CRI NACIONAL

Transcrição

1 CRI NACIONAL ABERTURA - Professor Hugo Tadeu: O encontro do CRI Nacional do dia 15 de Maio foi realizado na sede da Fundação Dom Cabral em São Paulo, e marca a finalização do ciclo , apesar de não ser o último evento do ciclo propriamente dito. Haverá ainda um Rumos da Inovação em Agosto, na IBM de São Paulo, onde os participantes do Centro terão uma dinâmica de finalização relacionada ao tema do ano. A abertura do evento foi feita pelo Professor Hugo Tadeu, coordenador do CRI Nacional. Hugo começou com uma recapitulação dos eventos do ciclo e prosseguiu com a explicação da agenda do dia. Foi entregue aos participantes um relatório do ciclo, com todos os eventos, atividades e palestras realizadas durante o ano. A dinâmica dos Mapas de Contexto, trabalhada ao longo do ano, terá sua finalização no Rumos da inovação, onde haverá um espaço reservado para as empresas do CRI Nacional. Por fim, o Professor Hugo fez uma breve introdução a aula do Professor Hitendra Patel, a próxima atividade do dia. O Professor Patel conversou com os participantes diretamente dos Estados Unidos, a partir de um sistema de vídeo conferência da FDC, e sua palestra sobre Estratégia, Implementação e Métricas de Inovação resume os principais pontos abordados ao longo do ciclo do CRI Nacional. ESTRATÉGIA, IMPLEMENTAÇÃO E MÉTRICAS DE INOVAÇÃO - Professor Hitendra Patel: O Professor Hitendra Patel começou sua apresentação com rápida orientação sobre o material utilizado, seguido de uma breve apresentação pessoal, explicitando seu contato e trabalho com o Brasil e a América Latina, principalmente através de empresas que já atuou, como a Motorola. Em sua aula, o professor compartilha basicamente lições e insights de suas experiências próprias em relação a implementação, estratégias e métricas para a inovação em empresas. O primeiro tópico apresentado foi como implementar ideias e obter os resultados esperados. Como ter certeza de que a sua ideia é certa, viável e boa. Segundo o professor Patel é preciso começar da forma certa. Sua ideia precisa de

2 aplicabilidade ao negócio, apoio de lideranças, robustez, tempo e espaço para adaptação, e as pessoas certas envolvidas. O professor frisa aqui a importância do apoio das lideranças da empresa à inovação. E eles devem comunicar isso. As boas lideranças devem comunicar explicitamente a necessidade de inovação, e ser claros em relação a oportunidades ameaçadoras, quanto e quando, e em que tipo de projetos e investimentos a empresa deve focar. Deve-se também investir em conceitos, não em fragmentos de ideias. Desenvolver seu fragmento de ideia em um conceito robusto. Conceito, pois é preciso pensar no tipo de mercado, no tipo de produto, no foco e no que há por trás de sua ideia. Robusto já que também é necessário pensar no mercado, na aceitação da ideia, em como os clientes vão pensar, na competitividade, como seus concorrentes vão se comportar, se eles vão conseguir copiar, etc. Tentar utilizar tendências, necessidades, modelos de negócios e combinações únicas em sua ideia. Outra boa dica do professor é usar equipes multifuncionais e diversificadas. Com pessoas otimistas e pessimistas, ativas, divergentes e com ideias diferentes do padrão, pessoas com disciplina e organizadas, boas em fazer projetos. É importante diversificar bem a equipe. Divergir e convergir. É importante também ter contatos e conexões. Seu bom networking será muito importante na realização dos projetos. Para o sucesso do projeto é importante revisar sua administração regularmente. Fazer followup constantemente, feedback e revisão do processo. A boa administração vai trazer mais atividade e resultados mais rápidos. É importante fazer relatórios de tudo e dar a sua equipe artefatos, coisas palpáveis e práticas para trabalhar. Crie um ambiente propício com tempo e espaço para inovações constantes. Esteja atento aos projetos a sua administração, ao contato com a equipe e a alocação eficiente de tempo e espaço. Tempo e espaço são importantes para adaptação dos projetos e mudanças na empresa. Seja flexível, em relação as possibilidades de mudança nos rumos e caminhos do projeto ao longo do percurso até o sucesso. Experimente e teste para encontrar um caminho a seguir. O caminho certo pode (provavelmente) ser mais longo. Tanto os acertos quanto os erros são importantes para o sucesso do projeto. A implantação de ideias raramente leva ao impacto esperado. Geralmente o resultado final é menor do que o esperado. Para conciliar o caminho sinuoso do percurso com os custos dos erros e acertos, é preciso dividir e controlar os ciclos do projeto. Treinar seu pessoal para dividir e controlar o processo em resultados obtidos. Quebrar o processo. A implementação de projetos de inovação é uma tarefa difícil. Aprenda fazendo. Foco nos erros e acertos, nas tentativas e erros. Saia da sala de reuniões, e vá por em prática, fazer de fato. Os resultados devem ser imaginados. Compartilhe suas ideias com os outros, selecione os melhores projetos e imagine sua aplicação. Novas competências são essenciais, e precisam ser originados.

3 Os principais atributos de um líder no processo de inovação, segundo o professor Patel, são visão e imaginação processual. Um líder que incentive a experimentação e que perdoe os erros, que fazem parte do processo. Comunicador e reconhecedor de credito as pessoas devidas, conseguindo assim mais conexões e contatos, que serão uteis para o futuro. Deve ser um líder politico. Ser mais colaborativo. Por fim, a melhor maneira de vender a inovação para a empresa segundo o professor, é a partir de casos, histórias e exemplos. Comunicar, advertir e fazer propaganda. Motivar os líderes da empresa. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA SAMARCO - Alessandra Prata: A próxima convidada do dia foi a Alessandra Prata, pra falar sobre Inovação Tecnológica na Samarco. A Samarco é uma empresa do CRI Minas e, sendo assim, a professora Hérica Righi, coordenadora do Centro, apresentou a palestrante para o grupo. Alessandra começou sua apresentação contando um pouco sobre a Samarco com alguns dados básicos, breve histórico, produtos e serviços oferecidos pela empresa, missão e valores da mesma. Segundo Alessandra, a Samarco é uma empresa 100% (ou quase isso) exportadora. A Inovação tecnológica é vista para a empresa como um meio para se atingir a sustentabilidade ecológica, um dos objetivos da empresa. Com o termo sustentabilidade ecológica a Samarco quere dizer eco eficiência, redução de danos e prejuízos ao meio ambiente, entre outros pontos. A partir do diagnóstico e visão da empresa para 2022, feito pela mesma com a ajuda de especialistas, foi criado a GTE (Gerencia Tecnológica de Eco eficiência), que possui o objetivo de impulsionar e influenciar o desenvolvimento da sustentabilidade por meio de soluções tecnológicas. A história da inovação na Samarco começa a poucos anos atrás, como uma visitar do professor Carlos Arruda, onde houve uma critica em relação a atitude de apenas executores (marcado pela presença massiva de engenheiros) na empresa. Faltava envolvimento, dinamização, tendências, projeções etc. Nesse momento a empresa entra no CRI Minas, cria o GTE e começa a pensar melhor nos seus processos. A sustentabilidade na Samarco é vista como uma entrada, e como critério para avaliação dos projetos (não apenas o retorno financeiro). A inovação está a serviço da sustentabilidade na empresa. Para Alessandra, a implementação da Inovação depende muito da comunicação e do apoio das lideranças certas, da forma certa. Saber vender sua ideia, depois da mesma estar bem desenvolvida e estruturada. É importante saber com quem falar, como falar, quando e onde falar. Tudo isso faz diferença no convencimento e aceitação do projeto pela empresa. A Samarco hoje está bem focada em inovação aberta, como forma de aumento de sua produtividade. O grupo do GTE (do qual a Alessandra faz parte) passou por um período difícil até conseguirem mostrar resultados e ganhos obtidos com seus projetos. Entregaram projetos

4 de grande impacto e repercussão para a empresa, e agora estão bem, pois conseguiram ganhar credibilidade. Assim, seu orçamento para projetos aumentou. Conseguiram comprovar a importância do Centro e dos projetos de inovação. Atualmente, a ênfase do órgão esta em metodologias, indicadores, métricas e entregas, para sempre estar conseguindo mostrar e comprovar os ganhos com os projetos de inovação. Apesar de enxergarem a importância desse ponto, ainda estão trabalhando nos seus indicadores e índices de inovação. Trabalham também na parte de valoração de projetos, e como estão contribuindo para a visão da Samarco para Atuam em conjunto com diversos outros atores e agentes, mas acreditam no valor da inovação aberta para a empresa. Hoje em dia, após bastante estudo sobre o tema, Alessandra acredita que a Samarco ainda não possui efetivamente pratica em inovação aberta. Uma das dificuldades atuais da empresa é em diversificar seus produtos e serviços. Para isso, estão buscando parcerias com outras empresas (como a Pirelli e a Solvay). Entretanto, possuem dificuldade de sair do seu core business, por conta de questões institucionais (como as atas de acionistas) já que são, fundamentalmente, uma empresa pelotizadora de minério de ferro. Para concluir, Alessandra, assim como o GTE da Samarco, enxergam que já caminharam bastante em relação a inovação, mas veem também que ainda possuem muito a fazer. Seu foco atual está em métricas e indicadores, e modelos de negócios de inovação (para novos produtos e serviços). APRESENTAÇÃO PROJETO ENLACES - Professora Hérica Righi: A professora Hérica Righi fez uma breve apresentação sobre a Rede Enlaces, a qual a Fundação Dom Cabral é a representante pelo Brasil, e a professora é a coordenadora da pesquisa em relação à inovação. O primeiro encontro do projeto foi em Cartagena no ano passado, e esse ano haverá outro. Os contatos do núcleo de inovação vão receber nas próximas semanas a pesquisa de Gestão da Inovação no Brasil. Será feito ainda um seminário em relação a esses dados, e finalmente os resultados finais serão divulgados. PATENTES DE TECNOLOGIA DE PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL - Gabriel Marcuzzo (INPI): O último palestrante do dia, Gabriel Marcuzzo, trouxe para os participantes um artigo, do qual é um dos autores, sobre a questão de patentes aplicada a indústria de Óleo e Gás no Brasil. Gabriel é pesquisador do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), e doutorando na área de propriedade intelectual e patentes. Sua fala será justamente sobre a questão de patentes e propriedade intelectual no Brasil. A apresentação começa com uma introdução sobre patentes e economia do conhecimento. O crescente valor das patentes e intangíveis na sociedade, e a necessidade das empresas de proteger seus altos investimentos. Dai surge a ideia de economia do conhecimento. Intangíveis

5 num papel central, e como o investimento é arriscado para as empresas, esse merece uma segurança própria. Os principais casos e exemplos de guerras de patentes citados por Gabriel são das empresas Pfizer, Samsung e Apple, Yahoo e Facebook, Nokia. A Samsung e a Apple disputam patentes de smartphones e tablets desde 2011, quando a empresa de Steve Jobs processou os sulcoreanos por terem copiado o projeto de seus produtos. Já o Yahoo!, continua sua guerra judicial contra o Facebook, ao afirmar que a concorrente violou mais duas de suas patentes. Essas patentes abrangem as maneiras de analisar a interação entre os contatos online e a gestão de publicidade em buscas online. A Nokia por outro lado já fatura 500 milhões de euros (647 milhões de dólares) anuais com royalties sobre suas patentes em áreas importantes da telefonia móvel. Mesmo assim, A empresa processou a HTC e a ViewSonic por violações de patentes de telefonia móvel e software, e é provável que outras usuárias do Android estejam entre os próximos alvos. Gabriel apresenta a partir de um gráfico da WIPO de 2013, que há um crescente número de pedidos de patentes em países como China, Estados Unidos, Coréia, Japão e a região da Europa. O INPI aparece como o décimo maior escritório, em relação a pedidos de patentes, do mundo. Segundo Gabriel, as patentes são um indicador fraco de inovação, o que é mostrado em alguns estudos. Entretanto, grandes empreendedores do mundo, como Bill Gates, Steve Jobs e Thomas Edison, possuem muitos pedidos de patentes registrados em seus nomes. A inovação existe em três níveis: quando é nova para o mundo, nova para o país e nova para a empresa. E, para o caso do Brasil, são três critérios de patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial). Sendo assim, as invenções patenteáveis são as novas para o mundo. Por fim, foi discutido o estudo de caso do artigo do palestrante, sobre impactos do pré-sal para as patentes no Brasil. As principais conclusões do trabalho foram: - As patentes tornaram-se instrumentos estratégicos na economia do conhecimento. Na indústria do Petróleo em específico, depósitos de patentes representam percepções em relação ao potencial do mercado. - Existem perspectivas de ampliação do mercado para tecnologias de petróleo, o que motivou os fornecedores de serviços e equipamentos a intensificar o depósito de patentes no Brasil; - Foram detectadas significativas diferenças entre empresas operadoras (Petrobras e Shell) em relação às demais empresas fornecedoras de equipamentos e serviços; - Foi verificado também que o aumento de depósitos de pedidos de patentes no USPTO (United States Patent and Trademark Office) é correlacionado com perspectivas para novas tecnologias para a exploração do pré-sal. Gabriel conclui então dizendo que houve um aumento do pedido de patentes nos principais escritórios do mundo nos últimos anos. Na indústria de petróleo e gás não se pode afirmar que as empresas que aumentaram o pedido de patentes se tornaram mais inovadores. O observado foi uma mudança em relação a de mercado dessas empresas.

6 Segundo o palestrante, a inovação vem ganhando importância na agenda do governo federal. Há uma atração de Centros de P&D para o Brasil. O próximo encontro do CRI Nacional, e último do ciclo , será no Rumos da inovação, que acontecera no dia 6 de agosto, na sede da IBM de São Paulo. Aguardamos todos lá!