CIDADE E URBANO: A IMPLOSÃO DO CAPITALISMO E AS FEIÇÕES DA QUESTÃO IMOBILIÁRIA NO BAIRRO MARACANÃ I, SANTARÉM-PA
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- Ana Vitória Marroquim Festas
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1 CIDADE E URBANO: A IMPLOSÃO DO CAPITALISMO E AS FEIÇÕES DA QUESTÃO IMOBILIÁRIA NO BAIRRO MARACANÃ I, SANTARÉM-PA Pâmela Tatiane Souza Santos 1 UFOPA pamelaenaitat@hotmail.com Maria de Nazaré dos Santos Silva 2 UFOPA naza_ufpa2009@hotmail..com Ednéa do Nascimento Carvalho 3 UFOPA edneancar@yahoo.com.br RESUMO Discutir cidade e urbano se configura um desafio para a Geografia devido as discussões teóricas se confundirem na maioria das vezes, uma vez que, não se pode separar a cidade do urbano. A partir do entendimento desses dois conceitos construímos base para a identificação e explicação das diferentes maneiras com que o capitalismo se espraia no espaço geográfico. Veremos que, o espaço urbano é condição e produto da reprodução social e elemento impulsionador para as práticas sociais e, dentre essas práticas está à restrição, intensificação e a transformação do solo urbano em uma mercadoria (valor de troca) entrelaçada de interesses e privilégios. Assim, destacamos nesse trabalho, a implosão do capitalismo por meio das diferentes implicações socioespaciais ocasionadas pelos promotores imobiliários no bairro Maracanã I, Santarém-Pa. Para isso, realizaram-se trabalhos de campo e entrevistas em 2012 e 2014 no sentido de investigar as feições da questão imobiliária nesse lugar. Esses agentes, produtores do espaço urbano, buscam controlar o uso da terra, e o que antes representava valor de uso para os moradores, agora reflete no valor de troca. Os lugares vivenciam, portanto, impostamente a produção ideológica cada vez intensificada do modo de vida urbano, isto é, a nova forma de viver, conviver, o modelo das construções (prisões), entre outros. E cada vez, os grupos sociais locais, são pressionados a venderem seus lugares para abrir espaço para os promotores imobiliários. Dessa maneira, a reprodução do 1 Licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Oeste do Pará. 2 Licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Oeste do Pará. 3 Professora do Curso de Geografia da Universidade Federal do Oeste do Pará. 1
2 capitalismo comparado a uma esfera nunca se encerra, pelo contrário, implode cada vez mais nos lugares. Palavras-chave: Cidade, urbano, questão imobiliária, Santarém-PA, bairro Maracanã I. INTRODUÇÃO Refletir acerca das categorias cidade e urbano se configura um desafio para os geógrafos devido o confronto entre o teórico e o conteúdo social presente no espaço geográfico. Pois, a cidade é muito além daquilo que é perceptível aos nossos olhos. Ela está no movimento, no encontro, na fala, no convívio. No entanto, esses atributos, tornam-se invisíveis na sociedade contemporânea, uma vez que, ao se expandir o capitalismo produz novos lugares deixando fortes presenças apenas do visível e do material. Nesse caso, conferimos o esvaziamento dos espaços com valor de uso, na medida em que a cidade se encontra dominada pelo valor de troca, submetendo seu uso as regras de mercado. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo geral identificar as implicações socioespaciais no bairro Maracanã I, Cidade de Santarém-Pa, perpetradas pela atuação dos agentes imobiliários. Para isso, a pesquisa qualitativa constituiu-se a base desta produção, devido à necessidade de compreender as discussões empreendidas de cidade e urbano na Ciência Geográfica; e a construção das análises obtidas a partir dos trabalhos de campo realizados em 2012 e 2014 fundamenta-se no método dialético devido apresentar as bases teóricas para explicar as notáveis transformações ocorridas no bairro Maracanã I. A partir deste encaminhamento metodológico o trabalho encontra-se organizado em três capítulos: A Cidade e o Urbano na qual procura-se exibir as discussões teóricas sobre o mesmos. Em seguida, Um lugar chamado Maracanã I, apresentamos pontos relevantes referentes ao modo de ocupação deste bairro destacando o porquê trabalhar com esse recorte espacial e, por último, As feições da questão imobiliária no bairro Maracanã I Pa, procuramos desenvolver uma análise da produção do espaço 2
3 urbano enveredado no modo de produção capitalista a partir dos interesses dos agentes imobiliários que buscam controlar o uso da terra. Destarte, veremos que ação dos promotores imobiliários modificam os significados e valores dos espaços geográficos presentes neste bairro. Em um processo intensivo os terrenos são postos à venda e, os moradores naturais do bairro são expropriados de seu lugar, para espaços mais distantes e, na maioria das vezes insalubre. A CIDADE E O URBANO A discussão teórica do que é cidade e do que é urbano na maioria das vezes se confunde. Uma vez que, não se pode separar a cidade do urbano. A partir dessa problemática, diversos autores lançaram-se em busca de reflexões acerca desse assunto. Propuseram diversos entendimentos em diferentes épocas e apresentaram definições para estas duas questões. Neste primeiro momento, propõe-se discutir a cidade e o urbano com base em pensadores como Santos (1994), Lefebvre (2001) e Carlos (2007; 2008). De acordo com Santos (1994, p. 34), o urbano é o abstraio, o geral, o externo enquanto a cidade é o particular, o concreto, o interno. A partir desse pensamento entendemos que o urbano são as próprias relações sociais intrínsecas a cidade, ou seja, é o conteúdo agregado a uma forma, neste caso a cidade. Dizer que o urbano é geral significa que o modo de vida oriundo desse fenômeno se expande para além das fronteiras da cidade. Lefebvre (2001) discorre a respeito do tecido urbano, destacando que este não limita a sua morfologia. Ele é um modo de viver, marcado sobretudo, por valores, expectativas, hábitos, modo de pensar. Desse modo, aprofunda-se em um processo induzido que Lefebvre (2001, p. 10) chama de implosão-explosão cujos referenciais que sustentam a vida criam outros significados, isso explica o porquê do urbano ser geral. No livro A cidade, Carlos (2008), aponta ser difícil surgirem associações vinculadas a sentimentos e emoções que permeiam as relações humanas na cidade. Isso 3
4 ocorre devido a subjugação do homem ás necessidades de reprodução do capital, cujo homem se encontra capturado pelas necessidades de consumo. É onde verificamos uma presença forte apenas do visível e do material. Nesse caso, conferimos certo esvaziamento dos usos do espaço da vida, na medida em que a cidade se encontra dominada pelo valor de troca, submetendo seu uso as regras de mercado. A extensão do capitalismo, com o desenvolvimento do valor de troca, como necessidade do processo ininterrupto de valorização, produziu o mundo da mercadoria e esta, como signo mediador das relações sociais, impondo às relações sociais sua lógica e linguagem (CARLOS, 2007, p. 188). No entanto, a produção da cidade encontra-se submetida a uma oposição. De um lado está o valor de troca, onde os espaços da cidade são postos com mais intensidade em cheques, isto é, impondo seu uso ao comércio, e formando cada vez mais reservas de mão de obra, interferindo nos salários, permitindo o crescimento da mais valia e fazendo desaparecer diversas práticas antes realizadas no cotidiano da cidade e, de outro lado tem-se o valor de uso, isto significa o direito dos habitantes de se apropriarem da cidade. No valor de troca tem-se a [...] deterioração das relações sociais, pela tendência ao escasseamento das relações de vizinhança, pela diminuição dos espaços de sociabilidade (aquele da rua, aquele do pequeno comércio de bairro, das praças), pela implosão do bairro, pela deterioração do espaço público, pelo esvaziamento da centralidade simbólica do centro histórico, pelo aumento das taxas de violência, promovido pela ascensão vertiginosa da pobreza (CARLOS, 2007, p. 188). A cidade agora não se limita apenas as relações imediatas, mas compõe de ordens distantes, ordem da sociedade, regida por grandes e poderosas instituições (LEFEBVRE, 2001, p. 46). Isso é um grande jogo que está se realizando sob nossos olhos, com episódios diversos cujo sentido nem sempre aparece (LEFEBVRE, 2001, p. 79). No espaço urbano os interesses e as necessidades dos habitantes são contraditórios, e como consequência a ocupação desse espaço não se fará sem lutas. Desse modo, o movimento de reprodução e/ou expansão da cidade traduz ao mesmo 4
5 tempo os impasses na busca por um pedaço de terra e a imposição de limites dessa reprodução social pelo Estado. Nesta lógica, o espaço urbano é condição e produto da reprodução social e elemento impulsionador dos conteúdos da prática socioespacial. O capital restringe o espaço a uma mercadoria, dispondo seu acesso para àqueles que são possuidores de valores econômicos. UM LUGAR CHAMADO MARACANÃ I O Nome Maracanã é proveniente da ave conhecida por periquito-maracanã. Era comum ver essa espécie nesta área que faziam das mangueiras seu habitat, e alimentavam-se de frutos, sementes e coquinho. Hoje, por causa do desmatamento e do crescimento demográfico essas aves não são mais vistas. Com o tempo deu-se a construção de novos lugares a partir da imigração das pessoas, oriunda por exemplo do nordeste, que aos poucos os espaços foram criando significados para as mesmas, gerando consequentemente a origem dos bairros citados acima. O bairro do maracanã começou a ser povoado nos anos de 1970 e 80 ainda área rural pertencente a região de eixo forte. Seus primeiros habitantes vindos das regiões ribeirinhas e planalto, atraídos pela beleza natural da praia, e a imensidão de aves maracanã que vinham em busca de alimentos nas mangueiras, neste lugar existente. Essas aves maracanã deram origem ao nome praia do maracanã e, posteriormente ao bairro do maracanã. É importante o docente mencionar que a ocupação do bairro Maracanã I ocorreu, principalmente, por meio desses elementos. Primeiramente, com a ocupação em torno da praia e, posteriormente em torno das estradas, até o momento em que essas duas formas de ocupação se encontraram. Imagem 1 Caminhos de ocupação do bairro Maracanã I. 5 Fonte: Google Earth (adaptado pela autora do trabalho).
6 Nos anos com a chegada da urbanização e o demográfico foram crescimento Imagem 2 Limites territoriais do bairro Maracanã e Maracanã I. I construídos alguns implementos e organização comunitária,, como por exemplo, igrejas, escolas, clubes de futebol, mas tarde a cavalaria e outros. Em 2001 o bairro por ter uma dimensão geográfica colossal foi dividido em Maracanã e Maracanã I quando fora criada a Associação dos Moradores do Bairro do Maracanã (ASMOBAMc-I) I) em 13/01/2001. I Fonte: Google Earth (adaptado pela autora do trabalho). E nos últimos cinco anos é intenso a ação dos promotores imobiliários no bairro Maracanã I, e isso resulta em novo rearranjo socioespacial, como veremos no capítulo a seguir. FEIÇÕES DA QUESTÃO IMOBILIÁRIA NO BAIRRO MARACANÃ I No bairro Maracanã I, ver-se, ver se, o interesse de agentes imobiliários que buscam controlar o uso da terra no espaço urbano por meio da construção de residenciais e condomínios. Isto significa que, a cada dia, os espaços públicos públicos se tornam escassos neste lugar. E o que antes representava valor de uso para os moradores, agora reflete no valor de troca, com pode ser perceptível nas fotografias abaixo. Fotografia 1 Antes: Campo de futebol. Fotografia 2 Agora: Residencial Reserva Maracanã 6 Fonte: Trabalho de cam campo realizado em Foto: Nazar zaré dos Santos
7 Fonte: ASMOBAM-I. Os promotores imobiliários aspiram pela compra de frações do espaço, moradores antigos e novos que seguram terrenos na espera de propostas vultosas, e a gestão local que procura por lugares com desígnio de instalar serviços públicos, como o posto de saúde e a creche. No entanto, os moradores pela representação da Associação, buscam terrenos para a construção desses imóveis, que sejam acessíveis a compra pelo poder municipal. Contudo, os altos preços requeridos pelos proprietários não estão no orçamento da prefeitura. Na maioria das vezes, o proprietário tende a vender a terra para os promotores imobiliários que oferecem quantias superiores. Em um comparativo do ano de 2012 para o ano início de 2014 foram significativas as implicações socioespaciais vivenciadas pelos moradores acerca da ação dos agentes imobiliários. Muitos terrenos passaram a ser requisitados por esses agentes, e consequentemente os moradores renderam-se ao montante. O interessante e o diferencial desse processo está contido na ausência do Estado no que tange a implantação de serviços urbanos considerados simples, como asfaltamento 4 e energia legalizada. Surge uma pergunta: A procura, ação e a produção do lugar pela incorporação imobiliária se deu por quais elementos? Uma vez que, a construção dos residenciais ocorreu em áreas afastadas e ausentes de serviços públicos. Acredita-se, então, que a procura inicial por terrenos no bairro em questão, de acordo com as entrevistas realizadas com os moradores mais antigos, deu-se por dois elementos: a praia Maracanã principalmente, e a implantação da Cavalaria posto da Polícia Militar do Pará. O primeiro, apresenta-se, como ponto turístico e o segundo é sinônimo de proteção. Com o tempo o desenho urbano do bairro Maracanã I foi se destacando pela construção de residenciais. Identificamos ação dos promotores imobiliários, que 4 Apenas a rua Maracanã é asfaltada, apresentando ao final certas precariedades. 7
8 segundo Corrêa (1989), são responsáveis por realizar parcial ou totalmente as seguintes operações: incorporação, financiamento, estudo técnico, construção ou produção física do imóvel e comercialização. Esses agentes miram por detenção de terras dentro do espaço urbano, visto que, com o tempo a escassez na oferta, ocasiona o acréscimo do preço de terrenos. Neste contexto, a detenção do capital e a apropriação da terra, constitui um monopólio por excelência no espaço urbano. Esse privilégio exclusivo (e segregativo), possibilita a manipulação dos valores de uso do imóvel em função do valor de troca. Dessa forma, o processo de valorização do solo urbano tem [...] consolidado o mercado de imobiliário, e transformando os imóveis em mercadorias cujo valor de troca ganha pronunciada importância. É dessa maneira que o morador entra na dinâmica de valorização como agente seja como empreendedor de sua moradia no sentido de aprimorá-la como bem de capital, seja como excluído que é expulso pela valorização do entorno e exposto à armadilha do dinheiro (ROCHA & ALMEIDA, 2013, p. 4). Dessa forma, os lugares vivenciam a produção ideológica cada vez intensificada do modo de vida urbano. Fazemos referência a nova formas de viver, conviver, o modelo das construções (prisões), entre outros. A atuação abstrata do mercado imobiliário produz efeitos sobre a sociedade, a qual é arrastada em direção a um padrão de necessidades sociais e relações humanas [...] pelas forças cegas de um sistema envolvente de mercado (HARVEY, 1980, p. 163). O mercado imobiliário no bairro Maracanã I é perceptível, principalmente, por meio de conjuntos residências, sucedidos, em uma ordem cronológica, notamos no bairro, a abertura de estradas, a presença do transporte público, a instalação da energia elétrica e, a maciça propaganda dos residências na proximidade da praia da maracanã. Com isso, os lugares são consumidos pelos residenciais. E cada vez, os grupos sociais locais, são pressionados a venderem seus lugares para o enveredamento no espaço pelos promotores imobiliários. Fotografia 3 Residencial Praia Ville. O residencial em questão representa um dos grandes empreendimentos no bairro Maracanã I. O 8 Fonte: Trabalho de campo realizado em Foto: Pâmela Santos.
9 mesmo abrange 3 (três) ruas: Maracanã, 4 de agosto e Travessa E. Com relação a problemática de infraestrutura, Flávio Villaça (2001) destaca que, quando o setor imobiliário, escolhe uma determinada localização para um empreendimento, ele pesa os vários prós e contras envolvidos nessa escolha. Dentre os primeiros, destaca-se o meio ambiente e dentre os segundo, os deslocamentos envolvidos. A infraestrutura vem depois; ela é reivindicada pelos novos agentes. Esse interesse, por serviços públicos, presenciamos durante os trabalhos de campos realizados em 2012 e Com relação as propagandas, percebe-se, que os promotores imobiliários, são amparados pelas mais variadas formas de divulgação, seja pela televisão, internet, outdoor. Reforçando a qualidade de vida promovida pela natureza e segurança. A propaganda intensifica a venda dos imóveis. Antes mesmo do término das construções estes possuem dono. Esse processo se espraia cada vez, não somente no bairro Maracanã I nosso objeto de estudo, mas em toda a cidade. Fazendo com que mais espaços da cidade entrem nessa esfera de produção e reprodução do capitalismo. Como havíamos comentado, existem frações do espaço tendenciosos ao processo de valorização do uso do solo urbano. Na extensão do bairro, é notável terrenos postos à venda, porém, só não foram alvos dos promotores imobiliários devido a metragem ser pequena e, buscam por meio de diálogos e propostas a compra dos terrenos ao entorno. Destarte, os trabalhos de campo realizado em 2012 e 2014 demonstram que o bairro Maracanã é alvo das estratégias implantadas pelos promotores imobiliários na qual transformam espaços de uso em blocos de concreto. Dessa forma, está tornando-se raros os lugares que permitem as conversas na frente das residências, as brincadeiras nas ruas futebol, soltar pipa, peteca, queimada. 9
10 Fotografia 4 Lugares vazios. Fonte: Trabalho de campo realizado em Foto: Pâmela Santos. Neste sentido, podemos afirmar, que a vida das pessoas se modifica com a mesma rapidez com que se reproduz a cidade, como coloca Carlos (2008). Autora acrescenta ainda que, o lugar de encontro desaparece; o número de brincadeiras infantis nas ruas diminui as crianças quase não são vistas; os pedaços da cidade são vendidos, no mercado, como mercadorias; árvores são destruídas. Todavia, o mesmo modo de vida urbano que expulsa das ruas as brincadeiras, produz o seu inverso, e joga as mesmas nas ruas para vender e roubar. As transformações socioespaciais empreendidas no lugar nos levam a pensar a questão imobiliária como grande reveladora da implosão do capital nos lugares distantes do centro da cidade. A ação do promotores imobiliários ocasiona a modificação dos lugares com valor de uso para lugares com valor de troca. Com isso, os terrenos na área urbana são cada vez mais escassos, elevando assim, o preço de venda dos terrenos e dos imóveis. E os oriundos do bairro são expropriados de seu lugar, para espaços mais distantes e, na maioria das vezes insalubres. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos que o modo de vida urbano dá sentido à cidade. De maneira simples, a cidade é a forma, é a materialização das relações sociais, enquanto o urbano são as próprias relações sociais que se concretizam no espaço. Existe nessas duas categorias, portanto, uma relação de interdependência; uma vez que não se pode separar o conteúdo da forma. Esse conteúdo que nos referimos acima se resume em muitas práticas sociais que nunca são simples de se definir, pois, são cada vez mais envolvidas pelo modo de 10
11 produção capitalista tornando-se assim mais complexas. Visto que a reprodução da lógica capitalista comparado a uma esfera, nunca se fecha, ao contrário, implode cada vez mais nos lugares. Assim, pensamos o urbano a partir da relação espaço-tempo. Um tempo limitado ao processo produtivo, na qual os ritmos envolvidos pela dialética do trabalho se resulta em uma prática espacial que revela os espaços contraditórios, que além de espaços diferenciados são espaços com grandes desigualdades sociais. Com a implosão do capitalismo por meio da questão imobiliária, a produção da cidade encontra-se submetida a muitas dicotomias. Uma delas refere-se ao valor de troca, cujo os espaços da cidade são vistos como mercadoria, impondo seu uso ao comércio, tornando escassos os espaços com valor de uso e, expropriando os moradores locais para lugares mais distantes do centro da cidade. REFERENCIAS CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. 8. ed. 2ª impressão. São Paulo: Contexto, Ana Fani Alessandri. Metamorfoses Urbanas. Revista GeoTextos, vol. 3, n. 1 e 2, p , 2007a. CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, HARVEY. David. A justiça social e a cidade. São Paulo: Estúdio Hucitec, LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade, (Tradução: Rubens Eduardo Frias). São Paulo: Centauro, ROCHA, Ione dos Santos; ALMEIDA, José Rubens Mascarenhas de. A valorização imobiliária em cidades médias: uma análise sobre a mudança dos perfis imobiliários em Vitória da Conquista BA. XVIII Simpósio de geografia urbana. UERJ: Rio de Janeiro 18 a 22 de novembro de SANTOS, Milton. Técnica, espaço tempo: globalização e meio técnico cientifico informacional. 3. ed.. São Paulo: HUCITEC, VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo, Studio Nobel, São Paulo,
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