INFORMAÇÃO, OFERTA E PUBLICIDADE NA RELAÇÃO DE CONSUMO
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- Leonardo Teixeira de Oliveira
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1 INFORMAÇÃO, OFERTA E PUBLICIDADE NA RELAÇÃO DE CONSUMO Juliano Madalena 28/10/2014 1
2 Juliano Madalena Mestrando em Direito Privado e Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. Analista de Conteúdo da Revista de Direito do Consumidor Brasilcon, conceito CAPES A1. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Mercosul e Direito do Consumidor CNPQ/UFRGS. Professor convidado em cursos de Pós- Graduação e Extensão. Contato acadêmico: jm@julianomadalena.com 2
3 Bibliografia da aula MARQUES, Claudia Lima. Contratos no código de defesa do consumidor. O novo regime das relações contratuais. 7ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, MARQUES, Claudia Lima. MIRAGEM, Bruno. O novo direito privado e a proteção dos vulneráveis. 2ª ed. Editora Revista dos Tribunais, MIRAGEM, Bruno Miragem. Curso de direito do consumidor. 4ªed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, LISBOA, Roberto Senise. Confiança contratual. Editora Atlas, PASQUALOTTO, Adalberto. ALVAREZ, Ana Maria Blanco. Publicidade e proteção da infância. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
4 A proteção contratual do consumidor Dentre tantas proteções que o direito do consumidor promoveu, a preocupação da proteção contratual foi a mais incisiva, e se deu através da regulação do contrato de consumo. 4
5 A proteção contratual do consumidor Sem consumidor não há sociedade de consumo, sem está não há mercado e sem mercado não há contratação massificada. Assim, estudar e reler o status contratual do consumidor, é, em último caso, afetar a grande maioria dos contratos firmados no cotidiano do mercado. Antonio Herman Benjamin 5
6 A proteção contratual do consumidor O CDC representa um novo regime das relações contratuais. 6
7 A proteção contratual do consumidor O parâmetro de regularidade e de justiça figurava no contrato: Quem diz contratual, diz justo. 7
8 A proteção contratual do consumidor O direito natural racionalista dos séculos XVII e XVIII forma a base teórica por meio da qual se estabelecerá o princípio do consensualismo e do pacta sunt servanda. 8
9 A proteção contratual do consumidor Código de Napoleão: Artigo: 1.197: Os contratos legalmente formados têm força de lei para aqueles que o celebram. 9
10 A proteção contratual do consumidor Autonomia contratual: sentido positivo e negativo. 10
11 A proteção contratual do consumidor Eclosão da primeira guerra mundial ( ): revisão dos contratos. 11
12 A proteção contratual do consumidor Pós-guerra (1945): massificação dos contratos. 12
13 A proteção contratual do consumidor TRANSFORMAÇÕES DO CONTRATO: reconhecimento da desigualdade. 13
14 Princípio da vulnerabilidade É o princípio básico que fundamenta a existência e aplicação do direito do consumidor. 14
15 Princípio da vulnerabilidade Art. 4º A PolíJca Nacional das Relações de Consumo tem por objejvo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; 15
16 Princípio da vulnerabilidade - Constitui presunção legal absoluta; - Reconhecimento do desequilíbrio; - Lei ratio personae - Vulnerabilidade x hipossuficiência 16
17 Princípio da vulnerabilidade - Vulnerabilidade técnica - Vulnerabilidade jurídica - Vulnerabilidade fática/econômica 17
18 Princípio da vulnerabilidade - Vulnerabilidade agravada do consumidor criança - Vulnerabilidade agravada do consumidor idoso 18
19 Autonomia privada - Imposições de deveres: - Informação - Esclarecimento ao fornecedor 19
20 Autonomia privada Consiste no poder reconhecido pela ordem jurídica ao homem, prévia e necessariamente qualificado como sujeito jurídico, de juridicizar a sua atividade, realizando livremente seus negócios jurídicos e determinando seus efeitos. Ana Prata 20
21 Autonomia privada Auto + nomos = própria norma pela vontade. 21
22 Autonomia privada Igualdade negocial = fundamento das normas do CDC. 22
23 Autonomia privada Limitação da liberdade imediata dos contratantes. 23
24 Autonomia privada CDC - Standard legal como padrão mínimo indisponível. 24
25 Autonomia privada Negócio jurídico, como fonte do direito subordina-se à lei. Uma norma negocial não derroga uma legal, salvo previsão pela própria norma legislativa, mas esta revoga a primeira, como ocorre em matéria de ordem pública e bons costumes. Francisco Amaral 25
26 Autonomia privada Negócio jurídico, como fonte do direito subordina-se à lei. Uma norma negocial não derroga uma legal, salvo previsão pela própria norma legislativa, mas esta revoga a primeira, como ocorre em matéria de ordem pública e bons costumes. Francisco Amaral 26
27 A nova visão da relação contratual: o processo obrigacional A obrigação, vista como processo, compõe-se, em sentido largo, do conjunto de atividades necessárias à satisfação do interesse do credor. Clóvis do Couto e Silva 27
28 A nova visão da relação contratual: o processo obrigacional Finalidade = ligação dos direitos e deveres a cada uma das fases. 28
29 A nova visão da relação contratual: o processo obrigacional Estes deveres que excedem do próprio dever de prestação cujo cumprimento constitui normalmente objeto de demanda e que resultam para ambas as partes do que foi expressamente pactuado, do sentido e fim da obrigação, do princípio da boa-fé em acordo com as circunstâncias, ou, finalmente, das exigências do tráfico, os chamados deveres de conduta. Karl Larenz 29
30 A proteção da confiança nos contratos de consumo Crise da confiança na sociedade da informação. 30
31 A proteção da confiança nos contratos de consumo Modo mais efetivo de redução da complexidade social. Niklas Luhmann 31
32 A proteção da confiança nos contratos de consumo A confiança exprime situação em que uma pessoa adere, em termo de atividade ou de crença, a certas representações passadas, presentes ou futuras que tenha por efetiva. Menezes Cordeiro 32
33 A proteção da confiança nos contratos de consumo A confiança exprime situação em que uma pessoa adere, em termo de atividade ou de crença, a certas representações passadas, presentes ou futuras que tenha por efetiva. Menezes Cordeiro 33
34 A proteção da confiança nos contratos de consumo Boa-fé e confiança: conceitos que se aproximam. 34
35 A proteção da confiança nos contratos de consumo A proteção da confiança abrange essencialmente as expectativas de cumprimento de determinados deveres de comportamento. 35
36 A formação do contrato de consumo Binômio: proposta e aceitação = nascimento do vínculo 36
37 A formação do contrato de consumo Proposta: ato pelo qual a parte manifesta sua intenção de contratar, bem como os termos em que pretende fazê-lo. 37
38 A formação do contrato de consumo Proposta: ato pelo qual a parte manifesta sua intenção de contratar, bem como os termos em que pretende fazê-lo. 38
39 A formação do contrato de consumo Oferta: dar conhecimento do conteúdo do que será o negócio jurídico. 39
40 A formação do contrato de consumo Aceitação: expressa ou tácita. 40
41 A formação do contrato de consumo Em se tratando de contratos de adesão, pode ocorrer que a mera manifestação tácita do consumidor caracterize a aceitação do contrato. 41
42 A formação do contrato de consumo Relação contratual fática ou contato social. Ex. Utilização de um produto ou serviço, ato de clicar na internet, pressionar um botão, entrar em um ônibus e etc. 42
43 A formação do contrato de consumo É possível formar contratos na internet sem o consenso? 43
44 A formação do contrato de consumo A oferta de consumo assim surge não apenas como espécie de convite a contratar, hipótese em que se reconhece as possibilidades de sua revogação, mas também com caráter vinculativo ao consumidor que se dirige. 44
45 A oferta de consumo e a sua eficácia vinculante 45
46 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Art A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Código Civil de
47 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Art A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Código Civil de
48 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante No código Civil, a oferta a público, apenas obriga quando encerrado os requisitos essenciais do contrato. 48
49 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante CC/02 Art Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 49
50 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante A oferta a público é incompatível com a sociedade de massas. 50
51 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante A oferta nos contratos de consumo não mais exigirá a determinação de um ato específico sobre todos elementos essenciais do contrato. 51
52 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. 52
53 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Independe de vontade. 53
54 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Permite a revogação. 54
55 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Limites da revogação: respeito e confiança. 55
56 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Erro escusável. 56
57 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Como se retifica a oferta? 57
58 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Os efeitos da retificação ou revogação só se produzem quando ocorrer a ciência do consumidor. 58
59 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante A oferta no Código Civil apoia-se na teoria da vontade. 59
60 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Já a oferta no CDC se apoia na teoria da declaração. 60
61 A oferta de consumo e sua eficácia vinculante Produtos gratuitos: integram a definição de oferta. 61
62 Requisitos da oferta de consumo 62
63 Requisitos da oferta de consumo Art ) Toda informação ou publicidade, 2) suficientemente precisa, 3) veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação 4) com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. 63
64 Requisitos da oferta de consumo Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. 64
65 Extensão da responsabilidade do fornecedor Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. 65
66 O regime jurídico da publicidade 66
67 O regime jurídico da publicidade Objetivos do anúncio publicitário: 1) Chamar a atenção; 2) Despertar o interesse; 3) Estimular o desejo; 4) Criar convicção; 5) Induzir à ação. Kim Schroder A linguagem da propaganda. 67
68 O regime jurídico da publicidade Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. 68
69 Os princípios da publicidade 1) Princípio da identificação; 2) Princípio da veracidade; 3) Princípio da vinculação; 69
70 Os princípios da publicidade 1) Princípio da identificação; 2) Princípio da veracidade; 3) Princípio da vinculação; 70
71 Eficácia vinculativa da publicidade Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 71
72 Eficácia vinculativa da publicidade Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 1 A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. 2 A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil). 3 Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. 4 O juiz poderá, na hipótese do 3 ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. 5 Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. 72
73 Eficácia vinculativa da publicidade Art Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de )... 73
74 A publicidade ilícita Consequencia: a contrapropaganda. 74
75 A publicidade ilícita Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:... XII - imposição de contrapropaganda. 75
76 A publicidade ilícita -> infração penal Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 76
77 A publicidade ilícita Induz o consumidor ao erro. 77
78 A publicidade ilícita A culpa é presumida: há o dever de não fazer. 78
79 A publicidade ilícita Dado essencial: aquele que pode influenciar na escolha econômica do consumidor. 79
80 A publicidade abusiva Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 1 É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 2 É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 80
81 A publicidade restrita Art A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. 81
82 A publicidade restrita Art A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. 82
83 A publicidade restrita Lei: 9.294/96 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. 83
84 O Direito à informação Importante repercussão prática; Imposição aos fornecedores; 84
85 O Direito à informação Deve-se tratar o consumidor de maneira favorável nas relações de consumo em decorrência déficit informacional entre consumidor e fornecedor. 85
86 O Direito à informação Deve-se tratar o consumidor de maneira favorável nas relações de consumo em decorrência déficit informacional entre consumidor e fornecedor. 86
87 O Direito à informação Art. 8 Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. 87
88 O Direito à informação Art. 8 Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. 88
89 O Direito à informação Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 89
90 A jurisprudência CONSUMIDOR. PRODUTO ANUNCIADO. VINCULAÇÃO DA OFERTA. DEVER DO FORNECEDOR EM CUMPRÍ-LA. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO CONTRATUAL. Restou incontroverso nos autos que a autora adquiriu o DVD Player Sony pelo preço veiculado no site da ré, o qual não restou entregue. Em que pesem os argumentos da ré de que houve precificação, tem-se configurado no caso em tela o Princípio da Vinculação Contratual da Oferta, a qual integra o contrato e obriga o fornecedor a cumprir o que veiculou, nos termos do artigo 30 do CDC. O fornecedor apenas alegou o erro de precificação ao disponibilizar o produto em seu site, mas sequer fez uma errata do valor correto. Assim, ao ver a oferta, a autora entendeu que se tratava de uma oportunidade em adquirir o aparelho, já que é comum grandes empresas realizarem promoções com descontos significativos, até mesmo para liberar o estoque. Por fim, no que pertine aos danos morais pleiteados, não se vislumbra ofensa aos direitos da personalidade a fim de ensejar a reparação extrapatrimonial. Os danos transtornos vivenciados pela autora correspondem a meros dissabores. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº , Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva, Julgado em 23/10/2014) 90
91 A jurisprudência RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. OFERTA DE PRODUTO ATRAVÉS DA INTERNET. DIVULGAÇÃO DE PREÇO. VINCULAÇÃO DO FORNECEDOR À OFERTA. DESOBRIGAÇÃO QUANDO DEMONSTRADO ERRO GROSSEIRO E EVIDENTE. IMEDIATA COMUNICAÇÃO DO ERRO NA OFERTA. BOA FÉ OBJETIVA. VEDAÇÃO DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. DIREITO À DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO. O anúncio de preço na internet publicado por equívoco com preço evidentemente irrisório, com notório valor desproporcional se comparado com o preço de mercado não vincula o fornecedor a oferta. Peculiaridades do caso concreto. Caso em que a requerida logrou comprovar que o produto adquirido pela autora foi ofertado erroneamente, demonstrando que não houve intenção de oferta enganosa. A oferta restou disponibilizada por cerca de 15h e a ré, assim que constatou o erro, efetuou imediata comunicação aos compradores, tentando reparar o equívoco. Relativização dos artigos 30 e 31 do CDC. Observância da cláusula geral da boa-fé objetiva. Vedação ao enriquecimento sem causa. Desfeito o negócio, a autora tem direito à devolução do valor pago, devidamente corrigido desde a data do desembolso, com juros de mora a contar da citação. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº , Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ana Cláudia Cachapuz Silva Raabe, Julgado em 22/10/2014) 91
92 A jurisprudência RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. TELEFONIA. COBRANÇA DE VALORES SUPERIORES AO OFERTADO. ÔNUS DA RÉ EM COMPROVAR OS TERMOS DA OFERTA. REPETIÇÃO EM DOBRO JÁ CONTEMPLADA NA SENTENÇA. HIPÓTESE DE DANO MORAL NÃO CONFIGURADA. Alegou o autor que tinha contrato com a ré sob os referentes serviços: OI TV, OI FIXO e OI VELOX, todos no valor mensal de R$ 220,00. Afirmou que recebeu proposta de melhoria nos pacotes já contratados por um valor inferior ao que pagava (R$ 205,00), optando então pela mudança de plano. Ocorre que, ao receber a primeira fatura do novo plano, as cobranças vieram em valores superiores ao ofertado. Cabia à ré comprovar os termos da oferta de alteração do plano, ônus do qual não se eximiu. Assim, justifica a repetição dobrada já contemplada na sentença. Quanto aos danos morais, todavia, considerado que as cobranças indevidas somaram apenas o valor de R$ 113,17, quantia insuficiente para trazer desorganização financeira ao autor, bem como que será devolvida em dobro ao consumidor, não há razão para imposição de indenização por danos morais. Afinal, já aplicada a punição prevista pelo legislador no art. 42, parágrafo único, do CDC, com o que a imposição da indenização por danos morais representaria dupla punição pelo mesmo proceder, o que não se justifica. Somente se poderia cogitar da indenização por danos morais se da cobrança indevida tivesse decorrido alguma consequência de maior relevo, como a inscrição negativa do nome do consumidor em cadastro de devedores ou se tivesse havido a interrupção dos serviços essenciais, do que não se tem notícia. Assim sendo, não merece reforma a sentença recorrida, devendo ser mantida eu seus próprios fundamentos. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUSPRÓPRIOS FUNDAMENTOS. (Recurso Cível Nº , Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, Julgado em 22/10/2014) 92
93 A jurisprudência CONSUMIDOR. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. INTERNET. COMPRA DE IPHONE EM SITE FALSO (CLONADO). FRAUDE APURADA PELO PRÓPRIO AUTOR APÓS O PAGAMENTO DO BOLETO BANCÁRIO. CULPA DE TERCEIRO E DO PRÓPRIO CONSUMIDOR, QUE AGIU DE FORMA NEGLIGENTE AO DEIXAR DE VERIFICAR A AUTENTICIDADE DO ENDEREÇO ELETRÔNICO. FRAUDE EVIDENTE DIANTE DO DESPROPORCIONAL VALOR DE MERCADO DO PRODUTO E O ANUNCIADO NO SITE "PIRATA". AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA RÉ. Autor que busca adquirir Iphone da Apple 5S 32GB, por R$599,00 em site de compra coletiva, clonado. Valor de mercado na época era de R$2.600,00 (fl. 03). É evidente que o autor foi vítima de site falso, porquanto a oferta apresenta valor que não é compatível com o mercado de oferta. Conhecimento, inclusive, ao homem médio. Não há prova de que a ré tenha intermediado a venda. Considerando que o autor deixou de verificar a autenticidade do site e afirma na inicial que apurou ser falso após o pagamento do boleto, resta configurada a falta de cautela e anegligência do autor, o que afasta a responsabilidade da ré pelos danos materiais havidos. Inteligência do art. 14, 3º, II, do CDC. Danos morais afastados. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº , Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 17/10/2014) 93
94 A jurisprudência CONSUMIDOR. REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS. INTERNET. COMPRA DE IPHONE EM SITE FALSO (CLONADO). FRAUDE APURADA PELO PRÓPRIO AUTOR APÓS O PAGAMENTO DO BOLETO BANCÁRIO. CULPA DE TERCEIRO E DO PRÓPRIO CONSUMIDOR, QUE AGIU DE FORMA NEGLIGENTE AO DEIXAR DE VERIFICAR A AUTENTICIDADE DO ENDEREÇO ELETRÔNICO. FRAUDE EVIDENTE DIANTE DO DESPROPORCIONAL VALOR DE MERCADO DO PRODUTO E O ANUNCIADO NO SITE "PIRATA". AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA RÉ. Autor que busca adquirir Iphone da Apple 5S 32GB, por R$599,00 em site de compra coletiva, clonado. Valor de mercado na época era de R$2.600,00 (fl. 03). É evidente que o autor foi vítima de site falso, porquanto a oferta apresenta valor que não é compatível com o mercado de oferta. Conhecimento, inclusive, ao homem médio. Não há prova de que a ré tenha intermediado a venda. Considerando que o autor deixou de verificar a autenticidade do site e afirma na inicial que apurou ser falso após o pagamento do boleto, resta configurada a falta de cautela e anegligência do autor, o que afasta a responsabilidade da ré pelos danos materiais havidos. Inteligência do art. 14, 3º, II, do CDC. Danos morais afastados. RECURSO PROVIDO. (Recurso Cível Nº , Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 17/10/2014) 94
95 Sobre o ato de consumir O capitalismo não entregou os bens às pessoas; as pessoas foram crescentemente entregues aos bens; o que quer dizer que o próprio caráter e sensibilidade das pessoas foi reelaborado, reformulado, de tal forma que elas se agrupam aproximadamente... com as mercadorias, experiências e sensações... Cuja a venda é o que dá forma e significado em suas vidas. Jeremy Seabrook 95
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