Unidade III FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA
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- David Felgueiras Cesário
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1 Unidade III 8 GESTÃO DE RISCOS Neste módulo, trabalharemos a importância do gerenciamento dos riscos econômicos e financeiros, focando alguns exemplos de fatores de riscos. Estudaremos também o cálculo e a análise do grau de alavancagem das empresas. As corporações precisam se conscientizar do risco envolvido nos investimentos e das consequências geradas pela inadequação das fontes de recursos. Segundo Sanvicente (04, p. 90), o risco é a possibilidade de que algum acontecimento desfavorável venha a ocorrer. Devemos entender que a gestão de riscos é a prioridade, pois as decisões são tomadas pela aceitação ou não de um perigo conhecido. 1 Temos como exemplo de gerenciamento dos riscos o caso das instituições financeiras que utilizam novas tecnologias para minimizar os riscos de seus ativos (bens + direitos) e dos seus clientes. A gestão inadequada dos riscos pode provocar resultados econômicos e financeiros desastrosos, levando a organização à falência. Os riscos podem ser divididos em: Risco econômico: inerente à atividade operacional da empresa e às peculiaridades do mercado que opera, refletindo as decisões de investimento. 29
2 Unidade III Alguns exemplos de fatores de risco econômico: tecnologia: a falta ou a implementação de uma tecnologia inadequada e inviável ao ramo de atividade pode ser considerado um desastre para o dia a dia das operações; 1 concorrência: as empresas que não analisam suas concorrentes direta e indireta podem diminuir seus níveis de venda e, consequentemente, perder fatias do mercado; qualidade de produtos/serviços: as organizações devem priorizar a qualidade de sua matéria-prima, insumo, mercadoria, com o intuito de minimizar as reclamações e insatisfações do cliente; sazonalidade do mercado: as empresas precisam estar preparadas econômica e financeiramente para as baixas nas demandas durante o ano. Devem ser feitos planejamentos financeiros para saldar as obrigações de médio e longo prazos. Risco financeiro: sinaliza o risco associado às decisões de financiamento, com o objetivo principal de saldar seus compromissos financeiros Dentre alguns exemplos de fatores de risco financeiro, temos: má administração do capital de giro: as corporações devem dar importância à gestão do capital de giro, adotando uma política financeira para manter e elevar o crescimento, equilibrando o caixa; descompasso no fluxo de caixa: as empresas precisam identificar as situações de desequilíbrio financeiro, analisando os sintomas decorrentes dos períodos alternados de superávits e déficits. Temos como exemplo desse desequilíbrio a insuficiência crônica na conta-caixa e 30
3 a capitação contínua de recursos, por meio de empréstimos e financiamentos. Para sanear esses fatores, apresentamos as seguintes dicas: elevar o giro de estoque; diminuir o prazo médio de recebimento; capitalizar a empresa, pelo aporte de novos recursos; ter controle acirrado dos custos e despesas operacionais; postergar o pagamento das contas (obrigações). 1 Uso inadequado das fontes de financiamento: o gestor financeiro deve analisar e escolher a combinação das fontes de financiamento, também conhecida como decisão de estrutura de capital, ou seja, utilizar o capital próprio ou de terceiros. Segundo Weston e Brigham (00, p. 1), o risco de investimento é relativo à probabilidade de efetivamente se ganhar menos do que o retorno esperado, ou seja, quanto maior a possibilidade de retornos baixos ou negativos, mais arriscado o investimento. Não podemos esquecer que algumas entidades precisam assumir certo grau de risco financeiro para seus proprietários, pois, utilizando o conceito de alavancagem financeira, as empresas podem usar recursos a um custo fixo, com o intuito de elevar o lucro do acionista. 2 Segundo Ross (02, p. 430), alavancagem operacional é a extensão pela qual os custos fixos são usados nas operações de uma empresa. Podemos entender que, quando a organização possui uma alta porcentagem de custos fixos, apresenta um alto grau de alavancagem operacional (GAO). Para calcularmos o GAO: Q (P-V) Q (P-V) - F 31
4 Unidade III Onde: Q = unidades de produção P = preço médio de vendas por unidade V = custo variável por unidade F = custos operacionais fixos Podemos concluir que o grau de alavancagem operacional serve para mensurar os efeitos de uma alteração no volume de lucratividade de uma empresa. 9 INTRODUÇÃO AO ORÇAMENTO DE CAPITAL Neste módulo, vamos estudar a importância da análise adequada do orçamento de capital nas organizações abordando as técnicas sem risco, tais como a taxa média de retorno (TMR) e o período de recuperação do investimento (payback). 1 Quando falamos em orçamento de capital, estamos nos referindo às técnicas de comparação, avaliação e seleção de projetos que busquem maior riqueza e retorno para os acionistas. Segundo Weston e Brigham (02, p. 2), elaboração do orçamento de capital é o processo de analisar investimentos potenciais em ativos imobilizados. Podemos entender que o processo decisório sobre o orçamento de capital é um desafio para os gestores financeiros. A seguir, iremos abordar algumas técnicas de orçamento de capital, não considerando o risco ou a incerteza. Taxa média de retorno (TMR) Esta taxa tem o propósito de comparar os lucros contábeis com os custos iniciais de um projeto pelo somatório de todos os lucros líquidos futuros, dividindo pelo investimento médio. 32
5 Fórmula: TMR = L. líquido anual médio Metade do investimento inicial Não podemos esquecer que a TMR não é adequada para uma análise financeira, pois: utiliza o lucro líquido, e não o demonstrativo fluxo de caixa; não leva em consideração a depreciação como entrada de caixa; não visualiza o valor do dinheiro no tempo; 1 o valor presente do valor residual de um bem não é computado na TMR; a TMR não leva em conta a sequência cronológica dos lucros líquidos. Apesar de serem sinalizadas essas limitações na TMR, muitos gestores financeiros a utilizam, em virtude da sua facilidade de entendimento e cálculo. Abaixo apresentaremos um exemplo prático, para sua melhor compreensão. Questão: determinada empresa possui os seus lucros líquidos para os próximos 4 exercícios sociais estimados em.000,.000, e Apresentando um investimento inicial de R$ 0.000, encontre a TMR. L. líquido médio = Investimento médio = TMR = = 0, ou 0% = =
6 Unidade III Período de recuperação do investimento (payback) De acordo com Groppelli (01, p. 136), período de recuperação do investimento, também chamado de payback, é o número de anos necessários para recuperar o investimento inicial. Segundo alguns estudiosos, esse foi o primeiro método utilizado na avaliação de projetos. Os projetos podem ser divididos em dois tipos: projetos independentes: são projetos em que os fluxos de caixa não são afetados pela aceitação ou não de outros projetos; projetos mutuamente exclusivos: são uma série de projetos, mas apenas um pode ser aceito, ou seja, um deve ser assumido enquanto outro é rejeitado. 1 Podemos entender que a diferença entre esse método e a TMR é que os lucros líquidos são utilizados para a TMR; em contrapartida, as entradas de caixa são utilizadas para o cálculo do período de recuperação do investimento. Assim como as outras técnicas, o payback apresenta vantagens e desvantagens. Vantagens: método de fácil cálculo e entendimento; medida rápida do risco; método utilizado nas grandes corporações; 2 medição do risco da perda de capital em países estrangeiros. 34
7 Desvantagens: método que não visualiza o valor do dinheiro no tempo; método que não considera as entradas de caixa produzidas após a recuperação do investimento inicial. Segundo Groppelli (01, p. 138), o método do período de recuperação de investimento não deve ser considerado uma boa abordagem para o orçamento de capital. Podemos concluir que o gestor financeiro deve ter a perspicácia de identificar qual é a técnica que mais se adequa à situação atual do seu negócio. TÉCNICAS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL Neste módulo, continuaremos focando as técnicas de orçamento de capital, como o valor presente líquido (VPL), o índice de lucratividade (IL) e a taxa interna de retorno (TIR), sinalizando suas vantagens e desvantagens. 1 Valor presente líquido (VPL) A implantação do valor presente líquido (VPL) ocorre em função da existência de falhas nos métodos de payback e TMR. Conforme Gitman (1999, p. 34), por definição, o valor presente líquido de um projeto aceito é zero ou positivo, e o valor presente líquido de um projeto rejeitado é negativo. 3
8 Unidade III Se o valor presente de fluxo de caixa futuro de um projeto é maior que o custo inicial, o projeto é implementado. Em contrapartida, se o valor presente é menor do que o custo inicial, o projeto deve ser rejeitado. A seguir, a fórmula para calcular o valor presente líquido de um projeto. VPL = VP I Onde: VP = valor presente I = investimento inicial Maior risco Menor risco maior taxa menor taxa Projeto com vida mais longa maior risco maior incerteza. Projeto com vida mais curta menor risco menor incerteza. Os estágios para a implementação do VPL são: 1 calcular o valor presente de cada fluxo de caixa (E + S); descontar o custo de capital do projeto; somar os fluxos de caixa descontados (VPL). Conclusão: VPL positivo projeto aceito VPL negativo projeto rejeitado Obs.: no caso de projetos mutuamente exclusivos, VPL positivo e mais alto aceito. 36
9 Fazendo um comparativo das vantagens e limitações do VPL, temos: Vantagens: utiliza os fluxos de caixa em detrimento dos lucros; inclui a conta de depreciação como fonte de entrada de caixa; tem viabilidade para a análise da teoria financeira; visualiza o valor do dinheiro no tempo (quanto maior o tempo, maior o desconto); VPL positivos tornam o valor da empresa maior. Podemos entender que, apesar das limitações a ser apresentadas no item desvantagens, o VPL é considerado por muitos estudiosos a técnica mais moderna do orçamento de capital. 1 Desvantagens: dificuldade na estimativa dos fluxos de caixa futuros; superestimação ou subestimação dos fluxos de caixa futuros, ou seja, um projeto pode ser aceito quando deveria ser rejeitado e vice-versa. Índice de lucratividade (IL) Segundo Groppelli (01, p. 141), o método do índice de lucratividade compara o valor presente das entradas de caixa futuras com investimento inicial numa base relativa. Fórmula: IL = VPEC Investimento inicial 37
10 Unidade III Onde: VPEC Valor Presente das Entradas de Caixa IL maior que 1 aceito IL menor que 1 rejeitado Fazendo uma comparação com o VPL, temos: VPL positivo IL > 1 VPL negativo IL < 1 Taxa interna de retorno (TIR) 1 Segundo Sanvicente (03, p. 287), a TIR é uma medida da taxa de rentabilidade, ou seja, é uma taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos de caixa futuros ao investimento inicial. Podemos entender que a TIR tem o propósito básico de igualar o VPL a zero, ou seja, o projeto é aceito se a TIR for maior do que o custo de capital do projeto. Para se calcular a TIR com fluxos de caixa constantes, temos de: dividir o investimento inicial pelo FC anual; procurar na tabela de VP de uma anuidade uma taxa de desconto para um número específico de períodos que se equipare ao valor obtido anteriormente. Fazendo um comparativo, temos: Vantagens: 2 método mais popular do que o VPL; facilidade nos cálculos. 38
11 Desvantagens: ignora o valor presente no tempo; fornece taxas de retorno irreais; pode oferecer diferentes taxas de retorno. Podemos concluir que o executivo financeiro deve estar seguro das potencialidades e fraquezas de cada método de orçamento de capital, com vistas a buscar métodos mais viáveis e eficientes para o seu negócio. 39
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