ák 9 ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA GERAL DA AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL
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1 ák 9 ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO PROCURADORIA-GERAL FEDERAL PROCURADORIA GERAL DA AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL Em 17 de julho de Parecer n 0395/2012/PGE-ANEEL/PGF/AGU Referência: Processo n / Interessados: Assunto: Ementa: Diretor-Relator Denúncia de suposta evasão de Encargos Setoriais no Polo Petroquímico de Camaçari. Estabelecimento de linha de interesse restrito entre a Braskem e consumidor do Polo Petroquímico de Camaçari. Decisão da Diretoria Colegiada da ANEEL. Tratamento diferenciado da normatização setorial para complexos industriais. Fato consolidado. Apenas um integrante do polo possui conexão à rede Básica e, conseguintemente, contratos de conexão e uso. Os demais integrantes não possuem relação jurídica com o sistema. Os integrantes do polo constituem uma comunhão de fato. Os encargos são cobrados do consumidor que o sistema enxerga, quando este comprar ou vender energia fora do complexo industrial. Trata-se de parecer em que se analisa a alegação da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - COELBA de suposta evasão de encargos setoriais no Polo Petroquímico de Camaçari. I - DOS FATOS 2. A Assessoria do Diretor Relator do Processo n / , remeteu à Procuradoria o Memorando ne 103/2012-DR-ASS/ANEEL, solicitando a emissão de SGAN - Quadra 603 / Módulos "I" e " ) " CEP Brasília - DF - Brasil - Telefone (61) Fax: (61) procuradoriafederal@aneel.qov.br V i # i I i? n n d o p o t â t í c a * p ü b l l c c t s. garantindo cldadanfa ti OO3?3 l30u-oo
2 (F. 2 do Parecer n. parecer jurídico sobre a alegação da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - COELBA de evasão de encargos setoriais no Polo Petroquímico de Camaçari. O referido Memorando traz um resumo completo dos fatos que envolvem a controvérsia, razão pela qual o reproduziremos nas linhas seguintes. "No âmbito do Processo / , a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - COELBA interpôs pedido de reconsideração em face da Resolução Autorizativa nb 3.010/2011, que autorizou, para fins de regularização, em favor da Braskem 5.A., o estabelecimento de instalação para o fornecimento de energia elétrica de interesse restrito ao consumidor Coiumbian Chem ichai Brasil Ltda., localizado no Polo Petroquímico de Camaçari, no estado da Bahia. Na 47a Reunião Pública Ordinária de 2011, a Diretoria decidiu pelo não provimento do pedido de reconsideração, mas determinou que: (i) a SR E abrisse processo específico com o intuito de verificar o correto recolhim ento dos encargos setoriais em decorrência da comercialização de energia elétrica por parte da Braskem S.A. na condição de produtora independente de energia elétrica e, se necessário, tomasse as providências com vistas à regularização dessa questão dentro do prazo de 90 (noventa) dias; e (ii) com o apoio da Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração - SFG verificasse a existência de situações sim ilares ao caso da Braskem S.A. em outros polos industriais. Tal decisão foi consubstanciada no Despacho nb 4.822/2011. Tal determinação ocorreu em função da alegação da COELBA de que a Braskem não estaria recolhendo determinados encargos setoriais em face da energia comercializada com a Coiumbian. Em 14/2/2012, em cumprimento a decisão da Diretoria, foi aberto o Processo nq / e a SR E emitiu a Nota Técnica ns 44/2012-SRE/ANEEL, de 29/2/2012, que concluiu que as alegações da COELBA eram im procedentes (fls. 3/7). A SR E fez sua análise sob a hipótese de que "o Polo Petroquímico de Camaçari se enquadra em comunhão de interesse de fato entre as em presas que o compõem, sendo legítima a organização de seus membros de forma condominial para atendimento de interesse comum, não havendo ofensa ã regulação do setor elétrico a participação consorciada de consumidores livres representados por um único consumidor, no caso a BRASKEM, sendo esse arranjo um exemplo de livre iniciativa, na forma de outros que já são admitidos no setor". Em 16/4/2012, o processo foi distribuído ao Diretor Edvaldo A lves de Santana (fl. 24). Em 29/5/2012, a COELBA protocolou manifestação (f/s. 34/46), em que requer a rem essa dos autos à essa Procuradoria. Tal documento apresenta contra argumentos à opinião expressada pela SR E em sua Nota Técnica, como, por exemplo, a apresentada no parágrafo 7, a seguir transcrito: "7.Desenvolvendo a hipótese, mesmo com a condição de Produtor independente de Energia - PIE atribuída à BRASKEM, o relacionamento desta com os demais integrantes do poio não constitui relação comerciai ou m ercantil de venda de energia e, especificam ente, não constitui comercialização em ambiente de contratação livre nos termos da legislação do setor elétrico que im plique fato gerador de encargos setoriais. O poio deve ser visto como um todo, integrado e
3 (F. 3 do Parecer n. unitizado frente aos dem ais agentes do setor eiétríco. A autorização para produção independente nesse caso eqüivale a uma autorização de autoprodução, na medida em que a carga é consumida integralm ente pelo produtor ou pelo poio, que não usufrui das prerrogativas de com ercializar a energia produzida em quaisquer dos ambientes de contratação, na medida em que não gera excedente exportável para o sistem a." Alega a concessionária que o Poio Petroquímico de Camaçari não foi instituído na forma de condomínio, representado pela Braskem, e que não há dúvidas de que a Braskem comercializa energia não só com a Coiumbian, como com várias outras em presas do polo, a quem está interligada p o r rede elétrica em área pública, o que caracteriza não se tratar de autoprodução. Assim, o não recolhim ento dos encargos setoriais sobre a energia produzida que é comercializada configuraria vantagem competitiva ilícita para Braskem. Por outro iado, a SR E afirma que a ANEEL vem dando tratamento adequado aos encargos setoriais devidos peia Braskem na condição de PIE e os encargos devidos na condição de consumidor livre representante do polo, estes últimos cobrados na Tarifa de Uso dos Sistem as de Transmissão - TUST. Segundo a SRE, do ponto de vista de eficiência na arrecadação, tai tratamento dos consumidores do poio reunidos sob a representação da Braskem gera ganho à fiscalização, pela responsabilização de um único agente, face eventual inadimplência setorial. Quanto ao segundo ponto da determinação da Diretoria, de levantamento de situações sim ilares, a SR E entende que haveria perda de seu objeto, à medida que a conclusão foi a de não evasão de encargos. Assim, nos termos do art. 21 da Norma de Organização ANEEL n 11, aprovada pela Portaria ns 779/2007, e na condição de Assessora do Diretor-Relator, solicito parecer dessa Procuradoria sobre as alegações tanto da área técnica quanto da COELBA, à lu z da legislação vigente, objetivando subsidiar seu julgam ento e voto." 3. Definida a questão objeto do parecer, passa-se à sua análise. II-DA ANÁLISE 4. Antes de se proceder à análise propriamente dita da questão posta, é preciso recordar que a Diretoria da ANEEL autorizou, em processo administrativo já transitado em julgado, a implantação de rede de interesse restrito entre a BRASKEM e consumidor situado no Polo Petroquímico de Camaçari. 5. Tal autorização foi motivada pelas características especiais do Polo Petroquímico. No caso em foco, a BRASKEM (antiga COPENE) possuía autorização para produzir e comercializar energia elétrica, sob o regime de produção independente, autorização veiculada por meio da Portaria MME n9 321/96, cujos artigos 1Q e 2Q assim dispõem:
4 (F. 4 do Parecer n. "Art. 13 Fica a COPENE - Petroquímica do Nordeste S.A., com sede no Município de Camaçari, Estado da Bahia, autorizada a funcionar como produtor independente de energia elétrica. Art. 2- A energia elétrica produzida pela COPENE destina-se ao uso em suas instalações industriais e ao comércio, nas condições estabelecidas na Le i ns 9.074, de 7 de julho de 1995, regulamentada pelo Decreto ns 2.003, de 10 de setembro de 1996." 6. A referida autorização foi concedida à luz da Constituição Federal de 1988, bem como da Lei ne 9.074/95, que, ao tratar da figura do produtor independente, deu tratamento diferenciado ao atendimento de eletricidade em pólos industriais, prevendo que a comercialização de energia se fizesse diretamente com o industrial que recebesse no processo de co-geração insumos para sua atividade industrial, como o vapor. Nesse sentido, confira-se a redação do artigo 12, inciso III da Lei nq9.074/95, in verbis: "Art. 12. A venda de energia elétrica por produtor independente poderá se r feita para: I - concessionário de serviço público de energia elétrica; II - consumidor de energia elétrica, nas condições estabelecidas nos arts. 15 e 16; III - consumidores de energia elétrica integrantes de complexo industrial ou comerciai, aos quais o produtor independente também forneça vapor oriundo de processo de co-geração; IV - conjunto de consumidores de energia elétrica, independentem ente de tensão e carga, nas condições previamente ajustadas com o concessionário local de distribuição; V - qualquer consumidor que demonstre ao poder concedente não ter o concessionário local lhe assegurado o fornecimento no prazo de até cento e oitenta dias contado da respectiva solicitação." 7. No mesmo sentido, dispõe o artigo 23, inciso III do Decreto nq2.003/96, que regulamenta a Lei n /95: "Art. 23. O produtor independente poderá comercializar a potência e/ou energia com: I - concessionário ou permissionário de serviço público de energia elétrica; II - consumidores de energia elétrica nas condições estabelecidas nos artigos 15 e 16 da Lei n de 1995: III - consumidores de energia elétrica integrantes de complexo industrial ou comercial, aos quais forneça vapor ou outro insumo oriundo de processo de cogeração; IV - conjunto de consumidores de energia elétrica, independentemente de tensão e carga, nas condições previamente ajustadas com o concessionário local de distribuição; V - qualquer consumidor que demonstre ao poder concedente não ter o concessionário local lhe assegurado o fornecimento no prazo de até 180 dias, contado da respectiva solicitação." 8. A Braskem, portanto, tinha autorização para fornecer energia também para polos petroquímicos aos quais fornecesse vapor ou outro insumo oriundo de processo de cogeração. Por força de disposição expressa do artigo 17, 32 da Lei ns 9.074/95, com a
5 (F. 5 do Parecer n. redação dada pela Lei nq 9.648/98, a autorização da geração inclui as redes a ela vinculadas: "Art. 17. O poder concedente deverá definir, dentre as instalações de transmissão, as que se destinam à formação da rede básica dos sistem as interligados, as de âmbito próprio do concessionário de distribuição, as de interesse exclusivo das centrais de geração e as destinadas a interligações internacionais. (...) 3a A s instalações de transmissão de interesse restrito das centrais de geração poderão se r consideradas integrantes das respectivas concessões, perm issões ou autorizações." 9. Dos dispositivos acima transcritos, percebe-se que a legislação em vigor conferiu tratamento diferenciado ao atendimento de eletricidade em polos industriais, autorizando que a energia seja comercializada diretamente com a unidade industrial que receber insumos no processo de co-geração, tendo-se compreendido que essa autorização poderá incluir as redes a ela vinculadas. 10. Foi o raciocínio acima transcrito o que motivou a autorização da Diretoria para que a BRASKEM, um produtor independente integrante de polo industrial, pudesse fornecer energia a outro integrante do polo por meio de uma rede de interesse restrito. No debate gerado no processo que decidiu pela concessão da referida autorização um elemento foi ressaltado como motivador da resolução da Diretoria: o tratamento diferenciado da normatização setorial para polos industriais. 11. O tratamento diferenciado desses complexos industriais, portanto, levou à ANEEL a autorizar a implantação de linhas de interesse restrito dentro do Polo Petroquímico de Camaçari. A implantação da linha referida, note-se, decorre de um processo transitado em julgado no âmbito administrativo e que não conta com qualquer empecilho oriundo de processo judicial. 12. O fornecimento de energia da BRASKEM para outros integrantes do Polo Petroquímico de Camaçari por meio de uma linha de interesse restrito é um fato consumado e não é possível voltar a discutir o tema no presente processo. Parte-se, portanto, da premissa de que o fornecimento por meio da linha referida é uma situação consolidada e imutável, salvo determinação judicial em sentido contrário, o que até o presente momento não ocorreu. 13. A decisão da Diretoria Colegiada da ANEEL gerou a seguinte situação: o polo petroquímico de Camaçari está conectado à Rede Básica por meio da BRASKEM. Por conseguinte, é a BRASKEM quem possui Contrato de Uso do Sistema de Transmissão - CUST e Contrato de Conexão de Transmissão - CCT. Também é a BRASKEM quem integra a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE, como qualquer agente do Sistema Interligado Nacional - SIN. Os demais integrantes do polo não se ligam à Rede Básica e nem à concessionária de distribuição, mas à BRASKEM, fato que, como visto anteriormente, foi autorizado pela ANEEL. O resultado dessa ausência de relacionamento dos industriais integrantes do polo com o SIN é a inexistência de contratos de uso e conexão.
6 (F. 6 do Parecer n. 14. É preciso ter em vista, contudo, que não é a falta do instrumento jurídico o que imuniza os consumidores da cobrança dos encargos setoriais. É a própria ausência de relação dos mesmos com o SIN, a ausência de energia comercializada no sistema. A energia consumida por este grupo de industriais situados no Polo Petroquímico de Camaçari é gerada pela BRASKEM e fornecida por meio de uma linha de interesse restrito. Os integrantes do polo não comercializam energia no SIN, quem o faz é a BRASKEM. A natureza diferenciada do polo permitiu que um dos seus integrantes gerasse energia e a fornecesse diretamente para os demais. A energia gerada e consumida dentro do polo não é alvo de encargos setoriais, pois não há comercialização no âmbito do SIN.O gerador é também um integrante do polo e fornece energia e vapor aos demais em uma espécie de comunhão de fato. A comunhão de fato é representada perante o SIN pela BRASKEN, que paga naturalmente os encargos pela energia que comercializa no Sistema. 15. Não se trata, todavia, de evasão de encargos. Na realidade, os encargos incidem, mas são cobrados apenas do consumidor que o sistema enxerga, que é aquele conectado à Rede Básica e possuidor de contratos de uso e conexão e apenas quando este comprar e vender energia fora do complexo industrial, pois no interior do polo o fornecimento se faz em uma comunhão de fato III - DA CONCLUSÃO 16. Pelo exposto, conclui-se que a ANEEL vem dando tratamento adequado aos encargos setoriais devidos pelo Polo Petroquímico de Camaçari, tendo em vista a decisão da Diretoria que autorizou o estabelecimento de uma linha de interesse restrito entre a Braskem e consumidor situado no complexo industrial, dando regularidade jurídica à comunhão de fato existente no complexo industrial. 17. É o parecer, que submeto à consideração do Senhor Procurador Geral para, se aprovado, posterior encaminhamento ao Diretor Relator Edvaldo Alves de Santana. Brasília, 17 de julho de KARINE LYRA CORRÊA Procuradora Federal Aprovo o Parecer n.s 0395 /2012-PGE/ANEEL/PGF/AGU. Encaminhe-se ao Diretor Relator Edvaldo Alves de Santana. Brasília, 17 dpjjgfmo de2012 PGE/0419G1707.DC>C. / M ARCIAN A MARQUES Procurador Geral
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