Derby CHSA. Emoção em família. África do Sul. Jovens cavaleiros. Orlando Facada. O grande mestre do adestramento. Atrações além do futebol

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1 A GALOPE Derby CHSA Emoção em família #5 ano 2 Maio 2010 Órgão Oficial do Clube Hípico de Santo Amaro África do Sul Atrações além do futebol Jovens cavaleiros Preparados para o pódio Orlando Facada O grande mestre do adestramento

2 Editorial Abro este dia de maio de 2010 dando-me um presente: escrever mais um editorial da revista Santo Amaro a Galope já é o sexto, cinco de edições regulares e outro para a edição especial sobre o 74º Aniversário do Clube. Assim, cada vez mais se mostra fortalecida nossa revista, que demonstra ter vindo para ficar o que espero seja a realidade. Desde nosso último encontro, o acontecimento que merece destaque é a realização de nosso Derby Santo Amaro, após umas férias de longos anos. Melhor não poderia ter sido, principalmente no aspecto da organização, com a Karina Smith, sempre incansável, correndo para todos os lados, cuidando do evento. Um torneio desses, com mais de 800 cavalos participando em todas as provas, dá para imaginar o trabalho que traz; todos os departamentos trabalhando juntos e em sintonia para não dar margem a um fiasco. Nessas horas, pode-se ver o quanto o CHSA faz a diferença, pois aqui todas as provas respeitaram suas previsões de horário, houve espaço para todos e, como sempre, nossos convidados foram atendidos com a consideração da qual são merecedores. A disputa final, em um domingo de sol e céu azul de maio, foi realmente a pièce de résistence desse maravilhoso concurso. O resultado da disputa lembrou mesmo foi o céu de Copacabana, pois teve um irresistível acento carioca nos primeiros degraus do pódio, de onde se ouvia que o Déérrrby foi dimaisssshh! A galera de Copa não deixou barato: o grande vencedor foi Chiquinho Azevedo, o vice- -campeão, Alexandre Gadelha (um carioca já com um certo sotaque de Santo Amaro) e em terceiro lugar Luiz Felipe de Azevedo, o Felipinho, que, momentos antes do início da disputa me dissera não ter muitas chances de vitória na prova... imaginem, então, se tivesse! Para minha tristeza faltou no pódio o VAT Vitor que, aliás, foi o próprio desenhador desse mesmo percurso de Derby rejuvenescido. Digno de nota, ainda e por fim, é o acordo feito de ajuda mútua, amizade e convênio de frequência entre o CHSA e o Club Hipico Argentino, mais importante e tradicional centro de hipismo da Argentina. Mas isso é outra história, que será oportunamente traduzida em miúdos aos sócios, no melhor portunhol possível. Santo Amaro, maio de 2010 Duílio Martins, Presidente da Diretoria Caballiana Fair Inspirada em feiras internacionais de cavalos como a alemã Equitana, a parisiente Salon du Cheval, a italiana Fieracavalli, e a argentina Nuestros Caballos, cuja sexta edição foi realizada em Buenos Aires de 6 a 11 de abril, a Caballiana Fair acontece em 14 e 15 de agosto deste ano no Sheraton São Paulo WTC Hotel. Idealizada e organizada pela Wolff Sports & Marketing, a feira reunirá o I Seminário Internacional Caballiana, com mesas-redondas e debates, e o VI Congresso de Medicina Veterinária FEI/CBH. Segundo os realizadores, o objetivo do evento é reunir toda a cadeia produtiva ligada ao cavalo para debater a realidade e futuro do setor. Dentre as atrações da Caballiana Fair estão as participações dos representantes de raças, exposição de produtos e serviços da indústria do setor, assim como associações que poderão mostrar as qualidades de seus animais. Um dos parceiros da Caballiana Fair é o Sebrae-São Paulo, que ministrará palestras com temas voltados para o segmento, como Criação de cavalos: hobby ou negócio? e Marketing no mercado do cavalo. Mais informações estão disponíveis no site do evento: A GALOPE CONSELHO DIRETOR Diretor Presidente - Luís Duílio de Oliveira Martins Diretor Vice-Presidente - Luca Mifano Dir. Adm. Financeiro - Michel Ernesto Setzer Diretor Tesoureiro - William Pereira Diretor Jurídico - Bernardo M. Franco Diretora de Salto - Karina Ivone Smith Diretora de Adestramento - Lindinha Macedo Diretor de Vila Hípica - Pedro Fernando Franco Dir. da Escola de Equitação - Ana Claudia C. Delmaschio Diretor Comercial e Marketing - Marcelo Ramos Diretor Médico - Arthur Corradini Diretora Social - Sandra Smith de Oliveira Martins Assuntos Internacionais - Joe Quagliotti de Faá Assessor de Segurança - Pedro Fernando Franco Assessora de Volteio - Joyce D. R. Altmann CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente - Davis Konfino Castro Vice-Presidente - Gilson José Rasador Secretária - Fátima da Collina de Aguiar Comissão de Julgamento e Justiça Coordenador - Gilson José Rasador Efetivos - Renato Luiz de M. Mange e Sérgio C. Fernandes Comissão de Sindicância Coordenador - Élcio Garcia Álvares Efetivos - Sílvia Salles Milani e Fátima da Collina de Aguiar Comissão de Obras e Ecologia Coordenador - Paulo André Jorge Germanos Efetivos - Paul von Bismarck e Enio Monte CONSELHO FISCAL Coordenador - Francisco José C. de Arruda Efetivos - Tomas George Altmann e José Carlos Ávila Realização Direção Geral - Eliseu Urban Reportagem, Edição e Revisão - Cambacica Projetos Editoriais Direção de Arte - Cibele Cipola Colaboraram nesta Edição - redação: Érica Fernandes (Mtb /SP); fotografia: Anna Paula Carvalho; estagiária de arte: Mariana Zanarelli Jornalista Responsável - Deborah Peleias (Mtb /SP) 2 Santo Amaro a Galope

3 Sumário o Por dentro da Vila Hípica 13 Equoterapia: Adote essa ideia! 14 Serragem enfardada e calendário 3ºTri 20 Resultados da Copa Santo Amaro 21 Resultado do CDI3* CAN 24 Novidades do Departamento Social 26 Um delicioso pedaço da Itália em São Paulo 27 Shopping: cozinha e limpeza 34 Acessibilidade: adequar é mais barato do que pagar multa! o4 Roberto Kalil: um cavaleiro amador de muita sorte!? 07 Nova Diretora do Tênis fala sobre seus planos 08 Feras de quatro rodas: paixão por carros antigos 10 Como os jovens talentos se preparam para as competições 16 Emoção em dose dupla no Derby 22 O brilho extra da plateia 28 Uma aventura na África entre leões e búfalos 30 O maior mestre do adestramento: Orlando Facada Santo Amaro a Galope 3

4 Destaque Um cavaleiro de muita sorte!? Quando se tem algum dom, algum talento, você observa os bons e aprende com eles. Anna Paula Carvalho 4 Santo Amaro a Galope

5 Uma das figuras emblemáticas do Clube Hípico de Santo Amaro, Roberto Kalil foi, em sua época, o cavaleiro amador mais sortudo e mais atrevido que se tem notícia. Amigo de pessoas influentes tanto da política brasileira, como o presidente General Figueiredo, quanto do empresariado, e filho de Adib Kalil, um dos sócios-fundadores do CHSA, Roberto se associou ao Clube há 65 anos e, como parte fundamental da história do Jubileu de Diamante, concedeu esta entrevista à Santo Amaro a Galope. SAAG. Há quanto tempo é sócio do CHSA? RK. Desde os 10 anos... Acervo Pessoal Roberto Kalil em momento histórico com sua égua Nefertiti. SAAG. Como o amor pelos cavalos entrou em sua vida? RK. Um tio me trouxe ao CHSA quando eu tinha 10 anos, na época em que o Raul Longo era presidente do Clube. Comecei a praticar salto imediatamente. O primeiro cavalo que tive na verdade era uma égua, de propriedade do filho do prefeito de São Paulo na época. SAAG. Quem foi seu primeiro professor? RK. Nunca tive professor. Aprendi muito observando os outros. A pessoa que mais observei chama-se Renyldo Ferreira. Também me inspirou o Raul Lara Campos, que era o grande campeão do Clube naquele tempo. Quando se tem algum dom, algum talento, você olha os bons e aprende com eles. SAAG. Como foi sua vida e a de sua família no CHSA? RK. Resumindo minha história, eu diria que a maior importância do Clube na minha vida foi por causa dos meus filhos. SAAG. De que forma se deu isso? RK. Naquela época, as pessoas criavam seus filhos no esporte. Por isso, meus dois filhos (Roberto e Renato) montavam comigo. Quando os dois ficaram mais velhos e entraram na faculdade de medicina (um é cardiologista e o outro, ginecologista) vendi os cavalos, construí uma quadra de tênis em casa, e contratei um professor, o Mário Perez, e fui aprender a jogar tênis depois de velho com meus filhos. E nós tínhamos aulas todos os dias. E quer saber por quê? Para obrigar os dois a acordar cedo, assim, não podiam chegar tarde em casa. A importância do Clube é esta: eduquei meus filhos aqui. SAAG. Eles ainda praticam hipismo? RK. Não, mas minhas netas, as filhas do Roberto Rafaela e Isabela, sim. Quando você exerce medicina não dá para montar a cavalo, principalmente se você quiser ser um bom profissional, pois o tempo dedicado à profissão é quase integral. SAAG. Quais foram suas conquistas mais importantes? RK. Todas. Eu montei por 40 anos e todas as conquistas foram importantes. Fui campeão paulista e brasileiro. Eu ganhava tudo, na sorte... SAAG. E seus cavalos, quais foram fundamentais para suas vitórias? RK. Todos! Todos foram importantes em minhas conquistas. O Enchambra era perfeito e a Coca-Cola era um show, sempre chamava a atenção do público. SAAG. É verdade que em uma prova um cavalo seu refugou e o sr. parou no muro? RK. Sim, foi com o Cacherrón. Acabei sentado no muro com a rédea na mão e olhando para ele. Era um cavalo muito rápido e muito refugador. SAAG. Fale-nos mais sobre a Coca-Cola. RK. Ela foi comprada sem que eu a visse; o Sills me disse que tinha uma égua e eu mandei trazê-la. Quando ela chegou aqui no Clube, vi que era uma potranquinha de pouco mais de 2 anos, pequenininha e feia. Um general, amigo meu aqui do Clube, me perguntou se eu o deixava fazer a égua e deixei. E o nome dela veio desse episódio: eu disse para o general que ficasse com a Coca-Cola, porque ela era uma porcariazinha... (risos). E aí o nome pegou. Ele realmente trabalhou duro com ela durante três anos. Depois, me entregou a Coca-Cola para eu estreá-la. Como tinha uma prova no Clube, entrei com ela e ganhei. E daí em diante ela não parou mais de ganhar concursos, e saltei com a Coca-Cola durante quatro anos. Ela era terrível. Quando entrava no cio não me deixava montar. Eu a aposentei cedo, acho que ela estava com 10 anos. Como ela saltava muito alto, começou a mancar e eu a mandei para o haras do Enio Monte. Quando eu digo que a Coca-Cola era um espetáculo é verdade. Ela entrava em um concurso e todo mundo parava Santo Amaro a Galope 5

6 Destaque Meu legado do segundo casamento, com Brenda Kalil, médica anestesista, que praticava yoga, ayurveda, sabia sânscrito e faleceu aos 52 anos de infarto de miocárdio, é o meu terceiro filho, o advogado Armênio Clóvis Jovim Neto. Anna Paula Carvalho para olhar: ela corcoveava, dava coice, mordia minha perna parecia uma fera indomada. Mas quando eu chegava na cocheira, ela enfiava a cabeça no meio do meu braço e deitava. Em dia de concurso, quando me via paramentado, ficava desesperada e queria me morder. Era uma agressão para ela, mas gostava e saltava com prazer. Por isso, não sou conhecido como Roberto Kalil, sou conhecido como aquele que montava a Coca-Cola! (risos) SAAG. E quais as raças de seus cavalos? RK. Normalmente, eu comprava cavalos argentinos, que são os mais fortes, têm boa ossatura. Em média, eu tinha 10 cavalos aqui no Clube, que eu mandava vir da Argentina e o Brandão, o Pulle e o Peixinho os trabalhavam para mim. SAAG. Como se faz para ter tantas conquistas? RK. É de uma única maneira: merecimento. Ou você tem, ou você não tem. Se não tem, não acontece nada. SAAG. Conte-nos histórias de sua vida no salto. RK. O CHSA teve bons cavaleiros. O homem que mais entende de equitação no Brasil, e talvez na América do Sul, é o Renyldo Ferreira. Ele é genial e temperamental e me Em 1977, com a inesquecível Coca-Cola, representando a Federação Paulista de Hipismo. odiava na nossa época. Lembro-me de uma passagem bonita entre nós: ele estava no padoque, concentrado e se preparando para um concurso, e eu, sentado em uma cerca, lhe disse: Renyldo, eu vou ganhar mesmo, porque você está fazendo todo esse esforço? (risos)... O Renyldo trabalhava muito bem os cavalos. Eu, ao contrário, nunca trabalhei meus cavalos, nunca trotei, nunca fiz nada. Eu apenas montava os cavalos que faziam para mim. Para explicar, uso a seguinte imagem: se você abre a porta de uma cocheira, o cavalo sai correndo, certo? E era o que eu fazia eu abria a porta da cocheira, montava e saía correndo... (risos) Também cheguei a ganhar prova de adestramento com um cavalo da sra. Ingrid Borghoff. Entrei em três provas de adestramento e ganhei as três. E depois nunca mais - essas três vitórias estavam de bom tamanho. Tem uma passagem interessante que aconteceu comigo em uma prova internacional, em Porto Alegre. Um general, que era presidente da Confederação na época, depois de eu vencer o concurso me disse: sr. Kalil, parabéns pela vitória, mas evidentemente o que o senhor pratica não é equitação, é feitiçaria. Aquilo me espantou, porque ele era presidente da Confederação! SAAG. O sr. foi vice-presidente do CHSA e diretor de outras entidades, como a Federação Paulista de Hipismo. Por que vice-presidente e não presidente? RK. Nunca quis ser presidente, sempre fui vice-presidente de clube, de federação, de confederação, porque era mais fácil para escolher o presidente e brigar pelas reivindicações. Como presidente, você cria confusão... Tanto que meu filho mais velho me disse que ele seria sempre presidente e eu lhe perguntei o motivo. Ele me respondeu que já que eu nunca havia sido presidente, então ele queria ocupar este cargo. E ele foi mesmo presidente de tudo. SAAG. Como o sr. avalia o desenvolvimento do hipismo no Brasil? RK. Não dou palpite porque parei de saltar há muito tempo. Só digo que é um esporte muito caro. Acervo Pessoal SAAG. Mande um recado para os jovens cavaleiros. RK. Você pode escrever que o Roberto Kalil é o errado que deu certo, em tudo. Foi uma questão de sorte, e tive muita sorte... 6 Santo Amaro a Galope

7 Gente Movimentando o Departamento de Tênis Anna Paula Carvalho Nova Diretora conta quais serão suas contribuições no novo cargo A tenista Christine Patrícia Pomerantzeff tem diversos prêmios em seu currículo, foi campeã do Torneio Wase Tamse Tamise/Bélgica 2ª classe e do Torneio Impala Bruxelas/Bélgica 2ª classe em 1983, e assumiu no final de março a Diretoria do Departamento de Tênis do CHSA com muita disposição para promover novidades. Sócia do Clube há cinco anos, a primeira ação de Christine, que também é reconhecida pelos excelentes torneios que já promoveu em outros clubes, foi inscrever o CHSA no torneio interclubes da Acesc. Ficamos muito gratos à Diretoria da Acesc, principalmente ao sr. Moisés Gross, em nos aceitar no torneio após o início das competições. Disputamos o terceiro e quarto lugares da Menção Honrosa e estamos muito felizes em terminar a competição entre os seis maiores clubes de tênis de São Paulo, como Pinheiros, Sírio e SPAC que têm uma enorme tradição no tênis paulista. No ano que vem pretendemos chegar nas finais! O entusiasmo de Christine se reflete em seu trabalho. Minha proposta para contribuir com o Departamento de Tênis inclui promover muitos amistosos durante este ano, inclusive internos. Acredito que esta é uma forma de treinar e conhecer outras pessoas, além de divulgar o Clube Hípico de Santo Amaro para um grupo maior, porque poucos conhecem a excelente infraestrutura que temos aqui para os tenistas. E para 2011 espero montar uma equipe para participarmos dos jogos da Federação. Vamos torcer para isso! Outro projeto de Christine é implantar uma escolinha de tênis para crianças a partir de 5 e 6 anos. Já temos uma clínica para adultos e acredito que uma escolinha ajudará a despertar os talentos. Essa ideia precisa ser amadurecida com a Diretoria. A Diretora destaca que as mudanças necessárias para movimentar o Departamento de Tênis do CHSA serão realizadas em seu devido tempo. A confraternização de março foi animada pelas deliciosas caipirinhas da Augusta! Fotos Acervo CHSA Tênis em confraternização Em 23 de março, o Departamento de Tênis do CHSA realizou o primeiro evento de 2010: um jogo de confraternização com o Esporte Clube Pinheiros. Idealizado pelas sras. Aldi Matarazzo e Sandra Smith e patrocinado pela sra. Daniela Bamberg, a disputa contou, inclusive, com a participação de vários tenistas brasileiros renomados, como Marcelo Grassi, que gostou do evento e o incluiu em seu projeto Tênis Amizade. Entre convidados do Pinheiros e representantes do CHSA, o evento teve a participação de 50 tenistas e todos apreciaram muito a acolhida em nosso maravilhoso Clube, com destaque para a parte gourmet com as deliciosas caipirinhas da Augusta e o memorável jantar, afirma Christine Pomerantzeff, Diretora de Tênis do CHSA. Santo Amaro a Galope 7

8 Gente Joias raras O melhor amigo do santamarense pode ser o cavalo, mas feras de quatro rodas também despertam grandes paixões O prazer de ter um carro com mais de 60 anos e às vezes único modelo de uma série de uma marca famosa e em bom estado de conservação é uma paixão que encontra adeptos no Clube Hípico de Santo Amaro. Recuperar a aparência original de um carro em estado de sucata está longe de ser um passatempo barato. Mas para quem gosta, o prazer de trabalhar os carros é indescritível porque depois de restaurados, a beleza original enche os olhos. Um dos principais titulares do Haras Agromen e um dos maiores criadores brasileiros da raça BH, Sergino Ribeiro de Mendonça é um amante dos carros antigos e sua coleção, composta por cerca de 120 carros, é uma das quatro maiores do Brasil, em quantidade e qualidade. Meu pai é um aficcionado por carro antigo e me envolveu da seguinte forma: me deu de presente um Jaguar XK120, em um estado praticamente de ferro velho, e disse que eu deveria restaurá-lo, que poderia usar os mecânicos dele, embora eu tivesse de escolher todas as peças. O dia em que terminei esse carro, já era um apaixonado por carros antigos, conta Sergino, que desde os 8 anos convive com dois Fords 1928 e 1929 (os populares Calhambeques), que atrapalhavam os outros carros na garagem da casa. Por cerca de 20 anos, o pai de Sergino manteve apenas esses dois Fords Bigode, até que um belo dia se interessou por outras marcas e modelos até chegar na atual coleção, guardada no Museu do Carro Antigo que a família mantém no Haras Agromen. Ela é composta principalmente por exemplares da década de 1930, que somam quase 20 carros, e outros modelos de luxo considerados raríssimos dessa mesma década porque foram fabricados logo após a queda da Bolsa de Nova York, e, por isso, existem pouquíssimos exemplares. Cadilac 1931 do Museu Haras Agromen Chevrolet 1942, coleção Haras Agromen 8 Santo Amaro a Galope

9 Na sequência abaixo, Richard Flynn, na primeira foto, e os carros esportivos de sua preferência. Nas outras fotos, alguns modelos da coleção de Sergino Mendonça (no destaque). Cadilac 1946 do Museu Haras Agromen Fotos: Richard Flynn e Sergino Mendonça Dentre os modelos, destacam-se um Cadilac 1931, conversível, com motor V12, outro Cadilac 1933, com motor V16, e uma coleção muito interessante da marca Packard, que não existe mais e é considerada o Rolls- -Royce americano, conta Sergino. Apesar de ter vários modelos raros, a preferência de Sergino são os carros esportivos europeus conversíveis, como o Jaguar XK 120, a Mercedes 300 SL asa de gaivota, que nós não temos, mas acho um carro clássico, muito interessante, dos Mustangs 1967/1968, principalmente do modelo Fast Back, e o Corvette 1958, que eu tenho e acho espetacular. É um oito cilindros bi-jet, com motor de injeção dupla e carburação dupla, um carro excepcional, todo preto e vermelho com interior vermelho, muito bonito. E como a febre do carro antigo está no sangue como o cavalo, Sergino ainda tem um sonho: quero comprar um Mustang 1967, Fast Back, e a Mercedes 300 SL. Manutenção do hobby Recuperar a beleza histórica de um carro é trabalho dos restauradores e envolve tempo, dedicação e escolha das peças. E é isso que faz o santamarense Richard Flynn, também apaixonado por carros antigos, há 27 anos em sua oficina de restauração. Mas apesar de restaurar joias raras como o Rolls-Royce New Phantom 1927, trabalho realizado entre 1998 e 2001, Richard não é colecionador, e sim um entusiasta de carros. Adoro carros, de todos os tipos, mas principalmente os carros esportivos, como os MG, Triumph e Alpha-Romeu. Para mim, estes modelos marcaram época. Chrysler 1933, acervo Haras Agromen De acordo com Richard, qualquer pessoa com um pouco de bom senso e muita paixão consegue manter um carro antigo. Claro que exige um investimento inicial para deixar o carro em bom estado e, por isso, é importante comprar um antigo que a pessoa realmente tenha paixão. É preciso também encontrar uma oficina de confiança para revisar seu clássico periodicamente, recomenda o restaurador que dentre as relíquias que restaurou está o carro alemão Protos 17/35 Landaulet, de 1908, que pertenceu ao Barão de Rio Branco e faz parte da coleção do Museu Histórico Nacional do Rio. Como última dica para quem pretende iniciar uma coleção de carros antigos, associe-se a um clube específico do modelo escolhido, porque, como diz Richard, o contato com pessoas com experiência ajuda na manutenção do seu antigo. No site da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) estão disponíveis os links dos clubes afiliados, como o MG Club do Brasil, fundado pelo apaixonado santamarense Richard Flynn. Santo Amaro a Galope 9

10 Gente Muito treino e dedicação para subir ao pódio Jovens cavaleiros santamarenses revelam como se preparam para os concursos Victoria Riskalla, 21 anos, campeã Paulista 2008 e campeã Brasileira em 2009, montando Large Times, Troféu Eficiência, conferido pela FPH, e ranking da CBH No último CAN em que participei, consegui o índice (mínimo de 65%) com juízes internacionais para a Final FEI Young Riders Dressage World Cup, que acontecerá, em Frankfurt, na Alemanha, em dezembro deste ano. Por isso, o saldo até o momento é bem positivo resultado do grande desenvolvimento que obtive desde o fim da temporada do ano passado. Para que estes resultados sejam possíveis, treino todos os dias, fazendo uma programação em função do calendário de provas. Conto também com a ajuda de um treinador internacional, o alemão Norbert Van Laak, que ministra clínicas no Brasil organizadas pelo meu irmão, Rodolpho Riskalla, que treina diariamente a mim e minha mãe, Rosangele Riskalla. Meus objetivos agora são aprender cada vez mais e participar de competições internacionais representando o Brasil. Gosto muito de montar no CHSA, o ambiente é muito bom para os animais e podemos contar com amplas instalações, sem falar do exterior que é muito agradável. Por isso, recomendo aos santamarenses que aproveitem ao máximo este Clube! Monica Siqueira Cavalcanti de Paula, 19 anos, campeã Paulista de Young Riders, realizado no CHSA de 22 a 25 de abril Monto seis dias por semana e sigo os conhecimentos aprendidos nas clínicas que participo. Meus resultados refletem o trabalho de plano praticado diariamente com meu cavalo, Jet de Banney, além de muito preparo físico que fazemos juntos. Meu próximo objetivo é o Campeonato Brasileiro de Young Riders, para o qual estou trabalhando, não pensando em vitória, mas em saltar cada obstáculo da forma mais perfeita possível e, consequentemente, conquistar um bom resultado. Para finalizar, quero agradecer mais uma vez aos meus veterinários: Bruno Tirado, Tiago Padilla e John Bainfield pela vitória. Raphael Tacconi Huese, 20 anos, 3 lugar no Campeonato Paulista de Young Riders 2010 Minhas participações em 2010 têm sido regulares, como no Torneio de Verão e etapas da Copa Santo Amaro, mas no Campeonato de Young Riders superei minhas expectativas porque estava muito confiante. Treino todos os dias e monto dois cavalos. Meu treinador dos últimos seis meses, Rodrigo Chaves, tem me ajudado muito a me manter focado nos cavalos, e não apenas nos saltos. Meu objetivo agora é poder encontrar meu lugar entre os melhores cavaleiros, e crescer para um dia saltar em uma Olimpíada. Treinar no CHSA é como estar em casa, em um ambiente agradável e cercado das pessoas certas e de cavalos incríveis. 10 Santo Amaro a Galope

11 Bianca Rodrigues, 14 anos, campeã e vice-campeã na CSA, vice-campeã e bronze no CSN de Curitiba, 3ª colocada no Torneio de Verão da FPH e vice-campeã do Torneio Pré-Verão do CHSA (categoria Jovens Cavaleiros B), campeã da categoria Estreante e vice-campeã da Copa Santo Amaro na Categoria Principiante André Oliveira Campos Freire,19 anos, vice- -campeão do Grande Prêmio do Concurso de Salto Nacional, 3 lugar no Grande Prêmio Cidade de Porto Alegre e 4 lugar no Grande Prêmio Mitisubishi SporTV, realizado em 9 de maio em Porto Alegre Recentemente, participei dos torneios Serra e Mar, Mitsubishi SporTV, CSN Cidade de Curitiba e The Best Jump, e avalio como um grande progresso no meu trabalho e dedicação dos últimos anos. Mudar de Ribeirão Preto e passar a treinar na excelente estrutura que o CHSA oferece, como os profissionais, as pistas e melhores condições de estabulagem para os cavalos, aprimorou muito meu treinamento e refletiu-se nos resultados. Todos os dias, passo um período montando e trabalho o plano, além de treinar especificamente para cada concurso. Meu objetivo atualmente é continuar saltando os grandes prêmios, sempre sonhando em representar o Brasil em competições internacionais. Participei do Concurso de Salto Nacional, realizado na Sociedade Hípica Paranaense em 2 de maio, com dois cavalos e fiquei muito tensa porque foi minha primeira prova externa. Foi uma aventura! Embora tenha altos e baixos, minha performance tem se mantido estável. Para participar dos concursos, meu instrutor e eu trabalhamos bem forte durante a semana que antecede um torneio e variamos os saltos entre 1,20 m e 1,30 m. E, na véspera do concurso, só trabalhamos os cavalos. Quando entro na pista, sinto o mesmo prazer de conquistar uma vitória, apenas por estar participando do torneio e saltando com um cavalo que confio. Subir ao pódio, então, é uma sensação inexplicável, de missão cumprida. Daqui para frente meu objetivo é vencer todas as provas levando o nome do CHSA em todos os lugares que competir e participar das Olimpíadas de 2016! Luiza Gottschalk Carvalho, 14 anos, campeã do concurso de abertura da temporada da Federação Paulista e da primeira e terceira etapas da CSA Meus resultados têm sido bons e estou entre as três líderes da Copa Santo Amaro. Para competir, treino muito forte na semana que antecede a prova e na véspera, meu instrutor, Fábio Rodarte, deixa meu cavalo no ponto. Também treino no picadeiro de adestramento para checar a minha postura. Treinar no Clube Hípico de Santo Amaro é muito bom porque a infraestrutura é ótima e temos várias opções de pista para treinar quem treina aqui precisa saber que tem muita sorte em ter toda esta estrutura à disposição. Yasmin Carmona, 14 anos, 2 lugar no ranking da CBH, 10 no ranking da FPH e líder da Copa Santo Amaro Comecei a montar em setembro de 2007 e apesar de achar todas as modalidades hípicas muito bonitas, a que gosto mesmo é o salto! Treino todas as tardes de terça a domingo (quando não tenho competição) e consigo equilibrar os estudos com os treinamentos. Amo quando tem prova no CHSA porque, além de ser um ótimo lugar para sediar os eventos, me sinto muito bem, pois estou em casa. Apesar de toda a tensão que antecede cada prova, o Zé Roberto me ensinou que o nervosismo só atrapalha, que eu preciso fazer o que eu sei e que o resto é consequência! Então, meus objetivos incluem continuar com dedicação em meus treinos e provas, aperfeiçoar minha montada cada vez mais, seguindo o exemplo do meu professor, conquistar títulos e prêmios e quem sabe futuramente participar das Olimpíadas! Santo Amaro a Galope 11

12 Gente E na Vila Hípica... A reportagem da Santo Amaro a Galope conversou com o Gerente da Vila Hípica do CHSA para descobrir quais as principais dificuldades da equipe em dias de torneios Você já imaginou cuidar diariamente de quase 400 cavalos ao mesmo tempo? Pois é, pode não ser uma tarefa fácil, mas é prazerosa para quem gosta desses animais, como todos os funcionários da Vila Hípica do Clube, que em dias de grandes torneios, como os de aniversário do CHSA, chegam a ter sob seus cuidados cerca de 700 cavalos, as principais estrelas destes eventos. O Gerente da Vila Hípica, Luciano Gervásio da Silva, que trabalha no Clube há 15 anos, conta como é a rotina e as dificuldades da Vila em dias de grandes torneios. Ele coordena uma equipe formada por 75 profissionais e suas respectivas tarefas diárias, além de ficar de olho nos cuidados com os cavalos estabulados. É às vésperas de concursos (internos ou externos) é que a sincronia entre a Vila Hípica e o Departamento de Esportes do Clube faz toda a diferença no sucesso da competição. A equipe do Departamento de Esportes informa os inscritos sobre os procedimentos da Vila cada concorrente nos passa o número de animais que ficarão estabulados, nomes dos inscritos, reserva de quarto de sela etc. ou acompanhamos as inscrições online para que possamos organizar todas as necessidades e receber bem os visitantes, destaca Luciano. O que pode atrapalhar o sucesso do trabalho e organização da Vila Hípica é a falta de informação. Um O Gerente da Vila Hípica, Luciano, coordena uma equipe de 75 profissionais e fica de olho nos cuidados com os cavalos estabulados. exemplo citado por Luciano é a necessidade de informar à gerência quando os sócios com cavalos estabulados no Clube irão participar de concursos externos para que sejam solicitados transporte e diária dos tratadores. Uma vez o dono de um cavalo estabulado se esqueceu de nos avisar que precisávamos levar o animal para um outro clube. A tensão foi muito grande porque ficamos sabendo de última hora, mas felizmente conseguimos transportar o cavalo a tempo dele participar do concurso. Outra responsabilidade da Vila Hípica é controlar os exames de AIE de todos os cavalos, inclusive os externos que participam de concursos no CHSA. A equipe fica de olho principalmente nos exames dos cavalos que vêm de outros clubes, afinal, a saúde dos animais dos santamarenses é questão de honra para esse time. Acervo CHSA Estrutura da Vila Hípica Para entender melhor como é a Vila Hípica do CHSA, sua estrutura é composta da seguinte forma: a área administrativa é organizada por três pessoas o gerente, Luciano, o encarregado, Erivaldo, e o auxiliar de escritório, Lucas; são 58 tratadores, seis forrageiros, sete vigias de cavalos, seis enfermeiros e cinco ajudantes e um total de 311 cavalos estabulados, sendo que 46 são da Escola de Equitação. 12 Santo Amaro a Galope