Curso/Disciplina: Direito Eleitoral Aula: Direito Eleitoral 12 Professor (a): Bruno Gaspar Monitor (a): Lucas Bressani.
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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Eleitoral Aula: Direito Eleitoral 12 Professor (a): Bruno Gaspar Monitor (a): Lucas Bressani Nº da aula: 12 Causas de inelegibilidade infraconstitucionais (ou legais) Ante as poucas hipóteses de inelegibilidade previstas na Constituição, o constituinte, no art. 14, 9º da CRFB, recomendou à lei complementar estabelecer outras hipóteses de inelegibilidade: 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Em 1990 foi editada a LC 64/90, também conhecida como Lei das Inelegibilidade, estabelecendo diversas outras hipóteses de inelegibilidade. Essa lei vigeu por diversos anos sem alteração, embora não tivesse efetivada, uma vez que era muito difícil incidir nas causas de inelegibilidade nela previstas, muito por causa do sistema processual e recursal brasileiro, que dificultava a ocorrência do trânsito em julgado. Em 2010 foi editada a LC 135/10, conhecida como Lei da Ficha Limpa, que alterou e acrescentou hipóteses à LC 64/90, que hoje conta com 17 hipóteses de causas de inelegibilidade. Neste curso serão tratadas 5 causas de inelegibilidade da Lei 64/90. O art. 1º, inciso I traz as hipóteses de inelegibilidades absolutas (aquelas que geram impedimento para qualquer cargo). Chamamos atenção para a alínea b: b) os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura; Temos como exemplo o parlamentar que perde seu mandato por decoro parlamentar. Nesta hipótese, ele ficará inelegível durante o período que faltava para terminar seu mandato, e nos oito anos seguintes. Um deputado federal que perca seu mandato no 1º ano da legislatura ficará inelegível por 3 anos (prazo remanescente do seu mandato) e por mais 8 anos, totalizando 11 anos de inelegibilidade.
2 Página2 Uma das causas mais importantes de inelegibilidade está no art. 1º, inciso I, alínea e da LC 64: e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela LC nº 135, de 2010) 1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; 8. de redução à condição análoga à de escravo; 9. contra a vida e a dignidade sexual; e 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando Aqui é importante faz uma distinção: o art. 15, III, CF afirma que a condenação penal transitada em julgado acarreta a suspensão dos direitos políticos do condenado enquanto perdurarem os seus efeitos. Os efeitos da suspensão dos direitos políticos cessam com o cumprimento ou extinção da pena. A LC 64, alterada pela LC 135, no entanto, foi bem mais rigorosa. Embora o indivíduo que cometa algum dos crimes previstos no art. 1º, I, e, LC64 readquira seus direitos políticos com o cumprimento da pena, ele só readquire o direito ao voto, pois a LC64 estabelece a sua inelegibilidade desde a condenação até 8 anos após o cumprimento da pena. Importante aqui fazer remissão ao art. 1º, 4º: 4o A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada. A terceira causa de inelegibilidade é a alínea j: j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; Essa inelegibilidade é bastante comum e recorrente na Justiça Eleitoral. Importante ressaltar que essa inelegibilidade só incide se houver a efetiva cassação do registro ou diploma. Pensemos na hipótese de um prefeito condenado por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas (art. 73 da Lei L /97), onde o TRE aplicou somente a sanção de multa. Essa condenação não vai gerar a inelegibilidade prevista na alínea j, uma vez que não houve cassação do registro ou diploma (se a conduta
3 Página3 não foi grave o suficiente para gerar a cassação do mandato ou diploma, também não é grave o suficiente para gerar a inelegibilidade da alínea j). A quarta causa de inelegibilidade é a decorrente da renúncia de mandato, prevista na alínea k: k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; A LC 64/90, desde a sua promulgação, já previa a inelegibilidade daqueles que perdessem seus mandatos por infrações previstas na CF (p. ex.: quebra de decoro parlamentar). Os parlamentares que se viam ameaçados pelo protocolo de representação que pudesse levar à perda do mandato costumavam renunciar ao mandato, retornando à Casa na eleição seguinte, evitando que incidissem na hipótese do art. 1º, I, b da LC 64. A Lei da Ficha Limpa adicionou a alínea k à Lei 64/90, justamente para abarcar as hipóteses de renúncia por essas razões. Nesta hipótese, o indivídou ica inelegível para as eleições que se realizarem no período remanescente do mandato e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura. A quinta e última hipótese a ser tratada é a alínea l: l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; A alínea l é alvo de muita confusão. Alguns acreditam que a simples condenação por improbidade administrativa gera, por si só, a inelegibilidade do sentencidado. A condenação por imporobidade administrativa pode, ou não, gerar a inelegibilidade por improbidade administrativa. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8429/92) prevê uma série de sanções ao condenado por improbidade administrativa, dentre elas, a suspensão dos direitos políticos. Importante notar que a alíena l somente incide caso o réu em ação de improbidade administrativa tenha sido condenado à sanção de suspensão de direitos políticos.
4 Página4 Inelegibilidades relativas As inelegibilidades relativas previstas na LC 64/90 estão no art.1º, incisos I a VII, e seu estudo comina no estudo do instituto da desincompatibilização. A desincompatibilização é a forma de afastamento da inelegibilidade decorrente do exercício de certas funções. Ou seja, para que a inelegibilidade não incida, a pessoa deve se desincompatibilizar de suas funções dentro do prazo previsto na CF ou na legislação infraconstitucional que, normalmente, varia entre 3 e 6 meses. Art. 1º: [...] II - para Presidente e Vice-Presidente da República: [...] III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; [...] IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: [...] V - para o Senado Federal: [...] VI - para a Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; VII - para a Câmara Municipal:[...] É importante saber que as inelegibilidades relativas geram impedimento apenas em relação apenas para determinados cargos, e a desincompatibilização é o instrumento utilizado para afastar a inelegibilidade relativa. As hipóteses de inelegibilidades relativas são autoexplicativas. Condições de registrabilidade O art. 11 da Lei 9.504/97 (Lei dos Partidos Políticos) diz que: Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: I - cópia da ata a que se refere o art. 8º; II - autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato; V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; VI - certidão de quitação eleitoral; VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no 1º do art. 59. IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República. O 1º exige que o pedido de registro de candidadura, a ser apresentado à Justiça Eleitoral, deve ser instruído com os documentos listados em seus incisos.
5 Página5 Alguns documentos listados no art. 11, 1º fazem referência às condições de elegibilidade; outros documentos fazem refência às causas de inelegibilidade; por fim, alguns outros incisos dizem respeito somente à instrumentação da candidatura. São documentos essenciais à candidatura, mas que não estão relacionados às condições de elegibilidade ou às causas de inelegibilidade. Essas são as condições de registrabilidade: requisitos essenciais à formalização, mas que nada têm a ver com as condições de elegibilidade ou as causas de inelegibilidade. Temos, como exemplo, os incisos II, IV do art. 11, 1º da Lei dos Partidos Políticos: II - autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;
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