DESAFIOS DA MULHER EXECUTIVA EMPREENDEDORA

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1 DESAFIOS DA MULHER EXECUTIVA EMPREENDEDORA Profa. Dra. Marlene Catarina de Oliveira Lopes Melo Diretora Geral da Faculdade Novos Horizontes Mestrado em Administração da Faculdade Novos Horizontes Coordenadora do NURTEG

2 O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL EM 2009 No Brasil, há uma avaliação positiva em relação tanto à existência de oportunidades no ambiente quanto à existência de capacidade individual para a abertura de novos negócios. A percepção se mostra mais positiva entre os empreendedores em estágio inicial. 1. PERCEPÇÃO DE OPORTUNIDADES E HABILIDADES PARA INICIAR UM NOVO NEGÓCIO

3 EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO ( ) A atividade empreendedora brasileira é estável. De 2001 a 2008, a TEA manteve-se em torno de 13%, com pequenas variações. Em 2009, é verificada a maior taxa do período (15,%). 3. EVOLUÇÃO DA TAXA DE EMPREENDEDORES INICIAIS (TEA) NO BRASIL ( )

4 MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER BRASIL ( ) Quanto à motivação para empreender, tanto o empreendedorismo por oportunidade quanto o empreendedorismo por necessidade resgistraram aumento em suas taxas em 2009, acompanhando o aumento da TEA. 4. MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER BRASIL ( )

5 IDADE E GÊNERO NO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO ( ) Em relação à participação de mulheres e homens na atividade empreendedora nacional, percebe-se uma oscilação constante no período analisado. 5. IDADE E GÊNERO NO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO

6 Ao longo do período analisado, somente em 2009, a proporção de mulheres empreendendo por oportunidade superou a proporção de homens na mesma condição. GÊNERO NO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO ( ) 6. EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE E GÊNERO

7 DESAFIOS DE MULHERES EMPREENDEDORAS Dificultador em ser mulher na sua profissão Itens discriminados Ter que conciliar a maternidade com a vida profissional Enfrentar o machismo presente na sociedade Enfrentar preconceitos por achar que a mulher não pode chegar a um cargo superior Ter que provar sua capacidade e competência por ser mulher Ser vista como "sexo frágil gil" Ser cobrada e julgada pelo seu comportamento e postura para mostrar que é uma profissional Enxergar o potencial da mulher por parte da organização Querer ser sempre "mulher maravilha" Não saber mudar da emoção para a razão, às vezes é necessário ser brava e enérgica Estar em um número bem menor,, ser diferente da maioria O fato de os homens não aceitarem ser comandados por uma mulher O fato de os homens acharem que as mulheres não possuem o perfil que eles precisam Ser alvo de piadas e ter que demonstrar ser tão boa ou melhor que eles % 17% 17% 17% 17% 13% Fonte: Dados oriundos da pesquisa Nota: * Soma das frequências é superior a 100% por ter sido possível às entrevistadas darem mais de uma resposta

8 Acho que o principal dificultador para mulher é na hora que ela vai ser mãe. Uma gestação é uma coisa imprevisível. Você não sabe se vai ter que fazer repouso, um recém nascido é uma coisa imprevisível. Isso pode ser um dificultador que faz com que muitas mulheres percam uma energia que nessa fase é essencial. (E5) [...] tem algumas vezes que não são com todos, mas que alguns homens ainda tem preconceito. A mulher decidindo as coisas, as vezes cria um impacto negativo na reação das pessoas. Uma reação com outra pessoa o homem, a reação daquele outro, homem seria diferente... Quando é uma mulher que está decidindo a reação muda na mesma situação. (E2) O dificultador, eu acho, é que às vezes existe o preconceito sim. Às vezes tomam algumas ações de isso é pra homem... eu percebo isso. Ou às vezes fala alguma coisa e ah, desculpa! porque eu sou mulher; eu finjo que não estou vendo. Porque nem se percebe por ser homem, acho que ele ainda nos vê como o sexo frágil de um modo geral, nos relacionamentos, porque o homem gosta do poder. (E4) [...] muitas mulheres querem arrumar marido na área do serviço, querem arrumar namorado, quer paquerar, quer tirar proveito; então eles olham pra gente te cobrando toda essa postura. [...] as pessoas já te olham te julgando se você tem um comportamento reto ou se você, vamos falar a verdade, é sem vergonha ; então isso tudo tem de se criar uma postura para você trabalhar. (E12)

9 Fatores de discriminação ou tratamento diferenciado pelo fato de ser mulher na sua trajetória profissional Itens discriminados Preferência por homens na hora da contratação ão,, sob o argumento de que não era serviço de mulher Houve discriminação ão, mas foi vencida com competência e garra Realizar atividades em que seja necessária a força física Dúvidas sobre sua capacidade Assediada ou alvo de brincadeiras e piadas por parte de homens Ser mãe e esposa, tendo um tempo menor do que seus colegas homens Teve que escutar termos incabíveis ao cargo por ela ocupado, sendo desrespeitada Questionamentos pelos homens por seguir ordens de uma mulher O erro da mulher é visto como muito mais grave se comparado com um erro do homem Ter que possuir um jogo de cintura para reconduzir e contornar as situações Ter disponibilidade para trabalhar em uma cidade longínqua nqua Em conversa ou em reunião a atenção é dada mais para os homens % 17% 13% 13% 9% 9% 9% Fonte: Dados oriundos da pesquisa Nota: * Soma das frequências é superior a 100% por ter sido possível às entrevistadas darem mais de uma resposta

10 Fatores de discriminação ou tratamento diferenciado pelo fato de ser mulher na sua trajetória profissional Itens Discriminados Ter preocupação em deixar os filhos por alguns dias para participar de reuniões da empresa, diferente dos homens que, tendo o apoio de suas esposas, não têm essa mesma preocupação Ter que dar ordens à equipe de homens,, o que é visto de maneira diferenciada Haver preconceito às avessas, ou seja, preconceitos relacionados aos homens Declara não haver acomodações para o acolhimento da mulher profissional,, o que considera uma limitação mais logística ou mesmo de recursos; uma estrutura que não foi pensada Afirma que, pela sua autonomia, não sente que o ambiente a limite, mas que ela se limita por ser mulher Há limitação pelo fato de os homens acharem que a opinião da mulher não equivale a opinião de outro homem Lidar com homens Sofre algumas limitações ões, não por ser mulher, mas pela falta de um conhecimento técnico para tratar de determinados assuntos % Fonte: Dados oriundos da pesquisa Nota: * Soma das frequências é superior a 100% por ter sido possível às entrevistadas darem mais de uma resposta

11 Barreiras enfrentadas para se chegar ao sucesso Itens Discriminados Ter que conciliar a maternidade com o trabalho Conseguir lidar com as relações de poder dentro da empresa em que trabalha Ter que demonstrar que é uma pessoa confiável e que se pode acreditar Ter pouco conhecimento na área,, o que dificulta a tomada de decisões Fazer todos entenderem que o cargo ocupado não está relacionado ao gênero Possuir uma bagagem afetiva e emotiva,, o que dificulta enquanto líder Ter que se esforçar mais que o homem, por envolver a questão de cuidar do lar Lidar com as desconfianças as dos pares quanto a sua capacidade para exercer o cargo Estar sempre se atualizando, renovando o conhecimento Lidar com o preconceito, principalmente na área onde a maioria é masculina Não ser reconhecida Saber ser educada ao falar para conseguir vencer barreiras entre homens e mulheres Ter que aceitar as condições de trabalho e a falta de pessoal Ter que comprovar sua competência para os homens Ter que fazer prova oral com examinadores extremamente machista Ter uma postura firme e dura em determinadas situações é desgastante % 22% 13% 9% 9% 9% 9% Fonte: Dados oriundos da pesquisa Nota: * Soma das frequências é superior a 100% por ter sido possível às entrevistadas darem mais de uma resposta

12 Eu não tive nenhum [...]. Meu sucesso foi natural, conquista natural... Não cheguei montando empresas, 500 lojas no Brasil de uma vez com cem milhões de reais. Foi crescendo. Foi naturalmente. (E1) O que teria diferente para a mulher é a maternidade. Conciliar... Porque a casa em si você acaba dando um jeito. A maternidade, de conciliar, que é mais difícil é sua vida são seus filhos, âmago da gente como mulher que são os filhos. Sente uma eterna divisão em conseguir conciliar o lado profissional porque gosta de fazer o que você faz e quer progredir, com seu lado mãe. Porque o lado profissional demanda muito tempo, igual eu falei consegui tudo trabalhando muito. (E2) Acho que a mulher demonstrar que apesar dela ser mãe e dona de casa ela pode mostrar que tem competência sim na área profissional. (E20) Maior dificuldade é fora da empresa. Dentro da empresa foi muito tranquilo, somos muito respeitadas por todos [...]. Talvez a maior barreira foi em casa, o tempo que a gente gasta para ficar trabalhando, ou seja, essa igualdade para mulher, é igualdade profissional é muito bom para gente né quando a gente faz o que gosta e sente realizada; mas é um esforço muito maior do que o homem tem que fazer, a gente tem casa a família, então a gente deixa muito casa sozinha, os filhos sozinhos. Então, acho que essa que essa é barreira maior é cobrança de filho e de marido que quer a gente mais em casa. (E6)

13 Como a cultura brasileira dificulta o sucesso profissional das mulheres Itens Discriminados % Apresentando um histórico onde as mulheres cuidavam somente do lar e eram concebidas como mães e esposas 30% Havendo uma cultura muito machista, principalmente em Minas Gerais Criando estereótipos tipos em relação a mulher Tendo uma sociedade que supervisiona as atitudes e duvida da capacidade da mulher Cultuando o lado frágil da mulher Criando muitas leis de proteção à mulher, fazendo com que se tornem acomodadas Existindo brincadeiras preconceituosas por parte de homens 21% 13% 9% Fonte: Dados oriundos da pesquisa

14 EMPODERAMENTO PROFISSIONAL DE MULHERES O conceito de empoderamento aparece na Terceira Conferência da ONU sobre a Mulher (Nairobe, 1985): estratégia conquistada por mulheres do Terceiro Mundo para mudar as próprias vidas, ao mesmo tempo em que isto gera um processo de transformação social.

15 FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL (2005) (Cinco dimensões do empoderamento) 1- Participação econômica Participação quantitativa no mercado de trabalho; Remuneração equitativa (+ ou - 78% da remuneração dos homens). 2- Oportunidade econômica Internacionalmente concentração em profissões feminizadas ; 2000 certa equiparação em empregos remunerados; 2002 postos gerenciais entre 20% e 40% em 47 dos 63 países pesquisados.

16 3- Empoderamento Público Representação numérica de mulheres em estruturas políticas de tomada de decisão; Participação na formulação de políticas que afetam a sociedade. 4- Avanço Educacional Educação de qualidade: pré-requisito para avanços nas dimensões anteriores. 5- Saúde e Bem-estar Cuidados de saúde e facilidades reprodutivas; Questões de segurança indispensáveis a integridade pessoal.

17 As mulheres aumentaram o nível de escolaridade, apresentando percentuais maiores que os homens ESCOLARIDADE MULHERES HOMENS NÍVEL MÉDIOM 61,2% 53,2% NÍVEL SUPERIOR 19,6% 14,2% Fonte: (IBGE, 2009)

18 Apesar da constatação da maior inserção e do aumento no nível de escolaridade das mulheres, ainda permanecem as diferenças salariais, se comparado ao do homem no mesmo cargo. Rendimento Médio M Habitual dos Homens Rendimento Médio M Habitual das Mulheres jan/03 jan/08 jan/03 jan/08 Recife 834,91 926,2 647, Salvador 1.199, ,40 793,54 793,9 Belo Horizonte 1.102, ,80 705,09 816,1 Rio de Janeiro 1.088, ,90 817,82 952,9 São Paulo 1.529, , , ,40 Porto Alegre 1.100, ,10 782,73 897,2 Fonte: (IBGE, 2008)

19 ATIVIDADES ECONÔMICAS EM 2008 Mulheres Administração Pública, P Educação, Defesa, Segurança, a, e Saúde 22,0% Comércio 17, Outras Atividades 17,0% Serviços Domésticos 16,5% Serviços prestados à Empresa 13,3% Indústria 13,1% Construção 0,6% Fonte: (IBGE, 2008)

20 Evolução das Mulheres no Mercado de Trabalho por Nível N Hierárquico rquico (últimos( 10 anos) CARGO 1999/ / / / / / / / / /2009 Presidente 13,02% 13,88% 15,1 15,2 15,87% 16,75% 20,21% 20,27% 20,56% 21,43% Vice- Presidente 11,5 12,55% 12,89% 13,05% 13,51% 15,11% 15,59% 16,13% 16,0 17,47% Diretor 18,67% 19,73% 19,21% 20,1 21,59% 21,91% 24,39% 25,03% 25,86% 26,29% Gerente 18,85% 20,43% 22,16% 23,37% 24,92% 25,6 28,03% 30,12% 32,03% 34,1 Supervisor 25,2 24,75% 29,22% 30,81% 32,87% 37,11% 40,42% 42,8 44,68% 47,58% Chefe 28,03% 29,50% 29,50% 30,27% 32,22% 34,8 38,57% 39,30% 40,5 42,07% Encarregado 40,40% 41,66% 41,66% 44,38% 45,63% 48,32% 50,93% 52,32% 53,49% 55,58% Coordenador 39,63% 40,65% 40,65% 42,4 44,65% 47,46% 49,96% 51,51% 53,89% 55,67% Fonte: Dados da Catho Online, 2009 referente às informações de empresas cadastradas

21 Empoderamento de Mulheres O empoderamento da mulher pressupõe mudanças nas premissas de gênero e, requer desta mulher, tanto a construção de sua autonomia, como o controle sobre sua própria vida (MOOSEDALE, 2005). Busca de mudanças nas relações de poder existentes, sendo o empoderamento um processo de mudança tanto da posição individual como da coletiva (MELO, 2009).

22 Empoderamento de Mulheres O termo empoderamento chama a atenção para o conceito de poder enquanto relação social. Assim, o poder pode ser fonte de emancipação, reconhecimento e valorização. Empoderamento: processo relacional, inclui um olhar além do indivíduo, no contexto nas relações de poder na qual está inserido.

23 Empoderamento de Mulheres Empoderamento é o mecanismo pelo qual as pessoas, as organizações, as comunidades tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida, de seu destino, tomam consciência da sua habilidade e competência para produzir, criar e gerir (LISBOA, 2008).

24 Análise de Empoderamento de Mulheres Gerentes 20 Gerentes de nível intermediário (Banco, Indústria e Informática) 1. Fator Cognitivo Analítico A valorização da capacitação e do conhecimento é vistos como fundamentais para a mulher atingir e alcançar a ascensão na carreia profissional. a) Valorização da Capacitação [...] eu acho que um dos caminhos é a formação, a formação acadêmica mesmo, não tem outro jeito, a gente tem que ir buscando uma melhor formação acadêmica [...]. (E10) b) Valorização do Conhecimento Trabalho, trabalho e trabalho, e estudo, claro, ela tem que se preparar, saber mostrar a sua competência. Conhecimento, competência, comprometimento, e saber lidar com as pessoas. (E11)

25 c) Conhecimento versus Oportunidades [...] ter conhecimento faz com que as mulheres tenham mais oportunidades e boas possibilidades, e outras começam a surgir [...] Então tudo isso facilita, porque já que a mulher tem uma tendência maior de gostar de estudar, vai estar inserida no mercado de trabalho com maior qualificação e com melhores oportunidades. (E3) Este componente refere-se ao saber, ao conhecer e ao reconhecer. Conscientização que as mulheres têm das suas condições reais no grupo social em termos de qualificação. REQUISITOS LEVANTADOS PELAS ENTREVISTADAS % Capacitação profissional 50 Perfil para liderar pessoas 45 Habilidade de relacionamento interpessoal 35 Competência individual 25 Ser assertiva nas tomadas de decisões 25 Saber se posicionar e exercer a autoridade 20 Fonte: Dados oriundos da pesquisa

26 2. Fator Subjetivo A experiência subjetiva e/ou a percepção subjetiva está conectada diretamente ao empoderamento psicológico, onde a autoconfiança, a auto-estima, a autodeterminação, as expectativas e os sentimentos se constituem nas experiências subjetivas vivenciadas pelas mulheres no processo de empoderamento. O fator subjetivo trata de como a mulher vivencia, faz suas escolhas, dá significado a suas atividades. O fator subjetivo compreende 4 componentes: a) Significado da atividade para a pessoa [...] Em cada posto que ocupei, sinto um sentimento bom, porque cada um que eu chegava, significava um passo a mais na minha carreira. E era um passo para eu me preparar para o seguinte. (E3)

27 b) Autoreconhecimento da Competência (eu sou capaz) [...] eu acho que para a mulher ter ascensão na nossa sociedade, ela tem que sentir que ela é capaz, que ela pode. Ela tem que ter aquele sentimento de força, aquela força de que eu sou capaz, eu posso, não ter preconceito com nada, não colocar barreiras dentro dela mesma. (E14) c) Autodeterminação (eu posso) Eu sempre tive objetivos determinados, eu quero chegar a tal lugar, aí você traça a sua estratégia, então você tem que saber planejar, você tem que ter essa noção geral da vida, não só da vida como um todo, mas com o passo para se chegar ao objetivo profissional que você quer chegar como gerente ou outra profissão, você tem que ter isso muito claramente, como chegar lá. (E3)

28 d) Impacto percebido sobre sua contribuição para os resultados da organização [...] a mulher é muito intuitiva, às vezes você consegue perceber as coisas no ar, você valida, verifica, certifica se é aquilo mesmo, o homem certifica, mas normalmente ele demora, já a mulher não, ela consegue perceber isso mais facilmente, ela consegue ler nas entrelinhas [...]. (E5) O componente psicológico está ligado ao desenvolvimento de sentimentos de auto-estima, autoconfiança e auto-valorização da mulher. FATORES % Ter confiança a em si para transmitir a outras pessoas 30 Ter consciência da sua capacidade e competência 20 Acreditar que a auto-estima é a base da autoconfiança 15 Ter segurança a para lidar com situações diversas na empresa 15 Ter equilíbrio entre auto-estima e autoconfiança 10 Haver valorização para o crescimento da mulher e da empresa 10 Fonte: Dados oriundos da pesquisa

29 3. Fator Político Como elas vivenciam as relações de poder no espaço organizacional, se possuem uma consciência das diferenças entre os gêneros, como formalizam as alianças e estratégias para ter sua carreira, para ter autonomia, e espaço no processo de tomada de decisão, bem como acesso às informação dentro das organizações. a) Vivência das relações de poder no espaço organizacional b) Percepção e consciência das diferenças entre os gêneros Na perspectiva de gênero, a maioria das gerentes entrevistadas (55%) acredita na existência de diferenças nas oportunidades, exigências e formas de ascensão, ao ingressar na função gerencial, tais como: Nível hierárquico; Faixa salarial; Exigências de a mulher ser mais competente que o homem.

30 c) Alianças e estratégias para a própria carreira A informação é importante componente para o acesso a carreira gerencial; A informação é tudo aqui dentro. Se você não tiver informação e não souber usá-la, você está perdido, perde seu cargo, perde o valor aqui dentro. As pessoas não mais te seguirão e, não mais vão te respeitar... (E3) Se você tem algumas informações é sinal que confiam em você, é sinal que você é reconhecida e que está fazendo um bom trabalho. Isso sim é poder. (E17) Fazer parcerias com os pares (25%), com os superiores e subordinados (20%); Trabalhar em equipe e fazer parceria (30%) e, mostrar resultados, ter capacidade e competência (25%), saber traçar novas estratégias frente às mudanças, desenvolverse pessoal e profissionalmente (20%).

31 d) Percepção da autonomia e campo de ação 25% disseram ter autonomia limitada; 25% afirmaram que essa limitação gira em torno de regras e leis; 25% disseram ter muita autonomia e que ela é adquirida no ambiente de trabalho; 10% afirmaram ter total autonomia; 10% acreditam que a autonomia é a mesma para o homem ou mulher gerente; 5% afirmaram satisfeitas com a autonomia que tem. [...] dependia muito da visão de quem era seu superior, realmente havia essa discriminação, mas melhorou muito com a instituição de processos seletivos, que são mais democráticos dando mais oportunidades para as pessoas e, a assim, a inclusão da mulher. Se não fosse isso, seria mais difícil a mulher participar, porque mesmo estando dentro, muitas vezes não somos chamadas para discutir. (E2)

32 e) Legitimação organizacional A profissão da mulher é muito mais complicada [...] quando eu resolvi fazer carreira, eu falei... eu vou fazer carreira! Recebi apoio não só da empresa e dos meus colegas, mas, principalmente da família. A empresa me reconheceu como profissional e me fez desenvolver e, meus colegas me fizeram ver que eu podia conseguir. Já minha família, me ajudou a chegar onde eu queria, do jeito que eu queria. Então é tudo um conjunto, só com o apoio da família, eu também não conseguiria... (E2) 4. Fator Econômico A importância de desempenhar atividades que possam gerar renda e assegurar certo grau de independência financeira. O fator econômico se torna fundamental e serve de apoio ao componente psicológico. Esse componente supõe a independência econômica da mulher que passou a buscar e conquistar seu espaço nas organizações e participar ativamente das despesas financeiras do lar.

33 4. Fator Econômico a) Demandas e oportunidade no mercado de trabalho 50% das mulheres gerentes entrevistadas estão buscando seu espaço e crescimento tanto na política quanto na economia; 20% consideram o investimento na educação continuada fundamental para a conquista de melhores oportunidades de trabalho; 10% mencionam que as mulheres vêm assumindo cargos de liderança na economia e na política e que a ascensão é inevitável; 10% afirmam que a mulher possui um maior comprometimento; 10% afirmam que a mulher possui maior competência; 10% afirmam que as mulheres criam alternativas para se realizarem profissionalmente.

34 b) Independência financeira [...] o perfil da mulher hoje mudou muito, ela quer a sua independência, ela é estimulada desde cedo a adquirir essa independência [...]. (E15) As mulheres querem independência e sabem que ela vem da questão financeira, [...] E ela está atrelada a não dependência do marido ou do pai. Então, a questão de trabalhar fora, gera essa possibilidade de independência financeira [...]. (E17) Então, ela começou a buscar o espaço dela na economia, no sentido de estar participando financeiramente das despesas da casa e com isso ela começou a buscar o espaço dela, a mostrar a que veio, mostrar competência, se preparar, e ela conseguiu, dentro das organizações, crescer [...]. (E11) [...] consegui com o produto de o meu trabalho realizar as coisas que eu queria fazer, são questões mais materiais que é viajar, sair, comprar casa, comprar carro, essas coisas [...] (E11)

35 c) Perspectiva de carreira [...] eu trilhei todos os caminhos que existe, é o chamado trilha da carreira, é os passos e os degraus que você tem que dar pra chegar em determinado ponto e eu não pulei nenhum deles, até chegar aonde eu estou [...]. (E3) [...] Eu entrei no Banco e já tinha as minhas metas e propostas, o que eu deveria fazer, então eu sempre procurei saber como fazer, o que você tinha que ser [...] para ser uma gerente geral. E eu sempre atuei nessa área. (E13) TETO DE VIDRO REAL CONSTRUÍDO

36 5. Fator Social Percepção no que diz respeito ao reconhecimento familiar indicando mudança nas relações patriarcais e matriarcais, bem como o reconhecimento dentro do grupo social e organizacional. a) Reconhecimento e apoio familiar Então para mim, eu acho que foi muito gratificante chegar aonde eu cheguei, da maneira como eu cheguei, ter o meu cargo que não foi fácil, meus pais ajudaram muito. (E8) O meu sucesso eu divido ele com muita gente [...] meu pai principalmente, ele nos criou para o mundo e sempre foi uma pessoa muito aberta [...]. Na família eu vejo que tive um pai e uma mãe simples, com limitações não só financeira, como até de grau de instrução, mas que nos deram espaço. (E12)

37 b) Reconhecimento social [...] Eu acho que o empoderamento é o resultado dessa minha vida no sentido tanto familiar, uma educação familiar muito boa porque, hoje, para você ser um gerente, não só hoje, mas acho que sempre, você tem que ter valores, ética e isso tudo vem de berço, com certeza. E depois, vem à questão da formação acadêmica que foi muito importante, eu estudei em escolas públicas no interior, mas escolas muito boas [...] depois fazer faculdade, buscar esse aprimoramento sempre, com opção de estudar, de fazer parte de grupos de estudo e de estar em contato, de ter redes de relacionamento, estar em contato com as pessoas, eu acho que tudo isso, não tenho a menor dúvida que contribuiu para eu estar onde eu estou. (E10) c) Reconhecimento organizacional 95% afirmaram existir equidade e que as oportunidades entre homens e mulheres são iguais dentro da organização; 15% afirmaram existir tanto equidade quanto oportunidades para ambos os sexos.

38 6. Fator Cultural Refere-se às relações de poder dentro da sociedade que se entrecruzam com o gênero, a classe social, a raça, a cultura e a história. A família atua como fio condutor no processo de empoderamento. a) Percepção das características culturais O fortalecimento da mão de obra feminina vem provocando profundas mudanças culturais. Com isso, o patriarcalismo vem perdendo sua força e as mulheres começam a atuar ativamente nas atividades que antes era só de homens.

39 b) Vivência das características culturais [...] eu nasci numa família que a mulher era totalmente subordinada ao marido, ao ponto de ela trabalhar fora antes de casar e depois não poder, ele dava a última palavra. E essa coisa foi mantida com os filhos, tipo assim: ele chegava em casa e a gente não podia brincar porque meu pai não gosta de gritaria, então tinha que ficar quieta, [...] não podia fazer algazarra ele era o provedor [...]. (E6) [...] a minha mãe era uma pessoa que atuava sempre, meu pai era caminhoneiro trabalhava com transporte de carvão e viajava muito. Então, a minha mãe é quem tinha que ir às reuniões junto às companhias que comprava o carvão para decidir o preço do carvão, como é que ia comprar e vender. Então, eu sempre via a atuação dela e se eu tenho esse poder de gestora, de gestão, de autoridade, eu devo muito a ela. Se ela participava de reuniões ela ajudava, ela decidia, então, eu vivenciei isso muito dela, enquanto isso o meu pai trabalhava como se diz, na parte operacional e ela na parte comercial e isso para mim foi fácil na hora de atuar no mercado, [...]. (E13)

40 CONCLUSÃO Observou-se que a mulher, ainda, é submissa ao gênero masculino; Percebeu-se que as mulheres estão procurando melhor qualificação profissional em termos de capacitação e formação buscando a igualdade; Na perspectiva de gênero, as gerentes, em sua maioria, criticam as diferenças nas oportunidades, exigências e formas de ascensão gerencial; Em relação ao componente psicológico, percebeu-se o desenvolvimento de sentimentos de auto-estima, autoconfiança e auto-valorização da mulher; Dentro de um contexto global, o componente econômico contribuiu para a inserção da mulher no mercado de trabalho por impactar positivamente na vida profissional das mulheres, principalmente no que diz respeito à independência financeira;

41 O componente social mostrou que mesmo no patriarcalismo ou matriarcalismo o papel da família, em particular, o do pai na percepção das entrevistadas, foi decisivo para que o seu posicionamento, no espaço organizacional fosse conquistado. O modelo de análise de empoderamento utilizado pareceu útil e promissor para traduzir em prática social os questionamentos e proposições teóricas sobre empoderamento de mulheres gerentes.

42 OBRIGADA!