NÓDULO DE BOHN OU PÉROLAS DE EPSTEIN NA MANDÍBULA RELATO DE CASO BOHN S NODULE OR EPSTEIN PEARLS IN MANDIBLE CASE REPORT
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- Agustina Fidalgo Alvarenga
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1 66 NÓDULO DE BOHN OU PÉROLAS DE EPSTEIN NA MANDÍBULA BOHN S NODULE OR EPSTEIN PEARLS IN MANDIBLE CASE REPORT Andresa Borges SOARES Marcelo Rodrigues AZENHA* Lucas CAVALIERI-PEREIRA* Tiago Palloni VALARELLI Marcos Maurício CAPELARI** Clóvis MARZOLA *** João Lopes TOLEDO-FILHO **** *Residentes em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru - Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. **Professor do curso de Residência/Especialização em CTBMF do Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru. *** Professor Titular de Cirurgia aposentado da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP. *** Professor Titular de Anatomia da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP.
2 67 RESUMO Nódulos de Bohn são formações de remanescentes dos tecidos das glândulas mucosas, formando-se em sua grande maioria no palato, afastados da rafe mediana e, ao longo dos lados bucal e lingual das cristas dentárias. Sua incidência maior é em recém nascidos até os três meses de idade. Caso atípico é relatado no presente estudo, onde um nódulo de Bohn é encontrado na região lingual da mandíbula num bebê com três meses de idade, sendo o tratamento de escolha seu acompanhamento ambulatorial. Destaque todo especial foi atribuído na conclusão deste trabalho à eficiência com que o Cirurgião Buco Maxilo Facial deve atuar estando muito bem preparado cientificamente para levar a efeito o tratamento e, o acompanhamento desse tipo de lesão. ABSTRACT Bohn's nodules can be defined as tissues remainders formations of the mucous glands. They are formed, in the most of times, in the palate far from palate raphe and along buccal and lingual sides of dental crests. This lesion is commonly seen in newborns and children s until three months of age. In case that atypical it is told in the present study, where a nodule of Bohn is found in the lingual region of the jaw in a baby with three months of age, being the treatment of choice its ambulatory accompaniment. All special prominence was attributed in the conclusion of this work to the efficiency with that the Buco maxillofacial Surgeon must very act being well prepared scientifically to take the effect the treatment and, the accompaniment of this type of injury. Unitermos: Cistos gengivais; Palato duro; Nódulo de Bohn; Pérolas de Epstein. Uniterms: Gingival cysts; Hard palate; Nodule of Bohn; Pearls of Epstein. INTRODUÇÃO Cistos gengivais são achados comuns em crianças recém nascidas com até três meses de idade (MONTELEONE; McLELLAN, 1964 e NELSON, 1969) denominados como nódulos de Bohn ou pérolas de Epstein (CATALDO, 1968). Um estudo envolvendo 1367 recém nascidos foi realizado constatando a presença de lesões semelhantes a cistos em 1028 (76%) destes, sendo a maioria das lesões observadas ao longo da rafe palatina mediana e próximas à junção palato duro-palato mole, sendo o rebordo maxilar o lugar com a segunda maior prevalência e, o rebordo mandibular a região que apresentou o menor número de casos (FROMM 1967). Com base em seus resultados, o autor classificou os cistos de inclusão em três tipos: (a) Pérolas de Epstein, encontrados ao longo da rafe palatina mediana; (b) Nódulos de Bohn, localizados ao longo dos lados bucal e lingual das cristas dentárias e palato duro, longe da rafe palatina; e (c) Cistos da Lâmina Dentária, situados na crista dentária das arcadas superiores e inferiores. A ausência na região de palato mole pode ser explicada, pois a sua consolidação, juntamente com a úvula, não ocorre por fusão, mas pela proliferação do mesênquima subepitelial bilateralmente, sem uma posterior degeneração do epitélio na linha mediana (BURDI, 1968).
3 68 Pérolas de Epstein foi também definida como um acúmulo de células epiteliais no palato duro, ao lado da rafe palatina, e que também podem ser encontrados na gengiva, diferentemente da classificação proposta por DORLAND (1951), que considerou como Nódulos de Bohn os cistos de retenção encontrados no tecido gengival (NELSON, 1969). MONTELEONE; McLELLAN (1964) num estudo examinaram 293 regiões palatinas de recém nascidos melanodermas, encontrando Nódulos de Bohn próximos ou na rafe palatina mediana em 79% dos casos. Em relação aos recém nascidos leucodermas, foram encontrados nódulos em 85% destes. De acordo com a classificação proposta por FROMM (1967) esses nódulos são verdadeiramente considerados pérolas de Epstein, devido a sua localização. Os nódulos ou pérolas apresentam características semelhantes, como coloração esbranquiçada ou amarelada, tamanho variando de dois a três milímetros e resistentes à palpação. A tendência da grande maioria desses nódulos é involuir e desaparecer, ou ainda, romper o epitélio de superfície e esfoliar, sendo difícil por esses motivos submetê-los a exames microscópicos, não havendo necessidade de qualquer tipo de tratamento, apenas a sua proservação (NELSON, 1969). O objetivo deste trabalho é apresentar caso de nódulo de Bohn, ocorrendo em região lingual de mandíbula, num recém nascido com três meses de idade, justificando-se sua apresentação pela raridade da ocorrência. RELATO DO CASO Após consulta com um Cirurgião-Dentista, um bebê de três meses de idade foi encaminhado ao Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco maxilo facial do Hospital de Base de Bauru São Paulo, para avaliação mais detalhada de uma lesão em assoalho bucal, que segundo os pais da criança, apresentava evolução de, aproximadamente, sete dias. Durante o exame físico, foi observada uma lesão branca, de base pediculada, firme à palpação, com aproximadamente dois milímetros de diâmetro, em região lingual anterior de mandíbula, com a hipótese diagnóstica como nódulo de Bohn, por apresentar as características citadas na literatura e, por estar aderida à região lingual da crista dentária inferior (Fig. 1). Fig. 1 - Lesão branca, de base pediculada, firme à palpação, com aproximadamente dois milímetros de diâmetro, na região lingual anterior da mandíbula.
4 69 Não foi possível a realização de exame microscópico pela dificuldade de obtenção da amostra, por se tratar de uma região de difícil acesso e, pela diminuta cooperação por parte do paciente, devido a pouca idade. O tratamento estabelecido foi o acompanhamento ambulatorial, pois ele involui naturalmente, não havendo necessidade de sua exérese. DISCUSSÃO A razão para a apresentação deste caso é a escassez de artigos na literatura nacional sobre o referido assunto e sua localização incomum do nódulo de Bohn encontrado neste paciente. A maior incidência de nódulos de Bohn é ao longo da rafe palatina mediana (DORLAND, 1951; FROMM, 1967 e BURDI, 1968;) achados que não estão de acordo com o presente estudo, onde a lesão encontrava-se na região lingual anterior de mandíbula, residindo aqui, talvez, a maior justificativa para sua apresentação. A incidência de tais nódulos ou pérolas de Epstein ocorre quase que exclusivamente, em recém nascidos de até três meses de idade (MONTELEONE; McLELLAN, 1964 e NELSON, 1969) dados compatíveis com os observados no presente caso clínico. Os Nódulos de Bohn apresentam características próprias como coloração esbranquiçada ou amarelada, dimensões de dois a três milímetros, firmes à palpação e de base pediculada (DORLAND, 1951 e MONTELEONE; McLELLAN, 1964) reafirmando a hipótese diagnostica pelo caso apresentado. O tratamento apropriado para estes tipos de alterações teciduais é o acompanhamento ambulatorial, além de sua proservação, pois tal lesão apresenta tendência natural de involução e sua completa esfoliação (FUKUDA; KONDO; YUKI et al., 1976 e NELSON, 1969) sendo por esta razão a conduta levada a efeito neste caso. CONCLUSÕES Pela apresentação do caso, pode-se concluir que o nódulo de Bohn na região da mandíbula é de raro aparecimento, ocorrendo sempre em crianças com até 3 meses de idade, sendo sua involução espontânea. Destaque todo especial deve ser atribuído nessa conclusão à eficiência com que o Cirurgião Buco Maxilo Facial deve estar preparado cientificamente para levar a efeito o tratamento e o acompanhamento desse tipo de lesão. REFERENCIAS * BURDI, A. R. Distribution of mid-palatine cysts re-evaluation of human palatal closure mechanisms. J. oral Surg., v. 26, p. 41-5, CAMBIAGHI, S.; GELMETTI, C. C. Bohn's nodules. Int. J. Dermatol., v. 44, p , CATALDO, E.; BERKMAN, M. D. Cysts of the oral mucosa in newborns. Amer. J. Dis. Child., v. 116, p. 44-8, * De acordo com as normas da ABNT.
5 70 DORLAND, W. American Illustrated Medical Dictionary. 22nd ed., Philadelphia: Ed. W. B. Saunders, FROMM, A. J.. J. dent. Child., v. 34, p. 275, FUKUDA, M.; KONDO, T.; YUKI, M et al., An infant with infection of the remnant Epstein's pearl found in the palate (author's transl). Nippon Koku Geka Gakkai Zasshi. v. 22, p , MONTELEONE, L.; McLELLAN, M. S. Epstein s pearls (Bohn s nodules) of the palate. J. oral Surg. Anesth. Hosp. dent. Serv., v. 22, p , NELSON, W. E. Textbook of Paediatrics. 9th ed. Philadelphia: Ed. W. B. Saunders, SAUNDERS, I. D. F. Bohn s nodules a case report. Brit. dent. J. v. 132, p , SHEAR, M. Cysts of the oral region. São Paulo: Ed. Santos, o0o
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