Ligação direta com os direitos do consumidor

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1 JORNAL DA ALERJ ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO RIO DE JANEIRO ANO I N a 22 DE JUNHO DE 2003 Ligação direta com os direitos do consumidor Daniela Barcellos Jair de Jesus (E) e Rodrigo de Faria recorreram à Alerj para evitar a cobrança de contas acumuladas que somam até R$ 3 mil Os usuários de telefones fixos têm na Assembléia Legislativa uma aliada de peso para evitar cobranças irregulares em suas contas. Cada vez mais, eles têm recorrido à Comissão de Defesa do Consumidor e ao Alô, Alerj ( ) para reclamar seus direitos. Motivos não faltam. No momento em que o Ministério das Comunicações autoriza Obras de restauração recuperam patrimônio do Palácio Tiradentes PÁGINA 2 um reajuste de até 28,7% nas tarifas telefônicas, é preciso conhecer a legislação para evitar abusos. Um bom exemplo é a Lei 3.981/02, de autoria do presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB). Essa lei proíbe concessionárias de telefonia fixa de acumular nas contas ligações de meses anteriores ao da leitura do relógio tarifador. A Alerj aprovou também a Novo projeto garante incentivos fiscais para indústrias na Baixada PÁGINAS 3 Lei 4.083/03, do deputado Domingos Brazão (PMDB), que obriga as mesmas empresas a instalar contadores de pulso em cada ponto de consumo. Por fim, tramita na Casa projeto de lei do deputado Nelson Gonçalves (PSB), que exige o detalhamento de todas as ligações efetuadas, constando hora e data, número chamado e tempo de ligação. PÁGINA 8 PÁGINAS 4, 5 e 6 Caçula da Alerj, Flávio Bolsonaro diz que não se casará tão cedo

2 2 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 16 A 22 DE JUNHO DE 2003 PALAVRA DO EDITOR O consumidor não pode ser obrigado a pagar contas acumuladas de telefone, que incluam ligações feitas meses antes da última leitura. Essa prática, comum entre as operadoras de telefonia fixa, deve ser denunciada e combatida. A Lei 3.981/02 foi sancionada justamente para evitar que as faturas tragam valores retroativos, causando estragos no bolso dos assinantes. Em resumo: não está certo pagar em junho por uma ligação feita em março, por exemplo. Somente os pulsos telefônicos registrados no último mês de leitura podem ser debitados. Em caso de descumprimento, a empresa estará sujeita a uma multa diária de R$ Atenta ao problema, a Alerj vem cuidando de fiscalizar a aplicação da lei. A Comissão de Defesa do Consumidor tem recebido centenas de queixas contra empresas telefônicas que desrespeitam os clientes, impondo cobranças indevidas e cortes irregulares de linhas. O Procon, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e o Ministério das Comunicações devem se engajar nessa campanha. Afinal, é do interesse público que o sistema de telefonia fixa opere em sintonia com um público que exige bons serviços, a preço justo. Gabriel Oliven Diretor de Comunicação Social EXPEDIENTE Publicação semanal do Departamento de Comunicação Social da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro dcs@alerj.rj.gov.br Presidente: JORGE PICCIANI 1º Vice-presidente: Heloneida Studart 2º Vice-presidente: José Távora 3º Vice-presidente: Pedro Fernandes 4º Vice-presidente: Fábio Silva 1ª Secretária: Graça Matos 2ª Secretário: Léo Vivas 3º Secretário: Marco Figueiredo 4º Secretário: Nelson do Posto 1º Suplente: Leandro Sampaio 2º Suplente: Eliana Ribeiro 3º Suplente: Nelson Gonçalves 4º Suplente: Rogério do Salão Jornalista responsável: Gabriel Oliven (Mat /88) Coordenadora: Sônia Moreira Repórteres: Erika Junger e Fernanda Galvão Estagiários: Fernanda Pizzotti, Fernanda Porto, Florence Jacq, Gabriel Mendes, Leandro Marins, Leonardo Hazan, Melissa Ornelas, Ramien Brum Fotografia: Daniela Barcellos Diagramação: Talitha Magalhães Projeto gráfico: Nel Figueiredo Coordenação Gráfica: Aranha Montagem: Bianca Marques e Carlos Renes Impressão Digital: Gráfica Alerj Tiragem: exemplares Restauração preserva o patrimônio histórico OBRAS RECUPERAM FACHADA E PEÇAS DE ARTE DO PALÁCIO TIRADENTES MELISSA ORNELAS Em 1926, os arquitetos Arquimedes Memória e F. Couchet projetaram o Palácio Tiradentes, que foi financiado pelos estados da Federação para abrigar a sede da Câmara dos Deputados. Para preservar esse patrimônio histórico, a Alerj iniciou um projeto de recuperação de todas as fachadas do prédio, das obras de arte do seu interior e também do Plenário Barbosa Lima Sobrinho. A arquitetura do Palácio mistura estilos franceses e neoclássicos, com escadarias em mármore e estátuas espalhadas nos corredores. A cúpula do Plenário é composta de coloridos vitrais. Em maio de 2002, na comemoração dos 76 anos do Palácio, a primeira fase do projeto de restauração foi concluída com a abertura do Salão Nobre, destinado às principais recepções promovidas pela Alerj. O salão, em estilo Francisco I, é um espaço retangular que tem nas laterais urnas decorativas em jaspe, ladeadas de figuras que representam a paz e o trabalho, a lei e a autoridade. Também foram recuperadas as pinturas, em estilo acadêmico, de Timóteo da Costa, Fiúza Guimarães, Eliseu Visconti e Aurélio Figueiredo, sob coordenação da artista plástica e Divulgação Helena Ávila (à direita) trabalha na restauração de quadro do pintor Aurélio de Figueiredo restauradora de obras públicas, Helena Ávila. Nós já não temos quase história, porque muitas obras importantes se perderam com o passar do tempo. As restaurações das peças de nossos grandes pintores são essenciais. Nosso trabalho existe para não deixar que esta parte do nosso passado caia no esquecimento, diz Helena, que quando não está no seu ateliê, está trabalhando na Alerj com sua equipe. Funcionária aposentada do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, Helena Ávila trabalhou também na chefia do Museu de Belas Artes, onde encarou a missão de restaurar mais de oito mil obras de arte de pintores famosos. Há menos de um ano, as salas dos departamentos do Palácio Tiradentes e do Palácio 23 de Julho foram pintadas. O auditório ganhou uma arquitetura moderna, com equipamentos novos e prontos para a realização de conferências e palestras. Segundo a diretora substituta do Departamento de Engenharia e Arquitetura da Alerj, Lenise Pereira da Silva, o próximo passo será a restauração dos pisos em mármore do térreo, dos vitrais dos corredores, dos postes da frente do Palácio, que lembram o Rio antigo, e de todo o mobiliário da Casa.

3 RIO DE JANEIRO, 16 A 22 DE JUNHO DE 2003 JORNAL DA ALERJ 3 Incentivos fiscais e novos empregos COMISSÕES DA ALERJ SE UNEM PARA APROVAR PROJETO QUE VAI BENEFICIAR INDÚSTRIAS NAVAL E DE PLÁSTICOS ERIKA JUNGER As Comissões de Minas e Energia, de Economia, Indústria e.comércio e de Orçamento da Assembléia Legislativa deram sinal verde para aprovar duas mensagens do Poder Executivo que concedem incentivos fiscais a indústrias plásticas e de construção naval. No último dia 12, os deputados se reuniram com prefeitos e vereadores da Baixada Fluminense, representantes de setores beneficiados pelo projeto, além de secretários de Estado para debater as mensagens. A primeira delas vai beneficiar as indústrias de transformação e reciclagem de produtos plásticos que se instalarem em municípios da Baixada dando origem ao Pólo Gá-Químico, que deve ter suas obras concluídas em outubro de O Pólo será a primeira unidade no Brasil a produzir polietileno e polipropileno à base de gás natural, matéria-prima utilizada pelas indústrias de transformação e reciclagem de plástico, grandes geradoras de empregos. Com os incentivos, o secretário de Planejamento, Fernando Lopes, busca trazer essas empresas para a Baixada. O Pólo é muito importante do ponto de vista tecnológico, mas não é um grande gerador de empregos. Eles serão criados pelas indústrias que se instalarem na região, disse. Atualmente, as empresas do ramo estão localizadas em São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, estados que já oferecem incentivos fiscais. O secretário de Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, informou que essa política gerou cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos no Rio Grande do Sul. Ou damos esses incentivos ou vamos continuar a produzir petróleo sem gerar empregos, alertou. A concessão dos incentivos às indústrias de construção naval, segundo Lopes, será importante para a modernização do setor, que terá equipamentos e tecnologias mais avançadas, e poderá competir em igualdade com mercados estrangeiros. Temos que garantir a competitividade e a grande disputa é com o mercado internacional. As empresas somente poderão participar da concorrência se as mantivermos sempre atualizadas, acredita. Victer informou que o governo do Estado reabriu 14 estaleiros, e a modernização dos equipamentos poderá dar origem mais encomendas. Em conseqüência destes pedidos, mais de 10 mil empregos poderão ser gerados. O projeto também prevê reabrir a indústria náutica, voltada para a fabricação de barcos de pesca e lazer. O presidente da Comissão de Economia Indústria e Comércio, deputado Samuel Malafaia (PSB), é a favor da lei e espera que o Executivo Estadual seja rápido na concessão de incentivos, pois o governo Federal poderá brecar a iniciativa, com a aprovação da Reforma Tributária. O governo federal está tentando acabar com os incentivos fiscais concedidos pelos Fotos Leandro Martins Os secretários Wagner Victer (ao centro) e Fernando Lopes (à direita) explicaram os projetos Os deputados Edmilson Valentim (D) e Samuel Malafaia apostam na geração de empregos estados. Temos que ser muito ágeis. A nova lei de tributação prevê que todos os incentivos acabem para que não haja guerra fiscal entre os estados. Só que estados como o Rio Grande do Sul e a Bahia já foram beneficiados, apontou Malafaia. O deputado Emilson Valentim (PCdoB), presidente da Comissão de Minas e Energia, afirma ser necessária essa política, para que se promova o desenvolvimento do Estado. Ele reitera que a lei deve ser aprovada rapidamente, em função da Reforma Tributária. É importante que aprovemos esses benefícios. Se você concede incentivos fiscais, já existentes em outros estados, dá competitividade e estimula o mercado.

4 4 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 16 A 2 Contas de telefone LEI ESTADUAL APROVADA PELA ALERJ IMPEDE EMPRESAS DE TELEFONIA FIXA DE COBRAR VALORES RETROATIVOS GABRIEL MENDES A Assembléia Legislativa está em linha direta com os usuários de..telefones fixos. Os deputados estaduais aprovaram leis que protegem o consumidor de cobranças indevidas e eventuais prejuízos. A Lei 3.981/02, de autoria do presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), impede empresas de telefonia fixa de cobrar valores anteriores ao último mês de leitura. Já a Lei 4.083/03, do deputado Domingos Brazão (PMDB), determina que as concessionárias instalem contadores de pulso em cada ponto de consumo. Além disso, o deputado Nelson Gonçalves (PSB) apresentou projeto de lei obrigando as empresas a emitir contas detalhadas incluindo os telefones fixos. O deputado Jorge Picciani alerta que muitos c o n s u m i d o r e s não conhecem seus direitos. A Lei 3.981/02, de sua autoria, diz que as faturas emitidas pelas concessionárias não podem trazer cobranças acumuladas de outros meses. Muitas vezes, a pessoa recebia em novembro, por exemplo, cobranças de ligações feitas em junho, julho e agosto. Isso não pode mais acontecer, avisa ele, lembrando que valores anteriores à leitura, não cobrados no período correspondente, serão de inteira responsabilidade da empresa. O analista de sistemas Rodrigo Andrade de Faria, 25 anos, é um dos usuários que podem ser beneficiados pela lei. Rodrigo mudou-se em abril de 2002 e ficou sem receber as contas telefônicas. Em dezembro, ele recebeu todas as contas acumuladas, em valor superior a R$ 3 mil. Desde então, ele tenta negociar o parcelamento da dívida: Quero pagar o que consumi. Só não acho justo que seja tudo de uma vez. O consumidor não deve pagar a conta se forem cobrados valores de meses anteriores Jorge Picciani (PMDB), presidente da Alerj Situação parecida vive o motorista aposentado Jair Braz de Jesus, 52 anos. No último dia 10, ele recebeu cobrança da Telemar referente aos meses de fevereiro, março e abril. A conta, no valor de R$ 140,66, vencia no dia horas depois do recebimento da fatura. Eu me endividei para pagar. Caso contrário, eles bloqueariam minha linha, desabafa, acrescentando: Já fui ao Procon 72 vezes. E todo mês é a mesma coisa. Jair denuncia ainda que recebe, na sua conta, ligações para números que ninguém, em sua casa, sabe de quem são. Pensando em casos como o de Jair, o deputado Domingos Brazão (PMDB) elaborou a Lei 4.083/03, que obriga as concessionárias de telefonia fixa a instalar c o n t a d o r e s de pulso em cada ponto de consumo. Agora, quando o cidadão sair de casa, ele pode observar o número de chamadas e conferir a quantidade de pulsos ao retornar, explica. Outra vantagem apontada pelo parlamentar é que o consumidor pode controlar seus gastos ao longo do mês: Se a pessoa vê, no meio do mês, que já gastou mais do que o normal, pode reduzir as ligações. O deputado Nelson Gonçalves (PSB) foi além. Ele apresentou projeto de lei que obriga as operadoras de telefonia fixa a registrar, nas faturas, todas as ligações efetuadas durante o mês. O detalhamento deve informar a data e a hora da ligação, o número chamado e o tempo de ligação hoje, as contas telefônicas só listam chamadas realizadas para telefones celulares e ligações interurbanas. Esta lei vai impedir que o usuário receba contas com pulsos excedentes e também permitirá ao chefe de família maior controle sobre as ligações feitas em sua casa, destaca. Jair (E) já foi ao Procon 72 vezes reclamar da Telem O QUE DETERMINA A LEGISLAÇÃO Lei 3.981/02, de autoria do presidente da Alerj, Jorge Picciani (foto), proíbe as concessionárias de telefonia fixa de cobrar em contas telefônicas ligações anteriores ao último mês de leitura. Lei 4.083/03, de autoria do deputado Domingos Brazão (PMDB), determina que as concessionárias de telefonia fixa instalem contadores de pulso nos pontos de consumo. ONDE RECLAMAR: Alô, Alerj C

5 2 DE JUNHO DE 2003 JORNAL DA ALERJ 5 são da nossa conta ar. Rodrigo tenta há 6 meses negociar com a Embratel o parcelamento de cobranças acumuladas A RESPEITO DAS CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS Lei 3.810/02, de autoria da deputada Cidinha Campos (PDT), fixa um prazo de 24 horas para reparos a serem feitos pelas concessionárias de serviços públicos após a comunicação do problema. Lei 3.936/02, de autoria do deputado Jorge Picciani (PMDB), dispõe sobre a obrigatoriedade de leitura mensal nos locais servidos por hidrômetros. omissão de Defesa do Consumidor Delegacia do Consumidor Daniela Barcellos Central recebe ligações Em apenas seis meses de funcionamento, a central 0800 da Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj já atendeu a mais de ligações, solucionando cerca de 70% do total. Grande parte dos casos que não têm solução é referente às operadoras de telefonia fixa, em especial a Telemar, que só nos últimos dois meses foi alvo de quase 200 queixas. Muitas dessas reclamações dizem respeito ao acúmulo de ligações de diversos meses em uma só conta. A Telemar informou, através de sua assessoria, que por ser uma concessão federal segue as regras da Anatel. Segundo a empresa, o artigo 61 da resolução 85 concede à operadora um prazo de 90 dias para cobrar as ligações. Os artigos 68, 69 e 70 da mesma resolução permitem ainda que a empresa bloqueie parcial ou totalmente, ou ainda corte a linha do usuário, após 30, 60 e 90 dias de não pagamento, respectivamente. O procurador-geral da Alerj, João Baptista Corrêa de Mello, explica que nas matérias referentes à defesa do consumidor, o Estado e a União podem legislar concorrentemente, de acordo com o artigo 24 da Constituição Federal. Quanto à alegação da Telemar, o procurador é taxativo: A Lei tem por escopo proteger o consumidor. Não está dispondo sobre direito comercial ou valores tarifários. Assim, a lei estadual se sobrepõe a qualquer resolução da Anatel, garante. A presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputada Cidinha Campos (PDT), lembra que muitos consumidores acabam pagando as contas com medo de retaliações das operadoras: A empresa ameaça cortar a linha ou colocar o nome do assinante no Serasa. Se isso acontecer, o consumidor, além de não pagar, deve entrar na Justiça por danos morais.

6 6 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 16 A 22 DE JUNHO DE 2003 EM DEBATE: EMPRESAS RESPEITAM OS DIREITOS DO CONSUMIDOR? ALTINEU CÔRTES DEPUTADO ESTADUAL PELO PMDB Avanço para o cidadão Uma economia aberta e cada vez mais globalizada necessita de consumidores capazes de exigir e lutar por serviços e produtos com preço justo e qualidade, que possibilitem, através da relação de consumo, uma melhoria acentuada na qualidade de vida do seu dia-a-dia. A garantia dos direitos do consumidor, que se reflete fundamentalmente no avanço do processo democrático dos direitos humanos e da cidadania, tem sido demonstrada amplamente pelas normas elencadas no Código de Defesa do Consumidor. A Lei nº 8078/90 de 11/09/90, que dispõe sobre a proteção do consumidor, tem conseguido ditar um justo desenvolvimento econômico e social do País. De forma inovadora, e com uma linguagem acessível a todos - de advogados a leigos - o Código de Defesa do Consumidor explica, de forma clara e objetiva, seus conceitos legais, possibilitando um amplo entendimento a todos os que a ele recorrem. Em seu corpo, o Código de Defesa do Consumidor traz mecanismos de defesa dos interesses difusos e coletivos do cidadão, viabilizando a garantia total de tais direitos. Com a implantação dos núcleos do Procon, e com o advento Em seus 12 anos de existência, o Código de Defesa do Consumidor tem educado os fornecedores Ramien Brum dos Juizados Especiais, através da Lei 9.099/ 95, facilitou-se significativamente ao cidadão defender-se, pela via extrajudicial e judicial, sempre que se sentir ameaçado de lesão, ou lesado, em seus direitos. Desta forma, em seus 12 anos de existência, o Código de Defesa do Consumidor tem conscientizado e educado os consumidores e, principalmente, os fornecedores e prestadores de serviços e mercadorias, resgatando a cidadania firmada no reconhecimento dos direitos humanos. Ele é um instrumento indispensável ao cidadão moderno, que almeja preço justo, boa qualidade de serviços e produtos e, principalmente atendimento digno e com respeito. CIDINHA CAMPOS DEPUTADA ESTADUAL PELO PDT Bom senso e olho vivo Desde que comecei a trabalhar em rádio, atuo diariamente com todo tipo de reclamações e demandas da população do Rio de Janeiro: falta de água, o telefone que não funciona, a empresa de ônibus que discrimina o idoso, o estudante ou o deficiente físico, o plano de saúde que não autoriza o atendimento do cliente, o gerente da loja que se recusa a trocar o eletrodoméstico vendido com defeito. Muito antes do surgimento do Código de Defesa do Consumidor. O rádio sempre foi o Procon do pobre. Por isso, para mim, presidir a Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj significa o prosseguimento de uma antiga tarefa. Agora, por meios oficiais. É inegável que o Código significou um avanço, mas existem mais de cem leis, no estado, que garantem os mais diversos direitos e que, na sua quase totalidade, são ignoradas e descumpridas. Há uma grande diferença entre a existência e a garantia do direito. Neste caso, são necessários dois procedimentos: o legislador tem que se empenhar pelo cumprimento da lei, e o consumidor deve guiar-se pelo bom senso e pela desconfiança. Sempre que desconfiar que está sendo passado para trás, não duvide está mesmo. Em todas as fiscalizações que já fizemos, constatamos Nas fi scalizações, vimos que, quanto maior a empresa, mais freqüente é o descumprimento da lei Daniela Barcellos que quanto maior a empresa mais freqüente é o descumprimento da lei. O dono do armazém, em geral, não sabe. O dono da rede de supermercado conhece a legislação e sabe de seus deveres, mas continua enganando a população. Além do trabalho de campo em que autuamos os infratores, requeri à Casa a criação de comissão especial que sistematize e consolide a legislação estadual que dispõe sobre proteção e defesa do consumidor. A meu pedido, a Defensoria Pública implantou, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, um posto avançado de atendimento. Temos que tentar, de todas as formas, fazer valer as leis de defesa do consumidor. Até quem vende enganando, pode comprar enganado.

7 RIO DE JANEIRO, 16 A 22 DE JUNHO DE 2003 JORNAL DA ALERJ 7 União em defesa do Paraíba do Sul NELSON GONÇALVES E INÊS PANDELÓ PARTICIPAM DE FÓRUM COM O OBJETIVO DE PROTEGER O MAIOR RIO DO ESTADO FERNANDA GALVÃO Ainda sofrendo os efeitos do desastre ambiental ocorrido em.abril, o rio Paraíba do Sul acaba de receber aliados de peso. Deputados estaduais, federais e vereadores da região banhada pelo rio - incluindo parlamentares de São Paulo e Minas Gerais - uniram-se no Fórum Parlamentar Permanente em Defesa da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. As vozes do Rio de Janeiro no fórum pertencem aos deputados Nelson Gonçalves (PSB) e Inês Pandeló (PT). Segundo a deputada, um dos papéis fundamentais do Fórum será debater a questão dos royalties da água, aprovados pela lei federal n 9.433/97. É uma discussão importante, e o Legislativo não pode ficar de fora disso. São recursos vultosos que poderão desenvolver, e muito, a região, aponta Pandeló. Outra justificativa para a atuação conjunta dos parlamentares de três estados é justamente a importância econômica da região da Bacia do Paraíba do Sul: pelo menos sete mil indústrias e seis mil fazendas são abastecidas pelo rio, representando 10% do PIB nacional. Já Nelson Gonçalves lembra que 180 municípios são abastecidos pelo Paraíba do Sul. São 15 milhões de pessoas. É um número expressivo. Nossa união é essencial porque não adianta só o estado do Rio se preocupar com as condições PELAS COMISSÕES CPI investiga taxas de juros das financeiras A Alerj instalou Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar denúncias de irregularidades em instituições financeiras que operam no estado. Segundo o deputado Alberto Brizola (PSB), presidente da CPI, as taxas de juros aplicadas por financeiras, administradoras de cartões de crédito, empresas de factoring e comércio varejista em financiamentos próprios são abusivas. O deputado Nelson Gonçalves lembra que o rio Paraíba do Sul abastece 180 municípios da água do Rio, uma vez que ele passa por três estados, afirma ele, lembrando que o evento do dia 30 contou ainda com a participação do vice-governador e secretário de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde. Os parlamentares do Fórum precisam ter um contato estreito com os órgãos fiscalizadores do meio ambiente, pois é necessário não só consertar os danos já causados ao rio, mas também cuidar para que não aconteçam maiores prejuízos, defende. Gonçalves acredita que a iniciativa dos parlamentares do Rio, São Paulo e Minas Gerais servirá de exemplo para as outras regiões: O Brasil precisa tomar conta de seus rios, que são um patrimônio inestimável. Audiência debaterá a saúde da mulher negra As comissões de Saúde, Combate às Discriminações e Defesa dos Direitos da Mulher, realizarão no dia 24, a 2ª Audiência Pública de Saúde da Mulher Negra, para debater os dados apresentados pela secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro. O evento contará com a presença de representantes da ONG Criola, e será realizado no auditório Nelson Carneiro, no Palácio 23 de Julho, às 14 horas. Contas do Executivo estão sob análise Ramien Brum Daniela Barcellos Inês Pandeló (PT) quer discutir os royalties A Comissão de Orçamento da Assembléia Legislativa está analisando as contas do Governo do estado, referentes ao exercício de 2002, que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O deputado Edson Albertassi (PSB), presidente da Comissão, garante que a verificação levará 60 dias, e não parará com o recesso parlamentar, durante o mês de julho.

8 8 JORNAL DA ALERJ RIO DE JANEIRO, 16 A 22 DE JUNHO DE 2003 ENTREVISTA / FLÁVIO BOLSONARO DEPUTADO ESTADUAL PELO PP Não quero me casar tão cedo CAÇULA DO PARLAMENTO, DEPUTADO É DESTAQUE NA COMISSÃO DE SEGURANÇA FERNANDA GALVÃO Ele tem 22 anos e, até os 15, torcia o nariz para a política. Seu hobby é a pesca submarina, mas já jogou futebol de salão pelo América F.C. em Cursa Direito no Centro Universitário Cândido Mendes e não pretende se casar tão cedo. A descrição do deputado Flávio Bolsonaro (PP) destoa da biografia tradicional de um parlamentar em seu primeiro mandato a começar pela timidez clássica dos calouros. Com quatro meses de atuação legislativa, o deputado mais jovem da Casa tem chamado a atenção por se envolver em causas espinhosas e por discutir, em pé de igualdade, com colegas veteranos. Tenho de tomar posição. Gosto de ser desse jeito, explica ele, que herdou do pai, o deputado federal Jair Bolsonaro (PTB), a vocação para a polêmica. Desde o início do mandato o senhor já se envolveu em uma série de questões polêmicas, como o caso da liminar suspendendo as leis de cotas nas universidades e a convocação do secretário Chiquinho da Mangueira a depor na Comissão de Segurança. O senhor não teme ficar estigmatizado? Não. Meu pai, o deputado Jair Bolsonaro, está na política há 15 anos e sempre foi polêmico. Tanto ele, quanto eu sempre brigamos por causas justas. Temos de tomar posições. Faço o que eu acho que é certo. Acho que, ao me envolver com estas questões, estou fazendo meu papel como parlamentar. Me considero um fiscal do estado; vejo o que está errado e tento apresentar soluções. Seus projetos de lei, então, seguirão esta linha? Exatamente. Estamos com um projeto, em tramitação, que desconta, do valor do IPVA, o que o motorista pagou em pedágios dentro do estado. O IPVA visa beneficiar as estradas estaduais e garantir a sua manutenção. E os pedágios também são cobrados, pelas concessionárias, com o mesmo objetivo. Ora, estamos pagando a mesma coisa, duas vezes. A idéia é reverter este quadro. O projeto, agora, está na Comissão de Constituição e Justiça, mas acho que vai fazer barulho quando for para o plenário. Esta postura causa atritos entre os outros colegas deputados? Não, acho que não. Não tenho problemas com ninguém na Casa. Exemplo claro disso é quando eu chego em plenário; falo com todos, desde a faxineira até o deputado que estiver presidindo a sessão. O senhor vem de uma família ligada à política. Além do pai-deputado, tem um irmão mais novo que é vereador no Rio de Janeiro. A política está na veia, então? É engraçado, porque até os 15 anos eu dizia que não iria entrar para a política de jeito nenhum. Mas o convívio me fez mudar de idéia. Acompanhava meu pai nas campanhas e passei a ver o lado bom, que é o reconhecimento das pessoas. Agora estou passando por isso, passo na rua e recebo elogios sobre meu trabalho na Assembléia. Isto é muito bom. Entrei na vida pública porque me interessei por um trabalho bom, que é certo e que vale a pena. O senhor é jovem, tem 22 anos, é universitário. E é deputado estadual. Dá para manter uma rotina própria da sua idade? A política te obriga a abrir mão de muita coisa. Tenho que freqüentar menos a noite, vigiar minha postura, afinal é o deputado quem está ali. Na faculdade, meus colegas dão idéias sobre projetos de leis, mas os professores têm cobrado mais. Só deu tempo de manter a musculação, e às vezes nem isso eu consigo fazer. E dá tempo de administrar o coração? Ainda não deu tempo de se casar, certo? C a s a r? D e u s m e livre!. Sou muito novo ainda. Não quero me casar tão cedo! (risos) Ramien Brum