SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA APLICADA À GESTÃO PÚBLICA

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1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA APLICADA À GESTÃO PÚBLICA Julio Cesar do Carmo Junior 1, Osvaldo Cesar Pinheiro de Almeida 2 1 Informática para Gestão, Faculdade de Tecnologia, Botucatu, SP, Brasil. jcesarjunior@gmail.com 2 Faculdade de Tecnologia, Botucatu,SP, Brasil. cesar@fatecbt.edu.br Palavras chave: Gestão Pública, Google Maps, Java, Sistema de Informação Geográfica. INTRODUÇÃO Sistemas computadorizados que permitem a manipulação de informações e dados geográficos são conhecidos como Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Os SIGs são utilizados em uma série de áreas distintas como agricultura, logística e transporte, entre outras. As funcionalidades oferecidas por esse tipo de sistema vão desde simples visualização de um mapa em escala até a análise de um grande conjunto de dados (geograficamente referenciados). Usando esses sistemas é possível gerar mapas temáticas, identificar geograficamente informações pertinentes, além de analisar um grande conjunto de informações de modo espacial. Explorar os diversos recursos disponibilizados pelos SIGs, demanda um alto grau de conhecimento sobre geoprocessamento e técnicas computacionais disponibilizadas por esses softwares. Devido à essa característica, o uso de SIGs fica limitado aos profissionais da área. Porém existem alguns SIGs, conhecidos como SIGs especialistas, que tem como grande característica ser desenvolvido para um propósito bem específico. Dessa maneira, os recursos apresentados por esses SIGs tendem a ter uma melhor usabilidade. Além disso, as informações usadas para alimentar o sistema e os resultados obtidos são bem específicos para o escopo do problema abordado pelo SIG. Um ambiente no qual um SIG especialista pode ser aplicado é o de gestão pública. Nesse cenário é possível explorar várias situações distintas, como acompanhamento de obras públicas em desenvolvimento, localização e reconhecimento de órgãos públicos, entre outros. A partir do gerenciamento dessas informações é possível realizar uma série de levantamentos e análises, que podem possibilitar ao gestor público e à população, um meio de explorar de maneira mais intuitiva informações importantes geradas pelos gestores públicos. Um SIG de gestão pública disponibilizado na web pode ter uma aplicação ainda mais ampla, pois facilita o acesso às informações da população. Atualmente é fácil encontrar pontos de acesso à internet, seja privado, via residências ou empresas, ou público, por meio de órgãos e outras entidades. Isso torna mais fácil o acesso às informações e mais simples o seu entendimento e compreensão. Dessa maneira, é possível ampliar a participação da população no acompanhamento da gestão pública. Com base nessas informações esse projeto teve como objetivo o desenvolvimento de um sistema de informação geográfica especialista aplicado à gestão pública. O desenvolvimento de um SIG para gestão pública pode apoiar a administração de serviços públicos em geral. Uma das possibilidades é o uso do sistema no gerenciamento das informações sobre obras públicas. Em um sistema web é possível acompanhar, analisar e obter uma série de informações, de maneira simples e clara, sobre as ações tomadas pelo poder público. O melhor entendimento dessas informações auxilia não só o gestor público como também, e principalmente, a população que pode acompanhar de maneira mais ativa as ações tomadas por esses gestores. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento do Sistema de Informação Geográfica para Gestão Pública (SIGPub), foi necessário inicialmente realizar um levantamento sobre as principais informações que seriam gerenciadas. Optou-se pelo gerenciamento de informações sobre a construção e/ou

2 reforma em obras públicas. A partir daí foram definidos os principais componentes a serem levantados para se obter uma boa gama de informações sobre essas obras. Essas informações vão desde localização (dado georreferenciado), início e fim previsto da obra, custos, fotos, informações sobre andamento da obra, entre outras. Esse levantamento possibilitou a identificação dos atributos com os quais o sistema irá trabalhar. Após esse levantamento foi realizada a modelagem dos dados para o desenvolvimento da base de dados. Essa modelagem foi realizada usando o MySQL WorkBench (MYSQL, 2012b). Essa ferramenta de modelagem permite estabelecer de maneira visual a definição das entidades (tabelas) que serão criadas no sistema, além de permitir estabelecer a relação entre as entidades. Ao final do processo de modelagem foi gerado um modelo da base de dados, além de seus scripts de criação. O gerenciamento das informações do sistema é realizado pelo MySQL (MYSQL, 2012a), que é um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) (SILBERCHATZ et al., 1999). O SGBD permite o gerenciamento de um grande volume de dados, além de possibilitar trabalhar com múltiplos usuários e transações simultâneas. Essa característica, muito explorada em sistemas web, permite que haja um grande número de usuários no sistema desenvolvido, mantendo o desempenho de acesso e manipulação dos dados. Definida e desenvolvida a estrutura da base de dados, iniciou-se o processo de desenvolvimento do sistema. A implementação do sistema foi realizada usando o ambiente de desenvolvimento integrado (IDE) Netbeans. Usando esse IDE foi possível implementar o sistema usando a linguagem e plataforma JAVA. Essa plataforma oferece um grande número de recursos para desenvolvimento de aplicações web. Entre os recursos disponíveis estão os Servlets e JSPs. Os Servlets são classes definidas no JAVA para o desenvolvimento de aplicações que recebem e despacham requisições via web. Já as páginas JSPs são páginas escritas em HTML com comandos JAVA embutidos, que permitem a execução de comandos JAVA em tempo de execução. Ambos os recursos permitem a criação de páginas web dinâmicas (TEMPLE, 2004). O SIG desenvolvido seguiu o processo de desenvolvimento conhecido como Model View Control (MVC). Nesse modelo de desenvolvimento há uma separação entre o controle do sistema, a lógica da aplicação, e o layout de exibição dos resultados. Aplicados aos recursos da plataforma JAVA o modelo pode ser usado explorando os Servlets, o JavaBeans e as páginas JSP. Nesse contexto, os Servlets ficam encarregados de controlar as requisições recebidas, os JavaBeans implementam a lógica da aplicação, e as páginas JSP definem as saídas, ou seja, as telas de visualização enviadas ao navegador (browser) do usuário (TEMPLE, 2004). O acesso e manipulação dos dados armazenados no SGBD são realizados pela aplicação a partir do uso do framework do JAVA conhecido como Hibernate. Essa ferramenta disponibiliza uma série de recursos que permitem mapear a base de dados relacional nos modelos de dados orientados à objeto do JAVA (HIBERNATE, 2012). Com esses recursos a manipulação dos dados fica mais segura, flexível e de fácil utilização. Isso permitiu um grande ganho de tempo no desenvolvimento do sistema. Até essa etapa de desenvolvimento ainda não havia sido abordada a interação do sistema com os mapas georreferenciados (característica extremamente importante de um SIG). Nessa fase foram utilizados os recursos do Google Maps API. A partir desse serviço é possível explorar uma série de mecanismos de georreferenciamento, mapas e objetos gráficos georreferenciados, para a construção de um SIG (GOOGLE, 2012). Com o uso de mapas associados às informações georreferenciadas do sistema, foi possível desenvolver o SIG especialista. Para isso, os componentes de scripts do Google Maps foram embutidos às páginas JSPs.

3 A integração do sistema desenvolvido em JAVA com a API do Google, permite realizar o cadastro de informações no sistema e, posteriormente, essas informações podem ser acessadas a partir de um layout georreferenciado, ou seja, a partir de um mapa temático (que contém as informações cadastradas). Para que isso seja possível, os usuários dos sistemas devem utilizar as páginas de cadastros de informações de obras, onde é necessário informar alguns dados básicos, como localização da obra e um descritivo da obra. Além disso, é possível especificar rótulos, imagens e informações extras à nova obra que está sendo cadastrada. Todas essas informações podem ser acessadas a partir do mapa temático. O cadastro das informações deve ser realizado por um usuário cadastrado no sistema (para evitar informações não confiáveis). Um usuário que não esteja cadastrado no sistema pode acessar o ambiente web do SIGPub e consultar todas as informações cadastradas. A partir da seleção de uma obra será exibido um mapa com a localização dessa obra, além de um breve descritivo sobre a obra. Ainda serão disponibilizados ligações (links) para que as demais informações sobre a obra também possam ser visualizadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o desenvolvimento do projeto foi gerado o modelo de dados que representa as informações necessárias para a criação do SIGPub (Fig. 1). Foi especificado como componente principal o "objreferencia", que é o objeto de referência do sistema (as obras). As demais informações, localizações, imagens, rótulos (tags) e informações extras, são vinculadas a partir à referência. Usando esse modelo foi gerada a base de dados em MySQL. Como pode ser observado no modelo gerado, o objeto de referência pode ter vinculado a ele inúmeras localidades, o que permite especificar uma área de obra (não só um ponto específico). Além disso, é possível associar vários rótulos diferentes às obras (esse recurso será usado futuramente para pesquisar as obras de interesse). O sistema também possibilita a integração de várias informações e imagens à uma mesma obra, permitindo agregar informações detalhadas à obra. Figura 1. Modelo da base de dados especificada para armazenar os dados sobre as obras públicas.

4 O resultado da implementação do sistema foi o ambiente web, que pode ser acessado a partir de qualquer navegador (browser) instalado no sistema. A grande vantagem de um SIG com essas características está na facilidade de acesso e interpretação das informações disponibilizadas. Basta um usuário possuir acesso à internet para que possa acessar por meio de mapas temáticos as informações que deseja. Acessando a informação de uma obra cadastrada pode ser possível visualizar, inicialmente, a localização da obra (destacada no mapa), verificar a posição georreferenciada dessa obra (a partir da latitude e longitude), além de visualizar uma descrição da obra. A Fig. 2 ilustra a visualização de uma obra, seu descritivo, e também seu posicionamento (coordenadas geográficas). Caso a obra acessada possua mais de uma localização (mais de uma coordenada geográfica especificada), a identificação não será mais pontual, e sim por área. Dessa maneira, o sistema irá apresentar a área em que a obra está sendo executada, além das demais informações específicas da obra. A Fig. 3 ilustra uma obra nessa situação. Esse recurso permite uma visão mais abrangente sobre o espaço onde a obra está sendo executada. Figura 2. Imagem ilustrativa do SIGPub com a exibição de uma obra cadastrada e sua descrição inicial.

5 Figura 3. Imagem ilustrativa do SIGPub com a exibição de informações de uma obra definida em uma área (múltiplas localizações para definir os vértices da área). CONCLUSÕES Um SIG especialista é criado para um propósito específico. Por essa razão, o desenvolvimento do SIGPub tem como propósito facilitar o gerenciamento e disseminação de informações sobre obras realizadas pelos gestores públicos. Essa disseminação via web, usando recursos de mapas temáticos contribui para o fácil acesso à essas informações e também contribui para sua compreensão. Com um mínimo de esforço, um cidadão pode acompanhar a proposição, o planejamento, a execução e o término das obras públicas. Isso pode contribuir para a transparência da administração pública nas suas ações e uso de recursos. REFERÊNCIAS Hibernate. Hibernate Developer Guide. Red Hat, Inc. Disponível em: /en-us/html Google. Google Maps API. Google. Disponível em: MySQL. MySQL Server, versão 5.5. Oracle Corporation. Disponível em: a.. MySQL Workbench. A MySQL White Paper. Oracle Corporation. Disponível em: b. Silberchatz, a, Korth, h. F., Sudarshan, s.. Sistema de Banco de Dados. 3ª Ed. São Paulo, Makron Books Temple, A., Mello, R. F., Calegari, D. T., Schiezaro, M.. Programação Web com Jsp, Servlets e J2EE. Temple et al