TÍTULO: A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO BÁSICA EM GUARULHOS
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- Ana Beatriz Fontes Gameiro
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1 TÍTULO: A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO BÁSICA EM GUARULHOS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE GUARULHOS AUTOR(ES): FAGNER PEREIRA DA SILVA, FABIO ALEXANDRE PEREIRA DE OLIVEIRA, REGIANE APARECIDA BATISTA ORIENTADOR(ES): LUCIENE RODRIGUES BARBOSA
2 RESUMO Objetivo: Apresentar o perfil sociodemográfico e descrever a qualidade de vida de idosos portadores de doenças cardiovasculares usuários das Unidades Básicas de Saúde do Distrito Central de Guarulhos/SP. Método: Estudo transversal, descritivo, quantitativo, realizado em Unidades Básicas de Saúde localizadas no Distrito Central de Guarulhos/SP. Para a coleta dos dados foram utilizados os instrumentos WHOQOL-OLD e BREF, e Brazil Old Age Schedule (BOAS). Resultados: Participaram do estudo 108 idosos, na sua maioria mulheres, com idade média de 67,4 anos, com baixa escolaridade, aposentados, com doenças crônicas associadas à comorbidades. Discussão: A avaliação da qualidade de vida busca verificar, quais facetas dificultam o desempenho do idoso na realização das suas atividades, minimizar ou retardar a incapacidade funcional, demonstra ser um novo paradigma de saúde. Conclusão: Em relação à qualidade de vida os idosos do estudo, apresentaram domínios significativos nas facetas autonomia, participação social, intimidade, apresentando baixo grau de dependência para realizar as atividades diárias como tomar medicamento, realizar trabalhos diários. Palavras-Chave: Qualidade de vida; Idoso; Enfermagem; Envelhecimento saudável. INTRODUÇÃO A evidente mudança no fenômeno de transição demográfica leva a uma mudança no padrão de faixa etária da população idosa. Nota-se um aumento na expectativa de vida e uma redução na taxa de natalidade (WHO, 2009). O Brasil possui aproximadamente 23,5 milhões de pessoas na faixa etária de 60 anos ou mais, o que representa 12,1 % da população total do país (BRASIL, 2014). Este significativo aumento da população idosa ao decorrer dos anos, leva a reflexão acerca do processo de envelhecimento e os efeitos deste na qualidade de vida (COLÓN, et al., 2013), e demonstra a necessidade da efetivação das políticas públicas de saúde, voltada para a população idosa como uma estratégia de proporcionar um envelhecimento com qualidade de vida (LENARDT, 2014). O envelhecimento faz parte do ciclo natural da vida, progressivo que leva a modificações nas funções básicas do ser humano, como a capacidade de raciocínio, distinção, locomoção, visão(ferreira e BARHAM, 2011). Essas perdas associadas às
3 características biológicas funcionais e socioculturais(alves, et al. 2012), diminui a capacidade de reinserção do individuo na sociedade, nos relacionamentos interpessoais e oportunidades de lazer(leite, 2012) aumentando a sua vulnerabilidade para os processos patológicos, estas perdas funcionais leva a uma perda da autonomia, e consequentemente, um quadro de dependência. O envelhecimento aumenta o risco de doenças crônicas, sobretudo as cardiovasculares (CARVALHO, 2012). Dentre as doenças cardiovasculares de maior incidência no Brasil, destacam-se a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus, que possui maior prevalência na população idosa (BRASIL, 2009). Estas tendem a impactar de forma negativa a qualidade de vida desses indivíduos. A avaliação e o acompanhamento dos níveis de qualidade de vida em pacientes com doenças crônicas torna-se proveitosa no planejamento de estratégias de intervenção, permitindo identificar as prioridades dos pacientes e subsidiar os programas de saúde a fim de implementar ações efetivas(azevedo, et al. 2013). O objetivo proposto para este estudo foi apresentar o perfil sociodemográfico e descrever a qualidade de vida de idosos portadores de doenças cardiovasculares usuários das Unidades Básicas de Saúde do distrito central de Guarulhos/SP. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal de base populacional, de caráter descritivo observacional, com amostra de conveniência de uma população de pessoas idosas residentes no distrito central de Guarulhos, realizado em três Unidades Básicas de Saúde (UBS Flor da Montanha, Paraventi e São Ricardo), os dados foram coletados no período de março à novembro de A amostra foi composta por idosos de ambos os sexos que obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos e ser usuário do serviço de saúde. Foram excluídos do estudo todos os idosos com história de abuso de drogas ou distúrbios mentais que pudessem invalidar o consentimento livre e esclarecido, ou que não se atende aos critérios previamente estabelecidos. Este projeto teve aprovação do Comitê de Ética e pesquisa da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), respeitando-se os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos, conforme a Resolução de 196/96 do Conselho
4 Nacional de Saúde, processo n.1049/2011/cep-uniban, protocolo nº 303/12, tendo sido encaminhando para o setor de educação do município que sediou a pesquisa. O instrumento utilizado para a realização do perfil socioeconômico foi BOAS (Brazil Old Age Schedule), E para avaliar o impacto que o envelhecimento na qualidade de vida desta população utilizou-se o WHOQOL-OLD e WHOQOL-BREF. Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, e elaborou-se o banco de dados utilizando o programa SPSS RESULTADOS Participou desta pesquisa um total de 108 indivíduos idosos. A idade média apresentada por estes indivíduos foi de 67,4anos. Com intervalo entre 60 a 81 ou mais e maior concentração na faixa etária entre os 60 e 70 anos, o que representou 56,50% dos idosos. Em relação ao sexo, a maioria era composta por mulheres representando 62% e homens somente 38% da amostra total, sobre o estado civil 51,9% eram casados ou conviviam com um companheiro (a), 34,3 % eram viúvos, os divorciados representavam 13% e somente 0,9 % eram solteiros. A maioria dos idosos (91,7%) declararam possuem filhos, quando analisado o nível de escolaridade dos entrevistados, 63,9% possuíam o Ensino Fundamental I (1ª á 4ª série). (Tabela 1). Tabela 1. Caracterização sócia demográfica dos idosos entrevistados na Região Central do Distrito de Guarulhos, SP (n=108). Categoria N % Faixa Etária anos 61 56,5% anos 43 39,8% 81 anos á mais 04 3,7% Sexo Feminino 67 62% Masculino 41 38% Estado civil Casado(a) / mora com um 56 51,9% companheiro (a) Viúvo (a) 37 34,3% Divorciado (a) 14 13% Solteiro (a) 01 0,9% Escolaridade Não frequentou 05 4,6%
5 Ensino Fundamental incompleto 70 64,8% Ensino Fundamental completo 23 21,3% Ensino Médio 09 8,3% Ensino Superior 01 0,9% Problemas de Saúde Hipertensão Arterial 88 81,5% Diabetes Mellitus 45 41,7% Dislipidemia 10 9,3% Todos os entrevistados referiram ter ao menos um problema de saúde. Quando questionados acerca do tratamento de saúde, 97,2% confirmaram fazer uso de pelo menos um medicamento de forma contínua. Inicialmente foi realizada a pontuação do questionário WHOQOL-OLD, seguindo à normatização estabelecida pelo Manual(POWER e SCHMIDT, 2002). Na Tabela 2 é apresenta as médias das seis facetas do questionário WHOQOL-OLD. Tabela 2. Demonstrativo das médias dos escores totais das facetas do WHOQOL- OLD*, dos idosos da região do Distrito Central de Guarulhos/SP, Faceta Escore Total da Faceta (ETF) DP Autonomia (AUT) 75,31 1,001 Intimidade (INT) 74,68 1,052 Atividades passadas, presentes e futuras (PPF) 69,37 1,027 Morte e Morrer (MEM) 68,31 1,296 Participação Social (PS) 64,0 0,929 Funcionamento Sensorial (FS) 47,75 1,386 * WHOQOL-OLD (World Health Organization Quality of Life-OLD): instrumento para medir a Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde, para idosos. DP = desvio padrão. A Tabela 3 descreve as médias dos quatro domínios do questionário WHOQOL-BREF. Tabela 3. Categorização dos fatores que interferem na qualidade de vida, pelo WHOQOL-BREF*, nos idosos da região do distrito central de Guarulhos/SP, Domínio Média DP Físico 3,50 1,190 Psicológico 4,04 1,021 Ambiental 3,53 1,107 Social 3,63 1,132 *WHOQOL-BREF (World Health Organization Quality of Life-BREF): instrumento abreviado para medir a Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde. DP = desvio padrão.
6 A representação da relação entre a presença de uma DCNT, com a avaliação da qualidade de vida, apresenta-se na Tabela 4. Tabela 4. Relação da avaliação da qualidade de vida, pelo WHOQOL-BREF*, com a presença de DCNT nos idosos da região do Distrito Central de Guarulhos/SP, Doença Crônica Não- Transmissível (DCNT) Qualidade de vida Diabetes Mellitus Hipertensão Dislipidemia Muito Ruim 0,0% 1,1% 0,0% Ruim 2,2% 2,3% 0,0% Nem boa, Nem 25,0% 30,0% 26,7% Ruim Boa 60,0% 53,4% 70,0% Muito Boa 11,1% 18,2% 0,0% *WHOQOL-BREF (World Health Organization Quality of Life-BREF): instrumento abreviado para medir a Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde. DISCUSSÃO O ato de envelhecer é natural e ocorre de maneira gradual. No Brasil esse processo tem sido acompanhado de melhorias na cobertura do sistema de saúde por meio de políticas publicas voltada para esta população, apesar do contexto social de desigualdade, acesso reduzido aos serviços de saúde e recursos financeiros, e ainda, sem as alterações estruturais necessárias para atender ás necessidades deste grupo etário emergente (SCHNEIDER e IRIGARAY, 2008). Este estudo mostra que um alto percentual de idosos possuía baixo nível de escolaridade, com ensino fundamental incompleto (64,8%), uma situação social desfavorável, pois influencia na oportunidade de interação social, a compreensão do tratamento proposto e a necessidade do autocuidado (ARAÚJO, et al. 2012). A baixa escolaridade possui relação direta com a redução no desempenho nas atividades de vida diária (AVD) como tomar medicamentos de acordo como horário e doses corretas, gerenciar suas finanças e usar transporte público, a dificuldade em gerir estas situações podem levar ao isolamento, o uso inadequado dos medicamentos ou perda de sua autonomia. Em relação à situação conjugal, observou-se que 51,9% dos idosos eram casados, a convivência com um companheiro reduz o isolamento, a solidão e baixa autoestima, que são fatores preponderantes para a mudança no estado emocional da pessoa e a queda no nível de qualidade de vida (PAULO, et al. 2013).
7 Em relação à situação de saúde dessa amostra, todos entrevistados tinham uma ou mais DCNT, como hipertensão arterial (81,5%), diabetes mellitus do tipo 2 (41,7%) e dislipidemia (9,3%), demonstra um alto percentual quando comparado a outro estudos realizado em população idosa (GOTIJO, et al. 2012). Ao se analisar as contribuições das diferentes facetas do questionário WHOQOL-OLD, observou-se diferentes contribuições da cada faceta na qualidade de vida dos idosos. A faceta de melhor desempenho entre os idosos foi a autonomia (AUT), onde avaliou-se a liberdade para tomada de decisões e sentimento do outro em relação aos seus desejos. O sentimento de respeito por suas escolhas são muito importantes na velhice e destacam neste aspecto o seu grau de liberdade para tomar suas próprias decisões, e o nível de respeito que os indivíduos que convivem com o idoso tem em relação á essa liberdade. Essa capacidade de se autodeterminar e executar os próprios desígnios são consideradas elementos essenciais na promoção da saúde (MINOSSO, et al, 2010). A faceta morte e morrer (MEM) foi citada pelos idosos neste estudo como importante para mensurar a qualidade de vida. Esta aborda as preocupações e medos em relação ao processo de morte e o morrer. Compreender as questões que envolvem o processo de finitude do homem com algo natural a esta condição física e que esta intrinsecamente atrelada ao processo de envelhecimento, realizar uma reflexão acerca do tema é fundamental para minimizar sofrimento e a angustia espiritual (BERTHOD, 2009). A faceta participação social (PS) referiu-se a avaliação e satisfação nas realizações diárias e nas oportunidades, principalmente na comunidade. O processo de envelhecimento normalmente é caracterizado por uma redução nos contatos sociais e nas relações sociais, e as relações que são mantidas são importantes para a adaptação do idoso (NICOLAZI, 2009). A faceta intimida (INT) foi delineada a capacidade deste idoso em manter uma relação intima e pessoal. Esse resultado pode estar associado ao número de participantes (51,9%) serem casados. No entanto, as mulheres eram o maior número de participantes, correspondente á 62% dos entrevistados neste estudo, no Brasil isto se justifica porque a maior taxa de incidência de mortalidade esta relacionada à população do sexo masculino, apesar das mulheres serem as mais afetas pelas doenças crônicas (CAMPOLINA, 2013).
8 Elas ainda podem envelhecer sozinhas já quem tem uma maior probabilidade de ficar viúva na medida em que os anos passam, e esta sozinha é uma condição desfavorável para se ter uma qualidade de vida na terceira idade. A faceta atividades passadas, presentes e futuras (PPF) descreveu a satisfação do idoso sobre suas conquistas, metas alcançadas e futuras. A sensação de bem-estar decorrentes da satisfação com as conquista, metas traçadas e sensação do dever cumprido aumentam a autoestima do idoso e consequentemente qualidade de vida (SANTOS e CUNHA, 2013). A faceta funcionamento sensorial (FS), com uma das menores pontuações atingidas, avaliou a impacto da perda das habilidades funcionais na qualidade de vida dos estudos entrevistados. A perda da capacidade funcional (2,5%) não é objeto de preocupação para os idosos entrevistados neste estudo, alguns fatores podem estar relacionados com os resultados obtidos, como conviver com companheiro ou familiar (PAULO, et al. 2013) e se envolver em atividades sociais de maneira significativa esses achados podem indicar que esta faceta tende a diminuir os feitos deletérios das perdas relacionadas ao funcionamento sensorial. A qualidade de vida quando analisada a partir do quadro de saúde de indivíduo, tende a ser valor atribuído à vida, a partir das deteriorações funcionais, as percepções e condições sociais que os indivíduos são induzidos pela doença, agravos, e tratamento (VIDO e FERNANDES, 2009). Ao se avaliar a questão da qualidade de vida em consonância com a presença de uma ou mais doenças crônicas, observou-se que a qualificação boa atingiu o maior índice, mesmo diante da presença da Diabetes Mellitus(60%), Hipertensão (53,4%) ou Dislipidemia (70%), resultado diferente do encontrado em outro estudo (MANTOVANI e MENDES, 2010), onde a qualidade de vida atingiu índices de muito boa. Minimizar ou retardar a incapacidade funcional, demonstra ser um novo paradigma de saúde, apresentada na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), sendo a Unidade básica de saúde e a Estratégia Saúde da Família são a porta de entrada desta população emergente (BRASIL, 2006). Considerações Finais Dentro desse contexto o ato de identificar problemas, bem como desenvolver ações que permitam a continuidade de uma qualidade de vida adequada, a prestação de
9 serviços primários em principal na rede de Saúde Pública, deve-se atentar á esses fatores que influenciam e afetam diretamente aos idosos, a equipe multidisciplinar que realiza a prestação desses serviços á essa população em principal a do profissional de enfermagem deve estar apto a reconhecer e desenvolver práticas que possibilitem a interação com o idoso á sociedade, bem como incentivar o auto cuidado e independência do mesmo. Assim sendo, a rede de prestação de serviços primários de saúde deve estar equipada para prestar um atendimento de alta qualidade aos idosos e seus familiares, visando à manutenção ou ao aprimoramento da qualidade de vida, mensurado, principalmente, pelo nível de autonomia e independência que os mesmos possuem. A diligência de doenças crônicas, ou o tratamento adequado das mesmas torna-se igualmente fundamental, afim da construção de um quadro situacional onde a redução desses índices tragam á essa população o aumento da avaliação de qualidade de vida. Referências Bibliográficas WHO- World Health Organization Global Health Observatory, Life expectancy (US). Disponível em: situation_trends_text/en/. Acesso em 25 mar BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria De Direitos Humanos, Dados sobre o envelhecimento no Brasil. Brasília, Disponível em cimentonobrasil.pdf. Acesso em 25 mar CÓLON-EMERIC, C. S.; WHITSON, H. E; PAVON, J; HOENIG, H. Functional Decline in Older Adults. American Family Physician. Set. 2013; v.88 n.6, p Disponível em: Acesso em 19 abr LENARDT, M. H.; CARNEIRO, N.H.K.; ALBINO, J.; et al. Quality of life of frail elderly users of the primary care. Acta Paulista Enferm. Set. 2014, v.27, n.5, p Disponível em: Acesso em 15 abr FERREIRA, H.G.; BARHAM, E.J; O Envolvimento de idosos em atividades prazerosas: revisão da literatura sobre instrumentos e aferição. Rev. Bras. de Geriatria e Gerontologia, 2011, v.14, n.3, p Disponível em: Acesso em 3 abr ALVES, E.R.P.; DIAS, M.D.; COSTA, A.M., et al. Qualidade de vida: percepção de idosos de uma unidade de saúde da família. Rev. Enferm UFSM. Set/Dez. 2012,
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