INFORME TÉCNICO DOENÇA MENINGOCÓCICA
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- Izabel Gama
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1 Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde. Superintendência de Vigilância em Saúde Coordenação de Análise de Situação de Saúde Coordenação de Vigilância Epidemiológica INFORME TÉCNICO DOENÇA MENINGOCÓCICA A Doença Meningocócica é um termo que se refere a várias manifestações clínicas causadas pela bactéria Neisseria menigitidis, como a meningite meningocócica e a meningococcemia e outras. É um sério problema de saúde pública, percebido como tal, tanto pelas autoridades sanitárias como pela população em geral. No município do Rio de Janeiro, a doença historicamente incide mais em menores de 10 anos com discreto predomínio do sexo masculino. (Gráficos 1 e 2) Gráfico 1- Doença Meningocócica Proporção de Casos por Faixa Etária e Ano Município do Rio de Janeiro, 1976 a 2009* <1 1a 4 5 a 9 10 a a e + Gráfico 2 - Doença Meningocócica Proporção de Casos por Sexo e Ano Município do Rio de Janeiro, 1976 a 2009* Masc. Fem.
2 A década de 70 foi marcada por epidemia de meningite causada pelos sorogrupos A e C. A experiência com este acontecimento influenciou a construção do Sistema de Vigilância Epidemiológica brasileiro. Na década de 80, as taxas de incidência foram crescendo ano após ano, de maneira gradual e sob o predomínio do sorogrupo B e com manutenção da Taxa de Letalidade em patamares elevados e com pouca alteração ao longo dos anos, tendência esta que foi modificada a partir de (Gráfico 3) Gráfico 3 - Doença Meningocócica - Taxa de Incidência e Letalidade por Ano, MRJ a 2009* Tx.Incidência 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0, ,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Tx. Letalidade Tx.Letalidade(%) Ano Tx.Incidência/ hab. Esta dinâmica de crescimento gerou divergências em relação ao reconhecimento da existência ou não de uma epidemia. No final da década de 80 e início da de 90 o uso e a eficácia/efetividade da única vacina disponível para o sorogrupo B, a vacina de fabricação cubana Vamengoc BC, produzida pelo Instituto Finlay, foi motivo para muitas discussões. No Rio de Janeiro foram realizadas duas campanhas de vacinação com esta vacina, uma em 1989 e outra em 1994, para crianças entre 6 meses e 13 anos de idade, Em 1995 como conseqüência da vacinação de dezembro de 1994, foi observado um crescimento de casos do sorogrupo C entre adultos jovens, adolescentes e crianças menores de 1 ano. Fato que motivou a realização de uma campanha de massa realizada em dezembro de 1995 para população entre 14 e 29 anos e para menores de 2 anos não vacinados em 1994, com uso das vacinas polissacaridica e a Vamengoc BC. Nesta intervenção foram vacinados de jovens e crianças.
3 Entre 1995 e 1998 foram realizados dez bloqueios com uso da Vamengoc BC e vacina polissacarídica C e AC, com aproximadamente vacinados entre adultos e crianças. Os anos 2000 foram acompanhados de queda da taxa de incidência sem alteração expressiva da letalidade (Gráfico 3) e predomínio do sorogrupo B até 2006, quando passamos a observar um predomínio do sorogrupo C (Gráfico 4), e elevação da letalidade em 2008, sem alteração da faixa etária predominante. (Gráfico 1 e 3) Gráfico 4 - Doença Meningocócica Proporção de Casos por Sorogrupo e Ano Município do Rio de Janeiro, 1976 a 2009* A B C W135 IGN Em 2009 (dados atualizados até 03/11/2009), foram notificados 161 casos de Doença Meningocócica e 39 óbitos, sem identificação de surto, com as Equipes de Vigilância em Saúde orientadas para administrar a quimioprofilaxia com Rifampicina para os contatos íntimos do doente. A taxa de incidência por habitantes para a cidade é 2,4. Para os menores de 10 anos é de 11,5 e para os maiores de 10 anos igual a 1, o que confere ao menor de 10 anos uma probabilidade de adoecer (Risco Relativo) 11,5 vezes maior do que os maiores, e um excesso de risco para os menores de 10 anos de 4,8 vezes maior do que a média da cidade. Para identificação de áreas da cidade mais vulneráveis é necessário conhecer os locais com maior concentração populacional de menores de 10 anos. Segundo o mapa, elaborado com base no Censo de 2000, observa-se que a maioria dos setores tem de 15 a 25% de crianças menores de 10 anos e alguns poucos com 25 a, todos localizados nas Áreas Programáticas 3, 4 e 5. (Mapa 1)
4 Mapa 1 Menores de 10 anos por Setor Censitário, MRJ-2000 fonte: IBGE Censo As áreas com maiores taxas de incidência e excesso de risco para adoecer são as mesmas áreas de maior concentração de menores de 10 anos. (Mapas 2 e 3) Mapa 2 Taxa de Incidência por habitantes da Doença Meningocócica em Menores de 10 anos por Bairro de Moradia, MRJ-2009*
5 Mapa 3 - Doença Meningocócica em Menores de 10 anos por Excesso de Risco e Bairro de Moradia, MRJ-2009* A mortalidade de 2006 para 2007 entre crianças de 1 a 9 anos caiu da décima segunda causa de morte para a vigésima, atingindo em 2007 a menor taxa de letalidade (Gráfico 3). A ocorrência da Doença Meningocócica costuma causar grande impacto social. Do ponto de vista do conhecimento de casos novos este impacto é positivo porque este medo motiva a população em geral a notificar a ocorrência de novos casos, e com isto, aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância epidemiológica. Considerando-se o aumento do predomínio do sorogrupo C e existência da vacina com boa eficácia é recomendada especial atenção dos Serviços de Vigilância na identificação de surtos, pois nestas situações é possível, sob a orientação do Ministério da Saúde, a aplicação de vacinação de bloqueio.
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