Língua(gem), Tecnologia e Informação
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- Maria de Begonha Gil Macedo
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1 Língua(gem), Tecnologia e Informação Língua, Tecnologia e Informação A Ciência da Informação estuda vários aspectos sobre o acesso ao registro, acesso ideal de maneira eficiente e eficaz O registro de alguma maneira relaciona-se com a língua Seja pelo conteúdo, indexação ou interpretação A tecnologia é o meio necessário para acesso ao registro (papiro x papel x digital) A percepção da informação se faz pela audição e visualização do registro, e posterior interpretação mental (produção de conhecimento) 2 1
2 Documento, Linguagem e Informação Documento Registro da realidade em determinado suporte físico ou digital, que permite a recuperação Linguagem Capacidade humana de se comunicar simbolicamente, há várias linguagens inclusive uma nativamente humana (língua) Informação Conhecimento transmitido 3 Transferência de Conhecimento A transferência de conhecimento entre humanos ocorre de duas maneiras principais: Diretamente Pessoa a pessoa, por socialização (conversas não registradas, emissão e percepção de mensagens corporais) Indiretamente Por registros, que guardam um fato, uma ideia, um evento (Imagens, Livros, Revistas, Áudio, Vídeo) 4 2
3 A Transferência do Conhecimento Ocorre por Meio da Linguagem Linguagem Matemática Programação de Computadores Corporal Cinematográfica A Linguagem Natural (Língua) Na transferência de conhecimento sem registro Na transferência de conhecimento com registro (documento) 5 Linguagem, Informação e Tecnologia Questões filosóficas Uma pessoa pode ser um documento? A linguagem é um fenômeno somente humano? Informação pode ser um fenômeno puramente mecânico? Qual a relação entre documento, linguagem e informação? Questões estudadas em diversas áreas do conhecimento sob diversos aspectos Abertura da Ciência da Informação às divergências 6 3
4 Linguística 7 A Ciência Linguística Segundo Lyons (1979), É o estudo científico da língua. Investigação por meio de observações controladas e verificáveis empiricamente e com referência a uma teoria geral de sua estrutura. 8 4
5 Ciência Linguística Objetivo básico Determinar a natureza da linguagem, estrutura e funcionamento das línguas Linguagem como instrumento de comunicação para passagem de conhecimento 9 Ciência Linguística - direções Linguística Geral/Teórica Caráter teórico e geral, pois não se ocupa de nenhuma língua em particular, mas dos fatos em geral à todas as linguas e a maneira de abordá-los Linguística Descritiva Busca observar e descrever línguas testando métodos e técnicas visando descobrir como é a estrutura da língua e como funcionam as línguas (prescrição x descrição) Linguística Aplicada É a aplicação das descobertas e técnicas do estudo científico da língua para fins práticos, como ensino e fins computacionais 10 5
6 Linguística Visões Estruturalismo: Ferdinand de Saussure Estruturalismo (língua x fala) : A língua é um sistema de signos, ou seja, um conjunto de unidades informativas que se relacionam organizadamente dentro de um todo É a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo e obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade A fala é um ato individual, resulta das combinações feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua; expressada pelos mecanismos psicofísicos (atos de fonação) necessários à produção dessas combinações As duas partes são interdependentes, visto que a língua é a condição para produzir a fala, assim como não há língua sem o exercício da fala 11 Linguística Visões Gerativismo: Noam Chomsky Gerativismo (competência x desempenho) A língua é um sistema finito de regras e sons que geram um conjunto infinito de sentenças A competência linguística é um conjunto de regras linguísticas que o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata O desempenho corresponde ao comportamento linguístico, o uso das regras citadas resulta não apenas da competência linguística do falante, mas também de fatores não linguísticos: a exemplo de convenções sociais, crenças, atitudes emocionais do falante em relação ao que diz, pressupostos sobre as atitudes do interlocutor 12 6
7 Aquisição da Linguagem Chomsky chamou atenção para dois fatos fundamentais sobre a linguagem natural Em primeiro lugar, cada frase dita ou ouvida é uma nova combinação de palavras, que aparece pela primeira vez na história do universo. Por isso, uma língua não pode ser um repertório Sugere, em sua teoria, que no cérebro uma gramática prévia que possibilita ao falante construir um número infinito de frases a partir de uma lista finita de palavras. O que é denominado de Gramática Universal 13 Linguística - Visões Observe que: Estruturalismo língua sistema linguístico socializado de Saussure - aproxima a Linguística da Sociologia ou da Psicologia Social Gerativismo competência conhecimento linguístico internalizado de Chomsky aproxima a Linguística da Psicologia Cognitiva ou da Biologia 14 7
8 O Signo Linguístico Saussure considera a língua um sistema de signos - como o objeto específico da Linguística Signo: Significante (acústico) + Significado (conceito) A língua, para Saussure, é a expressão do pensamento que, sem ela, é uma massa amorfa e indistinta. A expressão não se dá diretamente do pensamento aos sons: ela é mediada pela língua, que é um sistema de signos. 15 O Signo Linguístico 16 8
9 Linguística Aspectos Temporais Anacrônico centrado no exame de suas possibilidades de funcionamento, ou seja, descrevem ou explicam quanto à sua natureza e função, atemporal Sincrônico descrever o funcionamento concreto da língua em um dado momento e lugar, procura conhecer o estado de língua Diacrônico observa-se as mudanças que a língua sofre com o decorrer do tempo 17 Variação Linguística Segundo Dubois (1973, p.609), variação é o fenômeno no qual, na prática corrente, uma língua determinada não é jamais, numa época, num lugar e num grupo social dados, idêntica ao que ela é noutra época, em outro lugar e em outro grupo social A língua é um organismo vivo, conforme já nos disse Saussure 18 9
10 Variação Linguística O estudo da variação diatópica considera a língua em suas ocorrências regionais linguagem urbana e rural Labov (1972), os dialetos rurais podem transformar-se em dialetos de classe nas zonas metropolitanas, com decorrência da migração dos falantes rurais para as ocupações urbanas de menor prestígio 19 Idade Sexo Raça ou cultura Variação Estilística Variação Linguística Variação sob circunstâncias em que o falante esteja se comunicando Oralmente ou por escrito, conforme a situação de fala permita um estilo mais informal ou exija uma linguagem mais formal Conforme o canal utilizado na comunicação 20 10
11 Níveis Linguísticos Fonética e Fonologia Estudam a descrição e uso dos sons das línguas Como os sons são produzidos no aparelho fonador (dentes, lábios, cordas vocais, etc.)? Quais as características das ondas sonoras de vogais e consoantes? Como os sons se juntam e formam sílabas e palavras? Morfologia Como as palavras se formam Como explicar o surgimento de novas palavras pela modificação de outras palavras? Como as palavras se modificam ao longo do tempo? Vossa Mercê > vossemecê > vosmecê > vosm cê > voscê > você > ocê > cê 21 Análise Fonética - Exemplo 22 11
12 Níveis Linguísticos Lexicologia e Lexicografia Estudo e construção de dicionários e vocabulários Como palavras mudam de significado ao longo do tempo? Como construir um dicionário eletrônico que relacione palavras? Sintaxe Observação e descrição da gramática Utilização de um método formal, capaz de descrever como as pessoas utilizam e estruturam a língua Descrição de uma gramática nativa de uma região 23 Níveis Linguísticos Semântica Estudo do significado das sentenças Como explicar a capacidade humana de compreensão de palavras e frases? Como as pessoas fazem generalizações de ideias a partir de determinadas sentenças? Pragmática e Discurso Estudo da língua em uso, o texto e o discurso Existe uma lógica (estrutura comum) nos diálogos entre duas pessoas? Como os jornalistas efetivam a coesão textual? 24 12
13 Processamento Linguístico e Recuperação da Informação 25 A Informação Imagética Substitui a Linguística? Se uma imagem vale mais do que mil palavras, então diga isto com uma imagem. Millôr Fernandes A língua está presente: Nas páginas WEB, redes sociais, artigos Vídeos Imagens Informação Multimodal 26 13
14 Linguística Computacional Para Vieira e Lima (2001), pode ser entendida como a área de conhecimento que explora as relações entre linguística e informática, tornando possível a construção de sistemas com capacidade de reconhecer e produzir informação apresentada em linguagem natural 27 Linguística de Corpus é uma área da Linguística que se ocupa da coleta e análise de corpus, que é um conjunto de dados linguísticos coletados criteriosamente para serem objeto de pesquisa linguística. As ferramentas computacionais são geralmente utilizadas para reorganização e extração de informações no corpus para observação e interpretação de dados, fornecendo novas perspectivas para a análise linguística
15 Linguística de Corpus O que se entende por corpus Uma coletânea de textos autênticos compilados segundo critérios pré-estabelecidos completos ou na forma de excertos de linguagem natural escritos ou orais produzidos sem a intervenção do pesquisador produzidos para comunicar informações e não para exemplificar o uso da língua legíveis pelo computador preparados para a pesquisa linguística 29 Linguística de Corpus O que não é um corpus Um conjunto de palavras Um conjunto de frases Um arquivo de textos Um conjunto de arquivos de textos Um dicionário ou um conjunto de dicionários Uma base de dados Uma base de conhecimento Uma biblioteca A WEB 30 15
16 Linguística de Corpus Características do corpus Modo Falado: fala transcrita Escrito: textos escritos, impressos ou não Tempo Sincrônico: um período de tempo Diacrônico: vários períodos Contemporâneo: tempo corrente Histórico: período de tempo passado Seleção De amostragem: porções de textos para ser amostra finita da língua Monitor: composição reciclada para refletir o estado atual de uma língua. Opõe-se a corpus de amostragem Dinâmico: crescimento ou diminuição são permitidos; qualifica o corpus monitor Estático: oposto de dinâmico; qualifica o corpus de amostragem Equilibrado (Balanced): os componentes (gêneros, tipos de textos, etc) são distribuídos em quantidades semelhantes; por exemplo, o mesmo número de textos por gênero. 31 Linguística de Corpus Características do corpus Conteúdo Especializado: textos de tipos específicos Regional ou dialetal: textos de uma ou mais variedades sociolinguísticas específicas Multilíngue: idiomas diferentes Autoria De aprendiz: não são falantes nativos De língua nativa Disposição Interna Paralelo: os textos são comparáveis, por exemplo, original e tradução Alinhado: traduções aparecem abaixo de cada linha do original Finalidade De estudo: corpus que se pretende descrever De referência: usado para fins de contraste com o corpus de estudo De treinamento ou teste: usado para o desenvolvimento de aplicações ou ferramentas de PLN
17 Linguística Computacional para Organização e Recuperação da Inf. Sumarização Automática de Textos Criação automática de resumos para textos on-line Indexação Extração de termos-chave para representar um documento Mineração de Textos Agrupamento e classificação de textos por tema Sugestão Automática de Conteúdos Sugestão de documentos (vídeos, imagens, texto) de acordo com o índice de outros elementos acessados pelo usuário Interação Humano-Computador Interação por texto, fala, por imagem e textos Mineração de opiniões em redes sociais Busca de opiniões em texto sobre um produto comercializado 33 Estudos em Linguística Computacional/Corpus para o Português Brasileiro Peculiaridades Linguísticas Nomes indígenas e de origem africana no português do Brasil As áreas técnicas e científicas possuem terminologia própria O português brasileiro é mais aberto a estrangeirismos que o português europeu A forma de escrita científica pode diferir, na forma ou na retórica em cada país, para uma mesma área do conhecimento 34 17
18 NILC Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (1993) 35 Português Brasileiro NILC (Nível Morfológico) Etiquetagem Os cursos de preparação profissional em Educação Física os_art cursos_n de_prep preparação_n profissional_adj em_prep educação_n Física_ADJ Radicalização aluno, alunos, alunas alun básico, basicamente basic comprou, comprava compr 36 18
19 Português Brasileiro NILC (Nível Léxico) Busca de padrões em textos, por autômatos finitos ou expressões regulares: (S): Selecionar todos os substantivos (S A): Selecionar todos os substantivos ou adjetivos (S prep S): Selecionar o padrão substantivo seguido de uma preposição e um substantivo (SA): Selecionar o padrão substantivo seguido de adjetivo 37 Português Brasileiro (Nível Sintático) 38 19
20 Português Brasileiro NILC (Nível Semântico) Relações semânticas em rede para Substantivos, Adjetivos, Verbos, Advérbios 39 Português Brasileiro NILC (Nível do Discurso) Relações semânticas em rede para Substantivos, Adjetivos, Verbos, Advérbios 40 20
21 Mercado de Trabalho Arquiteto da Informação Trabalha com texto, imagem e som nas interfaces computacionais Mineração de Textos Utilizando softwares específicos extraem conhecimento de grandes bases textuais Indexador Selecionar metadados e termos-chave para representar documentos textuais, vídeos e imagens 41 Pesquisa Acadêmica Desenvolvimento de software Sistemas de reconhecimento da fala Sistemas de recuperação da informação Sistemas de sumarização automática Sistemas para análise de redes sociais Estudo da linguagem e registro da informação Características da comunicação científica brasileira e terminologia nas áreas de conhecimento Métodos de indexação de documentos jurídicos, empresarias, científicos, jornalísticos, etc
22 Sistema B2 43 Referências LYONS, J. Introdução à lingüística teórica. São Paulo: Nacional VIEIRA, Renata; LIMA, Vera LS. Lingüística computacional: princípios e aplicações. In: Anais do XXI Congresso da SBC. I Jornada de Atualização em Inteligência Artificial p DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, LABOV, William (1972). Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. [Padrões Sociolinguísticos. Trad.: Marcos Bagno; Marta Scherre e Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008.]
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