EVOLUÇÃO DOS INDICADORES ECONOMICOS E SOCIAIS NA INDÚSTRIA METALÚRGICA BRASILEIRA
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- Maria dos Santos Gameiro
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1 CNM/CUT - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS METALÚRGICOS DA CUT DIEESE - DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS SUBSEÇÃO CNM/CUT EVOLUÇÃO DOS INDICADORES ECONOMICOS E SOCIAIS NA INDÚSTRIA METALÚRGICA BRASILEIRA INDICADORES INDÚSTRIA O crescimento da indústria em geral, e particularmente da indústria metalúrgica, foi bastante positivo em 2004, não apenas no que diz respeito à produção e faturamento, mas também quanto ao emprego e a renda. Em 2005, apesar da indústria continuar em rota de crescimento, alguns fatores como queda do dólar e juros altos acabaram imprimindo um menor ritmo de crescimento, o que se reflete também em alguns setores da indústria metalúrgica. Segundo as informações do IBGE, a indústria como um todo apresentou crescimento de 5,5% em maio, quando comparamos com igual mês de O crescimento acumulado no ano é de 4,7%. Quando consideramos os últimos doze meses, podemos perceber que a indústria apresenta uma ligeira desaceleração no ritmo do crescimento: em fevereiro: 8,6%; em março: 7,61%; em abril: 7,5% e em maio 7,2%. Os setores que mais contribuíram para o crescimento são: refino petróleo e produção de álcool, material eletrônico e equipamentos de comunicação, máquinas e equipamentos, indústrias extrativas e veículos automotores. Dentre os bens de capital o único setor que destoa é o de máquinas e equipamentos agrícolas, com redução de 47,3% (comparado com maio/04), mantendo-se em queda já há nove meses. O emprego industrial cresceu 5,7% em maio, quando comparado com igual mês de Os salários reais na indústria obtiveram um crescimento de 9,2% (mai-05/mai- 04) e 9,1% no acumulado de janeiro a maio e as horas trabalhadas cresceram 7,6% e 7,1%, respectivamente, segundo dados da CNI. Dentro do setor metalúrgico um dos que mais tem se destacado é o automotivo, que tende a bater novo recorde de produção neste ano, chegando a 2,4 milhões de unidade produzidas. No primeiro semestre a produção já cresceu 15,7% em relação a igual período de O setor de autopeças, puxado pelas montadoras, tem anunciado diversos investimentos em ampliação da capacidade ou mesmo em novas unidades (Dayco, Valeo, Saint-gobain, Deak, Delphi, Randon,Fleetguard, Timken, Elring Klinger,
2 TMD, Mann/Hummel, entre outras). O setor prevê chegar a um faturamento de US$18,2 bilhões (+12,7%), o que representaria o melhor resultado dos últimos 8 anos. O setor eletroeletrônico também tem apresentado crescimento, principalmente em televisores e telefones celulares. Apesar do crescimento, nos meses de maio e junho houve um desaquecimento no setor. A queda do dólar também é um problema para o setor, que facilita a importação, principalmente de produtos provenientes da China. A previsão é de crescimento de 15% no faturamento, o que representaria R$ 93,7 bilhões. O setor de Bens de Capital, apesar de resultados positivos (com exceção do segmento de máquinas e implementos agrícolas), está refazendo suas previsões de crescimento, e acredita que o resultado do faturamento em 2005 ficará em torno de R$ 45 bilhões, resultado semelhante ao de A previsão da indústria siderúrgica era de produzir de 33,6 milhões de toneladas de aço bruto, mas frente à queda de 1,2% no primeiro semestre, a nova estimativa é bastante pessimista: chegar ao final com queda de 4,4%. Além de fatores internos como juros altos e câmbio, houve redução da demanda de setores como a construção civil e máquinas agrícolas. Mas ainda existem expectativas positivas de crescimento das exportações no terceiro trimestre, e crescimento do mercado interno no quarto trimestre que reduza essa queda. INDICADORES DA INDÚSTRIA METALÚRGICA (JAN-JUN 2005) Setor Produção Faturamento Emprego* Exportação Investimentos** Automotivo Autopeças Bens de Capital Unidade Eletroeletrônico Siderurgia Nº ND US$ mil % 15,7% ND 10,2% 42,6% Nº ND 196,3 mil R$ 2.889,6 bilhões*** % 8,8% 10,4% 33,2% Nº R$ ,24 milhões US$4.106,95 milhões % 29,5% 6,2% 38,9% Nº ND US$ 700 milhões % 5% 0,2% 52% Nº Ton US$ 9.492,3 milhões*** US$ % -1,2% 58,4% 4,5% 50,9% US$ 738,4 milhões US$525,6 milhões US$515,3 milhões US$1,51 bilhões US$ 8,53 bilhões Fontes: Anfavea, Sindipeças, Abimaq, Abinee, Eletros, IBS, BNDES, Elaboração subseção DIEESE CNM/CUT e SMABC, ND Não disponível. 2
3 * O indicador de crescimento do emprego é a comparação entre junho/2005 e junho/2004, com exceção do setor siderúrgico, que se refere ao mês de maio. Esses números são divulgados pelas respectivas Associações Nacionais Setoriais. ** Estamos considerando apenas os investimentos que serão realizados com parte financiada pelo BNDES. Esses investimentos tiveram inicio no segundo semestre de 2004 e finalização em 2005, 2006 e *** Jan/Mai. EMPREGO METALÚRGICO O ano de 2004 representou uma retomada vigorosa no crescimento do emprego metalúrgico quando foram contratados 157,7 mil trabalhadores. A variação de emprego no primeiro semestre do ano é de +2,9%. No mês de junho esse crescimento ficou em +10,2%, se comparado com junho de No acumulado do ano, apesar do impacto da ligeira desaceleração no crescimento industrial, o saldo de contratações menos demissões é de trabalhadores. Desde janeiro de 2003 já foram criados postos de trabalho, o que representa um crescimento de 18,7%, ou seja, em 30 meses, foram recuperados pouco mais de um sexto dos 1,44 milhões de empregos eliminados nos 15 anos anteriores. Saldo entre admitidos e desligados mensalmente na Indústria Metalúrgica Emprego metalúrgico a 2005 (Mil Trabalhadores) jan/97 jan/98 jan/99 jan/00 jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jun/05 Fonte: Caged/MTE, Elaboração: Subseção DIEESE SMABC/CNM/CUT, Emprego metalúrgico, Ano Total Crescimento % ,1% 3
4 ,7% 31/Jun/ Fonte: Caged/MTE, Elaboração: Subseção DIEESE SMABC/CNM/CUT, /Dezembro é data de referência. Emprego metalúrgico 1987 e 2002 (dez) 3,00 2,76 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 1, menos 1,44 milhões de empregos Fonte: Caged/MTE, Elaboração: Subseção DIEESE SMABC/CNM/CUT, 2005 Emprego metalúrgico dez/2002 a jun/2005 1,6 1,55 1,5 1,45 1,4 1,35 1,3 1,25 1,2 1,15 1,57 1,52 1,36 1, jun/05 Criação de 246,6 mil empregos Fonte: Caged/MTE, Elaboração: Subseção DIEESE SMABC/CNM/CUT, Variação 1º Semestre 2004 e 2005 Mês 1º Sem/2004 1º Sem/2005 Janeiro Junho Saldo de empregos no período Variação % 4,2% 2,9% Fonte: Rais/Caged, MTE, /jan a 30/jun. Elaboração: DIEESE/CNM/CUT, Número trabalhadores metalúrgicos por Setor Metalúrgico, jan/2003 a Jun/2005 Grandes Setores Jan/03 Jan/05 Jun/05 Postos de Trabalho jan/03 a jun/05 Postos de Trabalho Jan/05 a Jun/05 Variação % Jan/03 a Jun/05 Variação % Jan/05 a Jun/05 Indústria metalúrgica ,12 2,44 Indústria mecânica ,84 2,17 4
5 Indústria de mat ,30 3,85 elétrico e de com. Indústria de mat. de transporte ,33 3,87 Total ,7 2,9 Fonte: Rais/Caged, MTE, Consideramos o dia 1º de janeiro e 30 de Junho. Elaboração: DIEESE/2005. Número trabalhadores metalúrgicos por região, jan-jun/2005 Grandes Setores jan/05 jun/05 Postos de % Trabalho Norte ,86 Nordeste ,55 Sudeste ,87 Sul ,92 Centro-Oeste ,80 Total ,9 Fonte: Rais/Caged, MTE, Consideramos o dia 1º de janeiro e 30 de Junho. Elaboração: DIEESE/2005. NEGOCIAÇÕES COLETIVAS O cenário para as negociações coletivas continua favorável no ano de A partir do levantamento do resultado das negociações em algumas categorias podemos perceber que quase todas conquistaram reajustes iguais ou superiores ao INPC. No caso dos metalúrgicos, em levantamento feito junto a 31 dos 43 sindicatos metalúrgicos filiados à CNM/CUT com data base no primeiro semestre de 2005, que 100% conseguiram repor a inflação do período. Apenas 1 conseguiu repor exatamente o INPC, todos os outros tiveram algum ganho real. Essas Convenções Coletivas de Trabalho abrangem praticamente 252 mil trabalhadores metalúrgicos. Ganhos reais nas Convenções Coletivas no Ramo Metalúrgico 1º Semestre 2005 Faixa de reajuste Percentual de Acordos e Convenções Coletivas Acima do INPC Número de Trabalhadores Beneficiados Nº % Menor que o índice Igual ao índice 3, ,44 Maior que o índice 96, ,6% Até 0,5 % 12, ,75% De 0,51 a 1,50 % 59, ,6% De 1,51 a 2,50 % 12, ,7% De 2,51 a 4,00 % 12, ,5% Total 100% % Fonte: Sindicatos de Metalúrgicos Filiados à CNM/CUT, CONSIDERAÇÕES FINAIS 5
6 Os resultados do primeiro semestre são positivos, e considerando que o inicio do segundo semestre historicamente é o pico da produção em diversos setores da indústria metalúrgica, acreditamos que o ano de 2005 irá terminar com indicadores bastante positivos. Mas para garantir o crescimento sustentado da produção industrial e do emprego, vale a pena reafirmar a necessidade de rever questões como a inflexibilidade das metas inflacionárias, as altas taxas de juros que inibem os investimentos. No que diz respeito às questões nacionais, é preciso garantir um espaço para um entendimento nacional, alternativo à política econômica, na ampliação do Conselho Monetário Nacional, para a discussão de medidas que favoreçam o crescimento sustentável e fixar metas de crescimento econômico ao lado das metas de inflação. É preciso também repensar a carga tributária que representa cerca de 37% do PIB atualmente. A continuidade da valorização do real frente ao dólar tem impacto futuro negativo sobre as exportações que têm sustentado boa parte do crescimento. Há preocupação também quanto à extensão da crise política e sua capacidade de contaminar a economia e, sobretudo, de paralisar votações importantes no Congresso. No que diz respeito à indústria metalúrgica, o governo tem disponibilizado, através do BNDES, recursos em diversas linhas de financiamento, inclusive com o aporte adicional recente pelo FAT, de R$ 17 bilhões. Mas é preciso estabelecer contrapartidas sociais e mecanismos que monitorem a efetivação dessas contrapartidas. Nos próximos 3 anos serão cerca de US$11,8 bilhões em investimentos na indústria metalúrgica que irão contribuir para a continuidade do crescimento. Aproximadamente metade desse valor será financiada atráves de recursos públicos para modernizar as indústrias, ampliar a capacidade instalada ou instalar novas unidades produtivas, mas que devem ser monitorados para garantir o crescimento de empregos previsto. A liberação de R$ 9 bilhões para o PRONAF (22% superior a 2004) juntamente com a renegociação das dívidas do setor agrícola e os efeitos da MP do Bem, que reduz a tributação sobre investimento para as empresas exportadoras, são outros fatores que possibilitam a sustentação do crescimento no médio prazo. Para reduzir as diferenças regionais de condições de trabalho é necessário garantir um espaço de negociação para o Contrato Coletivo Nacional de Trabalho que estabeleça piso salarial nacional mínimo, jornada de trabalho e condições de trabalho. 6
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