela familiaridade com que lidava com os autores estudados. Tal fato ficou evidenciado pela riqueza que suas citações bibliográficas atestam. Filósofo erudito, homem de vasta cultura, Lima era portador de enorme bagagem filosófica, que lhe conferiu autoridade para propiciar chaves interpretativas lúcidas na busca de uma compreensão dos acontecimentos históricos de nosso tempo, como para pensar as questões mais abrangentes do espaço da Ética, da Política, da Antropologia, da História e da Sociedade. A primeira fase de seu pensamento coincide com o tempo de sua formação filosófica. Nessa fase, os autores mais estudados foram Platão, Aristóteles e Tomás de Aquino, lidos a partir de uma perspectiva ontológica e metafísica, investigando, a partir deles, o problema da possibilidade de uma ciência do ser e uma justificação do Absoluto portador do predicado de transcendente. 1 O presente estudo tem como base a dissertação de mestrado A ontologia da intersubjetividade em Henrique Cláudio de Lima Vaz, de Rubens Godoy Sampaio, Belo Horizonte: UFMG, 1999, 223 p. (mimeo). 2 Mineiro de Ouro Preto, Lima Vaz nasceu em 24 de agosto de Estudou no Colégio Arnaldo, de Belo Horizonte. Ingressando na Companhia de Jesus, cursou Filosofia em Nova Friburgo, RJ, e fez Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma. Foi ordenado sacerdote em 15 de julho de Obteve o doutorado em Filosofia, em Roma, com uma tese sobre a dialética e a intuição nos diálogos platônicos da maturidade. Autor de vasta obra filosófica, Padre Vaz exerceu o magistério por quase 50 anos. Faleceu em 23 de maio de Além da dissertação que serve de base para o presente estudo, até 1999 três teses abordaram o pensamento vazeano: CRISTÓVÃO DOS SANTOS, Pedro Paulo. Ética e história, BH, UFMG, 1965; GAMBIN, Pedro. História e absoluto no pensamento de H.C de Lima Vaz, Porto Alegre: PUC, 1982 (mestrado); SCHMIDT, João Pedro. Teoria e práxis no pensamento de H.C de Lima Vaz. Porto Alegre, UFRGS, 1988 (mestrado). 1

2 A segunda fase caracterizou-se pelo seu encontro com o criticismo moderno. Estudou Galileu, Descartes, Spinoza e Kant, procurando alcançar uma síntese entre o tomismo e o método transcendental. Nessa fase, Lima Vaz descobre a presença de uma nova racionalidade, diferente da racionalidade teleológica que caracterizava a ontologia antiga. O filósofo percebeu a existência de duas racionalidades distintas e possíveis: uma nomotética e outra hipotético-dedutiva. O contato com o pensamento de Hegel, nessa fase, deixou marcas indeléveis no pensamento vazeano. A terceira fase foi fortemente marcada pelo pensamento hegeliano, quando Lima Vaz assimila um terceiro tipo de racionalidade: a racionalidade dialética de Hegel que transcreve a universalidade nomotética na moderna metafísica da subjetividade e a qual vem se fazendo presente na reflexão vazeana desde seu doutoramento. A última fase do pensamento vazeano caracteriza-se pelo reencontro da tradição filosófica na contemporaneidade. O filósofo percebeu que era necessário um reencontro com pensamento da tradição filosófica num nível mais elevado, de maneira que esse retorno assumisse uma forma helicoidal. O objetivo de Lima Vaz, nessa fase, consiste em recuperar a idéia de sistema no sentido da articulação ordenada do pensamento, sem a qual não há leitura coerente da realidade, e a filosofia se esvai em gratuitos jogos de linguagem 3. O presente estudo servirá como uma introdução ao pensamento vazeano e abordará o pensamento de Lima Vaz dentro da terceira fase, ou seja, apresentará em linhas gerais o tema da intersubjetividade, presente em sua Antropologia Filosófica Itinerário para o estudo da intersubjetividade A abordagem vazeana da intersubjetividade procura realizar a ultrapassagem da relação da objetividade na qual o mundo é expresso na categoria de Natureza pela constituição da relação da intersubjetividade, na qual o ser-com-o-outro se exprime nas categorias da sociedade e da história e encontra seu fundamento último no Absoluto. Trata-se de um ir-e-vir ontológico da intersubjetividade, que tem como movimento dialético a suprassunção da não-reciprocidade do ser-no-mundo do sujeito na reciprocidade do seu ser-com-os-outros. A relação da intersubjetividade liga extremos recíprocos que afirmam, na mediação da linguagem, o primado da relação como tal. O horizonte de sentido da compreensão filosófica da categoria da intersubjetividade em Lima Vaz é o da ontologia do ser humano, 3 Sobre as fases do pensamento vazeano, ver artigo de Lima Vaz, Morte e vida da filosofia : Revista SINTESE NOVA FASE, v. 18, nº 55, Belo Horizonte, CES Loyola, 1991, p A obra está dividida em dois tomos: Antropologia filosófica I, Coleção Filosofia 15, São Paulo: Edições Loyola, 1991, 304 p., e Antropologia filosófica II, Coleção Filosofia 22, São Paulo: Edições Loyola, 1992, 261 p. 2

3 conceptualizado filosoficamente como movimento incessante de passagem ou mediação do dado para o significado, da natureza para a forma simbólica. 3. Os temas filosóficos constantes no pensamento vazeano A vasta obra de Lima Vaz possui cinco temas recorrentes, abordados a partir de um viés humanista: a) o mundo; b) o sujeito; c) a história; d) a cultura (a intersubjetividade e o ethos); e) a transcendência. a) O tema do mundo O tema aborda a relação de objetividade, a partir de quatro enfoques diferentes: o mundo como Physis (racionalidade clássica), o mundo como natureza científica (racionalidade empírico-formal), o mundo como conceito fenomenológico (racionalidade fenomenológica) e o mundo como mundo dos objetos (racionalidade técnica). No primeiro enfoque o mundo ou a natureza não compreendidos como Physis e possui um caráter orgânico (Physis como unidade), um caráter cósmico (Physis como ordem) e um caráter de absoluto englobante total da realidade, pois a Physis era pensada como o último englobante de tudo o que o homem podia conhecer. Tudo se desenrolava no interior da Physis. O que desafiou Lima Vaz foi como pensar a transcendência a partir do problema do mundo, ou seja, como se realizou a passagem conceptual da Physis clássica para a natureza criada por Deus. O segundo enfoque aborda a natureza a partir de um ponto de vista empírico-matemático, no qual a natureza é compreendida pelos instrumentos da ciência empírico-formal. Tem-se uma visão de mundo destituída das características de completude, finalismo e organicidade inerentes à visão clássica do mundo, mas que, por sua vez, possibilita ao homem ser senhor da natureza através de seu trabalho. O terceiro enfoque é fenomenológico, que trata de compreender o mundo como noção fenomenológica, ou seja, como correlato intencional da consciência. O quarto enfoque aborda o mundo técnico ou mundo dos objetos, não um mundo dado, mas um mundo construído racionalmente, que vem assenhorando-se da vida dos seres humanos. b) O tema do sujeito A Antropologia Filosófica, de Lima Vaz, aborda a noção de sujeito como expressividade, conceito modelado a partir da Lógica de Hegel. Para Lima Vaz, o tema do sujeito já se encontra em Platão quando ele coloca o problema da ciência da ciência, em Aristóteles quando ele argumenta com o cético em base ao princípio de não-contradição, e em Tomás de Aquino quando fala da reflexão inspirada em Agostinho. 3

4 O problema do sujeito surge na filosofia moderna com o EU PENSO, isto é, como sujeito transcendental fundante da certeza. Contudo, a noção de sujeito que se apresentou a Lima Vaz como a mais problemática, mais questionamente e mais original foi a noção hegeliana de sujeito como conceito. Conceito, para Hegel, é o analogado principal da noção de sujeito. Sujeito é aquele que porta em si uma espécie de vis dialética de autodesdobrar-se no seu próprio conhecimento construindo assim o sistema da sua auto-expressão. E tal sistema da auto-expressão do sujeito é o que Hegel chama de Ciência da Lógica. Para Hegel, portanto, o sujeito é o conceito desdobrando 5. c) O tema da história O tema da história foi tratado por Lima Vaz através da noção de consciência histórica que aos poucos foi sendo substituída pelo problema da inteligibilidade da história, pois a consciência histórica supõe que a história seja inteligível e compreensível pelo sujeito para que ele possa alcançar a consciência da história. Dentro desse tema, o interesse do filósofo se orientou para dois outros subtemas: a intersubjetividade e o ethos, pois não há como falar da história sem a elucidação do que sejam a intersubjetividade e o ethos. d) O tema da cultura (intersubjetividade e ethos) A cultura é um dos temas recorrentes na obra vazeana, pois é a obra humana por excelência. O tema se desdobra nos temas da intersubjetividade e do ethos. O problema fundamental da intersubjetividade para o autor é o problema do nós, uma vez que a relação eu-nós engloba a relação eu-tu, ou seja, a relação eu-tu acontece dentro da relação eu-nós 6. Em relação ao tema do ethos, o filósofo afirma que não há possibilidade de se pensar uma comunidade humana sem um ethos e, por isso, este ocupa o tema central da intersubjetividade. A comunidade é atravessada por dois grandes desafios. O primeiro é o de durar, e o segundo, durar num espaço de consenso, pois sem o espaço consensual ela se destrói e não dura. O espaço do consenso é garantido pelo ethos enquanto a duração é garantida pelo poder político. E o poder político só é poder político porque nasceu do ethos, sendo que o poder político se constitui com a submissão do próprio poder à lei, ao nómos. e) O tema da transcendência Todos os temas anteriores apontam e convergem para o tema da transcendência, que se coloca como o fundamento do mundo, do sujeito, da história e do sentido da história, bem como da comunidade ética e, portanto, 5 O tema é tratado por Lima Vaz na Antropologia filosófica I, p , capítulo sobre a categoria do Espírito, e em Antropologia filosófica II, p , capitulo sobre a categoria de transcendência. 6 Ver o capítulo sobre a intersubjetividade: Antropologia filosófica II, p

5 do ethos, ao mesmo tempo em que se apresenta como o fundamento de todos os outros temas aqui apresentados. A Antropologia Filosófica, de Lima, apresenta-se como o estuário no qual todos os temas apresentados irão desaguar, e serve para articular a arquitetônica do ser humano compreendido como pessoa. 4. Relevância do tema na intersubjetividade no contexto atual O individualismo moderno é o eixo de sustentação da característica mais notável da sociedade contemporânea. Constata-se uma fragmentação da idéia de homem nas várias ciências humanas, bem como uma crise histórica decorrente do entrelaçamento das sucessivas imagens de homem da cultura ocidental 7. A primazia dada ao funcional e ao operacional na sociedade tecnocientífica faz da eficácia, da produtividade, da utilidade, do remunerável e do lucrativo critérios teóricos e praxeológicos que ultrapassam os limites do relacionamento do homem com a natureza tecnocientífica para se estenderem no âmbito do existir em comum, isto é, na relação intersubjetiva, tornando-se também critérios e parâmetros normativos e decisivos desta mesma relação 8. A globalização da economia criou e universalizou uma forma de reconhecimento extremamente precária, a saber, o reconhecimento decorrente da capacidade de aquisição e consumo. Por fim, a filosofia contemporânea concebe o homem como um ser pluriversal, ou seja, ela reconhece uma pluralidade de lugares de sentido, a partir dos quais surge uma pluralidade de discursos antropológicos 9. Vê-se também que a lógica da sociedade da técnica e da ciência com sua primazia do operativo e do funcional provocou uma cisão entre a objetividade das ciências naturais e a subjetividade existencial dos aspectos relativos à Ética. A pretensão de reduzir o conhecimento à sua dimensão more geometrico acabou provocando a absorção do praxeológico no operativo, destituído do selo da normatividade ética. Conseqüentemente, a esfera da legitimação dos fins das ações acabou circunscrita unicamente ao horizonte das decisões subjetivas e irracionais. Portanto, no momento em que a história revela sua mais urgente necessidade de uma Ética Universal, pesa um interdito para se pensar o ético. Além disto, o mercado, como eixo organizador das sociedades capitalistas, neutraliza a tradição cultural, as estruturas simbólicas do mundo vivido, o fundo normativo dos conceitos de ação, bem como desconsidera a cultura, a sociedade, a personalidade e o mundo da vida a ele subjacente Cf. Antropologia filosófica I, p Cf. Antropologia filosófica II, p Cf. Antropologia filosófica I, p Cf. OLIVEIRA, Manfredo de Araújo. Ética e racionalidade moderna. São Paulo: Loyola, 1993, p

6 Após uma introdução em que se pôde ver os pontos principais da antropologia vazeana, serão analisadas, a seguir, três questões básicas para a compreensão do pensamento do autor: a intersubjetividade e a consciência histórica, o sentido da história como preparação do sujeito como expressividade, e a fundamentação ontológica da intersubjetividade. 5. Intersubjetividade e consciência histórica Lima Vaz analisa a questão do outro como consciência, a partir de uma perspectiva dialética que define o homem enquanto dialeticamente oposto e relacionado com o mundo. Consciência é a própria definição histórica do homem no seu confronto e na sua relação com o mundo; relação esta que é de oposição e de compreensão-transformação (Ontologia e história, p. 309). Essa consciência é intencional, é sempre consciência de alguma coisa. Ela define e especifica o homem enquanto este se distingue das simples coisas ou dos animais. A consciência faz do homem um sujeito, cujo ato específico é a compreensão do mundo e sua transformação. E a consciência é a forma de expressão do sujeito, que exprime o objeto para si, elevando o objeto à condição/dimensão de sentido. É pela consciência que o sujeito se situa face ao mundo como realidade dotada de sentido e a realidade se apresenta a ele como um mundo humano. Só o homem tem diante de si um mundo para compreender e transformar. O sujeito em sua situação real encontra-se numa comunidade de sujeitos, isto é, numa pluralidade de consciências. Deste modo, a consciência especifica-se pela outra consciência a ser conhecida. O outro enquanto simplesmente conhecido é apreendido pelo sujeito como objeto, contudo não se reduz a simples objeto, mas deve ser, além de conhecido como objeto, reconhecido como sujeito. O reconhecimento entre sujeitos é estabelecido através da relação mediada pela palavra. A origem e a originalidade da história humana se constituem pela comunicação das consciências no tempo pela mediação da palavra, da cultura. A consciência, como consciência histórica, se manifesta desde que os grupos humanos se constituem e realizam uma tarefa comum. Sem esta comunicação não é possível falar em história. O trabalho humano, enquanto ato de produção é assumido na totalidade do ato de consciência. Não se trata apenas de uma produção de bens materiais para fins de utilização, troca, ou de qualquer tipo de prestação de serviço com valor econômico. Tratase de algo procedente da pessoa, de uma realidade que transcende a esfera do instrumental. Enquanto ato humano, o trabalho é uma forma de manifestação pessoal através da qual o ser humano transforma e humaniza a natureza. O trabalho torna-se um elemento mediador entre as pessoas que se comunicam através da natureza humanamente modificada. (Ética Filosófica I, p. 126). Como pessoa (razão e liberdade) o homem transcende a natureza e, ao afrontá-la, esta relação homem / natureza torna-se conquista e construção de um sentido humano pela sua presença no mundo. Ser-no-mundo para o homem é, pois, ser-em-trabalho. E pelo trabalho o mundo torna-se um mundo-para-o-homem. Como a palavra, o trabalho é uma forma original de expressão humana,sendo, pois, um ato, uma obra de cultura. O trabalho é também palavra, é interpelação do outro, comunicação com o outro. (OH, p. 310). Toda essa reflexão vazeana sobre os temas da consciência, da palavra e do trabalho converge para a noção de consciência histórica, que exerce sobre a realidade uma relação de causalidade formal. Ela é a forma humana da realidade, enquanto realidade histórica. Neste sentido, a consciência histórica é a RAZÃO NA HISTÓRIA que tende a se exprimir como RAZÃO DA HISTÓRIA. 6

7 Com o intuito de aprofundar sua noção de consciência histórica, Lima Vaz apresenta três aspectos fundamentais da consciência histórica: a consciência como instrumento, como norma e como manifestação. A consciência histórica como instrumento permite a compreensão do sentido do existir histórico humano, do seu ser-no-mundo e ser-para-o-mundo. Pelo seu aspecto instrumental, a consciência histórica traduz a necessidade de que os homens de uma dada época só existem historicamente na medida em que são capazes de transmitir entre si um conjunto de significações envolvendo os aspectos fundamentais do seu próprio existir histórico: a comunicação com o outro, a compreensão e transformação do mundo. (OH, p. 324). A consciência histórica é norma para a realização do homem no tempo histórico em que lhe é dado viver, pois as iniciativas culturais, concepções e valores nos quais se exprime a consciência histórica, apresentam um aspecto de realização possível se dirigindo ao ser dos homens de sua respectiva época. Neste momento, surge a dimensão ontológica da consciência histórica, pois aqui o homem encontra a expressão das exigências fundamentais do seu ser-homem. Estas exigências são relativizáveis nas suas formas históricas. É através da consciência histórica que se manifestam os ideais de humanidade e a visão de mundo de uma determinada época, seus valores, suas concepções, etc. É o aspecto da consciência histórica que se apresenta como a estrutura de significação responsável pela integração das obras culturais de certa época, em sentido global. A noção de consciência histórica apresenta-se como a categoria de base de uma historiografia integral. Ela torna-se o fundamento da consciência historiadora (cf. OH, p. 326), através da qual a consciência histórica, como RAZÃO NA HISTÓRIA, toma consciência de si como RAZÃO DA HISTÓRIA, e que, portanto, demonstra a continuidade da história e a negação de um absurdo fundamental que impossibilitaria a comunicação humana. Após a apresentação destes três aspectos da consciência histórica é importante confrontar esta noção com o tema do Absoluto. Lima Vaz entende por Absoluto aquele cuja presença na estrutura da consciência se identificará com a exigência mesma que impõe ao homem assumir o seu ser como ser histórico, isto é, como ser criador de si mesmo e do mundo (OH, p.333). E para alcançar este Absoluto verdadeiro, o autor articulará um processo dialético, constituído de três momentos e que passará pela relação objetiva (através da qual se revelará a primeira figura do Absoluto), pela relação intersubjetiva (segunda figura do Absoluto) e finalmente alcançará o Absoluto de exigência presente na contextura essencial da História e fundador do sujeito singular e da comunidade de sujeitos. O ato de consciência é constituído pela tensão da síntese intenção / expressão. E o primeiro momento deste processo revela-se na infinitude da intenção e na necessária finitude da expressão. A tensão subsistente no ato de consciência não pode ser superada na linha do objeto, pois a intenção transcende todo objeto possível e implica a referência a um Absoluto inobjetivável. O Absoluto implicado no dinamismo da intenção só pode ser, portanto, sujeito. Desenha-se aqui, na perspectiva de uma tematização do problema da consciência histórica, a tarefa proposta por Hegel à reflexão filosófica no Prefácio à Fenomenologia do Espírito: pensar o Absoluto não como substância (objeto), mas como sujeito. Ora, o sujeito que se manifesta imediatamente como implicado no dinamismo da intenção é, precisamente, o sujeito mesmo da intenção, a consciência enquanto intencionante... A consciência-de-si é absolutamente inobjetivável (OH, p ). Portanto, a consciência-de-si do sujeito humano é a primeira figura do Absoluto. Ela se firma como consciência-de-si pela mediação do objeto, assumindo na expressão a 7

8 forma do objeto. E tal dualidade define a situação da consciência como consciência-nomundo e como consciência-do-mundo. É na consciência-de-si que o dinamismo da intenção atinge a primeira forma de sua infinitude e a primeira figura do Absoluto. Mas o sujeito situado tem sua subjetividade infinita limitada ou finitizada no horizonte do mundo dos objetos. Então, Lima Vaz colocase a seguinte questão: em que direção, pois, a intenção da consciência poderá reestabelecer a perspectiva do seu dinamismo infinito? (OH, p. 335). Para Lima Vaz, o Absoluto de exigência deve ser pensado como sujeito. Portanto, será na linha da relação intersubjetiva que a consciência-de-si ultrapassará, transbordará os limites do mundo, libertando assim a tensão infinita de seu dinamismo e abrindo-se à infinitude de outra consciência. Ora, o ser humano é ser-no-mundo e ser-com-o-outro, e elemento constitutivo de uma comunidade de sujeitos que se especifica pelo fenômeno da comunicação, que por sua vez implica o reconhecimento do outro como sujeito. É, pois, neste plano da relação intersubjetiva que a intenção reflexiva supera a tensão que opõe o sujeito singular ao mundo dos objetos, eleva o ser histórico ao nível do ser-com-outro no qual se realiza a comunicação das consciências, que por sua vez constitui a contextura específica da história. A História é a superação da oposição inicial entre as consciências-de-si e os objetos. Além disto, ela se constitui como um novo momento no processo dialético em que a tensão infinito / finito presente na estrutura da consciência exige a posição do Absoluto como sujeito, pois o encontro com o outro faz surgir, para além do sujeito singular, na comunidade mesma dos sujeitos, a figura do Absoluto inscrita no plano dialético em que as consciências se afrontam e se encontram no diálogo (OH, p. 337). Neste sentido, a situação dialógica como situação histórica fundamental do ser humano deseja a figura do Absoluto e, portanto, sua implicação real no contexto mesmo em que as consciências se comunicam. A História se constitui como uma figura do Absoluto e não Absoluto real, pois a relação intersubjetiva permanece ligada à contingência e à finitude do objeto. Não há transparência recíproca das consciências, bem como também não há coincidência do dinamismo infinito da intenção de cada sujeito singular com a infinitude do outro. Portanto, a relação intersubjetiva repõe a exigência do Absoluto real na contextura mesma da História, revelando a oposição fundamental entre o dinamismo infinito da intenção, voltando-se para o outro, e a condição empírica dos sujeitos que interpõe a mediação do mundo e seu conteúdo objetivo no espaço intencional em que as consciências se comunicam (OH, p. 338), oposição esta insuperável no plano histórico da comunicação das consciências. Neste sentido, a História exige o Absoluto como liberação do élan infinito da subjetividade. Portanto, o Absoluto de exigência está presente na contextura essencial da História, sua posição é exigida pela oposição que permanece na relação intersubjetiva entre a infinitude intencional dos sujeitos que se encontram, e a contingência empírica. Ele não se identifica, entretanto, com o processo histórico. Para que seja dialeticamente superada a oposição do sujeito e do mundo e a pluralidade espácio-temporal dos sujeitos, os riscos, em suma, da sua perda da condição de objeto, é necessário que a intenção da consciência vise ao Absoluto a um tempo como imanente à consciência-de-si e à relação intersubjetiva (isto é, como fundamento radical do seu ser) e como transcendente à limitação real dos sujeitos e à própria contingência do processo histórico. Enquanto funda o sujeito singular e a comunidade dos sujeitos no seu desdobramento dialético, a exigência do Absoluto é a exigência mesma de um sentido ou de uma inteligibilidade a ser dada à História como criação humana (OH, p. 340). 8

9 6. O sentido da história e a compreensão do sujeito como expressividade O presente tópico tentará abordar a influência hegeliana no pensamento de Henrique Cláudio de Lima Vaz, naquela que afirmamos ser a segunda fase de seu itinerário filosófico. Essa fase coincide com o tempo de sua atuação pastoral junto aos estudantes universitários que viviam os horrores da ditadura militar no Brasil. Lima Vaz busca fundamentar teoricamente a ação política da juventude usando os cânones de Hegel, desembocando no sentido da História e de seu sentido. Recorre à compreensão hegeliana da história e à crítica marxiana a Hegel. Em um momento de grande perplexidade da sociedade brasileira o da ditadura militar que se instalou em 1964 Hegel apresenta-se para Lima Vaz como um interlocutor privilegiado. Segundo o autor, Hegel teria sido talvez o primeiro filósofo a nos oferecer os conceitos e as regras para uma leitura filosófica da história que hoje vivemos e que, já no seu tempo, começara a manifestar os traços de uma história efetivamente universal (Cf. LIMA VAZ, Filosofia no Brasil Hoje, in: Cadernos SEAF, nº 1, BH, 1982, p. 61). E tal leitura apresenta-se como um convite à busca de formas de sociedade consensual, onde a dominação, que é a forma da violência e do absurdo, ceda lugar ao reconhecimento, que a forma da razão e da liberdade. (idem, p. 76). O pensamento hegeliano, contudo, é alvo de críticas: uma delas consiste na acusação de totalitarismo e procede da tradição analítico-liberal (cf. LIMA VAZ, Sociedade Civil e Estado em Hegel, in: Revista Síntese, n. 19, p. 27); uma outra, procedente de Marx e de seus seguidores, acusa Hegel de idealismo. E é sobre esta segunda que Lima Vaz trabalha. Ele afirma que a crítica marxista tinha a ilusão de haver superado Hegel em seu próprio terreno, na medida em que Marx acreditava poder fazê-lo pela simples inversão lógica dos termos das proposições dialéticas de Hegel (cf. Síntese, n. 19, p. 27). A leitura vazeana da obra de Hegel realiza-se como leitura da compreensão hegeliana da história e se faz obedecendo às exigências sistemáticas do pensamento hegeliano, cuja pressuposição basilar afirma que o tempo não é o outro do conceito, mas o conceito no seu ser-outro, na sua exterioridade, o que torna possível a sucessão temporal como sucessão histórica, como história verdadeira (cf. HEGEL, Filosofia do Direito, 1). E a realidade efetiva do conceito é oposta à contingência e à aparição inessencial do existir transitório (ou do tempo ainda não captado no próprio conceito) [cf. SEAF, n. 1, p. 65). A partir desse ponto de vista, pode-se falar de uma Idéia da História (cf. Filosofia do Direito, 1), que por sua vez permite distinguir o conceito na sua acepção sistemática da sua acepção usual de conceito abstrato (SEAF, n. 1, p. 65). Hegel define a história como progresso na consciência da liberdade. A história é, pois progresso, esse progresso se exprime em níveis de consciência e o objeto dessa consciência é a liberdade (SEAF, n.1, p. 65). E a significação hegeliana da idéia de progresso exprime a seqüência do curso histórico como uma constelação de fatores e eventos nos quais é possível descobrir a emergência de um sentido objetivo que aponta exatamente para o horizonte de uma realização sempre mais efetiva da liberdade (SEAF, n.1, p. 65). O tempo histórico é, pois, o lugar da manifestação sempre mis clara e nítida de um sentido pensado como efetivação da idéia que torna pensável a historicidade humana, a idéia de reconhecimento entre os homens, do consenso racional em torno da obra comum, em uma palavra, a idéia de liberdade. Liberdade é, para Hegel, a racionalidade radical da história, isto é, é a própria sensatez da história, é o núcleo da própria razão de ser da história. A exigência da realização efetiva da liberdade... é a única força que arrasta os homens para a edificação 9

10 de um mundo que é humano na medida em que abre espaços para a liberdade; e somente enquanto tal, é mundo histórico (SEAF, N.1, P. 66). A compreensão da história, como progresso na consciência da liberdade, implica uma concepção da história que se apresenta como um complexo jogo de mediações que será necessário articular na sua correta forma dialética. Para Hegel, é com Heráclito de Éfeso que pela primeira vez a dialética alcança um estatuto especulativo transbordando o plano da identidade abstrata, para se elevar à convicção que o movimento e a mudança constituem a essência de todas as coisas. É com Heráclito que ocorre uma transposição da dialética do plano subjetivo do entendimento para o plano objetivo do ser, e Hegel avança na sua adesão à dialética heraclitiana afirmando não haver uma única proposição de Heráclito que ele não tenha assumido em sua lógica O movimento dialético (triádico) de Hegel: universalidade, singularidade e particularidade O movimento dialético de Hegel é apresentado na Fenomenologia do Espírito, na Ciência da Lógica, na Enciclopédia e na Filosofia do Direito. Esses textos permitem distinguir, no pensamento dialético, dois aspectos fundamentais: o formal (6.1) e o teleológico (ver n. 6.2). O aspecto formal designa a estrutura triádica presente em todo o pensamento dialético: Universalidade, Particularidade e Singularidade. Esses três momentos definem, respectivamente, o conceito na sua universalidade, na sua particularidade e na sua singularidade. O UNIVERSAL é o conceito enquanto pressuposição da racionalidade primeira e constitutiva do real, enquanto resulta da supressão dialética da oposição entre o Ser e a Essência. A universalidade é a primeira das determinações do conceito, aquela que visa à totalidade que é primeiramente em si. Para Hegel, o universal abstrato não representa uma categoria original, que possa ser definida por ela mesma, mas a forma inadequada que reveste, face ao entendimento, o que a continuação do processo racional mostrará ser essencialmente concreto, pois o que existe e tem valor é o universal concreto. A universalidade abstrata tem a forma da imediatidade. O Particular é negação da racionalidade universal, indeterminada e abstrata; é o momento da determinação ou negação, no seio da universalidade. O movimento dialético é todo interior ao conceito (à racionalidade do real), portanto, a particularidade exprime a autodeterminação do conceito, seu livre poder de se realizar na limitação de seu particular. A particularidade constitui o segundo momento das determinações do conceito, mediando a universalidade e a singularidade. O Singular é a particularidade restituída da plena inteligibilidade do universal; é o conceito realizado, é o momento terminal da estrutura dialética. Não se trata do individual empírico, mas da suprassunção do particular no universal. O Singular é o terceiro termo do silogismo do ser-aí; trata-se de um particular refletido em si mesmo no momento da universalidade que o põe. Ele equivale ao concreto verdadeiro, especulativamente, determinado como tal. A singularidade, na lógica hegeliana, visa à terceira das determinações do conceito. Ela apresenta a identidade reflexiva na universalidade primeira e da particularidade na qual se exprime inicialmente sua riqueza. Segundo Hegel, o conceito como tal contém os momentos da universalidade, enquanto livre igualdade consigo mesma em sua determinidade; da particularidade, da 10

11 determinidade em que permanece o universal inalteradamente igual a si mesmo; e da singularidade, enquanto reflexão-sobre-si das determinidades da universalidade e da particularidade; a qual unidade negativa consigo é o determinado em si e para si, e ao mesmo tempo o idêntico consigo ou o universal (cf. Enciclopédia, 163). A singularidade não é para ser tomada no sentido de uma singularidade imediata apenas, segundo a qual falamos de coisas e de homens singulares; essa determinidade da singularidade só ocorre no juízo. Cada momento do conceito é, ele mesmo, o conceito todo ( 160); mas a singularidade, o sujeito, é o conceito posto como totalidade (Enciclopédia, 163) A razão na história A transcrição ou a aplicação dos três momentos do movimento dialético à história e à dialética da história faz com que o momento da universalidade do conceito exprima a pressuposição de um Sentido que articule o curso histórico e que possibilite sua tradução num discurso narrativo coerente, ou seja, que permita o pensamento da história. Tal sentido particulariza-se na contingência dos eventos, na situação dos atores históricos, na multiplicidade dos fatores que configuram as épocas, as culturas, as civilizações. A razão ou o sentido da história é a determinação do universal, na particularidade do tempo, do espaço e da constelação dos fatores históricos (SEAF, n. 1, p. 68). O momento da singularidade é a mostração, a apresentação da inteligibilidade dialética da história no agir histórico dos homens, nas suas obras históricas (cultura e instituições). O aspecto teleológico aponta para o caráter helicoidal, no qual se sintetizam a linearidade e a circularidade do movimento dialético hegeliano, ou seja, tal aspecto caracteriza-se por um movimento que é ao mesmo tempo progressão (linha) e retorno (círculo), cumulativo e progressivo. O movimento dialético e, com efeito, passagem da universalidade abstrata à particularidade e é volta ao universal na concretude da racionalidade (cf. SEAF, n. 1, p. 69). Para compreender como Hegel articula esses momentos da inteligibilidade dialética na sua reflexão sobre a história, Lima Vaz apresenta a situação histórica na qual se constituiu o hegelianismo. Em síntese, essa situação se caracteriza-se pelo desdobramento ulterior da passagem da matriz cosmológica na matriz antropológica, esta numa matriz historiológica do pensamento ocidental. Trata-se da passagem de uma universalidade nomotética para uma universalidade de caráter hipotético-dedutivo, e a partir desta resgatar dialeticamente a universalidade nomotética A concepção hegeliana do homem e sua repercussão na antropologia vazeana No sistema hegeliano, o homem é o resultado da articulação dialética dos momentos 1 da natureza, do espaço individual ou do espírito subjetivo, 2 do espírito na história ou espírito objetivo e, finalmente, 3 do Absoluto. Desta sorte a concepção hegeliana do homem integra os traços fundamentais que definiram o homem clássico, o homem cristão e o homem moderno ao mesmo tempo em que a modernidade inaugurada na Renascença cumpre o seu primeiro ciclo (cf. LIMA VAZ, Antropologia Filosófica I, p. 118). O Espírito subjetivo é comparável ao zoon logikón aristotélico no fim do ciclo da polis e à imago Dei de Tomás de Aquino (idem). CONCLUSÕES SOBRE A ANTROPOLOGIA VAZEANA 11

12 No centro das mais variadas expressões da cultura (mito, literatura, política, ciência, filosofia, ética), o ser humano se confronta com as perguntas fundamentais sobre si mesmo: - o que posso saber? (teoria do conhecimento) - o que devo fazer? (agir ético) - o que me é permitido esperar? (filosofia da religião) - o que é o homem? (antropologia filosófica). (Cf. AF I, p. 9). As respostas a estes questionamentos foram dadas por duas grandes correntes: Corrente naturalista (Lévi-Strauss, antropólogo e J. Monod, biólogo: fenômeno humano reduzido à natureza material. Corrente culturalista (Wilhelm Dilthey: ciências hermenêuticas/ciências empírico formais): acentua a originalidade da cultura e a separação do ser cultural e do ser cultural. A pergunta pelo homem encontra-se no interior da tensão cujos pólos são os da natureza e da cultura, colocando a AF diante de três tarefas: 1) Elaboração de uma idéia de homem que considere a tradição filosófica e as contribuições das ciências humanas; 2) Justificação crítica dessa idéia e que se apresente como fundamento da unidade dos múltiplos aspectos do fenômeno humano; 3) Uma sistematização filosófica que se constitua como Ontologia e responda ao problema clássico da essência o que é o homem? A sociedade contemporânea, que vem se constituindo na pauta da ideologia do individualismo, caracteriza-se em cinco aspectos: pela fragmentação da imagem de homem, pela compreensão pluriversal do homem, pelo predomínio da relação de objetividade, ou intrumental, na sua forma de compreensão explicativa ou tecnocientífica do fato social, pela precariedade do efetivo reconhecimento intersubjetivo, na sua forma universalizada pelo fenômeno da globalização, e ainda pela abrangência da sua crise de sentido. Perante este quadro teórico e prático, Lima Vaz escreve uma Antropologia Filosófica que faz interface com a Ontologia do homem. Em seu projeto filosófico é animado por um princípio conceitual unificador. Tal princípio é a unidade analógica da Razão, que lhe permite reabilitar a unidade estrutural e relacional do ser humano, não cedendo às várias formas de reducionismos que circunscrevem o homem à sua situação natural, ou cultural. Com isso, ele pode elevar as razões da convivência com os outros à ordem da necessidade intelectual, que é inerente à categoria antropológica. O fundamento último desta unidade da razão está na sua referência ao Absoluto, ou ao Sentido do Incondicionado, como termo intencional da categoria de transcendência. Lima Vaz elabora uma AF na qual o ser humano é compreendido como radical expressividade: como aquele que eleva o dado (natureza) ao nível do símbolo (cultura), consagrando a fórmula de Claude Bruaire: O homem é um ser dado a si mesmo (un être donné à lui-même... cf. AF II, p ). 12

13 O homem é compreendido como uma unidade que se realiza como pessoa. No seu confronto dialético com o mundo, que implica uma relação não-recíproca com o mundo-da-natureza, ele assume no discurso sobre si mesmo o eidos da relação de objetividade como elemento constitutivo do seu ser. No entanto, este discurso lança o homem para o nível da relação recíproca. Neste nível, o homem enquanto infinitude intencional irá confrontar-se com o outro sujeito, que também se manifesta como uma outra infinitude intencional. Este confronto se constitui como um encontro de sujeitos ou de infinitudes intencionais, que dá o substrato ontológico do reconhecimento intersubjetivo. Nesta etapa do discurso antropológico, o esforço vazeano consiste na tarefa de elaborar conceptualmente um tipo de reconhecimento que seja pleno e efetivo, sem que haja qualquer tipo de primazia do eu afirmante sobre o outro eu, e, nem mesmo do outro eu sobre o eu afirmante. Este encontro de inifinitudes intencionais que origina a relação dual EU-TU, a partir da qual tem lugar o trânsito dialético do EU para o NÓS, e do NÓS para o EU é o elemento fundante da conceptualização da História e da Sociedade, que por sua vez constituem o campo semântico da compreensão explicativa da categoria de intersubjetividade. No entanto, nem a História nem a Sociedade se identificam com o ser, e, por isso, o discurso não pode encontrar o seu termo último no horizonte da comunidade humana. Após a afirmação de que o homem é um ser-para-os-outros e um ser-comos-outros, o discurso deve prosseguir no nível da categoria da transcendência. A dialética interioridade-eterioridade vem sendo o fio condutor que perpassa o projeto onto-antropológico de Lima Vaz. Contudo, antes de iniciar o discurso sobre a transcendência, dada a constitutiva referência da razão humana ao Absoluto transcendente com a seu foco inteligível e unificador. Segundo Lima Vaz, a articulação conceptual da categoria de intersubjetividade com as regiões ontológica da Ética e da Política desdobra-se em quatro níveis: o nível do encontro interpessoal, do consenso espontâneo, do consenso reflexivo e do existir histórico. No nível do consenso reflexivo, origina-se o movimento dialético ternário que estrutura a sociedade a partir dos momentos do social, do político e do democrático. No momento do democrático, a partir da relação ontológica entre a Ética e a Política, a dignidade humana (conceito ético) pode realizar-se plenamente. No entanto, o advento da modernidade pós-cristã provocou uma ruptura entre o ético e o político. Na esteira desta ruptura, o homem moderno também presencia aquela inversão dialética do mensurante-mensurado e a conseqüente absolutização da práxis, que fez da primeira civilização universal a primeira civilização sem Ética. Esta problemática da crise ética exige o restabelecimento de uma nova figura da transcendência que consiga assegurar o equilíbrio conceptual fornecido pela matriz ternária Princípio-Ordem-Indivíduo. Desde modo, a passagem do discurso para o âmbito da categoria de transcendência realiza-se: em 1) primeiro lugar por exigência dos princípios que regem o método do discurso antropológico de Lima Vaz; e 2) em segundo lugar como exigência da reflexão sobre a profunda crise ética que o homem ocidental vive. 13

14 O ser humano é reconhecido por Lima Vaz como um ser aberto pra o horizonte infinito e universal do ser. Por isso, o homem se constitui como um ser livre e inteligente que não esgota todo o ser no horizonte do mundo e da história. Neste sentido o homem é um ser-para-o-absoluto. O homem existe na sua abertura transcendental para a universalidade do ser ou na sua adequação ativa com o ser, o homem existe verdadeiramente enquanto espírito, ou a vida propriamente humana é a vida segundo o espírito (AF I, p. 239). O resultado alcançado por Lima Vaz é a compreensão do homem como uma ipseidade e como um ser aberto para a alteridade (para o mundo, para o outro e para o Absoluto). À categoria de realização caberá a tarefa de unificar o mesmo e o outro indicando para o homem que sua tarefa principal é a de autorealizar-se: Torna-te o que és (Quod es, fias plenius...) Finalmente, a categoria de pessoa não tem como função específica acrescentar conteúdo algum ao discurso, mas constituir-se como a expressão acabada do EU SOU, ou ainda como a síntese dos momentos percorridos pelo movimento dialético que dirigiu toda a AF. A pessoa é a expressão com a qual o sujeito se exprime ou se diz a si mesmo. Para Lima Vaz, sem o fundamento do Transcendente é impossível vislumbrar alguma saída exeqüível para a profunda crise vivida pela civilização contemporânea. Na sua busca de organizar-se politicamente, o homem contemporâneo está construindo um tipo de democracia que prescinde da liberdade participante dos sujeitos integrantes do corpo político, atrofiando pois, a consciência moral dos cidadãos, que deveria estar ativamente participante do processo de constituição do Estado de Direito Democrático. Mais grave ainda é a constatação do paradoxo de uma civilização sem ética ou de uma cultura que, no seu impetuoso e aparentemente irresistível avanço para a universalização, não se fez acompanhar pela formação de um ethos igualmente universal, expressão simbólica das suas razões de ser e do seu sentido (Ética filosófica III, p. 130). Tal paradoxo teria surgido em primeiro lugar pelo abandono da Metafísica e de uma Razão que cedeu lugar à noção de que tudo é construído pelo homem e de que não há princípio algum fundante ao qual o homem, em última instância se refira. Em outras palavras, na origem deste paradoxo está a absolutização da práxis com o conseqüente abandono da postulação de um Absoluto transmundano e trans-histórico que guiou, durante dois milênios, a rota do homem ocidental na descoberta de si mesmo na sua auto-afirmação como pessoainteligência e liberdade. Lima Vaz tentou, num esforço intelectual titânico, redesenhar a conceptualização filosófica do Absoluto como exigência incondicional de sentido, na rota do homem moderno alienado nos sucedâneos deste sentido, a ideologia, o hedonismo, a história. 14

A origem dos filósofos e suas filosofias

A origem dos filósofos e suas filosofias A Grécia e o nascimento da filosofia A origem dos filósofos e suas filosofias Você certamente já ouviu falar de algo chamado Filosofia. Talvez conheça alguém com fama de filósofo, ou quem sabe a expressão

Leia mais

REMEMORAÇÃO E DIALÉTICA (INFLUÊNCIA HEGELIANA NO PENSAMENTO DE LIMA VAZ)

REMEMORAÇÃO E DIALÉTICA (INFLUÊNCIA HEGELIANA NO PENSAMENTO DE LIMA VAZ) REMEMORAÇÃO E DIALÉTICA (INFLUÊNCIA HEGELIANA NO PENSAMENTO DE LIMA VAZ) *Profa. Ms. Maria Celeste de Sousa Resumo: A filosofia de Lima Vaz é profundamente influenciada por Hegel e os dois conceitos que

Leia mais

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE Prof. Pablo Antonio Lago Hegel é um dos filósofos mais difíceis de estudar, sendo conhecido pela complexidade de seu pensamento

Leia mais

Mito, Razão e Jornalismo 1. Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP

Mito, Razão e Jornalismo 1. Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP Mito, Razão e Jornalismo 1 Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP Resumo Este trabalho tem como objetivo relacionar os temas mito, razão e jornalismo. Com uma

Leia mais

A Alienação (Karl Marx)

A Alienação (Karl Marx) A Alienação (Karl Marx) Joana Roberto FBAUL, 2006 Sumário Introdução... 1 Desenvolvimento... 1 1. A alienação do trabalho... 1 2. O Fenómeno da Materialização / Objectivação... 2 3. Uma terceira deterninação

Leia mais

Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco.

Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco. VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA Brasil Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia

Leia mais

A PRESENÇA DA ARTE NO PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO

A PRESENÇA DA ARTE NO PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO A PRESENÇA DA ARTE NO PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO Sandra Maria Zanello de Aguiar, e-mail:szaguiar@gmail.com. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Sociais Aplicadas.

Leia mais

QUESTÕES FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS: HEIDEGGER E O HUMANISMO

QUESTÕES FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS: HEIDEGGER E O HUMANISMO QUESTÕES FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS: HEIDEGGER E O HUMANISMO Bernardo Goytacazes de Araújo Professor Docente de Filosofia da Universidade Castelo Branco Especialista em Filosofia Moderna e Contemporânea

Leia mais

Antropologia, História e Filosofia

Antropologia, História e Filosofia Antropologia, História e Filosofia Breve história do pensamento acerca do homem Um voo panorâmico na história ocidental Cosmológicos 1. Embora o objeto não seja propriamente o homem já encontramos indícios

Leia mais

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial. (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar)

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial. (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar) INICIAÇÃO À ATIVIDADE FILOSÓFICA 1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial (Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar) As primeiras perguntas de qualquer estudante, ao iniciar o seu estudo

Leia mais

Elaboração de Projetos

Elaboração de Projetos Elaboração de Projetos 2 1. ProjetoS John Dewey (1859-1952) FERRARI, Márcio. John Dewey: o pensador que pôs a prática em foco. Nova Escola, São Paulo, jul. 2008. Edição especial grandes pensadores. Disponível

Leia mais

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN Prof. Helder Salvador 3 - A ANTROPOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA PEDAGOGIA. Para Edith Stein existe uma profunda relação entre os termos metafísica, antropologia e pedagogia

Leia mais

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia Hulda Gomides OLIVEIRA. Elza Kioko Nakayama Nenoki do COUTO. Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras. huldinha_net@hotmail.com

Leia mais

Sócrates - Platão - Aristóteles - Questões de Vestibulares - Gabarito

Sócrates - Platão - Aristóteles - Questões de Vestibulares - Gabarito Sócrates - Platão - Aristóteles - Questões de Vestibulares - Gabarito 1. (Uel 2012) Leia o texto a seguir. No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (natureza) que se manifesta no finalismo

Leia mais

O Planejamento Participativo

O Planejamento Participativo O Planejamento Participativo Textos de um livro em preparação, a ser publicado em breve pela Ed. Vozes e que, provavelmente, se chamará Soluções de Planejamento para uma Visão Estratégica. Autor: Danilo

Leia mais

A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS

A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS Kely-Anee de Oliveira Nascimento Universidade Federal do Piauí kelyoliveira_@hotmail.com INTRODUÇÃO Diante

Leia mais

Caracterização Cronológica

Caracterização Cronológica Caracterização Cronológica Filosofia Medieval Século V ao XV Ano 0 (zero) Nascimento do Cristo Plotino (204-270) Neoplatônicos Patrística: Os grandes padres da igreja Santo Agostinho ( 354-430) Escolástica:

Leia mais

UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1

UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1 UMA TOPOLOGIA POSSÍVEL DA ENTRADA EM ANÁLISE 1 Celso Rennó Lima A topologia..., nenhum outro estofo a lhe dar que essa linguagem de puro matema, eu entendo por aí isso que é único a poder se ensinar: isso

Leia mais

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA Dado nos últimos tempos ter constatado que determinado sector da Comunidade Surda vem falando muito DE LIDERANÇA, DE ÉTICA, DE RESPEITO E DE CONFIANÇA, deixo aqui uma opinião pessoal sobre o que são estes

Leia mais

INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA ANÁLISE SOB AS ÓTICAS MORAL E INSTITUCIONAL

INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA ANÁLISE SOB AS ÓTICAS MORAL E INSTITUCIONAL INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA ANÁLISE SOB AS ÓTICAS MORAL E INSTITUCIONAL ZANDONATO, Zilda Lopes - UNESP GT: Educação Fundamental/nº 13 Agência Financiadora: não contou com financiamento

Leia mais

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+ I - A filosofia no currículo escolar FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1 Daniel+Durante+Pereira+Alves+ Introdução O+ ensino+ médio+ não+ profissionalizante,+

Leia mais

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010 Fundamentos metodológicos da teoria piagetiana: uma psicologia em função de uma epistemologia Rafael dos Reis Ferreira Universidade Estadual Paulista (UNESP)/Programa de Pós-Graduação em Filosofia FAPESP

Leia mais

LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO FINAL 3 ano

LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO FINAL 3 ano LISTA DE EXERCÍCIOS RECUPERAÇÃO FINAL 3 ano 1. Apresente as ideias de Tese, antítese e síntese idealizados por Hegel. 2. Uma das faculdades mais importantes do ser humano é pensar. Nenhum homem conseguiria

Leia mais

RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO

RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO RESENHAS SCHMITT E STRAUSS: UM DIÁLOGO OBLÍQUO MEIER, Heinrich. Carl Schmitt & Leo Strauss. The Hidden Dialogue. Including Strauss s Notes on Schmitt s Concept of the Political & Three Letters from Strauss

Leia mais

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER DOS RECURSOS

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PARECER DOS RECURSOS 11) Assinale a alternativa correta que completa as lacunas da frase a seguir. No sentido geral, a ontologia, cujo termo tem origem na, se ocupa do em geral, ou seja, do ser, na mais ampla acepção da palavra,

Leia mais

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO. UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO. PARTE 1 O QUE É FILOSOFIA? não é possível aprender qualquer filosofia; só é possível aprender a filosofar. Kant Toda às vezes que

Leia mais

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 1 OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Leordina Ferreira Tristão Pedagogia UFU littledinap@yahoo.com.br Co

Leia mais

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA Rafael Nóbrega Araújo, graduando em História (UEPB) e-mail: rafaelnobreg@hotmail.com Patrícia Cristina Aragão,

Leia mais

BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, 2010. RESENHA

BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, 2010. RESENHA 1 BROCANELLI, Cláudio Roberto. Matthew Lipman: educação para o pensar filosófico na infância. Petrópolis: Vozes, 2010. RESENHA Francieli Nunes da Rosa 1 No livro Matthew Lipman: educação para o pensar

Leia mais

O CONFRONTO DAS TEORIAS DE HANS KELSEN E ROBERT ALEXY: ENTRE O NORMATIVISMO E A DIMENSÃO PÓS-POSITIVISTA

O CONFRONTO DAS TEORIAS DE HANS KELSEN E ROBERT ALEXY: ENTRE O NORMATIVISMO E A DIMENSÃO PÓS-POSITIVISTA 95 O CONFRONTO DAS TEORIAS DE HANS KELSEN E ROBERT ALEXY: ENTRE O NORMATIVISMO E A DIMENSÃO PÓS-POSITIVISTA Ana Augusta Rodrigues Westin Ebaid Docente do Núcleo de Pesquisa e Extensão do curso de Direito

Leia mais

Imagens de professores e alunos. Andréa Becker Narvaes

Imagens de professores e alunos. Andréa Becker Narvaes Imagens de professores e alunos Andréa Becker Narvaes Inicio este texto sem certeza de poder concluí-lo de imediato e no intuito de, ao apresentá-lo no evento, poder ouvir coisas que contribuam para continuidade

Leia mais

Gustavo Noronha Silva Higina Madalena da Silva Izabel Cristina Ferreira Nunes. Fichamento: Karl Marx

Gustavo Noronha Silva Higina Madalena da Silva Izabel Cristina Ferreira Nunes. Fichamento: Karl Marx Gustavo Noronha Silva Higina Madalena da Silva Izabel Cristina Ferreira Nunes Fichamento: Karl Marx Universidade Estadual de Montes Claros / UNIMONTES abril / 2003 Gustavo Noronha Silva Higina Madalena

Leia mais

EDUCAÇÃO, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

EDUCAÇÃO, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE EDUCAÇÃO, DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS: IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE INTRODUÇÃO Aflânia Dantas Diniz de Lima UFRPE aflanialima@hotmail.com Jackson Diniz Vieira UFRPE Jacksondv.sb@hotmail.com

Leia mais

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE Bruna Cardoso Cruz 1 RESUMO: O presente trabalho procura conhecer o desempenho profissional dos professores da faculdade

Leia mais

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática 1 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática Introdução Neste artigo apresenta-se uma pesquisa 1 que tem por tema a formação inicial de professores

Leia mais

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio

As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio As provas da existência de Deus: Tomás de Aquino e o estabelecimento racional da fé. Colégio Cenecista Dr. José Ferreira 1º Ano do Ensino Médio Tomás de Aquino (1221-1274) Tomás de Aquino - Tommaso d Aquino

Leia mais

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Unidade I PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO EDAAPRENDIZAGEM APRENDIZAGEM Prof. Wanderlei Sergio da Silva Conceito PDA estudo sobre o crescimento mental do indivíduo, desde o nascimento até a adolescência;

Leia mais

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO PROF. ME. RAFAEL HENRIQUE SANTIN Este texto tem a finalidade de apresentar algumas diretrizes para

Leia mais

UNIÃO EDUCACIONAL DO NORTE UNINORTE AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO

UNIÃO EDUCACIONAL DO NORTE UNINORTE AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO UNIÃO EDUCACIONAL DO NORTE UNINORTE AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO RIO BRANCO Ano AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO Pré-Projeto de Pesquisa apresentado como exigência no processo de seleção

Leia mais

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR Título do artigo: O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR Área: Gestão Coordenador Pedagógico Selecionadora: Maria Paula Zurawski 16ª Edição do Prêmio Victor Civita Educador

Leia mais

Filosofia O que é? Para que serve?

Filosofia O que é? Para que serve? Filosofia O que é? Para que serve? Prof. Wagner Amarildo Definição de Filosofia A Filosofia é um ramo do conhecimento. Caracteriza-se de três modos: pelos conteúdos ou temas tratados pela função que exerce

Leia mais

A crítica à razão especulativa

A crítica à razão especulativa O PENSAMENTO DE MARX A crítica à razão especulativa Crítica a todas as formas de idealismo Filósofo, economista, homem de ação, foi o criador do socialismo científico e o inspirador da ideologia comunista,

Leia mais

Composição dos PCN 1ª a 4ª

Composição dos PCN 1ª a 4ª Composição dos PCN 1ª a 4ª Compõem os Parâmetros os seguintes módulos: Volume 1 - Introdução - A elaboração dos Parâmetros curriculares Nacionais constituem o primeiro nível de concretização curricular.

Leia mais

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA Tema debatido na série Integração de tecnologias, linguagens e representações, apresentado no programa Salto para o Futuro/TV Escola, de 2 a 6 de maio de 2005 (Programa 1) INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO

Leia mais

Pedagogia Estácio FAMAP

Pedagogia Estácio FAMAP Pedagogia Estácio FAMAP # Objetivos Gerais: O Curso de Graduação em Pedagogia da Estácio FAMAP tem por objetivo geral a formação de profissionais preparados para responder às diferenciadas demandas educativas

Leia mais

Centralidade da obra de Jesus Cristo

Centralidade da obra de Jesus Cristo Centralidade da obra de Jesus Cristo MÓDULO 3 3ª AULA AULA 3 MÓDULO 3 SALVAÇÃO EM CRISTO Jesus no Centro Por que deve ficar claro isso? Dá para evangelizar sem falar de Jesus? É possível partir de outro

Leia mais

material dado com autoridade. Com isso, coloca-se, sobretudo, a questão, como essas valorações podem ser fundamentadas racionalmente.

material dado com autoridade. Com isso, coloca-se, sobretudo, a questão, como essas valorações podem ser fundamentadas racionalmente. Laudatio Robert Alexy nasceu em Oldenburg em 1945. Nesta cidade também realizou os seus estudos até o ensino secundário. No semestre de verão de 1968 ele iniciou o estudo da ciência do direito e da filosofia.

Leia mais

Processo de Pesquisa Científica

Processo de Pesquisa Científica Processo de Pesquisa Científica Planejamento Execução Divulgação Projeto de Pesquisa Relatório de Pesquisa Exposição Oral Plano de Pesquisa Pontos de referência Conhecimento Científico É a tentativa de

Leia mais

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS A principal preocupação de Descartes, diante de uma tradição escolástica em que as espécies eram concebidas como entidades semimateriais, semi-espirituais, é separar com

Leia mais

Antropologia Religiosa

Antropologia Religiosa Antropologia Religiosa Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos? Qual é a nossa missão no universo? O que nos espera? Que sentido podemos dar a nossa vida? Qual o sentido da história e do mundo?

Leia mais

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri Marx, Durkheim e Weber Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri Problemas sociais no século XIX Problemas sociais injustiças do capitalismo; O capitalismo nasceu da decadência

Leia mais

OS SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO PROFESSOR 1. Entendemos que o professor é um profissional que detém saberes de variadas

OS SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO PROFESSOR 1. Entendemos que o professor é um profissional que detém saberes de variadas OS SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO PROFESSOR 1 2 Entendemos que o professor é um profissional que detém saberes de variadas matizes sobre a educação e tem como função principal educar crianças, jovens

Leia mais

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E INCLUSÃO Schirley de Fátima Rietow Artur Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná. Atual aluna de especialização em Gestão

Leia mais

Filosofia - Introdução à Reflexão Filosófica

Filosofia - Introdução à Reflexão Filosófica Filosofia - Introdução à Reflexão Filosófica 0 O que é Filosofia? Essa pergunta permite muitas respostas... Alguns podem apontar que a Filosofia é o estudo de tudo ou o nada que pretende abarcar tudo.

Leia mais

Introdução. instituição. 1 Dados publicados no livro Lugar de Palavra (2003) e registro posterior no banco de dados da

Introdução. instituição. 1 Dados publicados no livro Lugar de Palavra (2003) e registro posterior no banco de dados da Introdução O interesse em abordar a complexidade da questão do pai para o sujeito surgiu em minha experiência no Núcleo de Atenção à Violência (NAV), instituição que oferece atendimento psicanalítico a

Leia mais

ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008.

ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008. ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008. Jaqueline Engelmann O cenário de discussão a respeito do ensino das mais diversas disciplinas escolares no Nível Médio e,

Leia mais

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 94 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na análise da fatura, consideramos fundamental ter em conta os vários aspectos que circundam e compõem uma obra. Atentar a fatores como escolha do material, poética, linguagem

Leia mais

O PENSAMENTO HEGELIANO: O SISTEMA E A DIALÉTICA. Resumo

O PENSAMENTO HEGELIANO: O SISTEMA E A DIALÉTICA. Resumo 1 O PENSAMENTO HEGELIANO: O SISTEMA E A DIALÉTICA Cassio Donizete Marques 1 Resumo Hegel é considerado um dos pensadores mais complexos de toda a história da filosofia. Seu pensamento estabelece, senão

Leia mais

Conteúdo Básico Comum (CBC) de FILOSOFIA do Ensino Médio Exames Supletivos/2015

Conteúdo Básico Comum (CBC) de FILOSOFIA do Ensino Médio Exames Supletivos/2015 SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS SUBSECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO MÉDIO DIRETORIA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Conteúdo

Leia mais

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA)

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA) Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA) Considerações sobre o Programa de Filosofia do Ensino Médio Regular

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES Alexandre do Nascimento Sem a pretensão de responder questões que devem ser debatidas pelo coletivo, este texto pretende instigar

Leia mais

RESENHA. Magali Aparecida Silvestre. Universidade Federal de São Paulo Campus Guarulhos e-mail: magali.silvestre@unifesp.br

RESENHA. Magali Aparecida Silvestre. Universidade Federal de São Paulo Campus Guarulhos e-mail: magali.silvestre@unifesp.br RESENHA Magali Aparecida Silvestre Universidade Federal de São Paulo Campus Guarulhos e-mail: magali.silvestre@unifesp.br Resenha da obra: Didática: embates contemporâneos Maria Amélia Santoro Franco (org.)

Leia mais

ILANA FINKIELSZTEJN EILBERG

ILANA FINKIELSZTEJN EILBERG ILANA FINKIELSZTEJN EILBERG O DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO E AS RELAÇÕES DE CONSUMO Dissertação de Mestrado apresentada como requisito final para obtenção do título de Mestre em Direito, no Programa

Leia mais

Planejamento e Gestão Estratégica

Planejamento e Gestão Estratégica Planejamento e Gestão Estratégica O Governo de Minas estabeleceu como um dos eixos norteadores da suas políticas públicas a eficiência na utilização dos recursos e a oferta de serviços com qualidade cada

Leia mais

A MEMÓRIA DISCURSIVA DE IMIGRANTE NO ESPAÇO ESCOLAR DE FRONTEIRA

A MEMÓRIA DISCURSIVA DE IMIGRANTE NO ESPAÇO ESCOLAR DE FRONTEIRA A MEMÓRIA DISCURSIVA DE IMIGRANTE NO ESPAÇO ESCOLAR DE FRONTEIRA Lourdes Serafim da Silva 1 Joelma Aparecida Bressanin 2 Pautados nos estudos da História das Ideias Linguísticas articulada com Análise

Leia mais

escrita como condicionante do sucesso escolar num enfoque psicanalítico

escrita como condicionante do sucesso escolar num enfoque psicanalítico escrita como condicionante do sucesso escolar num enfoque psicanalítico Meu objetivo aqui é estabelecer um ponto de convergência entre a apropriação da linguagem escrita, o fracasso escolar e os conceitos

Leia mais

GEPEMC, pesquisadora GRUPALFA/UFF. Professora do Programa de Pós-graduação/ FEUFF

GEPEMC, pesquisadora GRUPALFA/UFF. Professora do Programa de Pós-graduação/ FEUFF PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: OUTROS DIÁLOGOS NA FORMAÇÃO DOCENTE ARAÚJO, Mairce UERJ/mairce@hotmail.com * PEREZ, Carmen Lucia Vidal - UFF/vidalperez@urbi.com.br * TAVARES, Maria Tereza

Leia mais

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Resumo Gisele Gomes Avelar Bernardes- UEG 1 Compreendendo que a educação é o ponto chave

Leia mais

GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL E A PRODUÇÃO DE SUJEITOS PARA A DINÂMICA INCLUSIVA

GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL E A PRODUÇÃO DE SUJEITOS PARA A DINÂMICA INCLUSIVA GOVERNAMENTALIDADE NEOLIBERAL E A PRODUÇÃO DE SUJEITOS PARA A DINÂMICA INCLUSIVA Juliane Marschall Morgenstern 1 - UNISINOS Agência Financiadora: Capes/Proex Resumo: O presente trabalho compõe uma proposta

Leia mais

Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS)

Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS) Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS) A capacidade de gerar tecnologia e inovação é um dos fatores que distinguem os países ricos dos países pobres. Em sua maioria, essas novas tecnologias

Leia mais

PLANO DE AULA OBJETIVOS: Refletir sobre a filosofia existencialista e dar ênfase aos conceitos do filósofo francês Jean Paul Sartre.

PLANO DE AULA OBJETIVOS: Refletir sobre a filosofia existencialista e dar ênfase aos conceitos do filósofo francês Jean Paul Sartre. PLANO DE AULA ÁREA: Ética TEMA: Existencialismo HISTÓRIA DA FILOSOFIA: Contemporânea INTERDISCIPLINARIDADE: Psicologia DURAÇÃO: 4 aulas de 50 cada AUTORIA: Angélica Silva Costa OBJETIVOS: Refletir sobre

Leia mais

PALAVRAS-CHAVE: GRAMSCI; SOCIEDADE CIVIL; HEGEMONIA A SOCIEDADE CIVIL EM GRAMSCI

PALAVRAS-CHAVE: GRAMSCI; SOCIEDADE CIVIL; HEGEMONIA A SOCIEDADE CIVIL EM GRAMSCI PALAVRAS-CHAVE: GRAMSCI; SOCIEDADE CIVIL; HEGEMONIA A SOCIEDADE CIVIL EM GRAMSCI Introdução O pensamento político moderno, de Hobbes a Hegel, caracteriza-se pela tendência a considerar o Estado ou sociedade

Leia mais

PLANO DE ENSINO (2013-2016)

PLANO DE ENSINO (2013-2016) PLANO DE ENSINO (2013-2016) ENSINO RELIGIOSO Ensino Fundamental Anos (Séries) Finais BLUMENAU 2013 SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO... 3 2. JUSTIFICATIVA... 5 3. OBJETIVOS... 6 3.1. OBJETIVO GERAL... 6 3.2. OBJETIVOS

Leia mais

Educação para os Media e Cidadania

Educação para os Media e Cidadania Educação para os Media e Cidadania Sara Pereira Instituto de Estudos da Criança Universidade do Minho Com este artigo procura-se reflectir sobre a educação para os media como uma forma e uma via de educar

Leia mais

Título: A estrutura psicológica do espírito segundo Hegel

Título: A estrutura psicológica do espírito segundo Hegel Título: A estrutura psicológica do espírito segundo Hegel Versão parcial primeira versão Marly Carvalho Soares Resumo: A escolha da análise da estrutura psicológica do espírito se deu a partir da curiosidade

Leia mais

Eixo Anhanguera-Bandeirantes virou polo lean, diz especialista

Eixo Anhanguera-Bandeirantes virou polo lean, diz especialista Eixo Anhanguera-Bandeirantes virou polo lean, diz especialista Robson Gouveia, gerente de projetos do Lean Institute Brasil, detalha como vem evoluindo a gestão em empresas da região O eixo Anhanguera

Leia mais

CAPÍTULO 2 DEMOCRACIA E CIDADANIA

CAPÍTULO 2 DEMOCRACIA E CIDADANIA CAPÍTULO 2 DEMOCRACIA E CIDADANIA Nos dias de hoje os conceitos de democracia e cidadania são cada vez mais reconhecidos e relevantes para a realidade actual (Menezes, 2005; Ferreira, 2010; Perrenoud,

Leia mais

6. Considerações Finais

6. Considerações Finais 6. Considerações Finais O estudo desenvolvido não permite nenhuma afirmação conclusiva sobre o significado da família para o enfrentamento da doença, a partir da fala das pessoas que têm HIV, pois nenhum

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Departamento de Ciência Política Programa de Pós-Graduação em Ciência Política Área de Concentração: Teoria Política e Interpretações do Brasil Título da Disciplina: Ceticismo

Leia mais

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM INFANTIL NAS PERSPECTIVAS SÓCIO-HISTÓRICA, ANTROPOLÓGICA E PEDAGÓGICA: UM ESTUDO DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL Denise Fernandes CARETTA Prefeitura

Leia mais

Profa. Ma. Adriana Rosa

Profa. Ma. Adriana Rosa Unidade I ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Profa. Ma. Adriana Rosa Ementa A teoria construtivista: principais contribuições, possibilidades de trabalho pedagógico. Conceito de alfabetização: história e evolução.

Leia mais

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 2º SEMESTRE DE 2015

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO 2º SEMESTRE DE 2015 2º SEMESTRE DE 2015 Disciplina Projeto: Educação e Psicologia no Brasil: olhar histórico sobre a Educação Especial/Educação Inclusiva Docente: Profa. Dra. Mitsuko Aparecida Makino Antunes Horária: 4ª feira

Leia mais

O AMBIENTE MOTIVADOR E A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

O AMBIENTE MOTIVADOR E A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA O AMBIENTE MOTIVADOR E A UTILIZAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA Poliana Helena Batista Thomaz PUC-Campinas Maria Auxiliadora Bueno Andrade Megid PUC-Campinas Na pesquisa

Leia mais

A História do Pensamento Econômico e a Ciência Econômica. Prof. Dr. José Luis Oreiro Departamento de Economia UNB Pesquisador do CNPq.

A História do Pensamento Econômico e a Ciência Econômica. Prof. Dr. José Luis Oreiro Departamento de Economia UNB Pesquisador do CNPq. A História do Pensamento Econômico e a Ciência Econômica Prof. Dr. José Luis Oreiro Departamento de Economia UNB Pesquisador do CNPq. Pontos em Debate Por que estudar a história do pensamento econômico?

Leia mais

A LEITURA NA VOZ DO PROFESSOR: O MOVIMENTO DOS SENTIDOS

A LEITURA NA VOZ DO PROFESSOR: O MOVIMENTO DOS SENTIDOS A LEITURA NA VOZ DO PROFESSOR: O MOVIMENTO DOS SENTIDOS Victória Junqueira Franco do Amaral -FFCLRP-USP Soraya Maria Romano Pacífico - FFCLRP-USP Para nosso trabalho foram coletadas 8 redações produzidas

Leia mais

SABERES E PRÁTICAS DOCENTES: REPENSANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA

SABERES E PRÁTICAS DOCENTES: REPENSANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA SABERES E PRÁTICAS DOCENTES: REPENSANDO A FORMAÇÃO CONTINUADA Maria Cristina Ribas Rosinksi/Mestranda PPGE-UFSM Valeska Fortes de Oliveira/Orientadora PPGE-UFSM As pesquisas realizadas na área de Formação

Leia mais

CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA. A educação artística como arte de educar os sentidos

CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA. A educação artística como arte de educar os sentidos CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA Porto, Casa da Música, 29-31 de Outubro de 2007 A educação artística como arte de educar os sentidos Yolanda Espiña (Escola das Artes Universidade Católica Portuguesa)

Leia mais

CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA

CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA JÉSSICA LUIZA S. PONTES ZARANZA 1 WELLINGTON ZARANZA ARRUDA 2 1 Mestranda em Filosofia pela Universidade

Leia mais

Sistema de signos socializado. Remete à função de comunicação da linguagem. Sistema de signos: conjunto de elementos que se determinam em suas inter-

Sistema de signos socializado. Remete à função de comunicação da linguagem. Sistema de signos: conjunto de elementos que se determinam em suas inter- Algumas definições Sistema de signos socializado. Remete à função de comunicação da linguagem. Sistema de signos: conjunto de elementos que se determinam em suas inter- relações. O sentido de um termo

Leia mais

A EDUCAÇÃO QUILOMBOLA

A EDUCAÇÃO QUILOMBOLA A EDUCAÇÃO QUILOMBOLA Moura (2001) nos traz um desafio preocupante, não só a partir do debate sobre a melhoria estrutural das escolas em comunidades quilombola, da qualificação continuada dos professores,

Leia mais

IMPLICAÇÕES HUMANAS DO CUIDADO HOLÍSTICO NA ODONTOLOGIA: UM ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE MARTIN BUBER

IMPLICAÇÕES HUMANAS DO CUIDADO HOLÍSTICO NA ODONTOLOGIA: UM ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE MARTIN BUBER IMPLICAÇÕES HUMANAS DO CUIDADO HOLÍSTICO NA ODONTOLOGIA: UM ESTUDO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE MARTIN BUBER Enoque Fernandes de Araújo (autor); Wanderley Fernandes de Araújo; Margarida Fernandes de Araújo;

Leia mais

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo.

Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo. Curso: Diagnóstico Comunitário Participativo. Material referente ao texto do Módulo 3: Ações Básicas de Mobilização. O conhecimento da realidade é a base fundamental ao desenvolvimento social, que visa

Leia mais

CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO RAFAELA DA COSTA GOMES

CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO RAFAELA DA COSTA GOMES 1 CONCEPÇÃO E PRÁTICA DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM OLHAR SOBRE O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO RAFAELA DA COSTA GOMES Introdução A discussão que vem sendo proposta por variados atores sociais na contemporaneidade

Leia mais

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português

Breve histórico da profissão de tradutor e intérprete de Libras-Português O TRABALHO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS-PORTUGUÊS NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS. Resumo Autores: Sônia Aparecida Leal Vítor Romeiro Isabella Noceli de Oliveira Carla Couto de Paula Silvério

Leia mais

O que a Postura Consultiva tem a ver com Você

O que a Postura Consultiva tem a ver com Você O que a Postura Consultiva tem a ver com Você Marcelo Egéa M* O que é postura consultiva Criar e sustentar uma marca é um trabalho que exige o máximo de todos na empresa. Alguns têm contato direto com

Leia mais

Teologia e Prática da Espiritualidade. Unidade 01: Espiritualidade e espiritualidades. Introdução

Teologia e Prática da Espiritualidade. Unidade 01: Espiritualidade e espiritualidades. Introdução Teologia e Prática da Espiritualidade Unidade 01: Espiritualidade e espiritualidades Introdução Esta primeira unidade se trata de uma tentativa de encontrar definições possíveis para a espiritualidade,

Leia mais