CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Transcrição

1 DO Origem: PRT 15ª Região Bauru/SP Interessado(s) 1: Sindicato da Saúde de Campinas e Região Subsede de Marília Interessado(s) 2: FAMAR Fundação de Apoio à Faculdade de Medicina de Marília Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): Liberdade e Organização Sindical Procurador oficiante: José Fernando Ruiz Maturana RECURSO ADMINISTRATIVO. CONDUTA ANTISSINDICAL. As razões recursais não trazem fundamentos capazes de infirmar e reformar a proposição de arquivamento ora hostilizada Pelo não provimento do recurso e pela homologação do arquivamento ora em exame.. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado com gênese em denúncia formulada pelo Sindicato da Saúde de Campina e Região Subsede de Marília em face da FAMAR Fundação de Apoio à Faculdade de Marília noticiando a prática de conduta antissindical, no que se refere ao patrocínio de cartas de oposição ao Sindicato denunciante. 1

2 O i. Procurado oficiante promoveu o encerramento da atividade persecutória do presente expediente sob os seguintes fundamentos, a seguir transcritos (fls. 462/463), in verbis: Trata-se de Inquérito Civil, instaurado em face da denúncia encaminhada pelo Sindicato da Saúde de Campinas e Região - Subsede de Marília, de que o empregador FAMAR - Fundação de Apoio a Faculdade de Medicina de Marília, estaria praticando ato antissindical através do patrocínio de cartas de oposição ao Sindicato obreiro. No curso da investigação, foi realizado diligência no Hospital das Clínicas de Marília/SP (26/03/2013), onde foram entrevistados mais de trinta trabalhadores dos diversos setores do estabelecimento, que, de forma uníssona, declararam que a oposição ao Sindicato obreiro foi manifestada de forma livre, sem qualquer tipo de interferência do empregador, uma vez que. estão insatisfeitos com a atuação Sindical, por estarem há muito tempo sem reajuste salarial. A insatisfação manifestada pelos empregados, em relação à atuação sindical, se dá, em boa parte, em razão do imbróglio jurídico que orienta a gestão e funcionamento da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas; pois a FAMEMA (Faculdade de Medicina) é uma Autarquia Estadual que não possui empregados, e os empregados são contratados através da FUMES (Fundação Municipal de Ensino) que mantém aproximadamente 1600 empregados e que recebem do Tesouro Estadual e não contrata desde 2007, e da FAMAR, (Fundação de apoio a Faculdade de Medicina de Marília), fundação de natureza privada que mantém contrato de parceria com as duas instituições e é á responsável pelas contratações de trabalhadores após o ano de 2007, contando aproximadamente 800 trabalhadores empregados. A gestão de tudo isso está centralizada em empregados da FUMES e da FAMAR. 2

3 Assim, ante aos problemas encontrados no curso na diligência, tais como: a burla sistemática de preceitos trabalhistas, instabilidade jurídica das relações laborais e a desconsideração do direito constitucional à melhoria da condição de trabalho pela via negociai coletiva, em razão do imbróglio jurídico encontrado, foi instaurado o Procedimento Preparatório n /001/3-32, com o objetivo de melhor apurar os fatos. No que tange, ao objeto da presente denuncia, não encontrou o MPT, no curso da investigação, em especial nas entrevistas realizadas com trabalhadores, evidências probatórias que justifique a continuidade da presente investigação, promovendo-se o arquivamento deste Inquérito Civil, determinando a tempestiva remessa dos autos ao egrégio Conselho Superior do MPT (art. 9 o, 1, da Lei n 7.347/1985). Cumpra-se o disposto no art. 10, 1, dá Resolução 69/2007 do CSMPT, remetendo-se cópia da presente aos interessados para expressa ciência do arquivamento. Após, à Câmara de Coordenação de Revisão do MPT, na forma acima expedida. Devidamente notificado da decisão da decisão arquivatória, o Sindicato denunciante interpôs recurso administrativo às fls. 467/472. contrarrazões. Às fls. 483/487, a representada apresentou suas autos a esta Relatora (fl. 489). Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram os É o relatório. 3

4 VOTO - FUNDAMENTAÇÃO O Recurso Administrativo apresentado pelo denunciante apresenta-se hábil e tempestivo (fls. 466 e 467), e assim merece conhecimento. No entanto, no mérito, não cabe ser provido pelos fundamentos, a seguir, adotados A situação dos autos, ao menos no estado em que se encontra o presente procedimento, não está a reclamar/autorizar a intervenção persecutória do Ministério Púbico do Trabalho, até porque, as circunstâncias e os elementos probantes, como postos, não demonstram a existência de irregularidades ou lesões coletivas, a necessitar do prosseguimento da atividade Ministerial. Tem-se, ainda, que o irresignado não trouxe aos autos elementos de convicção mínimos a suportar a tese recursal, razão pela qual improcede o recurso sub examine, que sem referidos elementos torna-se inócuo e vazio. A justificativa contida na proposta de arquivamento do inquérito civil exarada às fls. 462/463 é suficiente a ensejar o encerramento do presente feito. 4

5 Portanto, restou clarificada a prescindibilidade da atuação do Parquet, diante do decaimento do objeto, visto que não se verificou as irregularidades denunciadas na peça de ingresso. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO no sentido de CONHECER E NÃO PROVER o Recurso administrativo sub examine, e, em atividade revisional, VOTO pela HOMOLOGAÇÃO do arquivamento do inquérito civil às fls. 462/463 pelos seus próprios fundamentos, determinando o retorno dos autos à origem para as providências de estilo. Cientifiquem-se os interessados, o douto Procurador oficiante e a Chefia da Procuradora Regional do Trabalho de origem. Brasília, 24 de março de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR Relatora mjql 5