PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA MAMONA CULTIVAR ÍRIS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS DE SEMEADURA

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1 PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA MAMONA CULTIVAR ÍRIS EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS DE SEMEADURA Cleber Daniel de Goes Maciel 1, Juliana Parisotto Poletine 1, Edivaldo Domingues Velini 2, Maurício Dutra Zanotto 2, José Geraldo Carvalho do Amaral 3, Rodrigo dos Santos Bernardo 1, Celso Eduardo Jardim 1, Leandro Souza Alves 1. 1 Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista - ESAPP, maciel@fca.unesp.br, parisotto@netonne.com.br.; 2 Universidade Estadual Paulista - FCA, Botucatu, zanotto@fca.unesp.br, velini@fca.unesp.br; 3 Centro de Testes, Avaliação e Divulgação - CETADI, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - SAA-SP, Bauru, cetadi.bauru@ig.com.br. RESUMO - Com objetivo de avaliar o efeito de períodos de interferência das plantas daninhas na cultura da mamona cultivar Íris, dois experimentos foram conduzidos em área experimental da Fazenda Modelo da Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista/SP, utilizando-se delineamento experimental de bloco casualizados com quatro repetições e espaçamentos de semeadura 0,50 x 0,50 m e 0,50 x 1,00 m entre linhas e plantas. Os tratamentos estudados constaram de testemunhas capinadas, sem capina e diferentes épocas de controle da infestação, de forma que a cultura da mamona foi mantida na presença ou na ausência da infestação até os 7; 14; 21; 28; 42; 56; 70; 84 e 154 dias após a sua emergência (DAE). Os resultados sugerem que a cultivar de mamoneira Íris permitiu ocorrência do período inicial de convivência possível maior que o período final para semeaduras em espaçamentos de 0,50 x 0,50 m e 0,50 x 1,00 m, conferindo respectivamente o estabelecimento dos Períodos Crítico de Prevenção da Interferência nos intervalos do 3º ao 25º (PCPI = 3-25 DAE) e 9º ao 35º (PCPI = 9-25 DAE) dias após a emergência da cultura. INTRODUÇÃO A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa conhecida pelo seu alto valor socialeconômico, assim como uma planta rústica, resistente à seca e com alta capacidade de adaptação às diferentes condições de clima e solo, características estas que a possibilita ser comercialmente cultivada em diferentes regiões do Brasil. Atualmente, devido à versatilidade do óleo extraído de suas sementes e de programas de incentivos à cultura como o biodiesel, tem-se ampliado as expectativas do aumento da demanda do óleo de mamona no mercado mundial. Entretanto, conforme Savy Filho et al. (1999), a perda de competitividade do Brasil no mercado mundial de mamona explica-se pela adoção de baixo nível tecnológico, expresso em termos de custo de insumos, sementes melhoradas ou mesmo melhores sistemas de manejo da cultura. Na literatura, informações referentes aos tratos culturais envolvendo cultivares e a definição do período de competição entre plantas daninhas e cultura são quase inexistentes. Algumas informações

2 relatam que a mamoneira deve ser mantida no limpo durante o crescimento da fase inicial, até atingir 60 a 70 dias do ciclo vegetativo (Banzatto et al., 1975; Deuber, 1997). Azevedo et al. (2001), identificaram o período crítico de prevenção à interferência das plantas daninhas (PCPI) para cultivar Sipeal 28, em espaçamento de 2,0 x 1,0 m na região de Monteiro (PB), ocorrendo entre a 3ª e 8ª semana após a emergência da mamoneira. Mais recentemente, Maciel et al. (2004) estudando a cultivar AL Guarany 2002 em espaçamento de 1,0 x 1,0 m no Município de Paraguaçu Paulista (SP), determinaram o período crítico de prevenção à interferência como sendo entre o 9º ao 41º dias após a emergência da cultura. Desta forma, o trabalho teve como objetivos avaliar o efeito dos períodos de controle e convivência de plantas daninhas com a cultivar de mamoneira Íris na região do Médio Vale do Paranapanema, submetida a duas configurações de espaçamentos de semeadura. MATERIAL E MÉTODOS Na safra 2003/2004, dois experimento foram conduzidos na Fazenda Modelo da Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista/SP em LATOSSOLO VERMELHO distrófico (textura arenosa), utilizando-se delineamento experimental de blocos casualizados e quatro repetições, e a cultivar Íris semeada nos espaçamentos de 0,50 x 1,0 m e 0,50 x 1,0 m entre linhas e plantas. Os tratamentos estudados constaram de testemunha capinada, testemunha sem capina e diferentes épocas de controle da infestação, de forma que a cultura da mamona foi mantida na presença ou ausência das plantas daninhas até os 7; 14; 21; 28; 42; 56; 70; 84 e 154 dias após a sua emergência (DAE). A comunidade infestante média da área experimental constituía-se principalmente de Digitaria horizontalis (41 planta/m 2 ), Cenchrus echinatus (19 plantas/m 2 ), Brachiaria decumbens (12 plantas/m 2 ), Sida rhombifolia (14 plantas/m 2 ), Acanthospermum hspidum (11 plantas/m 2 ), Ipomoea grandifolia (4 plantas/m 2 ), Amaranthus viridis (4 plantas/m 2 ) e Commelina benghalensis (3 plantas/m 2 ). As características agronômicas avaliadas foram comprimento de caule, diâmetro mediano de caule, altura de inserção do primeiro racemo, produtividade de sementes e óleo. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste t ao nível de 10%. Na Tabela 1 estão representados os valores dos parâmetros A, B, C e D dos modelos de Gompertz e Gompertz modificado, utilizados nas análises de regressão da produtividade em função dos períodos com ou sem competição das plantas daninhas. Os dados de produtividade estimados pelos modelos utilizados estão apresentados na Figura 1

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dispostos na Tabela 1 e Figura 1 sugerem que a mamoneira Íris semeada em espaçamentos de 0,50 x 1,0 m e 0,50 x 1,0 m suportou a convivência com as plantas daninhas até 3 e 9 dias após a sua emergência (PAI = 3 e 9 DAE), indicando intervalo limitante de confiança de 2537 e 2701 kg/ha, respectivamente, para períodos de convivência com a infestação, e que as plantas daninhas que germinaram após 25 e 35 dias após a emergência da cultura não afetaram a sua produtividade (PTPI = 25 e 35 DAE), indicando intervalos limitante de confiança de 2282 e 2689 kg/ha para períodos na ausência da infestação. Desta forma, os resultados sugerem que a ocorrência dos períodos iniciais de convivência possível (3 e 9 DAE) maior que os períodos finais (25 e 35 DAE) conferem, respectivamente, o estabelecimento do Período Crítico de Prevenção da Interferência nos intervalos do 3º ao 25º e 9º ao 35º dias após a emergência da cultura. Nessas condições, a recomendação de controle das plantas daninhas deve ser efetiva, utilizando-se tantas vezes quantas forem necessárias às práticas para minimizar o crescimento da infestação nas respectivas fases. A biomassa seca total acumulada pelas plantas daninhas apresentou correlação significativa e inversamente proporcional às variáveis teor de óleo nas sementes, quantidade de óleo por hectare, diâmetro mediano do caule e altura de inserção do primeiro racemo, assim como correlação significativa e proporcional à variável comprimento de caule, independentemente da configuração de espaçamentos de semeadura (Tab. 2). Diferentes dos resultados obtidos por Maciel et al. (2004), o teor de óleo nas sementes da cultivar Íris foi influenciado negativamente pela convivência com a comunidade infestante para a semeadura em espaçamento de 0,50 x 0,50 m, mas não sendo identificada diferenças significativas para a disposição de 0,50 x 1,0 m (Tab. 3). CONCLUSÕES A cultivar de mamoneira Íris semeada na região do Médio Vale do Paranapanema em espaçamentos de 0,50 x 0,50 m e 0,50 x 1,00 m, apresentou respectivamente o estabelecimento dos Períodos Crítico de Prevenção da Interferência (PCPI) das plantas daninhas nos intervalos entre o 3º ao 25º e 9º ao 35º dias após a emergência da cultura. REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS AZEVEDO, D.M.P. de et al. Plantas Daninhas e seu controle. In: AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F (Org.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Algodão, p BANZATTO, N.V.; ROCHA, J.L.V.; CANECCHIO FILHO, V. Instruções para a cultura da mamoneira

4 em São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, p. (Boletim Técnico, 206) DEUBER, R. Mamona. In: Ciência das Plantas Infestantes: manejo. Campinas: Edição do autor, v.2, p MACIEL, C.D.G. et. al. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura da mamona - Cultivar AL Guarany In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 24., São Pedro. Anais... Londrina: SBCPD, CD-ROM. SAVY FILHO, A.; PAULO, E.M.; MARTINS, A.L.M.; GERIN, M.A.N. Variedades de Mamona do Instituto Agronômico. Campinas: Instituto Agronômico, (IAC. Boletim Técnico, 183). Tabela 1. Equações utilizadas nos estudos de períodos de mato-interferência. ESAPP/Paraguaçu Paulista-SP, 2003/2004. Período Modelo Equação de Regressão /1 A B C D R 2 F 0,50 x 0,50 m (40000 plantas/ha) No limpo Gompertz Produtividade = 7,7985-1,1440 0,1598-0, ,6 (PTPI) No mato (PAI) No limpo (PTPI) No mato Gompertz e^ (A - e^(-b - C * X))) Produtividade = 7,8872-0,6649 0, ,0 0, ,7 (modificado) D - (e^ (A - e^(-b - C * X)))) 0,50 x 1,00 m (20000 plantas/ha) Gompertz Produtividade = 7,9216-0,5133 0,1071-0, ,9 Gompertz e^ (A - e^(-b - C * X))) Produtividade = PAI = 3 DAE 7,7256-1,6019PTPI 0,0553 = 25 DAE , ,2 (PAI) (modificado) D - (e^ (A - e^(-b - C * X)))) / X representa o na na das Produtividade (kg/ha) Produtividade (kg/ha) PCPI 3-25 DAE PCPI 9-35 DAE Dias após emergência (DAE) Dias após emergência (DAE) PAI = 9 DAE PTPI = 35 DAE Figura 1. Produtividade da mamoneira Íris, semeada em espaçamentos de 0,5 x 0,5 m (A) e 0,5 x 1,0 m (B) e submetidas a períodos de convivência na presença (PAI) e ausência (PTPI) de plantas daninhas. ESAPP/Paraguaçu Paulista-SP, 2003/2004. A B número de dias ausência de controle (PAI) e presença de controle (PTPI) plantas daninhas.

5 Tabela 2. Estimativa do coeficiente de correlação entre variáveis relacionadas à cultura da mamoneira Íris e as biomassa de plantas daninhas (MS) referentes a infestação da área experimental, sob efeito dos períodos iniciais crescentes de interferência (PAI). ESAPP/Paraguaçu Paulista/SP, 2003/2004. Variável Teor de óleo nas Quantidade de Comprimento Diâmetro de Inserção do sementes óleo por hectare de caule caule 1 racemo Plantas daninhas 0,50 x 0, 50 m (40000 plantas) (biomassa seca) -0,5933-0,9053 0,6388-0,5745-0,6677 Plantas daninhas 0,50 x 1, 00 m (20000 plantas) (biomassa seca) 0,0971-0,9156 0,4148-0,4750-0,6250 Significativo a 1% de probabilidade. Tabela 3. Teor de óleo e quantidade de óleo por hectare da mamoneira Íris semeada em diferentes espaçamentos e submetida à presença (PAI) ou ausência (PTPI) de plantas daninhas por diferentes períodos. ESAPP/Paraguaçu Paulista-SP, 2003/2004.

6 Períodos de 0,50 x 0,50 m (40000 plantas/ha) 0,50 x 1,00 m (20000 plantas/ha) Teor de óleo nas Quantidade de óleo Teor de óleo nas Quantidade de óleo Convivência sementes (%) (ha) sementes (%) (ha) T (PAI) 43,7 a 1060 abc 42, ab T (PAI) 42,5 ab 801 d 42, abc T (PAI) 42,5 ab 606 e 42,2 890 cde T (PAI) 42,4 abc 519 e 44,2 934 bcd T (PAI) 42,3 abcd 341 f 42,4 702 def T (PAI) 40,6 bcde 256 fg 42,5 351 g T (PAI) 40,0 e 187 g 44,6 309 gh T (PAI) 40,3 cde 174 g 44,0 315 gh T (PAI) 40,2 de 153 g 44,9 278 h T (PTPI) 40,3 cde 269 fg 42,2 535 fg T (PTPI) 42,9 a 810 d 41,6 644 ef T (PTPI) 42,4 abc 942 c 43, abc T (PTPI) 41,7 abcde 970 bc 44, a T (PTPI) 43,4 a 976 abc 42, a T (PTPI) 42,4 abcd 1095 a 44, ab T (PTPI) 43,3 a 1068 ab 42, abc T (PTPI) 42,4 abc 997 abc 43, ab T (PTPI) 43,7 a 1084 ab 43, a Fcalc 1,86* 50,31* 0,93 NS 11,35* CV% 4,36 15,08 4,82 25,08 DMS (5%) 2,17 122,15 2,41 254,01 - Médias seguidas de mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste t a 10% de probabilidade. - = P<0,01; NS = Não significativo.