Coordenação-Geral de Tributação

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1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº Data 12 de setembro de 2017 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Código NCM: Ementa: Conjunto de transmissão para ciclomotores, tais como, motocicletas, motonetas, triciclos e quadriciclos, composto de coroa, corrente e pinhão, contidos em uma mesma embalagem, caracterizando um sortido acondicionado para venda a retalho. Dispositivos Legais: RGI 1 (texto da posição 87.14), RGI 3c e RGI 6 (texto da subposição ) da NCM/SH constante da TEC, aprovada pela Resolução Camex nº 125, de 2016, e da Tipi, aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 2016, com alterações posteriores, e em subsídios extraídos das Nesh, aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e consolidadas pela IN RFB nº 807, de 2008, com alterações posteriores. Relatório Figura 1. Corrente 1

2 Fls. 2 Figura 2: Representação do acoplamento e fixação de uma coroa (detalhe) Figura 3: Representação do acoplamento e fixação de um pinhão (detalhe) Fundamentos 2. Preliminarmente, saliente-se que os processos administrativos de consulta sobre classificação fiscal de mercadorias, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), são regidos pela Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.464, de 8 de maio de 2014, e a classificação subordina-se à observância das Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI/SH), constantes do Anexo à Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 71, de 11 de outubro de 1988, e promulgada pelo Decreto nº , de 23 de dezembro de 1988, com posteriores alterações aprovadas pelo Secretário da Receita Federal do Brasil, por força da competência que lhe foi delegada pelo art. 2º do Decreto nº 766, de 3 de março de Também devem ser observadas as Regras Gerais Complementares do Mercosul (RGC/NCM) e as Regras Gerais Complementares da Tipi (RGC/Tipi), além dos pareceres de classificação do Comitê do Sistema Harmonizado da Organização Mundial das Aduanas (OMA), dos Ditames do Mercosul, e, subsidiariamente, das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (Nesh). 2

3 Fls As Nesh foram internalizadas no Brasil por meio do Decreto nº 435, de 27 de janeiro de 1992, e, conquanto não possuam força legal, constituem orientações e esclarecimentos de caráter subsidiário que devem ser utilizados para nortear a classificação de mercadorias. Sua versão atual foi aprovada pela IN RFB nº 807, de 11 de janeiro de 2008, atualizada pelas IN RFB nº 1.072, de 30 de setembro de 2010, e nº 1.260, de 20 de março de 2012, por força da delegação de competência outorgada pelo art. 1º da Portaria MF nº 91, de 24 de fevereiro de Destarte, em face do caráter subsidiário das Nesh, o que efetivamente se impõe como norma legal aplicável na classificação fiscal de mercadorias para atribuição do código correto de uma mercadoria ou de um produto específicos são as RGI/SH e as RGC/NCM. 6. Cabe então registrar que a RGI 1 determina que a classificação de mercadorias é feita pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo, devendo-se recorrer às demais RGI apenas na hipótese de impossibilidade de enquadramento por aplicação da RGI 1, bem como nos casos de produtos com características específicas, lembrando-se, contudo, que, nos termos da RGI 6, aplicam-se às subposições as mesmas regras utilizadas em nível de posição e as RGC são utilizadas no nível dos desdobramentos em item e subitem da NCM. 7. Contudo, há de se ter em mente que, de acordo com a RGI 1, os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos possuem valor meramente indicativo, visto que a classificação deve ser determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e pelas RGI, desde que estas Regras Gerais não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas. 8. Cuida-se no processo da análise de um produto denominado conjunto de transmissão para ciclomotores composto de coroa, corrente e pinhão, contidos em uma mesma embalagem, caracterizando um sortido acondicionado para venda a retalho. 9. Considerando que este sortido é composto de mercadorias classificadas em diferentes posições busca-se o seu enquadramento tomando-se por base a RGI/SH Antes de buscarmos a classificação do produto cabe alguns esclarecimentos a respeito do funcionamento desse conjunto. 11. Há três formas básicas de se transmitir a potência do motor para a roda traseira de uma motocicleta, motonetas, ciclomotores, triciclos e quadriciclos: corrente, correia ou árvore de transmissão (cardã). Os sistemas de acionamento final por corrente são, de longe, os mais comuns. Neste sistema, um pinhão montado na árvore de saída (ou seja, a árvore do câmbio) é conectado a uma coroa ligada à roda traseira da motocicleta por uma corrente de metal. Quando o câmbio gira o pinhão, a potência é transmitida pela corrente à coroa na roda, que então gira. A corrente de transmissão é um método leve e fácil para transmitir o movimento da caixa de câmbio até a toda traseira. 12. A relação de transmissão é diretamente proporcional à divisão entre o número de dentes da coroa (roda maior) e o número de dentes do pinhão (roda menor). 13. Escolher a relação ideal depende do tipo de moto. A moto com relação mais "curta" (pinhão menor e/ou coroa maior) possui uma subida de giro mais rápida e mais força nas 3

4 Fls. 4 arrancadas e subidas dando uma sensação de motor mais esperto. Porém se a moto for muito reduzida, a moto passa a requerer trocas de marcha a todo instante fazendo o piloto perder tempo além de perder em velocidade final. 14. Uma moto com a relação mais "longa" (pinhão maior e/ou coroa menor) ganha velocidade final e a impressão de motor mais "elástico" já que as marchas "rendem" mais. 15. Temos, assim, que o desempenho de uma moto é função básica da relação entre coroa e pinhão. A corrente é simplesmente o elo de ligação entre essas duas engrenagens, formando então o conjunto de transmissão. Podemos concluir, por esses esclarecimentos que não há prevalência de uma peça sobre a outra nessa engrenagem, pois a transmissão da potência do motor às rodas resulta da união desses três componentes, os quais devem ser trocados conjuntamente mesmo quando apenas um deles apresenta desgaste. 16. Decorre daí que, na classificação individual das peças, não se tem como estabelecer a posição mais específica, desconsiderando portanto a aplicação da RGI 3 a). 17. Por outro lado, também não há como definir a característica essencial entre esses componentes, sabendo que a função que se propõe depende do funcionamento do conjunto das peças, o que nos leva a descartar a classificação com base na RGI 3 b). 18. Resta-nos, como conseqüência, o uso da RGI 3 c) para o enquadramento do produto, levando sua classificação para a posição situada em último lugar na ordem numérica. 19. A posição abrange, segundo seu texto, as "Correntes, cadeias, e suas partes, de ferro fundido, ferro ou aço" (grifou-se) e, portanto, a corrente do referido sortido se classificará no âmbito dessa posição. 20. Já a coroa e o pinhão são rodas dentadas próprias para transmissão de movimento por meio de correntes articuladas, sendo então partes reconhecíveis como principalmente utilizadas em motocicletas (veículo da posição 87.11), classificando-se na posição 87.14, que engloba, segundo seu texto as "Partes e acessórios dos veículos das posições a 87.13". 21. Portanto, a posição situada em último lugar na ordem numérica, que assim define o enquadramento do sortido corrente, coroa e pinhão, é a posição Partes e acessórios dos veículos das posições a 87.13, conforme a RGI 1 e RGI 3c. 22. A classificação do produto na subposição de primeiro nível, com base na RGI 6, será, por óbvio, no código De motocicletas, que não oferece mais desdobramentos. Conclusão 4

5 Fls Com base nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado RGI 1 (texto da posição 87.14), RGI 3c e RGI 6 (texto da subposição ) da NCM/SH constante da Tarifa Externa Comum (TEC), aprovada pela Resolução Camex n.º 125, de 2016, e da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto n.º 8.950, de 2016, e ainda em subsídios extraídos das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (Nesh), aprovadas pelo Decreto nº 435, de 1992, e atualizadas pela Instrução Normativa (IN) RFB nº 807, de 2008, e alterações posteriores, o produto objeto da consulta formulada nestes autos classifica-se nos códigos da NCM Ordem de Intimação Divulgue-se e publique-se nos termos do art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.464, de 8 de maio de Remeta-se o presente processo à unidade de origem para ciência do interessado e demais providências cabíveis. NEY CÂMARA DE CASTRO AUDITOR-FISCAL DA RFB MARLI GOMES BARBOSA SILVIA DE BRITO OLIVEIRA PEDRO PAULO DA SILVA MENEZES AUDITOR-FISCAL DA RFB Relator IVANA SANTOS MAYER VICE-Presidente da 1ª Turma 5