Breve Histórico do Uso da Maconha no Brasil
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- Luiz Guilherme Cordeiro Castel-Branco
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2 O que é maconha? Maconha é o nome popular de uma planta chamada Cannabis Sativa, que tem sido usada há séculos por diferentes culturas, e em diferentes momentos da História, com fins médicos e industriais. Desde os anos 60, a maconha ficou mais conhecida pelo seu uso recreativo, com o propósito de alterar a consciência.
3 Cannabis Sativa
4 Breve Histórico do Uso da Maconha no Brasil A planta Cannabis Sativa não é nativa do Brasil e teria sido introduzida em nosso país, a partir de 1549; O que prova até certo ponto a sua denominação fumo d Angola" (Lucena, 1934). Com o passar dos anos o uso não-médico da planta se disseminou entre os negros e os índios que começaram a cultivá-la.
5 Na segunda metade do século XIX esse quadro começou a se modificar, o uso medicinal ganhou credibilidade com notícias de seus efeitos: "Hipnótico e sedativo de ação variada; Na década de 1930 iniciou-se a fase repressiva no Brasil, atingiu vários estados (Mamede, 1945); "No Rio, em 1933, registravam as primeiras prisões em conseqüência do comércio clandestino da maconha;
6 Epidemiologia A epidemiologia de uso da maconha no Brasil mostra que esse assunto não pode ficar mais sem um enfrentamento franco e decisivo; De acordo com pesquisa realizada em 2005, de cada 100 brasileiros, aproximadamente nove já haviam usado maconha pelo menos uma vez na vida (ou seja 9%); Esse dado varia conforme o sexo e a idade: entre homens, 14,3% já usaram e, entre mulheres, 5,1%.
7 O uso maior é entre jovens adultos de 18 a 24 anos de idade, atingindo a porcentagem de 17% nessa faixa etária, e menor entre adolescentes de 12 a 17 anos: 4,1%. O consumo da planta entre estudantes vem aumentando (Galduroz et al., 2005), além de ser elevado o uso por nossas crianças que vivem em situação de rua (Noto et al., 1998); O 1 Levantamento Domiciliar sobre Consumo de Drogas no Brasil (Carlini et al., 2002) revelou que 6,9% dos 47 milhões de habitantes das 107 maiores cidades brasileiras já consumiram a planta pelo menos uma vez na vida, o que corresponde a 3,249 milhões de pessoas.
8 O uso de maconha aumento o risco de transtornos mentais?
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10 O uso de Cannabis está associado a maiores riscos de transtornos pelo uso de outras substâncias e está associado a diferentes comorbidades psiquiátricas na população geral. As associações mais importantes entre o uso de Cannabis e problemas de saúde mental aparecem quando há uma combinação de fatores individuais constitucionais e efeitos da droga. Há uma associação consistente entre o uso de Cannabis e primeiro surto psicótico em indivíduos mais jovens. O uso de Cannabis aumenta o risco de incidência de esquizofrenia em indivíduos com e sem outras fatores predisponentes e leva a um pior prognóstico para aqueles indivíduos com clara vulnerabilidade para um transtorno psicótico.
11 Maconha pode causar dependência?
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13 Pessoas que usam maconha por muitos anos, para lidar com o estresse, têm dificuldade de parar de usá-la. Em casos como esse, o usuário pode desenvolver dependência, isto é, a maconha torna-se tão importante na sua vida, que ele passa a organizá-la de maneira a facilitar seu uso, sentindo ansiedade quando não a tem disponível. Alguns desses usuários apresentam sintomas físicos e ansiedade quando param de usar maconha abruptamente. Podem apresentar distúrbios de sono, irritabilidade, perda de apetite, enjôo e sudorese. Esses sintomas duram, em geral, uma semana, à exceção do distúrbio de sono, que pode durar mais tempo.
14 Quais são os riscos de se usar maconha?
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16 O uso de maconha pode ser bastante arriscado, caso a pessoa, sob seu efeito, resolva dirigir, caminhar numa rua escura e movimentada, relacionar-se sexualmente com um desconhecido, nadar ou operar uma máquina que exija boa coordenação motora e reflexos rápidos. Para correr tais riscos não é preciso ser usuário habitual de maconha, basta estar sob o efeito da droga na circunstância inadequada.
17 Efeitos decorrentes do uso da maconha Efeitos Euforizantes: -aumento do desejo sexual; -sensação de lentificação do tempo; -aumento da autoconfiança e grandiosidade; -risos imotivados; -loquacidade; -hilaridade; -aumento da sociabilidade; -sensação de relaxamento; -aumento da percepção das cores, som textura e paladar; -aumento da capacidade de introspecção.
18 Efeitos Físicos: -Taquicardia; -hiperemia conjuntival; -boca seca; -hipotermia; -tontura; -retardo psicomotor; -incoordenação motora; -redução da acuidade auditiva; -aumento da acuidade visual; -broncodilatação; -hipotensão ortostática; -aumento do apetite; -xerostomia; -tosse; -midríase.
19 Efeitos Psíquicos -despersonalização; -depressão; -desrealização; -alucinações; -sonolência; -ansiedade; -irritabilidade; -prejuízos à concentração; -prejuízo a memória de curto prazo; -letargia; -excitação psicomotora; -ataque de pânico; -autoreferência e paranóia; -prejuízo do julgamento.
20 Efeitos crônicos O usuário crônico, que usa maconha regularmente por algum tempo, arrisca-se também a: prejudicar sua memória e habilidade de processar informações complexas; irritar seu sistema respiratório, pela constante presença da fumaça em seus pulmões; aumentar suas possibilidades de desenvolver câncer de pulmão, uma vez que a maconha tem o mesmo teor de alcatrão que os cigarros de tabaco.
21 CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA DOS USUÁRIOS DA MACONHA O consumo de maconha causa danos à saúde de várias maneiras. Seu uso prejudica a capacidade de realizar tarefas de grande exigência ; Aproximadamente 10% das pessoas que experimentam a droga tornam -se dependentes; Risco de Doenças respiratórias;
22 CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA DOS USUÁRIOS DA MACONHA Funcionamento cognitivo prejudicado ; Apresentar sintomas ou distúrbios psicóticos; Prejuízos na esfera familiar; O uso precoce ou frequente pelos jovens pode prejudicar seu desempenho educacional e outros resultados psicossociais na adolescência.
23 CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA DOS USUÁRIOS DA MACONHA Adolescência é um importante período de transição para a vida adulta; Ligação do uso da maconha e da transição precoce da adolescência para a vida adulta: Saída da casa dos pais; Início da vida sexual ; Gravidez.
24 CONSEQÜÊNCIAS NA VIDA DOS USUÁRIOS DA MACONHA O uso da maconha no adolescente tem impactos psicológicos, biológicos, sociais e legais.
25 Causas do Uso da Maconha Causas mais frequentes: fuga dos problemas, curiosidade e busca pelo prazer; Além da necessidade de suprir sentimentos inadequados e baixa auto estima; Sair das preocupações; Sair do mundo real;
26 Causas do Uso da Maconha Vontade de sentir uma sensação diferente; Necessidade de se enturmar!
27 Maconha: fator desencadeador de esquizofrenia A esquizofrenia acomete, aproximadamente, 1,1% da população. Atualmente, acredita-se que a esquizofrenia seja uma doença multifatorial, na qual deva existir uma predisposição genética, mas sejam necessários fatores ambientais desencadeadores para ela se manifestar. Entre os fatores ambientais sugeridos como desencadeadores, salienta-se o uso abusivo de algumas drogas psicotrópicas / ilícitas, incluindo a maconha.
28 Trabalhos que estabelecem relação casual entre o uso abusivo de maconha e manifestação da esquizofrenia A análise da literatura mostrou que existem evidências crescentes, tanto epidemiológicas quanto biológicas, de que o uso de maconha pode desencadear o início da esquizofrenia, pelo menos em indivíduos predispostos.
29 Evidências Epidemiológicas
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32 Evidências Biológicas As principais evidências biológicas de que o sistema canabinóide esteja envolvido na patogenia da esquizofrenia são: Anatomicamente, os receptores canabinóides estão distribuídos em regiões que têm sido implicadas na esquizofrenia, como córtex pré-frontal, gânglios da base, hipocampo e córtex cingulado anterior (GLASS; FAULL; DRAGUNOW, 1997b). Níveis elevados de endocanabinóides (anandamida e palmitiletanolamida) foram encontrados no líquido céfaloraquidiano de 10 pacientes diagnosticados com esquizofrenia (LEWEKE et al., 1999a).
33 Níveis aumentados de receptores CB1 no Sistema Nervoso Central, incluindo o córtex cingulado anterior têm sido descritos em esquizofrênicos (DEAN et al., 2001; ZAVITSANOU; GARRICK; HUANG, 2004). Abuso de maconha piora os sintomas psicóticos em pacientes esquizofrênicos (ANDREASSON et al., 1987; LINSZEN; DINGEMANS; LENIOR, 1994). Similaridades entre prejuízos cognitivos que ocorrem nas psicoses e os efeitos farmacológicos da maconha têm sido identificados (EMRICH;LEWEKE; SCHNEIDER, 1997; LEWEKE et al., 1999b). Existem interações funcionais entre dopamina e canabinóides. As drogas que bloqueiam receptor dopaminérgico D2 diminuem os sintomas positivos da esquizofrenia e estudos de microdilálise mostraram que estímulo de D2 no estriado aumenta a liberação de anandamida (GIUFFRIDA et al., 1999).
34 Pelo que se expôs, fica claro que o sistema canabinóide de fato está implicado na patogenia da esquizofrenia ativação deste sistema pelo uso de maconha poderia ser a base neurobiológica que explicaria o desencadeamento de esquizofrenia pelo uso de maconha. Concluí-se que existem evidências crescentes, tanto epidemiológicas quanto biológicas, de que o uso de maconha pode desencadear o início da esquizofrenia, pelo menos em indivíduos predispostos. Se o inadequado pode desencadear a doença em indivíduos sem predisposição ainda é uma dúvida.
35 Benefícios da Educação Física A atividade física é tida como procedimento eficaz tanto na prevenção, quanto no tratamento e na reabilitação dos indivíduos com transtornos mentais. Os sintomas e sinais levam os indivíduos: ISOLAMENTO; HIPOCINESIA; SEDENTARISMO; DESREGRAMENTO DOS HÁBITOS DE VIDA.
36 Atividade física É capaz de gerar força física que, por sua vez, melhora a capacidade de rendimento nas atividades diárias (SILVA, 1995); Melhora a auto-estima (SHAVELSON, HUBNER & STANTON, 1976); Combate o estresse e diminui estados de depressão (DUA & HANGREAVES, 1992); É fator de relação positiva com as auto percepções de estima, controle, eficácia, humor e afeto (MCAULEY, 1994);
37 Traz benefícios para saúde mental (aumento do estado de humor, controle do estresse) física (combate à hipertensão, osteoporose, doenças coronarianas, diabetes mellitus) (FECHO & BRANDÃO, 1997); Envolve interação social (NORT et al., 1990); Traz efeitos benéficos mediados por fatores psicossociais (reforço social e senso de controle) e efeitos fisiológicos (liberação de endorfinas, seretonina e monoaminas) (SMITH & SMITH, 1990); Faz com que o individua adquira/melhore as habilidades motoras e desenvolva capacidades físicas (ROEDER, 1999); Traz benefícios quanto aos aspectos cognitivos, sociais e psicomotores (CARDOSO et al., 1982).
38 Intervenções de Enfermagem Educação em saúde: Orientá-lo quanto a sensibilidade aumentada a droga devido ao tempo de uso; Mostrar todas as conseqüências do uso da maconha; Orientá-lo a participar de grupos de apoio; Orientar a família a participar do tratamento (caso seja necessário).
39 Referências: CARLINI, Elisaldo Araújo. A história da maconha no Brasil. J. bras. psiquiatr., Rio de Janeiro, v. 55, n. 4, Coutinho,Maria da Penha de L.; Araújo, Ludgleydson Fernandes de; Gontiès, Bernard. USO DA MACONHA E SUAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE UNIVERSITÁRIOS. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p , set./dez Drogas : cartilha sobre maconha, cocaína e inalantes / Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. - Brasília : Presidência da República, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, 2010.
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