INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO APÓS A ABERTURA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NO BRASIL: IMPACTOS ECONÔMICOS

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ INSTITUTO DE ECONOMIA IE/UFRJ MONOGRAFIA DE BACHARELADO EM ECONOMIA INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO APÓS A ABERTURA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NO BRASIL: IMPACTOS ECONÔMICOS Autor: ANDRÉ CANELAS canelas@ppe.ufrj.br / andcanelas@hotmail.com ORIENTADOR(A): Prof. CARMEN ALVEAL MARÇO DE 2004

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ INSTITUTO DE ECONOMIA IE/UFRJ MONOGRAFIA DE BACHARELADO EM ECONOMIA INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO APÓS A ABERTURA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA NO BRASIL: IMPACTOS ECONÔMICOS ANDRÉ LUÍS DE SOUZA CANELAS canelas@ppe.ufrj.br / andcanelas@hotmail.com ORIENTADOR(A): Prof. CARMEN ALVEAL MARÇO DE 2004

3 As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor.

4 RESUMO A monografia aborda os impactos econômicos, em termos de geração de renda, dos investimentos na atividade de exploração e produção de petróleo realizados no Brasil, do ano de 1998 a A justificativa para este corte temporal da análise foi a mudança institucional que ocorreu na indústria brasileira de petróleo, com a aprovação da Emenda Constitucional nº 9, que deu início a esta reforma institucional e flexibilizou a forma de execução do monopólio da União para as atividades de exploração, produção e refino de petróleo, e com a aprovação da Lei nº 9.478, comumente designada "Lei do Petróleo", que representou o que seria a partir de então a nova legislação sobre a organização econômica das atividades relacionadas à indústria de petróleo. Esta mudança de ambiente institucional gerou um fluxo considerável de investimentos nas atividades de exploração e produção, por parte de um grande número de companhias entrantes, adicionando-se ao esforço da companhia incumbente, a Petrobras. O trabalho analisa os investimentos em exploração e produção de petróleo, por parte da Petrobras e das companhias entrantes, no que concerne a seus efeitos sobre geração de valor agregado e a seu impacto sistêmico sobre a economia brasileira em termos de encadeamento sobre outros setores e impactos na balança comercial do país. Para tanto, o trabalho discorre sobre os seguintes aspectos: a importância econômica da indústria de petróleo e dos investimentos em exploração e produção; os fatores relevantes no processo decisório para investimentos em exploração e produção; a importância histórica da indústria de petróleo e da atividade de exploração e produção no Brasil; a abertura da indústria de petróleo no Brasil, suas motivações e a atratividade do país; a mensuração dos investimentos em exploração e produção no Brasil e no mundo; e por fim, o objetivo final do trabalho, ou seja, a análise dos impactos econômicos dos investimentos em exploração e produção de petróleo realizados no Brasil a partir da flexibilização da indústria petrolífera brasileira. No trabalho, espera-se demonstrar que estes investimentos têm sido de considerável importância como geradores de renda e de aquecimento do nível de atividade econômica, sobretudo considerando a atual conjuntura da economia brasileira.

5 ÍNDICE INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - AS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO I.1- A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA MUNDIAL DE PETRÓLEO I.2- A NOVA ESTRUTURA E DINÂMICA INDUSTRIAL I.3- A DINÂMICA ATUAL DE FORMAÇÃO DE PREÇOS...28 CAPÍTULO II - A DETERMINAÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO. 31 II.1- A MENSURAÇÃO DAS RESERVAS E A TAXA DE DESCOBERTA ÓTIMA II.2- A ESTRUTURA DE RISCOS DO SEGMENTO EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO II.3- A ESTRUTURA DE CUSTOS DO SEGMENTO EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO II.4- AS BARREIRAS À SAÍDA CAPÍTULO III- A EVOLUÇÃO DO SEGMENTO EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO NO PÓS- ABERTURA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO...43 III.1- A EVOLUÇÃO DO SEGMENTO EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO NO PADRÃO DO MONOPÓLIO DA PETROBRAS III.2- A ABERTURA DA INDÚSTRIA NO BRASIL III.3- AS RODADAS DE LICITAÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO CAPÍTULO IV- OS IMPACTOS ECONÔMICOS DOS INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO NO BRASIL APÓS A ABERTURA IV.1- A MULTIPLICADOR KEYNESIANO E A MATRIZ INSUMO-PRODUTO IV.2- AS ESTIMATIVAS DE MENSURAÇÃO DOS INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO REALIZADOS NO BRASIL IV.3- OS IMPACTOS DOS INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO REALIZADOS NO BRASIL IV.4- A IMPORTÂNCIA DOS INVESTIMENTOS EM EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO PARA A PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E A BALANÇA COMERCIAL APÓS A ABERTURA CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...98

6 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é avaliar os impactos econômicos dos investimentos realizados em exploração e produção de petróleo no Brasil após a abertura do setor petrolífero no país. Em 1995, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 9, que flexibilizou a forma de execução do monopólio da União para as atividades de exploração, desenvolvimento, produção e refino de petróleo, e as atividades relacionadas ao gás natural. Em agosto de 1997, iniciado o processo de regulamentação da Emenda Constitucional nº. 9, o Congresso Nacional aprovou a Lei do Petróleo (Lei 9.478), objetivando legislar sobre que seria a partir de então a nova organização institucional e econômica para o exercício das atividades econômicas relacionadas à indústria de petróleo e gás natural: as atividades de exploração de áreas, desenvolvimento de campos e produção de petróleo, chamadas de upstream, ou segmento E&P (conforme serão doravante chamadas neste trabalho), importação e exportação de petróleo, refino, comercialização de refinados, e atividades relacionadas ao gás natural. A abertura foi bem-sucedida em promover representativa entrada de capital no país para investimentos em atividades E&P e torná-lo atrativo como opção às companhias internacionais, sobretudo face a ainda pouca acessibilidade das mesmas às melhores reservas internacionais de petróleo, de menores custos, no Oriente Médio. O quarto round de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) marcou de forma bem-sucedida a conclusão da primeira fase da abertura, de modo que as companhias petrolíferas deverão doravante atentar aos resultados deste primeiro ciclo a fim de determinar o prosseguimento de sua política de investimento no Brasil em atividades de exploração e produção. O objetivo do trabalho é analisar o grau de importância dos investimentos em E&P realizados após a abertura do setor petrolífero no Brasil. É defendida no trabalho a hipótese de que a grande diferença da indústria de petróleo para as demais indústrias no que tange à geração de renda reside precisamente no fato de que esta indústria é tão relevante a ponto de sua dinâmica de crescimento transcender a conjuntura econômica dos países nos quais esta indústria é presente. Espera-se demonstrar que as características de maior relevância dos investimentos em E&P no Brasil relacionados diretamente ao evento da abertura (investimentos das entrantes) são seus efeitos sobre a economia brasileira, precisamente a intensificação dos impactos econômicos dos investimentos em E&P da Petrobras no que tange

7 à geração de renda, que sempre foram de enorme importância para geração de valor agregado e capacitação tecnológica da indústria nacional de fornecedores de bens de capital. A monografia é composta de quatro capítulos, cujos propósitos são citados a seguir, e uma conclusão, na qual são reafirmadas as conclusões do trabalho. O capítulo 1 da monografia disporá sobre as características econômicas da indústria de petróleo, dado que estas a tornam substancialmente distinta das demais indústrias. O capítulo 2 disporá das características específicas da atividade econômica de exploração, desenvolvimento de campos e produção de petróleo. O foco do capítulo são as características particulares dos investimentos em exploração e produção de petróleo, do ponto de vista das motivações e fatores decisórios para estes investimentos. O capítulo 3 discorrerá sobre a evolução da indústria de petróleo no Brasil, particularmente sobre o segmento de exploração e produção, e sobre o ambiente da indústria no Brasil no pós-abertura. O capítulo 4 discorrerá sobre a importância da própria variável investimento na determinação da renda e do ciclo econômico, e também sobre a importância dos investimentos em exploração e produção de petróleo para a economia brasileira. 8

8 CAPÍTULO I AS CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO O objetivo deste capítulo é discorrer sobre a importância econômica da indústria de petróleo. As peculiaridades desta indústria lhe dão características ímpares, algumas das quais não observadas nem mesmo entre outras indústrias energéticas ou de infra-estrutura. O petróleo, um hidrocarboneto 1, é uma fonte de energia primária de baixíssima substituibilidade, apresentando demandas de curto e médio prazo inelásticas a variações nos preços; ou seja, variações percentuais nos preços implicam em variações comparativamente muito menores nas quantidades demandadas. Dado um certo patamar da demanda por petróleo e seus derivados de um espaço sócio-produtivo definido, esta demanda tem que ser realizada para que não haja drástica redução do nível de atividade econômica deste espaço, independentemente do nível corrente de preços do óleo 2. Assim, o petróleo tem fundamental importância estratégica para os países que são grandes importadores líquidos, e tal importância é tão alta quanto o grau de dependência de um país em relação a importações de óleo e seus derivados. Como indústria de energia, de características infra-estruturais, a indústria de petróleo gera bens que são insumos insubstituíveis na matriz produtiva de qualquer país, de grande participação na mesma, sendo estes insumos sustentáculos do modo de produção e consumo e mesmo da cultura da sociedade moderna. Um exemplo claro desta importância são os derivados de petróleo usados como combustíveis para motores de combustão interna (ex: gasolina e diesel) dos veículos utilizados em serviços de transporte, serviço de infra-estrutura sem o qual nenhuma estrutura produtiva industrial moderna funcionaria. A disponibilidade de petróleo e seus derivados e seus níveis de preços têm grande importância para a determinação do nível de crescimento econômico e do nível de preços das economias nacionais, pois energia e transporte são insumos absolutamente necessários para produção de quaisquer bens ou serviços. 1 Por hidrocarbonetos, entende-se os recursos naturais, originados da fossilização de organismos em rochas de bacias sedimentares, cujas moléculas sejam formadas por cadeias de carbono e hidrogênio. Estes são o petróleo, em suas diversas variações de qualidade, o gás natural, o óleo condensado e os derivados obtidos a partir do refino de petróleo, ou seja, a partir da separação das moléculas de carbono e hidrogênio de acordo com seu peso molecular (THOMAS, 2001). 2 Obs: Os termos petróleo, petróleo cru, óleo, óleo cru, petróleo bruto, óleo bruto e cru são sinônimos. 9

9 O petróleo representa hoje cerca de 40 % das necessidades energéticas mundiais, e os preços de outras fontes de energia, notadamente o gás natural, também dependem do preço do petróleo. O preço do barril tem efeitos muito relevantes na determinação do nível de atividade, de investimentos e de exportações dos países grandes produtores, especializados basicamente neste produto, a exemplo de Arábia Saudita e Venezuela, entre outros. A evolução de setores industriais inteiros, como as indústrias química, automobilística e de construção naval, é irremediavelmente ligada à indústria de petróleo. Os componentes de intensidade de capital e de mudança de padrão tecnológico na indústria de petróleo são tão relevantes, que esta indústria foi responsável pelo desenvolvimento de toda uma indústria diferenciada em seu bojo: a indústria para-petrolífera. Não existe nada semelhante com relação a outras indústrias: tomando como exemplo a indústria automobilística. por sua importância, não existe uma indústria para-automobilística. O fato de a indústria de petróleo depender de uma longa cadeia produtiva (da prospecção até o consumo final dos derivados, passando pelo desenvolvimento das jazidas, produção, transporte, refino e distribuição) levou historicamente a uma tendência pela busca constante de integração vertical entre os diferentes ramos da cadeia, e também de integração horizontal. A busca por integração vertical se baseia sobretudo no risco associado ao segmento E&P. É este o segmento da cadeia que absorve a maior parte dos dispêndios de capital dos investimentos da indústria, e nele se baseiam mais fortemente suas rendas diferenciais, sobretudo as rendas ricardianas, conceito tratado a seguir. A busca por integração horizontal se baseia na desigual distribuição das jazidas ao longo do mundo. Apenas as firmas integradas vertical e horizontalmente são capazes de gerenciar os riscos das atividades de E&P, e investir na escala necessária para a manutenção de um fluxo de caixa futuro apropriado (CLO, 2000). As reservas de petróleo se encontram apenas em bacias de rochas sedimentares, e se encontram irregularmente dispersas pelas regiões mundiais, criando elevadas rendas diferenciais para os produtores das regiões com reservas de maior volume e de mais fácil exploração. Tal irregularidade é responsável por uma estrutura de custos absolutamente díspar entres as regiões produtoras, disparidade esta não registrada para nenhuma outra indústria, extrativa ou não. O custo mínimo, dos velhos campos de exploração no Oriente Médio, oscila entre menos de um dólar por barril (com um mínimo de apenas US$ 0,25 para os barris dos poços que iniciaram produção nas décadas de 20 e 30), enquanto o custo por barril nos campos marginais no Mar do Norte chega a variar entre 15 e 25 dólares. Tal grau de disparidade de custos na indústria de petróleo é em enorme parte responsável pelas rendas 10

10 diferenciais que a marcam. Não houvesse as rendas diferenciais da atividade petrolífera, como em uma situação de concorrência perfeita na qual o lucro econômico seria zerado pelo equilíbrio entre P=Cmg (preço igual a custo marginal) 3, muitos produtores seriam inviabilizados, sobretudo os norte-americanos e os do Mar do Norte (ALVEAL, 2001). Estas rendas são conceitualmente tratadas na literatura econômica como rendas ricardianas e rendas tecnológicas. As rendas ricardianas podem ser divididas entre renda de raridade, renda de produtividade e renda de qualidade. Estas estão associadas aos diferentes níveis de retorno que se obtém ao passar da produção em áreas melhores a áreas de qualidade inferior às primeiras. Esta noção guarda analogia clara ao Modelo do Trigo, modelo de reprodução econômica de atividades baseadas na exploração de recursos naturais, que foi desenvolvido no início do século XIX pelo economista britânico David Ricardo. O modelo mostrou a queda de rentabilidade associada à ocupação total de áreas cultiváveis de dado grau de qualidade, levando a ocupação posterior de terras menos produtivas, de menor qualidade e retorno. A diminuição contínua da taxa de lucro dos empresários em razão da ocupação das terras marginais seria acompanhada pelo aumento da renda auferida pelos detentores de direitos de exploração das melhores terras. Esta renda, ou seja, a renda ricardiana, é diretamente proporcional à qualidade das terras sobre as quais tem direito o recebedor desta renda (NAPOLEONI, 1981). Este modelo é claramente aplicado à indústria de petróleo; para entender esta aplicação, basta considerar os campos produtores de petróleo como as terras do modelo ricardiano, e a sua qualidade como sendo determinada por basicamente três fatores: produtividade dos poços, qualidade do óleo extraído e posição geográfica das jazidas. A renda de raridade é referente ao fato de o petróleo ser um recurso natural exaurível, pois há um custo de oportunidade do produtor em função da exploração de um recurso esgotável, que não encontra substitutos (TIETENBERG, 1996). Dado que este é um recurso que deverá ser esgotado no futuro, a obtenção desta renda é absolutamente fundamental para um grande número dos países grandes exportadores. Estes países são, em sua maioria, destituídos de vantagens absolutas e comparativas na produção de outros produtos (vantagens com relação a concorrentes no comércio internacional), sejam estas baseadas na exploração intensiva de recursos naturais ou não. Por vantagem absoluta de um país em relação a um produto hipotético A, entende-se a relação entre o custo de produção de A neste país e nos 3 Custo marginal é o custo adicional de se produzir mais uma unidade do produto, no curto prazo, quando nem todos os fatores de produção podem ter sua utilização incrementada. 11

11 demais países produtores, custo em termos de utilização de fatores de produção. Por vantagem comparativa, por exemplo de um país em relação a um produto hipotético B, entende-se o custo da produção deste produto B neste país em relação ao custo de produção de outros produtos neste mesmo país (estes custos sendo também medidos em termos de utilização de fatores de produção). Estas duas medidas de competitividade de um país no mercado internacional foram desenvolvidas respectivamente pelos economistas britânicos da escola liberal clássica Adam Smith e David Ricardo (CANUTO et al., 1998). 4 Assim sendo, é particularmente imperioso a estes países maximizar a renda gerada pela atividade petrolífera. Na literatura econômica, esta situação ficou conhecida como a doença holandesa : enormes vantagens comparativas de um país na produção de um determinado produto fazem com que o retorno dos investimentos nesta atividade seja tão grande a ponto de impedir uma aplicação volumosa de capital em outros setores, levando o país a especializar-se centralmente na exportação deste produto, e usando as divisas obtidas com esta exportação para importar os bens e serviços que não produz. Esta situação pode ser observada em um grande número dos maiores exportadores de petróleo: Angola e países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, doravante chamada de OPEP neste trabalho, a saber Venezuela, Nigéria e países do Oriente Médio. Desta forma, pode-se secionar os países de grande envergadura estratégica para a indústria mundial de petróleo em dois grupos: de uma lado, os países altamente industrializados, os maiores consumidores de óleo, em geral sem dotações do mesmo, assim sendo importadores do petróleo que consomem 5. Do outro lado, os países da OPEP, países de grande exportação de óleo cru, porém de pequeno consumo do mesmo, em razão do pouco dinamismo de suas economias, o que se dá em parte em função da doença holandesa ; enquanto nos países mais desenvolvidos a 4 O conceito de vantagem comparativa, introduzido por Ricardo na teoria econômica clássica e mais tarde reafirmado pelo teorema econômico neoclássico de Hecksher-Ohlin (CANUTO et al., 1998), afirmava que a economia de cada país deveria basear-se centralmente em apenas 1 produto, aquele no qual o custo de oportunidade de produzi-lo fosse menor, custo de oportunidade medido em termos do custo relativo deste produto em relação ao custo dos demais produtos (custo esse medido em termos de uso de fatores de produção). Este conceito foi a base da chamada divisão internacional do trabalho dos séculos XVIII e XIX, modelo de inserção de países no comércio internacional destes séculos, na qual os países subdesenvolvidos especializavamse na exportação de bens agrícolas (no caso por exemplo do Brasil, o café), enquanto os países desenvolvidos se especializariam na exportação de bens manufaturados e industrializados. 5 Exceções são o Reino Unido, a Noruega, Canadá, EUA, Brasil e China. Estes países se destacam internacionalmente tanto como produtores quanto como consumidores de petróleo. Têm parque industrial bastante diversificado, alguns dos quais tendo logrado altos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), notadamente os quatro primeiros. Entre estes, apenas Reino Unido e Noruega são auto-suficientes no consumo de petróleo cru. No caso de Brasil e China, estes são representativos tanto como produtores quanto como consumidores de petróleo, porém ainda apresentam dependência das importações deste produto, que no caso de Brasil e China não é tão elevada como no caso dos EUA. 12

12 participação da indústria de petróleo no Produto Interno Bruto, PIB, não ultrapassa a faixa de 3 a 6 %, nos países grandes exportadores esta participação se situa em torno de 70 a 90%. Em razão da exauribilidade do petróleo, há alta carga tributária cobrada pelos governos sobre o valor da produção de petróleo e gás, na forma de royalties, alíquotas de participação especial, taxas de ocupação das áreas produtoras e impostos (JOHNSTON, 1994). O tema tributação será tratado adiante neste trabalho. A renda de qualidade é determinada pela variável qualidade das variantes de petróleo, em função de atributos físico-químicos, em particular sua densidade. Quanto mais leve o óleo, melhores suas qualidades para o refino. Variações de óleo mais leves apresentam coeficientes técnicos de refino que geram maior proporção dos chamados derivados nobres, como a gasolina, de maior valor agregado e menos poluentes. A classificação das variantes de petróleo é medida pelo padrão internacional API (ou American Petroleum Institute), que mede o densidade da petróleo em relação à água. Quanto maior o número de graus API de uma variante de óleo, mais leve este será, e melhores serão suas qualidades de refino. Por exemplo: o petróleo do campo de Brent, no Mar do Norte, que é comumente citado como referência internacional, tem viscosidade de 30 a 35 graus API, sendo assim de boa qualidade. Tomando como exemplo o petróleo brasileiro, pode-se classificá-lo como em sua maior parte pesado: a variante comercialmente explorável mais pesada é o óleo do Campo de Marlim, da Petrobras, de 17 graus API. A renda referente aos diferentes níveis de produtividade dos poços é associada a um custo marginal de longo prazo. A renda de posição é determinada em função da maior ou menor proximidade geográfica entre reservas e centros consumidores. As rendas tecnológicas são determinadas em função dos diferentes estágios de tecnologia empregados pelos diversos produtores, favorecendo os operadores com acúmulo de experiência e capacidade inovativa no desenvolvimento tecnológico Esta é diferente da renda ricardiana, que é determinada pelas condições geológicas das jazida. As rendas ricardianas são determinantes muito mais importantes da vantagem comparativa dos grandes países produtores do que o diferencial tecnológico entre estes. Em função da ocorrência de oportunidades de apropriação das rendas diferenciais, há a competição geopolítica entre países hospedeiros e empresas pelo acesso às e propriedade das melhores jazidas. 13

13 Pode-se ainda considerar a chamada renda de monopólio, referente ao poder de mercado das firmas. De acordo com a Teoria Microeconômica (VARIAN, 2000), estruturas de mercado caracterizadas por restrições à livre concorrência geram renda de monopólio aos produtores, que é ligada à diferença entre o preço do barril e o seu custo econômico marginal. Tal renda está ligada a existência de um mark-up (margem de lucro lançada sobre este custo marginal) característico das indústrias oligopolísticas, em função do grau de inelasticidade de preço-demanda do mercado. A indústria de petróleo apresenta características que a marcam como oligopolista, como por exemplo demanda inelástica a preços e grandes barreiras à entrada (ver capítulo 2). A indústria de petróleo é, na verdade, não apenas uma indústria oligopólica, mas sim um paradigma de organização industrial oligopólica: as decisões de investimento nesta indústria dependem de fatores relativos ao comportamento estratégico dos agentes nos diversos ramos da cadeia. Esta estrutura de concorrência oligopólica da indústria petrolífera está entrelaçada à própria história de desenvolvimento e internacionalização da indústria. I.1 - A Evolução da Indústria Mundial de Petróleo A origem da moderna indústria de petróleo se deu nos EUA, a partir da descoberta pioneira de petróleo por Edwin Drake em um poço em Tuttisville, Pensilvânia, em Na verdade, o petróleo já era conhecido na Antigüidade e na Idade Média. Por exemplo, o descobridor Marco Polo descreveu em uma de suas cartas o mercado de petróleo em Baku, no atual Azerbaijão; alguns historiadores defendem a idéia de que o óleo bruto teria sido usado como argamassa no templo do Rei Salomão; o óleo era usado para a queima das bolas incendiárias lançadas pelas catapultas, artefato bélico típico da Idade Média (YERGIN, 1994). A moderna indústria de petróleo, entretanto, somente se desenvolveu a partir da descoberta de Drake. A princípio, as atividades de E&P de petróleo eram feitas de forma artesanal, por vezes mesmo domiciliar (como até hoje ainda acontece em pequenos campos onshore no Texas 6 ), e o mercado era bastante livre e desorganizado, dando margem à entrada 6 Vale notar que nos EUA, ao contrário do que ocorre no Brasil, os recursos do subsolo são de propriedade do proprietário do solo e não da União. Assim, parte substantiva da produção de óleo americana, sobretudo texana, se deriva de companhias familiares ou de contratos de cessão de direitos entre famílias e companhias de E&P. Estes são casos de campos de petróleo de relativamente baixos volume e produtividade diária, e que podem ser explorados por técnicas relativamente tradicionais menos intensivas em capital e tecnologia. 14

14 de free-riders nas atividades de E&P, conforme houvesse variações no preço do cru. Isto conferia grande instabilidade ao mercado, pois variações no preço levavam à entrada e saída de muitos agentes do E&P. No seu início, o mercado de petróleo se baseava em um único derivado, a querosene para iluminação, pois até aquele momento utilizava-se óleo de baleia para tal fim, mas este animal estava sendo caçado em direção à extinção. Todos os demais derivados que não a querosene iluminante eram jogados fora após o refino. Naquele momento, não havia padronização alguma da qualidade do produto: as querosenes produzidas variavam largamente de qualidade, e o índice de acidentes com vítimas com a queima da querosene era alto. Naquele momento, a indústria de petróleo era comensurada ao nível de desenvolvimento tecnológico do mundo à época: os únicos campos explorados eram aqueles em terra e que fossem de mais fácil perfuração, via percussão a base de utensílios mecânicos rudimentares. A indústria se assemelhava tecnologicamente em pouquíssimo ou nada à indústria atual e a seus atuais processos de tecnologia de ponta 7, sobre os quais não cabe discorrer em um trabalho de cunho econômico e não técnico. As atividades de exploração de petróleo eram feitas a partir da localização visual do petróleo; ou seja, só eram exploradas jazidas de petróleo nas quais pequenos montantes de óleo aflorassem naturalmente à superfície do solo (oil seeps). Estes investimentos pioneiros, sem processos de avaliação mais refinados sobre a possibilidade de encontrar petróleo, apresentavam baixíssimas taxas de sucesso exploratório, menores que os cerca de 30 a 40 % atuais (ou seja, 3 ou 4 poços encontrados com reservas de petróleo ou gás natural para cada 10 poços perfurados), e se chamavam wild cats, termo que até hoje é usado na indústria de petróleo para se referir a investimentos em áreas petrolíferas pioneiras. A indústria de petróleo só começou a se organizar como grande indústria a partir da companhia Standard Oil, de John Rockfeller. A Standard Oil foi a companhia pioneira do padrão de grande organização industrial internacionalizada, que tão fundamental foi para o desenvolvimento da economia capitalista moderna no século XX (GALBRAITH, 1982). O termo Standard (do inglês, padrão ) dizia respeito ao fato de a companhia ter se proposto a 7 No atual estado de desenvolvimento tecnológico da atividade de E&P, estes são geofísica, sísmica 2D e 3D, gravimetria, magnetometria, perfuração direcionada, entre outros. 15

15 padronizar o produto final, no caso a querosene resultante do refino de petróleo, de modo a criar um mercado cativo; ou seja, uma demanda estável por um produto padronizado, que seria confiável ao consumidor, que seria fiel à companhia. Quando da criação da Standard, havia diversas refinarias e companhias de E&P nos EUA, mais de duzentas companhias adicionando os dois segmentos da cadeia petrolífera. O monopólio da Standard Oil foi obtido através da busca de economias de escala, escopo e de integração na indústria de petróleo: a princípio a Standard Oil se tornou monopolista do refino de petróleo, via compra das demais refinarias e controle do transporte de derivados, tornando-se assim formadora de preços e de quantidades para a venda às companhias distribuidoras de derivados, e também monopsonista (única demandante) da compra de óleo bruto junto às companhias produtoras de óleo cru, em função de ser monopolista do refino. Logo, a Standard Oil se tornou monopolista integrada verticalmente em todos os segmentos da cadeia do petróleo (E&P, transporte de cru, refino, transporte de derivados e distribuição). A partir desta total integração, obteve grandes economias de escala, escopo e de custos de transação. As economias de escala se deram em função do vultoso aumento dos volumes extraídos e processados sem que houvesse um aumento substancial do investimento em capital fixo, reduzindo-se assim o custo médio; as economias de escopo se deram em função de produzir, transportar e comercializar vários derivados a partir da mesma logística operacional, e as economias de custos de transação se deram em função de todo a cadeia petrolífera pertencer a uma única empresa. A Standard Oil se tornou assim a primeira grande monopolista privada do capitalismo moderno do século XIX. Dado seu enorme poder econômico, foi desmembrada em trinta e três companhias pela Suprema Corte dos EUA, em 1911, com base no Sherman Act, de 1890, que foi o início do que hoje se conhece como o aparato jurídico de defesa da concorrência. O Sheman Act foi a base do desenvolvimento da defesa da concorrência nos EUA, país onde este aparato é mais desenvolvido, paradigma dos demais existentes no mundo. A partir do desmembramento da Standard Oil, o desenvolvimento da indústria americana de petróleo prosseguiu baseado na coexistência de grandes majors, internacionalizadas e integradas verticalmente, com companhias menores, especializadas em apenas um dos segmentos da cadeia petrolífera. Deve-se dizer que já nos seus primórdios, quando ainda era corporificada no monopólio da Standard Oil, a indústria de petróleo já imprimia sua importância para o desenvolvimento da economia, da sociedade e do way of life do seu país 16

16 de origem. 8 Sua importância econômica foi absolutamente relevante para o desenvolvimento econômico dos EUA como um todo, entretanto mais profundamente para o estado do Texas, que se desenvolveu economicamente sobretudo a partir da exploração deste hidrocarboneto. Como indústria internacional, o desenvolvimento da indústria de petróleo foi marcado por dois paradigmas distintos: a princípio, o crescimento de agentes privados - oriundos sobretudo da divisão da gigante Standard Oil, a grande construtora dos primórdios da indústria -, transformando-se nas grandes majors de origem americana (mais tarde adicionadas às majors de origem européia); posteriormente, o desenvolvimento de empresas de origem estatal ou estatizadas, como em Brasil, México e países da OPEP, a saber Nigéria, Venezuela e os países do Oriente Médio. A internacionalização da indústria de petróleo como paradigma de cartel internacional teve seu início nos primeiros anos da segunda década do século XX, com governos e corporações de Europa e Estados Unidos iniciando uma disputa para se apropriar das jazidas de petróleo do Oriente Médio. A internacionalização aumentou a relevância da competição estratégica no oligopólio internacional das majors, americanas (a antiga Gulf Oil e as companhias filhas da divisão da Standard Oil pelo Sherman Act, que deram origem às atuais Exxon Mobil e Chevron Texaco), e européias (as precursoras das atuais BP-Amoco, Royal Dutch Shell e Total Fina Elf). 9 O excesso de oferta e a conseqüente queda dos preços internacionais do petróleo na segunda metade da década de 1920, em função de guerra de preços na Índia entre Shell e Standard Oil of New York, levaram à formalização do cartel através do Acordo de Achnacarry (Escócia), fortalecendo as posições consolidadas até o momento pelas majors através de um acordo de divisão dos mercados mundiais. O acordo foi a base da fase mais estável de sustentação do crescimento da indústria, que seguiu até o primeiro choque de oferta 8 A figura de inovador e empreendedor de John Rockfeller é um dos mais conhecidos exemplos da idealização do self-made man, figura presente na cultura do capitalismo norte-americano, cujo desenvolvimento foi baseado não apenas em políticas públicas, mas também a partir da acumulação privada de capital e expertise industrial, ao contrário do padrão de desenvolvimento industrial prevalecente em países como o Brasil, que se baseou primordialmente em investimentos de capital estatal. Desta forma, Rockfeller pode ser considerado como um exemplo do chamado empreendedor inovador schumpeteriano. 9 A Standard Oil foi dividida em 33 empresas, das quais as mais importantes foram a SONJ - Standard Oil of New Jersey (que mais tarde se transformou em Esso, depois Exxon, e Exxon Mobil ao se fundir com a Mobil), SONY - Standard Oil of New York (mais tarde Mobil Oil, que se fundiu à Exxon dando origem à Exxon Mobil), SOCAL - Standard Oil of California (mais tarde Chevron, que se fundiu à Texaco formando a Chevron Texaco). Além da Standard Oil, havia à época duas outras grandes companhias de petróleo nos EUA: Texaco, hoje Chevron Texaco, e Gulf Oil, mais tarde comprada pela Chevron, sendo assim também uma das precursoras da Chevron Texaco. No que tange às majors européias, o grupo anglo-holandês Royal Dutch Shell surgiu da fusão, no século XIX, da holandesa Royal Dutch com a Shell, de propriedade do inglês Marcus Samuel. A British Petroluem-Amoco, surgiu da estatal britância Anglo Persian, mais tarde chamada Anglo Iranian e por fim chamada British Petroleum (BP), mais tarde comprando a americana Amoco e se tornando a BP-Amoco. A Total Fina Elf surgiu da fusão das ex-estatais franco-belgas Total, Fina e Elf. Pode-se citar também a italiana Agip e a espanhola Repsol-YPF como outras majors européias. 17

17 em 1973, tendo tornado o cartel das majors um exemplo de regulação corporativa privada (op. cit., 2001) : em 1950, as majors já controlavam 48% das jazidas mundiais, 70% da capacidade de refino, e 66% da frota de petroleiros e dos mais importantes dutos. Os contratos de concessão entre as majors e os países hospedeiros de reservas eram amplamente desfavoráveis aos segundos. Após a Segunda Guerra Mundial, o consumo energético mundial, puxado pela reconstrução e modernização das economias européias e japonesa, cresceu a uma velocidade sem precedentes. Entre 1950 e 1973, a produção de eletricidade foi multiplicada por 6, a de petróleo por 5,4 e a de gás natural por 6,3. Tais transformações apoiam-se na importação maciça de petróleo e, mais tarde de gás natural, por parte dos países em industrialização e/ou reconstrução no pós-guerra. Tal fato se deve sobretudo ao desenvolvimento econômico destes países, que trouxe no seu bojo o desenvolvimento da indústria automobilística na Europa, Japão e EUA; assim, o petróleo passava a fazer parte do way of life não apenas americano, mas também europeu e japonês. A partir do desenvolvimento do transporte por veículos automotores, o petróleo substitui o carvão como principal fonte de energia das economias nacionais. O carvão havia servido como combustível central da Revolução Industrial, a partir da utilização da máquina a vapor e das ferrovias nos processos de industrialização do século XIX, em Reino Unido, EUA, Alemanha e em menor parte França e Bélgica; mais tarde, o carvão serviu à difusão da eletricidade, a partir da geração de energia elétrica por usinas termoelétricas a carvão no século XX. Entretanto, após a Segunda Grande Guerra, os veículos automotores, cuja utilização já era crescente no decorrer do século XX, adicionaram-se às ferrovias como principais fontes de transporte nestes diversos países, o que contribuiu para a parcial substituição das máquinas a vapor por motores de combustão interna; a dificuldade no transporte de carvão em larga escala conduziu à sua parcial substituição para uso industrial por caldeiras à queima de óleo combustível. 18

18 Tais fatos conduziram por conseguinte à cada vez maior substituição do carvão por óleo combustível, para uso industrial, por diesel e gasolina, para transportes, e mais tarde por gás natural, no que diz respeito à geração termoelétrica 10. Apesar de as reservas mundiais de carvão serem muito mais abundantes que as de petróleo, a indústria de petróleo tem peso muito maior na matriz energética mundial e gera muito mais valor agregado que a indústria carbonífera, em termos de renda e desenvolvimento tecnológico. Deve-se notar que o setor transporte ainda hoje é o uso final da, de longe, maior parte do petróleo extraído e transformado em derivados. Tal afirmação é particularmente verdadeira no caso do consumo brasileiro atual de derivados de petróleo. Da mesma forma que a indústria automobilística teve papel fundamental para o desenvolvimento da indústria de petróleo, em função da geração do core da demanda mundial por derivados, a indústria de petróleo também teve importância fundamental para o desenvolvimento da indústria automobilística, que foi uma das principais responsáveis pelo estabelecimento da moderna sociedade de consumo em meados do século XX, ou sociedade fordista, sociedade de demanda de massa por bens de consumo durável padronizados, modelo de sociedade que foi a base para a ocorrência dos saltos da industrialização e do padrão de consumo capitalista mundial no século XX (HOBSBAWN, 1995). O automóvel é sem dúvida uma das maiores marcas da sociedade e cultura de consumo modernas: o petróleo esteve assim na base da formação, não só econômica e política, mas também sócio-cultural do modus vivendi do homem moderno. Tal importância do automóvel é particularmente gritante no caso dos EUA, país no qual o automóvel e por conseguinte o petróleo se tornaram um condicionante de maior importância do padrão de vida dos habitantes do mesmo, e por conseguinte do padrão de vida nos demais países. 10 Deve-se considerar que, desde meados dos anos 80, a geração termoelétrica, principal uso do carvão, vem tendo seu consumo de combustível deslocado deste para o gás natural. A principal razão desta mudança são as demandas ambientais, ligadas ao fato de a combustão para fins energéticos de petróleo, derivados e do carvão resultar na emissão atmosférica de CO2 (dióxido de carbono), gás responsável pelo efeito estufa, ou seja, o aquecimento global decorrente da depleção da camada de ozônio, enquanto a utilização do gás natural implica em emissões atmosféricas muito menores (DE OLIVEIRA, 1998). Desde os anos 80, vários países, sobretudo os membros da União Européia aderentes ao Protocolo de Kioto, têm alavancado políticas de redução de suas emissões de CO2, de maneira a buscar um modelo de desenvolvimento sustentável, políticas estas que têm se baseado em tentativas de redução da participação do petróleo e do carvão na matriz energética destes países, e de aumento da participação do gás natural e de fontes alternativas de energia, como energia solar fotovoltaica, eólica e biomassa. Como exemplo mais contundente deste processo, pode-se citar a substituição do carvão pelo gás natural no parque gerador de eletricidade no Reino Unido, a partir do governo de Margareth Thatcher, a despeito deste país ter historicamente baseado sua geração elétrica na combustão de carvão, desde a Revolução Industrial. Deve-se notar, contudo, que a demanda de carvão para fins de geração elétrica ainda é pulsante no mundo, em função da ampla utilização deste para geração elétrica em China e Índia, dois países de envergadura na economia mundial. 19

19 A indústria de petróleo foi prioritária para desenvolvimento da maior parte dos países de industrialização tardia, como o Brasil (ALVEAL, 1994). No período após a 2ª Guerra, estava já bastante claro o papel geopolítico da indústria de petróleo 11, e seu grande potencial para ser o carro-chefe do processo de desenvolvimento produtivo dos países industrializados retardatários. Desde então houve uma política mais firme destes países na negociação de contratos de concessão, e se deu o surgimento das grandes estatais de petróleo. Este período foi marcado por eventos fundamentais para a configuração da indústria de petróleo atual: a nacionalização do petróleo mexicano em 1938; a renegociação dos contratos de concessão na Venezuela; e o retorno do petróleo russo ao mercado europeu na década de 50; a deposição do xá Reza Pahlevi e a Revolução Islâmica no Irã, resultando na a renegociação dos contratos de concessão neste país. Entretanto, tiveram importância mais decisiva a criação da OPEP em 1960; o surgimento de novos produtores, como Nigéria e Indonésia; e a criação das maiores estatais de petróleo, como a Petróleos de Venezuela, suas co-irmãs do Oriente Médio na OPEP, e a Petrobras. A estatização das empresas petrolíferas dos países da OPEP e o primeiro choque de preços de petróleo em 1973 foram o ponto drástico de mudança de estrutura da indústria. Verificou-se um inconteste declínio do controle da indústria pelas sete irmãs (as majors), pois a partir deste evento a indústria de petróleo passou a apresentar uma crescente característica de desintegração, tanto no nível horizontal quanto vertical, com as sete majors não tendo mais acesso às melhores jazidas do mundo, como resultado da expulsão das majors da área da OPEP. Pode-se afirmar que o choque de petróleo teve motivações de naturezas política e econômica. Em 1973, Síria e Egito fizeram um ataque surpresa a Israel durante o feriado judaico de Yom Kippur, o Dia do Perdão, tendo Israel respondido violentamente ao ataque. Em outubro de 1973, quando a guerra eclodiu entre Israel, Egito e Síria, os países exportadores do Oriente Médio, reunidos em Genebra (Suíça), elevaram unilateralmente o preço do barril do tipo Arabian Light de 2,989 dólares para 4,119 dólares. Nos dias que se seguiram ao início da Guerra do Yom Kippur, a OPEP decidiu embargar as exportações destinadas aos aliados de Israel, a saber EUA e Holanda. Dois meses mais tarde (dezembro de 1973), houve nova alta dos preços de referência, para 11,651 dólares. Esta seqüência de 11 Um exemplo claro de quão importante é o petróleo para a sustentação das economias nacionais, e de sua conseqüente importância geopolítica, foi o fato de o Japão ter atacado os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em função dos EUA terem naquele momento cortado o suprimento de petróleo e derivados para o Japão. Um exemplo mais claro e recente da importância geopolítica do petróleo foi a Guerra do Golfo, no início dos anos

20 eventos políticos é muitas vezes apresentada como a razão por detrás do primeiro choque de petróleo. Entretanto, foi apenas um fator de incentivo para o choque da OPEP naquele momento. Na verdade os choques se deram principalmente por fatores de natureza econômica: os países grande-exportadores da OPEP haviam percebido a crescente perda de renda petrolífera, que estavam cedendo ao ocidente em um ambiente de baixos preços de petróleo, principalmente renda de raridade, pois este é um recurso não-renovável que se constitui na única vantagem comparativa dos países da OPEP. De fato, a desvalorização do dólar americano 12 e a inflação mundial dos anos anteriores ao choque vinham reduzindo, em termos reais, o valor do barril de petróleo, reduzindo a renda real dos países exportadores de petróleo, que já era baixíssima na média por barril exportado, vis-a-vis o valor real do produto quando considerada sua importância estratégica e não-renovabilidade (MARTIN, 1992). Não há dúvida de que a intensidade e a velocidade das mudanças se deram sobretudo em função da mudança nos direitos de propriedade dentro da área da OPEP. A perda de controle sobre estes recursos pelas majors e a paralela entrada no mercado de um número de novos produtores levaram a dois efeitos inter-relacionados: a) Uma considerável redução do nível de concentração da produção de óleo cru, com relação ao pico observado nos anos oitenta. b) O relativo desaparecimento de gerenciamento coordenado de oferta através de consórcios e contratos de longo prazo entre majors, e feedbacks de informação decorrentes da integração vertical. Os choques de petróleo em 1973 e 1979 foram os mais fortes choques de oferta negativos já observados na economia mundial. Por choque de oferta negativo, entende-se uma elevação da chamada Curva de Phillips de uma economia, curva esta que é a representação do trade-off (conflito) existente no curto prazo entre crescimento econômico e níveis de inflação, em função da existência da inflação de demanda: maiores níveis de crescimento econômico resultam em maiores níveis de inflação, em função dos maiores níveis de demanda. Assim, se uma economia cresce a uma taxa anual X, por exemplo, com nível estável de inflação resultante de Y, mas sofre um choque de oferta negativo, a economia hipotética em questão terá de suportar taxas de inflação superiores a Y para manutenção do ritmo de crescimento econômico X, ou taxas de crescimento econômico inferiores a X para que a taxa de inflação não seja superior a Y; em ambos os casos, é reduzido ceteris paribus o montante de bem estar 12 Em todo o mundo, utiliza-se o dólar como moeda para precificar o petróleo, independente do país considerado. 21

21 de uma sociedade a nível de seu PIB real, ou renda real, que é seu PIB ou renda deflacionado pelo índice de preços (MANKIW, 1998). Os choques de petróleo foram responsáveis pela maior mudança de padrão estratégico observada na história da indústria de petróleo: dos choques resultou o início da competição das grandes majors internacionais pelas reservas de petróleo no planeta, com estas objetivando fincar posições estratégicos em todas as áreas de jazidas representativas. Os choques acabaram por forçar uma descentralização da produção (aumento da participação de países não-membros da OPEP), em razão de uma nova visão dos países grandes importadores de petróleo sobre a importância deste, que colocava em um patamar muito mais alto de relevância a substituição de petróleo importado por petróleo nacional. Além disso, os choques desencadearam uma mudança na estrutura de consumo energético mundial: anseios por legislações ambientais mais rigorosas (PERMAN et al., 1999), uma busca constante de substituição dos derivados de petróleo por outras fontes de energia 13, sobretudo eletricidade, gás natural e fontes renováveis, incluindo-se aí programa do Banco Mundial de fomento a investimentos nestas indústrias (durante a gestão de Robert McNamara a frente desta instituição), e um aumento da carga tributária das atividades relacionadas à cadeia petrolífera. A ação destes fatores reduziu a competitividade dos derivados de petróleo vis-à-vis a outras fontes energéticas. Pode-se argumentar que os dois choques foram bastante dramáticos pela drástica virada da economia mundial a partir do início da década de 80: dos aumentos do preço do barril do cru (de cerca de US$ 3,00 para cerca de US$ 12,00 em 1973, e em 1979 para US$ 40,00) decorreram enormes déficits na balança corrente dos países mais dependentes de petróleo, sendo este um dos principais fatores responsáveis pelo choque de juros do Banco Central americano, no enxugamento da liquidez internacional de capital nos anos 80, na crise da dívida na América Latina, no caótico ambiente estagflacionário da década perdida e no fortalecimento do paradigma teórico liberal sobre o papel da intervenção econômica do Estado. 13 Em 1973, o petróleo representava cerca de 45% das necessidades energéticas mundiais, percentual superior aos cerca de 40% atuais. 22

22 I.2 - A Nova Estrutura e Dinâmica Industrial Deste turning point em diante a indústria de petróleo experimentou uma vastidão de inovações: de natureza tecnológica, especialmente o crescente desenvolvimento da exploração offshore, dado o inevitável esgotamento futuro da produção onshore (em terra) em territórios não-opep; e também de natureza financeira: uma crescente comoditização do petróleo, e a utilização dos modernos mecanismos financeiros de gerenciamento de risco, como operações de hedge e nos mercados futuros, a termo e de opções (CLO, 2000). É importante notar que o termo comoditização é referente unicamente ao fato de o mercado de petróleo se dar no tipo mercado de bolsa. O petróleo difere frontalmente das demais commodities, sobretudo das agrícolas, no que tange às elasticidades de preço-demanda, de renda-demanda, de substituição na matriz de consumo produtivo de uma economia, a seu dinamismo tecnológico e geo-político, e a seus impactos sobre os índices de preços e níveis de atividade econômica. Entre os efeitos de natureza tecnológica, o crescente direcionamento às atividades E&P offshore (em lâmina d água) pelas major companies foi certamente o mais importante resultado dos choques de petróleo. Os choques marcaram assim a mais drástica reorientação de pesquisa e desenvolvimento já ocorrida nesta indústria. Ademais, outra importante conseqüência dos choques de grande importância para a estrutura industrial da atividade petrolífera foi a atitude adotada pelas empresas petrolíferas de priorizar o papel da concentração, por intermédio de fusões, aquisições e acordos de curto médio e longo prazos de cooperação entre empresas para projetos, sobretudo em atividade exploratória. Este aumento do nível de concentração industrial foi resultante da diminuição do valor acionário de grande parte das companhias de petróleo (CONN e WHITE, 2004). A formação do preço passou a ser regida pela determinação em bolsas de mercadorias. A relativa substituição das relações contratuais de longo termo por contratos de prazos menores, a reestruturação das grandes companhias e um aumento no número de agentes na indústria passaram a causar absoluta imprevisibilidade e volatilidade nos preços, resultado de um ambiente altamente incerto. O nível de informação disponível no mercado se elevou, assim como sua transparência e eficiência. A combinação de globalização física e econômica dos mercados ajudou a acentuar a instabilidade de preços, sobretudo em períodos de exceção, como guerras. Qualquer evento extraordinário e de razoável relevância que ocorra em uma 23

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